sábado, 15 de janeiro de 2011

Tragédia no Rio - Exploração da Dor e Irresponsabilidades - Óh, a lágrima...caiu!

Tragédia no Rio - Água é um bem sagrado. Canalizada, impede enchentes, deslizamentos e inundações. Ação efetiva dos governos, já! A ação tem de ser pontual e efetiva! Chega de tragédias!

Tragédia no Rio - Exploração da Dor e Irresponsabilidades

Por Marise Jalowitzki
15.janeiro.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/tragedia-no-rio-exploracao-da-dor-e.html

Hoje pela manhã recebi o desabafo de um amigo sobre a exploração da dor de nossos irmãos do Rio de Janeiro, assolados pela catástrofe previsível porque passa, mais uma vez, este estado tão castigado por enchentes e inundações periódicas.

Infelizmente, a esta carta, juntam-se poucos depoimentos contrários à detestável repetição de desrespeito para com os moradores das encostas cariocas. O que mais chega até mim são pedidos de arquivos (videos ou powerpoint), contendo cenas de dor sobre a tragédia, com o objetivo, dizem eles, de "conscientizar as pessoas para o que está acontecendo e se solidarizar com elas, criar fé nas pessoas". Como? Solidarizar para que? Para chegar onde?

Explorar a dor e os sentimentos da população é, também, uma forma de aliciar o povo: enquanto as pessoas se solidarizam, acreditando que estão "fazendo a sua parte" doando arroz, feijão e água, além de roupas usadas, elas nem lembram de exigir dos governos retratação e ação para impedir ações futuras. O jogo é complexo!
Pessoas que perderam tudo de material que conseguiram na vida inteira e que lhes fornecia segurança para viver neste mundo caótico, de uma hora para outra, precisam se estirar no chão de ginásios poliesportivos, em meio a centenas de pessoas que nem conhecem, sem banho, sem conforto, sem aceno do que vai ser feito com o seu futuro, dali em diante. Carregando a dor da perda dos entes queridos, das vidas destroçadas.

Pela madrugada, o repórter invasor adentra o ginásio, o cinegrafista perpassa os rostos adormecidos, bocas abertas, extenuadas pelo cansaço, dor e desesperança, bocas muitas vezes sem dentes, mostrando a miséria a que uma política suja lhes expôs a vida inteira. Um moça acorda pelo impacto da câmera. Assustada, envergonhada, salta, de sopetão, e se atira para o lado, fugindo do ângulo que a câmera focaliza. Quem autoriza um cinegrafista global a invadir, de noite, de madrugada e filmar pessoas dormindo? Expor estas imagens para quem quiser ver? Grotesco e desumano.

Há décadas vemos rostos magros e tristes sendo explorados em sua dor, a filmadora ampliando cada vez mais o zoom para "pegar" aquela lágrima que, provavelmente...esperem só mais um pouquinho...óh, já está aparecendo...caiu!

Alguém ouviu os governos se retratarem para aquele senhor que, com suas próprias mãos e enxada cavou as covas para enterrar o corpo do irmão, cunhada e sobrinha, ali perto mesmo de onde os corpos foram encontrados? Há mais de 48 horas os corpos jaziam ao relento, cobertos por uma camada de petróleo transformado em plástico negro, cheirando mal e se deteriorando. Sem conseguir que nenhuma força tarefa buscasse os corpos, sem autorização judicial para enterrar, fez o que era certo: respeitar a desintegração da esperança dos que já foram, enterrar o que agora já entrou para o livro das lembranças.

Louvo a parte séria da mídia. Creio que a mídia é responsável por tantas coisas boas, denúncias que levam a punições de culpados; algumas elucidações que, sem o trabalho dos repórteres, nunca aconteceriam. Agora, há que se combater a mídia sensacionalista, aquela que exagera, que deturpa, que explora.

PRECISAMOS acelerar a ajuda efetiva aos flagelados pelos órgãos competentes.

A primeira reunião da presidente com seu quadro ministerial aconteceu em clima descontraído, sorrisos e risos, clima amistoso, enquanto "lá fora" contiuavam as tragédias.

Repito:
- Se repórter chega até o local, como não chega alguém para, pelo menos, retirar os corpos?
- Se repórter chega até o local, como há pessoas sem receber ajuda e socorro? Ontem apareceram mais de uma dezena de pessoas isoladas no topo de uma casa, todas estressadas, algumas já discutindo entre si. Repito a pergunta: se a repórter pode entrevistá-las, onde está o socorro?
- Se água consegue ser entregue, porque as pessoas continuam ilhadas, sendo que a área é de risco?


Tragédia no Rio - Povo solidário! Há mais pessoas querendo ajudar e mais socorro é necessário!

Com o tamanho que o Brasil tem, porque falta gente para auxiliar quem precisa, na hora em que é necessário?
Ao invés de, simplesmente, liberar dinheiro para os governos estaduais e municipais, porque não recrutar voluntários, por este Brasil afora, dando condições de deslocamento e permanência financiada na ajuda?

Alguém ouviu uma retratação formal dos governos pelo que está acontecendo?

Alguém ouviu dos governos qual o plano estratégico emergencial para que as famílias que restaram, reconstruam sua vida? Sim, pois liberar o FGTS é liberar um dinheiro QUE JÁ É DO TRABALHADOR. Ele não está recebendo nada para compensar a perda material que teve, situação que está como está pela anuência e conivência dos governos. Se este cidadão paga contas de luz e água, é porque está civilmente ACEITO, na situação criada, pelos órgãos formais, legalmente instituídos.

Volto a dizer: enquanto o povo se mobiliza doando suas roupas usadas, água, feijão e arroz, doações que muitas vezes são desviadas, continua o velho jogo: não responsabilizar os governantes, não exigir deles ações efetivas, culpar a Mãe Natureza, achar que "Deus quis assim" e, esperar as próximas manchetes sensacionalistas que, de tragédia em tragédia, garantem audiência irresponsável.

Doe, sim! Mas, exija, também, ações efetivas!



Tragédia no Rio - Ajudando nas buscas, pessoas tentam dissimular sua própria dor! Quem paga tanto desvelo? A esses incansáveis irmãos, nosso abraço de conforto!

Aos que sofrem, neste momento, resta o consolo, o afago, o aceno de Justiça!

Que os governos tomem providências efetivas, que contemplem também aos mais desprovidos!

Marise Jalowitzki
Escritora
marisej@terra.com.br
Porto Alegre - RS - Brasil
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Tragédia no Rio - Que a Luz da Responsabilidade possa tocar nossos governantes! Chega de tragédias!



PRECISAMOS acelerar a ajuda efetiva aos flagelados pelos órgãos competentes.
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3 comentários:

  1. Marise,
    Era uma vez uma nação que possuía uma cultura, um jeito de pensar assim:
    "Somos um país em que tragédias não acontecem"
    Não temos tufões, tornados, furacões, terremotos, e etc."
    Isso mudou. Fora outras catástrofes climáticas que já aconteceram no Brasil, como um tornado em Santa Catarina, as enchentes na região serrana do Rio mostraram bem o quanto somos vulneráveis,sim.
    Isso quer dizer que não só os políticos, mas também as pessoas todas terão que corrigir suas posturas,
    alterar o foco de visão.
    A política de prevenção de acidentes não parece ser coisa que dê muita visiblidade à ação dos gestores públicos.
    Então, esses não se ocupam da questão com a responsabilidade que detém em suas mãos.
    Por outro lado, o Brasil sofre do mal do "populismo" na política.
    Há eleitores que forçam os políticos a liberarem autorização para que ocupem áreas de risco. Para conseguirem votos, os políticos concedem o que querem.
    Por outro lado, as últimas enchentes não pouparam pessoas de classes mais abastecidas, as quais perderam também suas casas por as haverem construído em enconstas.
    Ou seja, esse fator cultural do país que habitamos, "abençoado por Deus e bonito por natureza", ou seja, incólume, tem que passar por modificações.
    Somos tão expostos quanto os demais países do mundo que se preparam para os triste eventos,
    de forma a minimizar-lhes as consequências.
    Ou mudaremos todos, ou continuaremos nesse mórbido modo de ser que você brihantemente registrou em seu artigo.
    Parabéns, fiquemos todos com Deus,
    e que passemos a enxergar os fatos da maneira
    correta, e não distorcida, como vem sendo.
    "Entender é poder.
    O entendimento torna a vida até melhor que poderíamos esperar."
    A grande questão é compreender o que de verdade ocorre-nos.
    Abraços,
    Eliana Crivellari-Lili-Belo Horizonte

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  2. Grata, Amiga-sempre-presente!
    O que adendo:
    Com um salário mínimo de (a partir de fevereiro) 545,00 - o trabalhador sabe que precisa esticar para:
    água, luz e alimento. Roupa, ganha ou compra em brechó ou em "lojinhas".
    Para mudar tudo isso, TEM DE COMEÇAR PELO POVO EXIGINDO DOS GOVERNANTES que eles, assim como os trabalhadores, utilizem seus gordos "salários" para aprfesentar resultados! Ganhou voto ilegalmente? Sai fora! Prometeu e não cumriu? SAI FORA! Lembra daquele candidato verde, aqui do RS, o Márcio Fialho, que colocou no MMS a proposta do CÓDIGO DE DEFESA DO ELEITOR? (Publiquei aqui no blog). Pois é, isso DEVERIA SER VOTADO!
    Bjs

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  3. Marise,
    Concordo com você em gênero, número e grau,
    e a principal EXIGÊNCIA DO POVO deveria ser a educação de qualidade para todos.
    Sem EDUCACÃO DE QUALIDADE não dará mais.
    Até para exigir o povo tem que ser educado.
    Porque é a EDUCAÇÃO que conscientiza A TODOS.
    Todos corremos perigo.
    Políticos também correm.
    Porque, quando a Natureza resolve gritar que não dá mais para segurar, esse grito aumenta, aumenta e aumenta de volume, até colocar em sufrágio os que se julgam acima do bem e do mal,
    e de tudo isentos.
    Bom, desta vez, as casas de pessoas abastadas também ruíram.
    Não só os eleitores, mas os que se candidatam e ganham estão expostos IGUALMENTE.
    Que pensem nisso os eleitos.
    "Tem sempre um dia em que a casa cai",
    bjs,
    Eliana Crivellari-Lili-Belo Horizonte

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