sábado, 22 de novembro de 2014

Para os que tem dúvidas em relação à medicalização de psicotrópicos em crianças





"Movimentos populares acontecem nos EUA e no mundo, - especialmente os liderados pelos pais que perderam seus filhos, vítimas fatais pelo uso prolongado do metilfenidato (Ritalina e Concerta, no Brasil) - expondo seus manifestos contra o medicamento, divulgando casos de pessoas que, apesar dos sintomas do TDAH são bem sucedidas, na tentativa de convencer a outros pais de que é possível criar seus filhos-problema sem o metilfenidato. Simultaneamente, também acontecem movimentos de pessoas vítimas dos sintomas e do preconceito, que sentem na pele o sofrimento advindo da dificuldade na apropriação da aprendizagem, da exclusão social e do sentimento de perda da identidade e se reúnem em grupos que reconhecem como sua família; estes últimos querem que o mundo reconheça que são doentes e que os sintomas realmente existem e causam sofrimento. Os dois grupos tem razão. 

O metilfenidato é uma anfetamina que pode causar danos graves sim, e pior ainda quando administrada em pequenos, que ainda não tem capacidade de decisão sobre suas vidas. Hoje, pais se sentem lesados e traídos, exigem que sejam amplamente repassadas todas as informações, apresentados todos os riscos, antes de iniciar o tratamento farmacológico e que sejam acenados também os outros tipos de tratamento, onde o acompanhamento psicológico é o principal. E, com relação aos manifestos do segundo grupo, dos portadores dos sintomas que identificam o TDAH, e que querem ser reconhecidos como doentes (e não como ‘vagabundos’ ou  ‘retardados’) é um direito cidadão que lhes assiste, sem dúvida nenhuma. Os sintomas são notórios, os problemas e embaraços, também." Livro TDAH Crianças que Desafiam
(págs. 10 e 11)
  




Por Marise Jalowitzki
22.novembro de 2014
Algumas mães tem manifestado sua confusão em relação às notícias que têm lido sobre administrar ou não administrar psicoativos em seus filhos.

Sim, a situação da medicalização é deveras preocupante, pois se, de um lado, associações fortes, financiadas pelas farmacêuticas, afirmam que os medicamentos são "tudo de bom", outras associações e médicos, igualmente fortes, afirmam o contrário, que a medicação deve ser usada com parcimônia e somente nos casos comprovadamente necessários.
Nada mais posso do que ratificar: informem-se, leiam, sigam fontes seguras e tomem a melhor decisão.
Cada um, neste mundão de Deus, tem as suas convicções e verdades. Não pretendo mudar a verdade de ninguém, mas acredito e pratico as que julgo importantes e necessárias. Todo nosso mundo atual vive uma onda de medicalização, uma tentativa de resolver situações "logo", "já!". 
Uma destas verdades (e que tenho reafirmado em todos os momentos) é que nenhum médico (seja  que convicção tiver sobre medicar crianças com psicotrópicos ou não)  subestima ou desacredita das dificuldades que as crianças ditas desadaptadas apresentam. Seu sofrimento é real, sua ansiedade existe, a dificuldade, também; o que eles alertam é sobre a explosão de diagnósticos apressados, já que, muitas vezes, em apenas uma primeira consulta de alguns minutos o tarja-preta já é receitado.

O que médicos éticos e  compromissados recomendam é um diagnóstico criterioso, ouvir a equipe transdisciplinar: a criança, os pais, escola (professora, orientadora), o especialista (neuropediatra, principalmente), além de avaliar o entorno (ambiente, relacionamento-situação familiar, tipo de filosofia-metodologia escolar), e efetuar os exames necessários (que inclui ECG - eletrocardiograma, que bem pouco é solicitado). 

Quem ouve a criança, atualmente?
Na maioria das vezes a criança sequer é interpelada! Apenas observada, o que a deixa sempre mais confusa e ansiosa. Quando o olhar compenetrado do especialista observa cada ação sua, enquanto a mãe apresenta todas as queixas, ele está sendo duplamente agredido em sua integridade.

Em algum momento o médico precisa dirigir a conversa para esta criança, independente de sua idade, sem julgamentos, sem reprovação. Perguntar como amigo, tentar entender a sua história!! Saber o que ela tem pra dizer!

A mesma coisa os pais! Raros são os pais que param pra conversar e tentar saber o que vem acontecendo, o que o filho está passando e sentindo. Geralmente o que acontece é um xingamento-desabafo: "Por que tu faz isso comigo?" A criança, que nem lembra direito "o que" fez, de verdade (você se lembra do que fez quando pequeno, quando sua mãe reclamou??), a criança fica cada vez mais confusa e perdida!

O diálogo é necessário e, muitas vezes, curador!

E, sim, caso todos (depois de ouvidos, depois de analisado e avaliado todo o contexto e exames) forem do parecer de que a medicação é necessária, depois de tentar um tratamento terapêutico, rever dietas, sim, medique! Isto não tem nada de "achismo"! É critério, é compromisso, é responsabilidade!
E, mesmo medicando, há que acompanhar! Quando tiverem tempo e vontade, leiam os artigos que coloco no blog tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br - leiam o livro; querendo, leiam também TDAH - A Fraude, do Dr. Fred Baughman (só em espanhol e inglês), leiam os livros do Dr. Allen Frances (um deles chama-se Salvar os Normais - somente em inglês). Por que compilei estes dados em um livro em português, por que publico os artigos? Por que a nossa midia não publica!! Exceto os trabalhos primorosos da Cida Moysés ( Maria Aparecida Moyses) quem mais publica estas informações? (Aí, com relação à Cida, rotulam-na de "petista" e ponto!! De uma forma simplista, acaba toda a veracidade do trabalho? Não pode ser assim!! Não é assim!)
Coloco aqui o que já escrevi tantas vezes e também no livro: Informem-se e tomem a melhor decisão! Vocês são as mães! Vocês conhecem seus filhos melhor que ninguém!
E, se acreditam, de verdade, que ele tem necessidade do tarja-preta, administrem, sem peso de consciência! O que não é possível é aceitar tudo sem questionar! Tem muitas mães que sabem que o filho tem dificuldades, mas, ao invés de pedir ajuda à escola, questionar metodologias, solicitar parcerias, apenas aceita a folhinha azul e medica!
Desejo a todas as amigas as melhores decisões! (aqui, ninguém tem patrocínio de nenhum laboratório farmacêutico para dizer o que está sendo dito! )
beijos
Seguem algumas declarações de especialistas (que estão inseridas nos artigos). Falta-me tempo, mas, aos poucos, vou continuar compilando mais imagens, fáceis de ler, abrem a discussão e o debate. O que é muito importante e necessário. Sem "achismos".
Beijos
Marise Jalowitzki






























Novas inclusões em 18.agosto.2015





























 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

blogs:
www.tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br


LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar 
Déficit de Atenção e Hiperatividade


2 comentários:

  1. Excelente trabalho Marise. A escola também tem uma grande parcela de culpa. Os métodos de ensino ainda são do tempo de Getúlio Vargas, com raras exceções. Ela não acompanha, como as crianças e jovens, a rápida evolução da informação, que acontece no mundo, diariamente.
    Talvez se voltasse a ser criança, eu também não aguentaria as aulas apáticas e desestimulantes de uma escola brasileira ou norte-americana. Os pais precisam ter em vista o bom senso e procurar sempre uma segunda ou terceira opinião.

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    1. Gratidão, Fernando. Sim, com relação aos métodos de ensino, sim, tenho também dedicado vasto tempo para tentar levar mais e mais informações de propostas e algumas iniciativas que já deram certo. Uma delas é o documentário "Quando sinto que já sei!" - Esta inadequação senti na pele, desde os 8 anos (coloco um pouco disso no livro) e minha primeira proposta de mudança ocorreu para uma catequista, quando visitávamos vilas paupérrimas. Depois, quando veio a proposta de Piaget, acreditei que as coisas tinham uma oportunidade "formal", "institucionalizada" para as coisas acontecerem. Mas, os interesses dos governantes (que são marionetes a serviço das megacorporações) é em manter este status quo.

      Como coloquei em um post lá no Grupo TDAH Crianças que Desafiam (facebook):

      "como digo sempre: em uma sociedade plena de desajustes, a escola é uma instituição que se quer formadora, instituição formal, talvez o único lugar onde a criança-adolescente tem contato com horário, disciplina. aquisição de conhecimento. Conquistar o jovem e atrair a família em reuniões de parceria e não de xixi, isto pode mudar!! Insisto nisso! E não está nas mãos de um ou outro professor.Está nas mãos de todos os professores, com o aval de uma direção eficaz!!"

      Mas uma direção tem de "peitar" os projetos que alguns professores apresentam! E não engavetar e silenciar o professor!

      Ou deixá-lo sozinho (como vi em uma escola neste ano), com 26 alunos, dos quais 8 (O-I-T-O) são diferentes, dois com problemas neurológicos sérios, todos usando medicação (que o professor tem de lembrar para que eles tomem!!!) - Sem nenhum monitor para auxiliar na sala! E a diretora, sorrindo: "Quero ver se ela aguenta!" ... Gente, é de denunciar!!!"

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