sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Maconha Medicinal - ABRACE - única ONG brasileira autorizada a produzir Canabidiol

Em 30.janeiro primeiro cidadão adulto recebeu autorização para cultivo, em Pernambuco - Imagem: Pixabay 





Marise Jalowitzki

Plantas legalizadas, autorização obtida em 2017, o único local de cultivo autorizado no Brasil pertence à ABRACE (Associação Brasileira Cannabis Esperança), única entidade autorizada pela Justiça a plantar maconha para uso medicinal no Brasil. A ONG está sediada no bairro dos Ipês, em João Pessoa (PB).

Produzindo o óleo medicinal, sprays e pomadas há quase 3 anos, os seus medicamentos (canabidiol) atendem cerca de 2 mil e 500 pacientes em todo o País.
Cassiano Teixeira, diretor-presidente da ONG, informa que possui autorização para o plantio, obtida através de medida judicial. O local está devidamente protegido por muros altos, cercas elétricas, identificação por biometria. 

Há 210 médicos prescritores no país. A produção não tem dado mais conta dos pedidos. São mas de 1.000 pessoas na fila de espera e uma segunda edificação vem sendo construída para atender a demanda.


Ontem, 30.janeiro.2020, saiu a primeira autorização, para um homem adulto, em Pernambuco, para efetuar o cultivo medicinal. Avante! 

Canabidiol

"O canabidiol é um composto químico encontrado na planta Cannabis sativa, conhecida popularmente como maconha, que, de acordo com estudos científicos, pode ser utilizado no tratamento de doenças e sintomas: epilepsia, dores crônicas de origem oncológica ou neuropática, espasticidade causada pela esclerose múltipla, náuseas e vômitos causados pela quimioterapia, inapetência, entre outros.
O canabidiol tem um amplo leque de ações, que provoca alguns efeitos benéficos, como:
♦ Causa um relaxamento muscular, contribuindo assim para alívio da espasticidade;
♦ Possui efeitos ansiolíticos e euforizantes, o que ajuda em casos de ansiedade e depressão;
♦ Provoca analgesia, inclusive para dor neuropática e oncológica de difícil tratamento;
♦ Diminui a percepção da dor, levando a um aumento da tolerância à dor;
♦ Possui ação anti convulsivante;
♦ Estimula o apetite;
♦ Diminui a pressão intraocular, o que pode ser útil em alguns casos de glaucoma;
♦ Tem ação antiemética, atuando contra náuseas e vômitos;
♦ Reduz a saliva em pacientes."

O histórico da ABRACE é comovente, já que começou com a ação de um filho para auxiliar sua mãe. Comovente, como também o são os relatos de mães para auxiliar seus filhos com epilepsia.

Há poucos dias assisti a um vídeo mostrando o sofrimento de uma mãe expondo seu filho, ainda bebê, com mais de 20 convulsões por dia. É de chorar! Que venham mais associações como essa, que haja fiscalização da ANVISA, sim, para que o uso se restrinja aos problemas de saúde, MAS QUE NÃO SE PERMITA QUE TANTAS PESSOAS CONTINUEM A SOFRER, já que está comprovada a melhoria na saúde de quem tanto precisa!!!



Querendo, leia:

Em 30.janeiro.2020, justiça libera para homem adulto a plantação de maconha em Pernambuco: https://www.metropoles.com/brasil/justica-autoriza-homem-a-plantar-maconha-para-uso-medicinal-em-pe



E mais:

Maconha medicinal é liberada pela ANVISA - Quem planta em casa precisa de autorização da Justiça












 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano.







A última noite de um amigo

Lidando com a impotência (Foto: Marise Jalowitzki - Arquivo Pessoal)




Marise Jalowitzki

Mundo hipócrita que não quer falar dos fatos do jeito que são, sendo que cada cidadão enche sua cabeça com o que quiser, com este monte de filmes horríveis que estão sempre disponibilizados em qualquer canal. E geralmente tudo tão assustador e exacerbado - "Ah! Mas daí é ficção!". 

Hipocrisia! Como se não soubessem o quanto os filmes, as séries, as reportagens, as novelas influenciam as massas e são responsáveis por tantos fatos de igual teor que acontecem sempre, em todas as áreas. Pro Bem, como pro sofrimento. 

Mas, falar de fatos reais, de situações que realmente envolvem o sentimento e a problemática das relações humanas, o não saber fazer, e... Sabe-se lá o que é o certo, né? - isto considero libertador, esclarecedor, e, de quebra, pode ajudar a muitos.

Então, quero abordar isso hoje, nesta época sazonal de final do primeiro mês do ano.




Lembranças que chegam sem aviso

Quero dizer que, em pleno movimento de me aprontar para sair, agora de tarde, me vieram lembranças que a gente não sabe porque chegam assim sem aviso. Eu tenho anos de psicodrama, então, podem, sim, ser coisas do processamento cerebral, da gente mesmo; pode ser também ondas advindas da pessoa que já se foi, a energia prânica, dela, que veio se manifestar... sei lá, acho que nunca, nós, que estamos aqui, saberemos direito, nem poderemos afirmar cem por cem, o que é que acontece."

Mas, agora de tarde, nesta sexta-feira bem quente, recebi esta...esta solução, digamos assim: “Não, não tava na tua mão nada que pudesse frear o que estava por vir, tu foi sim, pró-ativa, tu te disponibilizou... e tu não conseguiu! Ponto. Como ele também não conseguiu".
Então, quero só dizer que... que é isso...! Né? Cada um faz aquilo que pode.
Este não é uma ponderação sobre ações e, sim, uma reflexão de aceitação.


Uma época de sombras

Estávamos nos meses finais do pós ditadura, o país se preparando para as Diretas, Já! - todos embalados por um sentimento de libertação, os brados ardorosos do Ulisses Guimarães. 

Eu chefiava uma seção de informação para faturamento, em uma empresa de economia mixta onde trabalhava. Havia muitos erros no preenchimento dos formulários, o que demandava mais tempo para processar (manualmente, com o auxílio de uma máquina contabilizadora). Também sabia que o clima organizacional daqueles trabalhadores era bem ruim, com punições e suspensões seguidas. Com humilhações públicas que eu mesma presenciara, sem que ninguém tomasse uma providência junto à gerência que, mais tarde, tive a certeza que era conivente com os maus tratos.

Resolvi que, pelo bem de meus funcinários e também por aqueles que trabalhavam na operacional, algo tinha de ser feito. Peguei a pasta com os documentos de normatização e instruções de preenchimento, levei o assunto para meu gestor direto e pedi autorização para, após o meu expediente, comparecer na área deles, no horário de intervalo deles, e lermos juntos os documentos básicos, tirando todas as dúvidas possíveis. Ele concordou e eu fui.

Foi assim que começou a minha trajetória, digamos, 'popular' entre a área operacional daquele grande centro de coleta e distribuição. Claro que a notícia logo se espalhou. E quando irrompeu um movimento nos centros de distribuição do centro e nos setores de telecomunicações (também no centro da capital), logo me instigaram a participar do movimento, representando-os. Primeiramente não quis ir, mas, depois, senti que este momento tinha de ser enfrentado e vivido.

Em outro post talvez me decida a abrir um tanto deste episódio tão significativo em minha vida, onde entrei 'meio no susto' e que foi uma experiência muito forte. 

Bem, só posso dizer que vivemos momentos muito densos, muito tensos naqueles meses. Todo o ambiente estava coagido, mil olhos, muita censura, muitas ameaças e insinuações. De todos os tipos.

Naquela noite, sem nenhum aviso, eu sozinha em casa (por sorte havia levado minha filha para dormir na casa da avó), apertou o interfone um amigo nem tão próximo, que eu conhecera só pelas reuniões e encontros. Vou chamá-lo aqui de Vinicius. Queria falar comigo. Disse que era importante.

Eu me preocupei um tanto em deixá-lo entrar. Uma, por eu estar sozinha, ser noite. Outra, pelo que os vizinhos iriam dizer... Sim, eu recebi umas duas vezes um grupo de colegas do movimento paredista para estudarmos ações, mas era um grupo. Todos entraram e saíram ao mesmo tempo.


As pressões no trabalho


Decidi que o deixaria entrar. Vinícius estava calmo, uma 'calmeza' quase apática, pensei que estivesse meio drogado. Sentou no sofá, eu em frente a ele, começou a falar das pressões que estava recebendo de seu chefe imediato, que todos sabíamos ser um ditador, um humilhador, um arrogante feroz (que vontade de escrever seu nome completo aqui!).

Eu escutava e intervinha, também, pedindo, o tempo todo, que ele mantivesse a calma e persistisse. Apontou para a sandália que estava usando, mostrando as várias e grandes bolhas que tinha nos pés. E que queria ter ido ao médico e o chefe não deixou, obrigando-o a usar o vulcabrás pesado que fazia parte do uniforme. Ele não conseguia andar tão rápido, pela dor das bolhas que estouravam e esfregavam, aumentando ainda mais as feridas. Havia recebido ameaça de demissão caso não conseguisse "deixar o serviço em dia". 

Pedi novamente que tivesse calma. Que, quando a turbulência era por demais, talvez fosse um sinal para ele sair deste emprego, ele, que era um rapaz muito bonito, boa compleição física, sorriso aberto, bom, poderia candidatar-se a modelo. Tantas outras coisas.


A traição da noiva


Ele ouvia, sorriso meio bobo, desesperançado. Quando resolveu falar de novo, apareceu a dor mais atroz: sua noiva havia desfeito o noivado, assim, sem mais nem menos, dizendo-se apaixonada por um conhecido de ambos, morador da janela em frente, no prédio vizinho ao que ele morava. E, pior: na noite anterior, ao chegar em casa, a janela do vizinho-ex-amigo estava escancarada e ele (vizinho) e a ex-noiva estavam fazendo sexo "às ganha!" (expressão nossa, da época, e que significa "furiosamente"). Ele disse que não queria mais voltar pra casa. Que não sabia o que estava sentindo ao certo. Que não tinha mais rumo.

Falei tanto, aconselhei o melhor que pude, oferece chazinho, coloquei minha mão em seu ombro. Tentei reforçar sua auto estima, comentei de meus momentos cruciais já vividos e do quanto, depois de um tempo, aquilo tudo se dissolve, ou, pelo menos, diminui de intensidade. Sugeri que não fosse ao trabalho no outro dia, que fosse ao médico, que avaliasse a possibilidade de sair do emprego. Dar um tempo. Talvez ir morar com a mãe por uns meses, ou na casa de alguém conhecido. Até melhorar.

Foi quando me disse que havia uma arma em sua mochila.
Eu tentei dissimular o mais que pude, pois aquilo mostrava o descontrole emocional em que ele estava. Temi por ele, temi por mim, pensei em minha filha, no quanto estava exposta. Sozinha. Em segundos chamei meu Anjo-da-Guarda (ou o nome que se quiser dar quando se invoca uma Força Extra) e procurei manter a calma.

Comentei o quanto ele deveria repensar sobre isto. Que agora ele estava sofrendo muito, e com toda a razão, pois o mundo estava ruindo e ele dentro, mas que era nestes momentos que a gente tem de manter a cabeça fria. Que ela não merecia, pelo que fez a ele, que agora ele tentasse revidar com violência pois, sim, poderia dar cabo da moça e do novo companheiro, mas - ponderei - "e a tua vida? Também vai estar destroçada, pois, ao invés de um futuro promissor, cadeia!" 


A última noite de um amigo


"Um novo amor sempre se encontra", ponderei. Um novo emprego, nas tuas condições, também! É uma idade de muitas possibilidades, usa a cabeça, meu amigo!" 

Ele estava titubeante. Continuava desorientado. Já estava ficando tarde. Pensei em convidá-lo para dormir em minha casa. Receei que ele tentasse sexo comigo, ou me apontasse a arma no meio da madrugada (que já estava adiantada). 

Não convidei para ficar. 

Ficamos em silêncio por um tempo.

Ele se levantou, devagarinho, silencioso. Pegou sua mochila, colocou em um dos ombros e foi se dirigindo à porta. Tenho de confessar que, internamente, eu estava meio aliviada. Pensei que havia conseguido dissuadi-lo a não matar a ex, nem o novo companheiro dela. 

Ele foi indo pelo longo corredor, devagar. Apertei sua mão, dei uma abraço. Pedi que mantivesse a calma. Que iria vê-lo no seu local de trabalho no outro dia pela manhã, apesar da proibição que eu havia recebido de 'não pisar mais lá'. Que ele era meu amigo. E que era importante tê-lo como amigo. 

Ele foi descendo as escadas, eu fiquei em cima, olhando. Ele parou, me olhou longamente, eu disse ainda: "Por mais que um amor, hoje, seja importante, há um outro esperando pra te conhecer. Por amor não se morre."

Desejei Felicidades e disse: "Até amanhã!" Ele só continuou com aquele sorrisinho bobo, desolado, triste. Entrei em minha casa. Agradeci à Força Divina por eu estar a salvo, por minha filha continuar a ter mãe, rezei muito, muito, por ele, para que tivesse Luz, para que sossegasse seu coração tão ferido.

No outro dia, mal cheguei à minha sala, veio um colega dele e avisou: "O Vinicius se matou! Um tiro na orelha!"

Chorei muito.

Sensação de impotência geral.


Seguindo em frente


Ainda hoje me machuca bastante todo este episódio. E tantos outros, vividos nesta minha longa vida. Queria que as coisas fossem diferentes. Mais amenas. Mais saudáveis. Mais alegres.

Este querido amigo não conseguiu ultrapassar os momentos difíceis daqueles tempos. Sim, poderia haver outros mais lá na frente (pois assim é a vida!), mas haveria tantos momentos felizes, também!!

Se estivesse ainda aqui, seria um homem já maduro (ele tinha creio que uns 5 anos a menos que eu, era seu primeiro emprego). 

E talvez, se ainda mantivéssemos contato, poderíamos sorrir, lembrando, e erguer um brinde à persistência dele, à resiliência, tão necessária, para enfrentar desafios e lutas, mesmo quando parece tudo terminar na próxima esquina. 

Não termina. E pode mudar pra melhor.

Fica a lembrança doída, pois sempre tem alguém que se importa.

Fica a tentativa de que mais pessoas façam o seu possível para ajudar o outro. Ainda que não consigam. Algumas vezes dá certo. E é assim, de tentativa em tentativa, que se vai conseguindo.

Fica a certeza de que viver vale a pena, que não se deve desistir, que o peso de hoje fica mais leve amanhã, que a auto estima p-r-e-c-i-s-a  ser aumentada e validada todos os dias.

Fica a certeza que sempre há quem nos ama! Sempre!








 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano.






quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Enchentes em BH - Governos aprendem com as tragédias? Modelo urbano tá errado! O que antes eram rios, hoje são canais de esgoto cobertos por asfalto

Os rios gritam e pedem de volta o espaço perdido. Os morros, encharcados e devastados, não tem como escoar a água que cai . 25% dos córregos de Belo Horizonte estão escondidos pelo asfalto (Foto: Fred Magno, publicada em O Tempo )







Marise Jalowitzki

O que mais a espécie humana precisa ver, sentir, passar da pior forma, para aprender a respeitar a Natureza?

As recentes chuvas em Belo Horizonte e região metropolitana destruíram grande parte da área urbana. Foi a maior quantidade de água em mais de 100 anos.  Em toda MGerais já foram contabilizados 55 mortos em 6 dias de chuvas (42 óbitos causados por soterramento, desmoronamento ou desabamento, 9 por arrastamento pelas águas e 4 por afogamento - 44.929 desalojados e 8.259 desabrigados).

E estes estragos não acontecem só em Belo Horizonte, como bem sabemos! Programas de prevenção que não saem do papel, providências necessárias que não são tomadas. 

Em abril faz 10 anos que o Morro do Bumba, em Niterói, cedeu devido às fortes chuvas. 267 pessoas morreram, muitas lutam até hoje para obter novamente um lugar para morar. Daqui há dois, três meses, as chuvas no RJ acontecem. Quais os programas de prevenção e contenção das águas, para que os morros não encharquem e deslizem? As promessas se sucedem, governo a governo, mas as providências efetivas não acontecem.


Em 1992, quando os indígenas, de mãos dadas, ladearam o Rio Tietê e choraram, muita gente ficou sem entender, alguns poucos sorriram, outros tantos "brancos-beges" sentiram junto a dor que eles expressavam diante do rio morto, de tanto esgoto, pleno de mau cheiro e detritos de toda espécie. Foi na Eco-92, também conhecida como Cúpula da Terra, onde mais de 100 chefes de estado estiveram presentes e a Esperança também, de que, a partir de então, finalmente, começaria uma era de mais respeito para com a mãe Natureza, pelo bem de todos nós!!! Que porém...

O que sabe realizar, efetivamente, o ser humano dito civilizado, a não ser tapar as reservas naturais com cimento e concreto? Alterar a temperatura do oceano e de todo o meio ambiente? Poluir e desmatar? Devastar e destruir?

Agora o prefeito de Belo Horizonte confirma que vai ter carnaval, sim, pois "o povo é obrigado a só sofrer?" ... e, continuando, declara que "nós vamos reconstruir tudo"... Tudo errado, nos velhos parâmetros, que já deram errado, dando mostras cotidianamente disto e a saga se perpetua igual.

O governador Zema diz que solução para o problema "levará décadas" e que muitas das mortes aconteceram porque "moradores não obedeceram avisos de alerta".


Canalização na rua Rio de Janeiro com rua Antônio Aleixo, no bairro Lourdes. 1963 (Foto Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, publicada em O TEMPO)


RIOS SÃO AS VEIAS DO ORGANISMO TERRESTRE, desviar, canalizar, aterrar, alterar, só vai conseguir destruir mais adiante de novo!!!

Será que os governantes não vão aprender com os erros dos governos passados?

Quem conhece Belo Horizonte sabe a beleza desta cidade, predominantemente rodeado de morros, originalmente com centenas de rios e córregos, hoje praticamente todos afunilados em canais, recebendo esgoto, que o cidadão nem vê, nem sente, pois está tudo coberto de asfalto, sobre o qual os carros (liberando combustível fóssil - e altamente poluidor - constantemente, passam...

É preciso aprender com os erros, não simplesmente reparar o que estragou!!

Canalização do córrego Acaba Mundo - rua Professor Moraes. Início da década de 1960. (Foto Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, publicada em O TEMPO)


Princípio errado de gestão urbana

"Com a construção dos bairros, a prefeitura permitiu a retirada de 100, 200 caminhões de terra. As montanhas tinham que ser preservadas, as casas tinham que ter sido construídas respeitando a topografia.  Toda a terra que foi retirada ali, milhões de toneladas, fazem falta hoje, ela servia para reservar a água. 

Foram canalizando os córregos e priorizando as vias para automóveis. A chuva forte expôs a fragilidade da concepção de gestão das águas em BH. Nós precisamos de des-drenagem urbana. O que aconteceu na (rua) Marília de Dirceu e na (avenida) Prudente de Morais é que a água da chuva implodiu e explodiu", explica Heringer Lisboa. Segundo o fundador do projeto Manuelzão – referência na luta por melhorias nas condições ambientais –, o necessário neste momento é repensar a relação humana com a cidade e ainda formas de reconstrução da capital mineira. 

"As obras feitas estão baseadas no princípio errado de gestão urbana, que levou a impermeabilizar o solo das ruas, os telhados, os quintais com cimento, a calha que tira água do telhado. Essa política de drenagem que está errada. A chuva é um princípio universal. A engenharia ambiental precisa ser a relação amigável de convivência com a natureza e a cidade". 


Quem vê os videos contidos na matéria publicada sobre o Hospital Luxemburgo não pode ficar tranquilo, apesar das declarações das autoridades sobre a segurança da edificação(Foto: Rogério Andrade/Divulgação - Estado de Minas)

Excertos de uma importante matéria de 2015, reeditada em 29.janeiro:

25% ds córregos em BH estão escondidos pelo asfalto
Polêmico. A canalização do Ribeirão Arrudas começou em meados de 1920; várias enchentes ocorreram depois; em 2007, ele começou a ser coberto e “esquecido” (Foto: Daniel Iglesias - 07.janeiro.2011)

"Belo Horizonte podia ser uma cidade cheia de rios e pontes, como uma “Veneza brasileira”. Debaixo das avenidas Afonso Pena, Prudente de Morais, Silviano Brandão, Pedro II e tantas outras vias passam rios que foram canalizados e cobertos nas décadas passadas – assim como o Bulevar Arrudas, recentemente. Conforme levantamento feito pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), 165 km (25% do total) dos cursos d’água da cidade são tapados pelo concreto das chamadas “avenidas sanitárias”." 

"Quando se canalizava um rio, o problema passava para outros rios, e iam canalizando a cidade inteira. Hoje, não pode chover que inunda”, afirmou o ambientalista Apolo Heringer. Prova disso é que há anos a Sudecap vem fazendo obras de prevenção, principalmente em córregos canalizados, como implantação de bacias e barragens para reter a água da chuva." 
(Para ler na íntegra, acesse: https://www.otempo.com.br/cidades/avenidas-de-belo-horizonte-escondem-25-dos-corregos-urbanos-1.2290483 ) 

Pesquisa:





Querendo, leia sobre Morro do Bumba, outra tragédia em decorrência das chuvas (2010):



O cidadão Manuel Oliveira clama para poder enterrar
 seus 3 filhos, mortos na Tragédia do Rio. 
Há 5 dias os corpos estão expostos! 
Dor que não para de crescer!

Governo anuncia criação de centro nacional de prevenção de desastres

( Clique: Revista Época)



http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/centro-nacional-de-prevencao-de.html


E mais:


- OAB - RJ quer lei que puna governantes omissos na prevenção de tragédias - Wadih, estamos torcendo!
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/02/wadih-estamos-torcendo-presidente-da.html
- OAB-RJ lembra o direito fundamental das famílias de enterrar seus mortos
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/02/oab-rj-lembra-o-direito-fundamental-das.html
- Governos, são VOCÊS que precisam pagar pela tragédia no RIO! Sistema meteorológico poderia ter alertado sobre chuvas no Rio! E agora?
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/sistema-meteorologico-que-poderia-ter.html
- Associação orienta vítimas de enchentes a pedir indenização
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/associacao-orienta-vitimas-de-enchentes.html
- Exploração da Dor e Irresponsabilidade - Óh!...A lágrima caiu!http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/tragedia-no-rio-exploracao-da-dor-e.html
- Especialista com mais de 30 anos de pesquisas em catástrofes, inundações, enchentes e secas, opina
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/dizer-que-o-problema-das-enchentes-e.html


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI203064-15228,00-GOVERNO+ANUNCIA+CRIACAO+DE+SISTEMA+NACIONAL+DE+PREVENCAO+DE+CATASTROFES.html









 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano.





segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Incêndio na Boate Kiss - 242 mortos e 636 feridos - Sete anos depois

O que matou todos estes jovens foi cianeto, o mesmo veneno com que os judeus foram intoxicados nas câmeras de gás em Auschwitz - Foto: Gabriela Di Bella (Outras Palavras.Net)




Marise Jalowitzki

Boate Kiss - 242 mortos e 636 feridos - Sete anos depois, julgamento ainda não aconteceu!

Marcado para o dia 16 março, os dois implicados da banda Gurizada Fandangueira, mais o empresário da banda, irão a júri popular em Santa Maria-RS, cidade onde o sinistro ocorreu.  Eles requerem transferência de cidade para que a sessão seja "menos tumultuada", já que Elissando Spohr, o proprietário, conseguiu a realização de seu julgamento - ainda sem data marcada -  para Porto Alegre, onde, com certeza, tudo ocorrerá sem tanta visibilidade (força do dinheiro?).

Desde a madrugada de ontem, vários eventos acontecem em Santa Maria, evocando a tragédia.

Perguntas:


"Por que todas as pessoas envolvidas e apontadas pelo inquérito policial não foram julgadas cada uma dentro do seu devido grau de culpabilidade?
Por que a boate funcionou se ficou comprovado pelo inquérito policial que estava irregular?
Como agentes públicos não manifestaram publicamente o porquê o local estava aberto?
Como ainda muitas pessoas falam em fatalidade quando foi falta de vigor na fiscalização e ganância?
Como puderam processar três pais e uma mãe por quererem respostas??" (Luiz Alberto Cassol)
Estas são algumas das perguntas que também fazemos!
Foto: Tiago Guedes  (G1.Globo/RBS)

Sete anos são passados!!! Familiares e cidadãos que se solidarizam, desde a madrugada de ontem participam de eventos. Uma vigilia aconteceu ao redor de um coração com 242 pombas (simbolizando os jovens mortos), pintado na calçada.

Não dá pra esquecer. Não podemos esquecer!
À época do ocorrido, todo mundo comentava sobre. Foram divulgadas amplas medidas para que os estabelecimentos públicos mantivessem em dia o funcionamento cem por cem de seus extintores de incêndio, portas de entrada e saída foram revistas (para ver se havia a condição de bom fluxo de pessoas no caso de um acidente). Para evitar novas tragédias como esta, onde quase 242 pessoas morreram e 636 jovens ficaram feridos! Até o Teatro São Pedro foi investigado e alertado.
Os parentes da vitimas, inconformados, se reuniram em associação e pediram justiça. Inacreditavelmente, moradores de Santa Maria começaram a agredi-los quando faziam suas homenagens em praça pública, tocando sinos e soltando balões brancos. "-Acabem com isso!" - disseram alguns insensíveis. "Vão tocar a vida, vida que segue, eles não voltam mesmo!"... como se fosse assim simples perder um filho, jovens cheios de esperanças e sonhos que não tiveram a oportunidade de vivenciar sua existência. 
Perder a vida. E por uma tragédia que aconteceu por negligência, tanto da banda (por usar fogos de artifício em local fechado), quanto dos proprietários da boate Kiss (que permitiram este uso de fogos, que sabiam que a segurança do local estava falha, que sabia que os extintores estavam com a validade vencida, que sabiam ser errado pedir "mais um tempinho" às autoridades responsáveis pela fiscalização. E também negligência das autoridades responsáveis pela fiscalização que, mesmo sabendo das irregularidades no local, permitiram seu pleno funcionamento!
"Diante da pergunta desesperadora de Paulo, pai de Rafael, “Como ressignificar toda uma existência?”, é possível encontrar algumas luzes nas palavras de Daniela Arbex. É preciso contextualizar essas vidas existidas, existindo. Ela vai narrando os gostos, as paixões de cada jovem, como numa tatuagem, uma roupa, a escolha da bombacha preferida de Lucas (p. 142). Um jovem maragato, sem medo de peleias. O vestido floral e as madeixas soltas de sua mãe quando assim estava, última vez que o avistou. São nesses significantes guardados em cada um que a vida pode se perpetuar." (Iza Maria de Oliveira)

Relembre:

Foto: Agência Brasil
Por Marise Jalowitzki
18.junho.2019






Tragédia em Fogo - Santa Maria - Todos em Luto

Da balada para a morte - Incêndio na Boate Kiss







Por Marise Jalowitzki
27.janeiro.2013

http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2013/01/tragedia-em-fogo-santa-maria-todos-em.html













Boate Kiss torna-se ponto de honrar a memória dos que se foram









Veja também: http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/geral-policia/noticia/2016/06/ex-socios-da-kiss-terao-de-ressarcir-dinheiro-de-indenizacoes-ao-inss-5824444.html (Link de 02.junho.2016, publicado no Diário de Santa Maria:)


Comovente! Uma faixa com casais que foram 
separados pela tragédia 





Prefeito de Santa Maria se defende - 
"Essa acusação é uma aberração!"

Ventilação extracorpórea - ECMO 

Não ao esquecimento! Sim à responsabilidade!

Um mês da tragédia na Boate Kiss,
em Santa Maria - 


Marise Jalowitzki







Morte por rojão -
Pela proibição do uso de fogos de artifício 

Pela Proibição ao Uso de 
Fogos de Artifício






Sem plano de prevenção contra
incêndios 
Balões brancos - símbolo das caminhadas após incêndio na
(ex) boate kiss, tragédia em Santa Maria que matou 237 jovens


Jean Michel Jarre e sua harpa a laser
Diga Não aos Fogos de Artifício!








Festa dos Navegantes 2013,
 sem fogos de artifícios,
panfletos com papel reciclado.
Iniciativa de não usar fogos
adquire novo e forte significado.


Por Marise Jalowitzki

150 mil fiéis oraram pelos mortos na Tragédia de Santa Maria e pediram Justiça















Vigília - A concentração em frente à
boate kiss ocorreu mesmo depois
de a Igreja cancelar a vigília oficial
que deveria acontecer no local 

RS recebe doação dos EUA de kits
contendo antídoto que anula efeito tóxico
 no sangue das vítimas da tragédia em
Santa Maria

Antídoto combate cianeto que intoxicou os sobreviventes da tragédia

PAZ SEM VOZ, NÃO É PAZ, É MEDO!!! 35 mil pessoas participaram 
ontem da Caminhada por Justiça após tragédia em Santa Maria 






Tragedia em Santa Maria-  Cirurgias restauradoras
utilizam os estoques em Bancos de Pele 
O que resta: Aos parentes, só resta o pranto.
E a luta por Justiça.






Por Marise Jalowitzki

























 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano.