terça-feira, 31 de janeiro de 2012

QUEM SE PREOCUPA COM OS TRABALHADORES QUE, CONSTANTEMENTE, ESTÃO EXPOSTOS À POEIRA DO CIMENTO



Cimento contem produtos tóxicos, altamente prejudiciais à saúde, especialmente do sistema respiratório

QUEM SE PREOCUPA COM OS TRABALHADORES QUE, CONSTANTEMENTE, ESTÃO EXPOSTOS À POEIRA DO CIMENTO?



Por Marise Jalowitzki
31.janeiro.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/01/quem-se-preocupa-com-os-trabalhadores.html


A tremenda repercussão que recebeu a queda dos três edifícios no Rio de Janeiro, a dor dos familiares das vítimas, a heroica e incessante ação dos bombeiros, levantou mais uma vez o conhecido descaso de TODOS com a questão da segurança , desde emissão de laudos técnicos; perícia periódica de prédios - antigos ou não -; reformas inconsequentes, sem aval de engenheiro responsável; supervisão falha, desde os órgãos públicos, aos síndicos, até a denúncia de condôminos, coisas de que o Brasil está repleto. E serviu para a observação de um outro ponto, igualmente importante:


QUEM SE PREOCUPA COM OS TRABALHADORES QUE, CONSTANTEMENTE, ESTÃO EXPOSTOS À POEIRA DO CIMENTO?


Bombeiros, em meio à tremenda nuvem de poeira de caliça (restos de concreto - cimento, argamassa, areia, etc.) estavam o tempo todo munidos de máscaras. Os jornalistas, repórteres, câmeras, por muitas horas estiveram realizando a cobertura no local, munidos de máscaras. A inalação compromete seriamente todo o sistema respiratório, compromete os pulmões, aloja-se no sangue, causa danos irreversíveis à saúde.


Seja em situações de demolição, seja em construção, desde a extração do minério original (calcario) até a fabricação, as perigosas misturas e queimas de resíduos tóxicos nos fornos de clínquer, o uso de máscaras é necessário SEMPRE.


O argumento, que quer servir como justificativa, por parte dos supervisores (mestres de obra e afins) é de que "o pessoal resiste". Os próprios trabalhadores declaram que "é frescura". E se a orientação vier da boca de uma mulher, então, vira piada. Até mesmo homens, quando são incisivos no cumprimento da lei, são alvos de preconceito. Já prestei consultoria em uma grande empresa onde o gerente de Saúde e Meio Ambiente era ridicularizado (pelas costas, claro), onde tinha seu andar imitado e recebia expressões jocosas: "Olha lá a mulherzinha, de novo, com o seu EPI! Olha o andarzinho dele!"


O que não dá é para esmorecer.
Cimento - um dos exemplos de trabalhador com uso de EPI - faltou a máscara



A recomendação tem de se tornar uma prática efetiva, onde a evangelização tem de começar pelos próprios gerentes e até donos de empresas. Conheço um supervisor que lidera 30 pessoas em uma fábrica de artefatos de cimento. Produzem vasos, cantoneiras, material para cercas, alguns objetos para decoração em jardins, etc. Trabalham todos os dias derramando sacos de cimento, lidam com o cimento diretamente e tudo o que o supervisor conseguiu, até agora, é que os trabalhadores substituíssem os chinelos-de-dedo por botas de borracha.


Claro que dá para entender que, com um calorão como o que tem feito, de novo, neste verão sulino - só para falar de nosso clima, aqui no RS - é de desanimar qualquer outro acessório, além do estritamente necessário. Mas, e a saúde a médio e longo prazo? É um bem maior que, depois de danificado, dificilmente pode ser reparado.


E por que, no caso deste supervisor, o assunto não vai adiante? Porque o empresário, dono da fábrica, também considera dispensável o uso de luvas e máscara! 


Neste ano de 2012, destacado pela ONU - Organização das Nações Unidas - como o Ano do Cooperativismo, fica a sugestão para os técnicos de Segurança no Trabalho: criar uma associação comunitária, em regime de cooperativismo (são necessários 20 iniciais) envolvendo empresários conscientes, e agir preventivamente, visitando as obras e empresas (inclusive as pequenas), orientando e fiscaliza.do. Palestras orientativas, mostrando gráficos e índices de doentes da construção civil e similares, em doenças respiratórias, algumas graves, como a tuberculose, gerando óbitos em números crescentes.


E tem de haver uma lei punitiva, multando os infratores, que não disponibilizam o equipamento necessário (botas, luvas, óculos e máscaras), nem controlam o seu uso efetivo.


Dermatites aparecem cedo - Doenças respiratórios advindos do manuseio do cimento demoram mais e são ainda mais graves




Os empresários precisam disponibilizar os equipamentos.
Os empregados precisam se conscientizar de que ele é necessário.


Ganha o empresário, pois o que gasta em equipamentos de prevenção é bem menos do que tem de arcar quando os empregados são afastados por auxílio doença.


É bem verdade que este é um tema muito mais de conscientização do que perda financeira imediata para o empresário. As doenças respiratórias vão se manifestar intensamente no trabalhador dali a 15, 20 ou até 30 anos depois, quando, provavelmente, muitos não terão nem direito a uma aposentadoria regular, que dirá por invalidez. O descaso com o futuro ainda é TÃO comum em nosso país. E como a mão-de-obra ainda é barata e abundante, quem vai se preocupar com o pulmão-de-obra?


(continua)

Veja mais em: http://ning.it/nkR1kF


Cimento Portland possui diferentes categorias. 
Quais os impactos ambientais dos diversos aditivos?


Cimento Portland - Quais os Impactos Ambientais dos Tipos Modificados?

LINK: http://ning.it/nkR1kF












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Leia também: http://t.co/xWOGb9o

Empresas privadas que investirem em capacitação tecnológica para reduzir a quantidade de resíduos ou utilizar material reciclado terão vantagens

Construtoras que reciclarem entulho poderão ter benefícios







BEM MAIS SOBRE O CIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES: http://ning.it/q4ESTJ

Legislações específicas e Convenções Internacionais - Cimento e Petróleo - Desmatamento e Sustentabilidade - Resíduos Tóxicos e Legislação


Cimento e Petróleo - Desmatamento e Sustentabilidade - Resíduos Tóxicos e Legislação





Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, especialista em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil



domingo, 29 de janeiro de 2012

Banco de Pele Humana - Fábrica de Pele Humana

Robô corta e coleta amostra de tecido para reproduzi-lo em série num processo totalmente automatizado - Foto Rafael Kroetz - Fraunhofer

Pele humana já é criada em laboratório


Banco de Pele Humana - Fábrica de Pele Humana


Por Marise Jalowitzki
29.janeiro.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/01/banco-de-pele-humana-fabrica-de-pele.html


A questão da doação de órgãos ainda é controversa, por envolver a ética e crenças religiosas.Transplantes já tiveram, inclusive, uma "obrigatoriedade" de doação no governo de Fernando Henrique Cardoso, que achou por bem sancionar a "doação presumida de órgãos" (Lei 9.434/97) e que gerou muita polêmica. Ou seja, passou-se a conviver com o doador presumido, o expresso e o não doador (estes dois últimos tinham de fazer constar em uma nova Carteira de Identidade, a sua vontade).


A ilicitude, neste campo dos transplantes, ainda é frequente. Pessoas passam a frente de outros nas listas de espera. Há denúncias e investigações sem resposta de casos onde a morte cerebral é contestada (condição sine-qua-non para a retirada). Parentes que não autorizaram ou que nem ficaram sabendo da retirada de órgãos da vítima. Até conhecemos casos de médicos que "assaltam" necrotérios para roubar cadáveres para estudos em faculdades de medicina. Principalmente na população mais carente e desprotegida, esse assunto é por deveras inquietante.


E já existe, para questões de estudo em universidades e para pesquisadores, a produção de corpos e órgãos de borracha, IDÊNTICOS aos originais.Também no Brasil temos uma indústria de corpos e órgãos para aulas de anatomia e ensaios cirúrgicos, que em tudo se assemelham aos humanos, inclusive sangrando nas incisões, o que confere realismo ao estudo dos estudantes de medicina. Confira inclusive o endereço nos artigos
Corpos de Borracha - Link:  http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/08/corpos-de-borracha-e-eleicoes-em-2010.html     
e SOS Amigos - Link:  http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/08/sos-amigos-agradecimentos-divulgacao.html    (que traz o endereço)

Brasil - Simuladores imitam totalmente o corpo humano, dispensando o uso de cadáveres em aulas de anatomia
  

A utilização de células tronco segue a passos largos e temos de ir acompanhando.


PRIMEIRO BANCO DE PELE HUMANA DO BRASIL FICA NO RIO GRANDE DO SUL E JÁ ATENDEU À MAIORIA DOS ESTADOS BRASILEIROS 


O Rio Grande do Sul possui o primeiro Banco de Pele Humana, ou Banco de Tecido Humano, do Brasil. Criado em 2005, visa atender especialmente a vítimas de queimaduras graves. Em fevereiro de 2008 recebeu o material do primeiro doador espontâneo. Assim como no caso dos transplantes de órgãos, os transplantes de pele precisam acontecer com a anuência em vida do próprio doador, ou através do consentimento da família.


O Banco de Tecidos Humanos, pertencente à Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS, é o único do gênero em funcionamento no Brasil, e atende a todos os Estados do país fornecendo pele. Passou a se chamar Banco de Tecidos Humanos Dr. Roberto Corrêa Chem, em homenagem a seu idealizador. Banco de Tecido Humano tem a capacidade de captar pele de doadores de múltiplos órgãos e de coração parado. O Banco possui o Alvará número 1 para a captação de pele de pessoas falecidas. Recebeu autorização de Dilma Roussef, então Ministra da Casa Civil e teve financiamento da Refinaria Alberto Pasqualini - REFAP - PETROBRAS.


Desde 2006 funciona o Centro de Medicina Regenerativa da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que também pesquisa células tronco a partir da pele humana, que recebeu incentivos financeiros do Grupo Gerdau.


A Fundação Gaúcha de Bancos Sociais (FGBS) abriga 13 bancos sociais: Banco de Alimentos, Banco de Refeições Coletivas, Banco de Mobiliários, Banco de Vestuários, Banco de Materiais de Construção, Banco de Medicamentos, Banco de Computadores, Banco de Projetos Comunitários, Banco de Tecido Humano, Banco de Dados, Banco de Voluntários, Banco de Órgãos e Transplantes e Banco de Resíduos.


Pele humana criada em laboratório - Brasil começa neste ano de 2012


PELE HUMANA CRIADA EM LABORATÓRIO


Pois, ao mesmo tempo em que a FIERGS inaugurava o primeiro banco de pele humana do Brasil, nesse mesmo ano, 2005, pesquisadores da UNICAMP Universidade Estadual de Campinas) reproduziam em laboratório a pele, após cinco anos de pesquisa.  


Os resultados deram conta de que as duas camadas da pele - derme e epiderme - podem ser usadas em pacientes que necessitem de enxertos de úlceras ou no tratamento de queimados.


"Fizemos os testes em um paciente com úlceras na perna e o resultado foi muito satisfatório", disse a médica dermatologista Beatriz Puzzi, que conduziu o estudo. Atualmente, os procedimentos são variados. São feitos desde enxertos com substitutivos dérmicos até peles de cadáver fornecidas por bancos de pele.


Na época o caso não recebeu muita repercussão. Em 2010 a Espanha noticiou o sucesso da experiência em ratos, partindo dos mesmos princípios estudados e desenvolvidos no Brasil - biópsia de doadores e multiplicação in-vitro.


Em 2011, a Revista Galileu apresentou a reportagem A Fábrica de Pele, onde Felipe Turioni anuncia que 

laboratório alemão cria a primeira linha de montagem para produzir tecido humano em escala. Pode ser a salvação das cobaias



Notícia maravilhosa! 

"Um braço robótico leva os ingredientes de uma máquina para a outra. Eles passam por uma linha de montagem, onde são filtrados e misturados até se chegar ao produto final, pronto para a venda. Tudo automatizado, comandado à distância por um operador. Poderia ser a descrição de uma indústria química ou de alimentos, mas é da fábrica de pele inaugurada neste ano pelo Instituto Fraunhofer, na Alemanha, a primeira do mundo a produzir tecido humano em escala. Ela tem capacidade para entregar por mês 5 mil discos de pele pouco menores que uma moeda de um centavo, ao preço de 50 euros (cerca de R$ 120) a unidade. Ok, mas quem vai comprar isso? 

O instituto, que aplica US$ 2,3 bilhões por ano em pesquisas de saúde, energia e comunicações, mira um mercado que deve se expandir. 


A União Europeia decidiu proibir, depois de 2013, a venda de cosméticos testados em animais. A pele feita em laboratórios é um dos procedimentos alternativos mais cotados para substituir as cobaias nessa tarefa. Outros clientes em potencial são as companhias farmacêuticas, já que também é melhor usar tecido humano para experimentar novos remédios do que ratinhos e coelhos. “A fábrica será importante ainda para produzir pele em transplantes”, diz a bioquímica alemã Heike Walles, diretora do projeto no instituto. O procedimento seria útil, por exemplo, na recuperação de pacientes que tiveram queimaduras graves. 

A tecnologia de reproduzir partes de tecidos já existe em centros especializados, mas a fabricação em grande escala ainda não era feita. “Há poucas empresas no mundo que fazem pele reconstituída para cosméticos. A maioria produz membranas, culturas celulares mais simples. Fabricar em escala é um passo considerável”, diz o bioquímico Jadir Nunes, doutor pela Universidade de São Paulo e conselheiro da Associação Brasileira de Cosmetologia. O novo sistema alemão promete acelerar e baratear esse tipo de produção."



Pele Humana - As alas são isoladas para evitar contato e contaminação - Foto - Rafael Kroetz


LINHA DE MONTAGEM 

"A fabricação de pele é uma espécie de replicação acelerada de tecidos obtidos com doadores voluntários. De acordo com os cientistas, cada doação de material humano é suficiente para 100 discos. Em um laboratório cercado por vidros para não haver contaminação, as máquinas trabalham sozinhas, comandadas do lado de fora por um especialista. Primeiro, picotam a amostra e filtram os pedacinhos. Depois, substâncias importantes para a replicação são extraídas e manipuladas, enquanto as células são “alimentadas” (confira o processo completo na próxima página). O resultado, a pele reconstituída, é uma substância esbranquiçada, mas que também pode adquirir outras tonalidades. “A vida é de 6 dias dentro da clínica”, explica Michaela Kaufmann, pesquisadora assistente do Instituto Fraunhofer.

Essa tecnologia deve produzir tecido humano em escala também para transplantes até o final de 2012, o que dependerá de adaptações e do aval da União Europeia. Uma decisão da entidade obrigou que organismos criados fora do corpo humano sejam classificados como instrumentos farmacêuticos, o que significa que devem passar pelos mesmos testes rigorosos aplicados a remédios antes de serem liberados para uso médico. Será usado o mesmo sistema dos discos produzidos para as companhias de cosméticos mas, em vez de doadores, a pele virá do próprio receptor. “O que vai acontecer é um autotransplante com a retirada de pele do mesmo corpo que receberá depois o material”, diz a diretora do Fraunhofer. Com isso, a possibilidade de rejeição diminui. 

Para que a pele fabricada possa ser “colada” ao receptor, as máquinas serão programadas para estimular no material coletado a produção da proteína fibronectina. A substância faz parte das membranas celulares do nosso corpo, e é responsável por estabelecer conexões com outras moléculas — como o colágeno —, ativar a circulação do sangue e ajudar na cicatrização. “Todos poderão utilizar a pele e esse tipo de transplante deverá ser fundamental para pacientes que sofreram fortes queimaduras ou têm algum ferimento crônico”, afirma Walles. A escala deve trazer benefícios aos transplantes. “Essa maquinaria pode ser importante na produção de pele quando há ferimentos em grandes superfícies do corpo”, diz Radovan Borojevic, professor de Biologia Celular da UFRJ, sobre a ajuda que o sistema robotizado trará a quem precisa desse tipo de cirurgia. “É um tipo de pele muito difícil de ser manipulado e extremamente frágil.” 

De acordo com Heike Walles, do Fraunhofer, o Brasil também pode ter produção de pele nesses moldes em breve. Os alemães estão em negociação com duas empresas de perfumes e cosméticos nacionais (que preferem não ter os nomes divulgados) e informam que cogitam abrir uma espécie de filial aqui. O objetivo é fazer testes de produtos para substituir cobaias, mas, como na sede, o laboratório poderia ser adaptado para fabricar tecido humano destinado a transplantes. A produção para cosméticos usará material coletado de doadores brasileiros — o que elimina dificuldades de transporte e melhora a aceitação da pele entre os pacientes locais."



Xerox de Tecidos - Linha de Montagem - Infográfico criado por Daniel das Neves - Revista Galileu

Já pensou que maravilha saber que os animais não precisarão mais servir de cobaias aos interesses que muitas vezes, são apenas de vaidade e superficialidade?
E que os humanos poderão, sim, ter seus corpos danificados assistidos, sem precisar violar crenças, respeitando famílias que querem o corpo de seu ente querido preservado?

Mesmo sendo adepta à cremação, por uma questão até mesmo de higiene (veja os artigos sobre necrochorume - Um dos links: http://ning.it/ov5cPW ) respeito todos aqueles que querem enterrar seus mortos assim como eles se foram.
Necrochorume contamina solo e água
As pesquisas, experiências e implementações de novas tecnologias, que conseguem obter resultados sem violência e agressões de qualquer natureza, devem receber o louvor, sim. 


Tive uma experiência pessoal, nos idos dos anos 2000, que, pelo desconhecimento de tantas questões, chocaram bastante. Por isso, defendo que mais e mais conheçamos do que nos rodeia, procedimentos e deliberações. 




Minha Experiência Pessoal




Na década de 2000, quando recebi a notícia, meu irmão já havia sido assassinado há mais de 17 horas. A orientação fornecida é a de que deveria ir ao DML (IML) reconhecer o corpo. A instantaneidade de um fato feito, o choque, a preocupação com o informar à mãe idosa, a tristeza profunda, só sabe quem já passou por algo assim. Como em situações de piloto automático, a mente apenas registrou: tem de fazer o que precisa ser feito. Meu companheiro me conduziu até o DML e, para nossa surpresa, a situação arrastou-se sofrida e demoradamente. Ela era inusitada. Após sermos anunciados pelo atendente, ficamos esperando. Tempo depois (que pareceu interminável), um médico legista passou por detrás do balcão, com máscara no rosto, parou, olhou para nós dois demoradamente e saiu. O atendente foi para uma sala ao lado e, após alguns segundos, retornou, pedindo que esperássemos lá fora. Fomos.


Eu nunca adentrara em um recinto assim. O que havia visto em filmes eram, ou armários enormes com muitas gavetas, onde alguém puxava uma delas e lá  havia um corpo com uma etiqueta presa no dedão ou o corpo estava dignamente coberto com um piedoso lençol branco. Nada disso.


Lá fora, era lá fora, mesmo. Na calçada, fora do prédio.
Foram infinitas 2 horas, mesmo não havendo ninguém mais além de nós. O movimento estava a zero.Vários representantes de várias funerárias nos abordavam, oferecendo seus planos, no comércio [até necessário] que permeia também esse tema.


Eram quase 15 horas da tarde quando nos chamaram. O mano havia sido executado a punhaladas e facadas, assim que eu imaginava que o "lençol piedoso" estaria lá. Era para reconhecer o corpo, disseram. Pensei que levantariam o lençol e mostrariam o rosto inerte e que isso bastaria para aquele momento de desafio e sofrimento. Não foi o que aconteceu. O corpo esguio, extremamente branco, de 1m84cm, se expunha nu à minha frente. Os olhos e lábios fechados pareciam dormir, não fossem os cortes. Duas perfurações na altura do ventre, três nas costas, disseram os dois profissionais. E um tremendo corte vertical, de sob o queixo até o abdômen, para retirada de todos os órgãos, para perícia. Alguns panos e mais algumas coisas, estavam em grandes bacias de alumínio, no chão. Nunca ninguém havia falado sobre isso e o choque foi enorme. Mas permaneci ali. Era preciso cumprir os trâmites.


Voltando ao balcão, para nossa surpresa, o corpo não fora liberado! Não bastara o meu reconhecimento. Como os documentos haviam sido roubados, eu não tinha como provar o parentesco, disse-me o responsável, e só a minha confirmação não bastava. Fiquei sem saber o que fazer, pois onde obteria algum documento comprobatório, já que nossa origem é do interior do RS? Orientou que fôssemos até a delegacia do bairro onde fora registrada a ocorrência. Fomos. Um bairro empoeirado, dia quente, sol forte. Lá, mais espera. Depois de muitos vai-e-vem, não sei como, um dos policiais veio com a carteira de identidade do mano na mão e conseguimos voltar ao DML. Já não entramos mais na primeira sala. Foi-nos orientado que buscássemos uma funerária, que o corpo seria liberado e que eles encomendariam tudo para o velório e enterro. Passavam das 17h. Quase 24h do ocorrido. Ainda era preciso ir com o rapaz da funerária a um local da prefeitura, pagar uma taxa.


Daí, avisar a mãe, os outros parentes, a família dele. O emocional exigido até o limite. Na hora aprazada com a funerária, um funcionário veio para nos levar até o cemitério, orientar qual a capela em que estava ocorrendo o velório. No trajeto, comentou de como o "Roberto" havia ficado em choque, que ninguém havia entendido. "Parecia que era alguém da família dele!" Eu perguntei:
- Quem é Roberto?
- O rapaz que atendeu vocês hoje à tarde. Ele ficou muuito mal depois que atendeu vocês.
Estranhei, pois eu me comportara "bem demais" para a situação, não desmaiei nem demonstrei o que estava sentindo. O que levara ao choque?
- Mas ele é empregado novo de vocês? Não está acostumado?
- Pois é. Foi o que todos comentamos. Ele é o filho do dono. Hoje ele se chocou bastante e disse que só ficava neste trabalho porque o pai não o deixava sair, mas, que após a morte do pai, venderia a funerária e iria para outro tipo de trabalho.


Sabe aquela coisa que fica guardada na mente, mas que, na hora, não é processada? Ouvi passionalmente e ficou.


Este é um assunto que só posso falar com certa tranquilidade agora, decorrida quase uma década.


Três semanas após, em trabalho na FIERGS, passamos em frente a um prédio e a pessoa que me acompanhava sinalizou:
- Aqui é o Banco de Pele.


Coisas que a gente nunca pensa. 


Creio que, como eu, várias outras pessoas não vão além dos limites do dia a dia, ou daquilo que estudamos. Há muitas outras que nem sequer imaginamos. Pois claro! Se há restaurações, se há pessoas que sofrem queimaduras, deformações faciais, etc, lógico que deve haver um lugar de estoque de peles. Mesmo assim, eu poderia conceber que cada hospital teria o seu pequeno depósito. Não imaginava um prédio inteiro onde estariam catalogados os diferentes tipos de pele, à disposição de algum caso.


Aí comecei a pensar. Já estranhara a atadura que havia em volta da cabeça do corpo do mano, e já haviam explicado que o cérebro também é retirado, nesses casos de assassinato, para averiguação. Quando comentei com um amigo, horrorizada, ele serenamente comentou:
- Aqui no Brasil isso é um caso pouco comentado. Na Europa é o procedimento para qualquer morte. O corpo de minha mãe, na Alemanha, também passou por tudo isso. O Estado só libera uma semana depois.
- Mas, porque, se tua mãe morreu de doença?
- Lá é práxis. Eles estudam o motivo, querem saber as causas das doenças, em qual estágio estava e como reagiam as diferentes regiões e órgãos. São estudos. É a ciência.


Achei sinistro.
- Velamos uma carcaça.
- É isso mesmo.


Fiquei pensando em como fica o preceito católico de "ressuscitar os mortos no dia do Juízo Final".


Quando alguns parentes quiseram a sua cópia do atestado de óbito, fui buscar no cartório designado, longe que era de todos, um bairro pouco conhecido por nós. Lá, dessas coisas que só a vida explica, voltei a encontrar o rapaz que fizera a encomendação do corpo, o "Roberto". Reconheceu-me, apertou a nossa mão e comentou:
- Eu nunca tinha visto. Foi muito violento enxergar tudo aquilo.
E acabou nos contando que pela primeira vez havia visto um corpo "esfolado". 
- Tiram das costas e coxas.


Tive de procurar um psicólogo, pelo que senti de invasão agressiva. Não fomos consultados! Novamente as coisas acontecendo sem o nosso conhecimento. 


O psi atestou que isto não é tão incomum como se pensa. Tinha um irmão legista, perito, que comentava em casa. E que achava importante que eu "lidasse com a realidade". Que é necessário abastecer o banco de pele e que nem todos os dias aparecem corpos em bom estado. Que eu visse pelo lado bom. Que o mano havia servido para minimizar o sofrimento de outras pessoas. E que tudo já estava consumado, mesmo. Que era melhor se conformar e tocar a vida, etc.etc.


Agora, passados alguns anos, consigo comentar com mais tranquilidade.
E, os que leem esta publicação, hão de concordar que, animais ou humanos, todos merecemos respeito!


UMA FELIZ SEMANA A TOD@S!!!


Fontes:
http://www.chem.com.br/site/informativo.htm
http://www.bancossociais.org.br/Hotsite/46/Banco-de-Tecido-Humano/pt/Pagina/197/Banco-de-Tecidos-Humanos-ganha-nome-do-seu-idealizador
http://www.transplante.rj.gov.br/site/conteudo/destaque.asp?EditeCodigoDaPagina=29
http://cefalexina.vilabol.uol.com.br/resumos/enxertos.htm
http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/104/frames/fr_saude.aspx
Unicamp - 2005 - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI563914-EI298,00.html
Espanha - 2010 - http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=pele-humana-artificial&id=5213
Revista Galileu - Julho 2011 - http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI244240-17773,00-A+FABRICA+DE+PELE.html
A Vida



Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, especialista em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Semana da Moda em Paris - Casacos de Pele em alta

Alheias à questão ambiental, mulheres exibem peles de animais - Na foto, um ponche - Semana da Moda em Paris
Dálmatas também fazem parte do comércio de peles, seja para casacos, seja como componentes de móveis, bolsas, etc.

Semana da Moda em Paris - Casacos de Pele em alta

Por Marise Jalowitzki
26.janeiro.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/01/semana-da-moda-em-paris-casacos-de-pele.html

Estamos em plena Semana da Moda em Paris e as peles de animais mortos para fazer casacos, estolas e ponches, são a tônica. Infelizmente, ainda há muitas pessoas que consideram chique ostentar animais mortos sobre os ombros e corpo, como nos tempos medievais em que a caça tinha duplo sentido: alimento e abrigo do frio.
Vaidade desconsidera Lei Universal do Direitos dos Animais

Vestuário para dias muito frios, o casaco de peles continua sendo uma ostentação das elites, tipica e tradicionalmente usado para demonstrar as diferenças econômicas entre as classes sociais.

Quando Clodovil Hernandes, estilista brasileiro e deputado federal, resolveu criar um chinelo de chinchilas, foi dissuadido por Versace com o seguinte argumento:

" - Quando o pé de uma empregada doméstica ostentar um chinelo de pele de chinchilla, a madame não irá mais querer casacos de peles!"


Focas, chinchilas, linces, raposas, lontras, visons, milhões de animais são mortos todos os anos.

Apesar dos apelos ecológicos contra a matança de animais indefesos, inclusive em extinção, a procura por casacos de pele continua em alta.

30 coelhos são sacrificados para produzir um casaco de peles


Coelho geneticamente alterado para fornecer mais pelo aos casacos



Só na França, 70 milhões de coelhos são mortos ao ano,
para alimentar o comércio de peles





70 (Setenta) milhões de coelhos são abatidos só na França, a cada ano, para a confecção de casacos de pele.
Alheios à questão ambiental, também os homens ostentam peles,
como nos tempos medievais








14 lontras são sacrificadas para ostentar um casaco

França continua sendo a maior indústria da moda no
uso de peles de animais

Comércio que atende somente aos preceitos de vaidade e ostentação.

A indústria do vestuário já desenvolveu tecidos sintéticos e naturais capazes de aquecer o corpo humano, tornando a prática do uso de peles de animais completamente desnecessária.

Entretanto, apesar das campanhas e movimentos mundiais, a criação em cativeiro ou a caça em habitats continua.

O vison é outro animal cobiçado - são necessários 60
para confeccionar um único casaco de porte médio 
As focas recebem tratamento cruel, que choca 

O doloroso método de matança das focas continua
As focas, animais em risco de extinção, são abatidas impiedosamente, a pauladas. O método é usado para não danificar a pele.

Insensíveis ao mundo que pede a preservação e o respeito aos animais, estilistas investem com força total nos casacos de pele

O abate  dos animais acontece no inverno, quando os animais tem o pelo mais longo, brilhante e abundante.

Veja quantos animais são sacrificados para cada casaco de pele:

  • 125 arminhos
  • 100 chinchilas
  • 70 martas-zibelinas
  • 50 martas-canadianas
  • 30 ratos almiscarados
  • - 30 coelhos
  • 27 guaxinins
  • 17 texugos
  • 16 coiotes
  • 14 lontras
  • 11 linces
  • 9 castores
  • entre outros.

Mortes de animais - Será que alguém quer pensar nisso?




A morte pode acontecer por estrangulamento, por pauladas ou são eletrocutados, com a introdução de ferramentas em seu ânus, fritando os órgãos internos.


As pessoas consideram de mau gosto expor imagens "violentas"

Então, ostentar um casaco de peles, só porque não está à vista todo o sangrento ritual a que são submetidos os bichos, faz com que seja possível pensar apenas na beleza na hora de vesti-lo?

A crueldade humana segue sua saga sanguinária.

Diga NÃO AO USO DE CASACOS DE PELE - DIGA SIM AO DIREITO À VIDA DOS ANIMAIS!
Os tipos de abate de chinchila:
Profissional
a. Nas fazendas de criação de chinchilas, faz-se um pequeno corte no lábio inferior do animal e outro próximo ao órgão genital
b. Em seguida, é introduzida uma vareta de ferro de um ponto a outro. Ela funciona como um suporte-guia para o corte
c. Com um bisturi, se desprega a pele do animal, evitando danificá-la. Quanto mais intacto o couro, maior o seu valor de mercado

Amador
a. Nos modos mais cruéis, como rola em alguns locais da China, o animal é morto a pauladas e suas patas são decepadas
b. O bicho então é dependurado pelo coto da pata, e seu couro é extraído a partir desse ponto com a ajuda de uma faca
c. A pele é puxada com força, como se fosse tirada ao avesso. Em muitos casos, o animal ainda está vivo durante esse processo
4. Uma vez retirada, a pele é presa com alfinetes ou pregos numa tábua, onde ficará por alguns dias no processo de secagem. Nessa etapa, ela ganha forma definitiva e não vai mais encolher nem sofrer deformações
5. O passo seguinte é o curtimento da pele. Num curtume, ela passa por banhos químicos para retirada de sujeiras, cheiro e gordura, evitando que apodreça mais tarde. Ela também pode ser tingida
6. Após o curtimento, as peles vão para as confecções, onde são costuradas umas nas outras até tomarem a forma de um casaco. No acabamento, é aplicado um forro, em geral de cetim, na parte interna.



"Tem criador que primeiro adormece a chinchila com éter. Eu confesso que não tenho tempo, porque chego a abater 200 num único dia. Seguro a chinchila pelo rabo, deixando-a cabeça para baixo. Então, pego o pescocinho dela e o viro para cima, num ângulo de 90 graus. Aí dou um tranco, uma esticadinha. Com isso, secciono a medula de forma rápida e indolor, ela morre instantaneamente. O barulho é o de um palito de dente quebrando". Para onde vai a carne depois que a pele é retirada? Os criadores do sul do País fazem churrasco. O sr. Perez, que diz preferir uma boa picanha, enterra. Suas chinchilas vivem exatos 360 dias.



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Animais são nossos irmãos e tem Direito à VIDA!


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Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, especialista em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil