sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Haiti - 3.333 mortos - Muito triste só ficar assistindo!!!

Haiti - Escola

Haiti - 3.333 mortos - Muito triste só ficar assistindo!!!


Por Marise Jalowitzki
31.dezembro.2010

Porque a ajuda é militarizada?
Porque os voluntários são inexperientes, quando o caso é uma epidemia?
Porque haiti está sendo escola para soldados inexperientes, voluntários inexperientes, experimentos de vacinas?

"Inimigo é a miséria"

Seintenfus denuncia e é demitido
 “Nós estamos com uma missão de paz no âmbito do capitulo VII da Carta das Nações Unidas, com capacetes azuis, mas provavelmente o inimigo não exista no Haiti a não ser a miséria, a desesperança, o desemprego, a falta de perspectiva, de desenvolvimento econômico.” Palavras de Seitenfus, que mereceram sua demissão da OEA.
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 Segundo ele “não seria o Conselho de Segurança, mas o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da ONU que deveria ter a primazia na participação da comunidade internacional para tentar resolver as questões haitianas”.

O que fazer?
Muito, muito ruim só ficar lendo, assistindo, sabendo que as melhores estratégias ainda estão por serem tomadas!

Número de mortos por cólera no Haiti chega a 3.333


31 de dezembro de 2010 15h21 atualizado às 16h08

O número de mortos no Haiti pela epidemia de cólera que atinge o país desde meados de outubro chegou a 3.333, informou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde Pública e População (MSPP).

De acordo com um boletim divulgado pelo ministério em seu site, 148.787 pessoas foram contaminadas e 83.166 tiveram que ser hospitalizadas.

Entre o boletim desta sexta-feira, datada de 26 de dezembro, e o anterior, do dia 20, 432 pessoas morreram por causa da doença.

Desde sua aparição em outubro, na cidade de Mirebalais, a cólera se estendeu aos dez departamentos do país e chegou à República Dominicana, onde 139 pessoas foram contaminadas.

O departamento mais afetado é Artibonite, no noroeste, onde 828 pessoas morreram pela cólera, seguido por Norte, com 558 mortos; Oeste, que inclui a capital, Porto Príncipe, com 461; e Grande Anse, no sudoeste, com 433.

Em seguida vem Centro, com 286 mortos; Noroeste, com 220; Nordeste, com 182; Sudeste, com 160; Sul, com 124, e Nippes, com 81.

A origem do surto ainda não foi esclarecida, mas um estudo médico francês afirma que começou por causa do vazamento de sedimentos fecais em um rio por soldados do Nepal pertencentes à Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o que será investigado pela ONU.

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Haiti - Voluntários cheios de boa vontade e sem experiência- O momento é grave!



Maristela Bastos fala em arrogância e prepotência do governo brasileiro em relação ao caso Battisti

Mãe gentil

Maristela Bastos fala em arrogância e prepotência do governo brasileiro em relação ao caso Battisti

Por Marise Jalowitzki
31.dezembro.2010
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/maristela-bastos-fala-em-arrogancia-e.html

A concessão de refúgio para Cesare Battisti, condenado por 4 assassinatos, deixa o Brasil em situação delicada, quando não crítica!

Brasil fica contra decisão da Suprema Corte Italiana, Francesa e Corte Européia dos Direitos Humanos. Nestas três instâncias o veredicto é o mesmo: culpado! Mesmo aqui, quando o STF - Supremo Tribunal Federal  dá seu parecer de que Battisti deveria ser extraditado para a Itália, Lula apela para a Advocacia Geral da União - AGU - para remover a decisão.


Cesare Battisti
 Battisti, escritor italiano acusado por 4 assassinatos, não pediu refúgio político quando entrou no Brasil, nem incluiu este tema em seus julgamentos anteriores, tanto na itália com na França. É considerado criminoso comum (crimes destituídos de cunho político).

Lula da Silva e Tarso Genro tomam a defesa desse cidadão e deixam todo o país em situação grave frente à opinião internacional. Quais os motivos que levaram esses senhores a ir contra todas as decisões anteriores?

"A questão é: Vale a pena?", pergunta a professora Maristela Bastos.

As relações são tão estranhas!

No caso do preso político que fez greve de fome em Cuba, e morreu em decorrência desta greve de fome, Lula ironizou "Se esta moda pega no Brasil, os presídios vão esvaziar!"... Declaração, no minimo, maldosa. Sem compaixão.

As pessoas lutam por duas idéias. Por suas ideologias. Ele mesmo fez isso. Faz. Mesmo que os laços de amizade e ideologias sejam bastante fortes com Battisti, acusado por 4 assassinatos comuns, há que avaliar o peso das decisões tomadas. Quais as consequências. E delinear a devida importância a essas consequências. Quando José Inácio e Tarso "tomam as dores", deixam no ar a possibilidade de embargo, até econômico, da Itália e outros países europeus com relação ao Brasil. A Itália já pediu aos turistas italianos que deixem de vir ao nosso país.

Há ainda a questão do torturador argentino, que responde processos de origem política de tortura na Itália, que foi descoberto pela Interpol no Brasil, na semana passada. A Itália deverá pedir a extradição também desse cidadão. Caberá à nova presidente eleita a decisão que, se for favorável a um, e não a outro, continuará a perpetuar o grave impasse.

O embaixador italiano já foi chamado para conversar diretamente com o seu governo.
As novas decisões devem acontecer em fevereiro.


Cristo Redentor é símbolo de bençãos, proteção e cuidado


HAJA LUZ!!!

Marise Jalowitzki
Escritora e cronista
marisej@terra.com.br
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/
Porto Alegre - RS - Brasil
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Assista ao video para inteirar-se em detalhes (14min):
http://terratv.terra.com.br/Especiais/Noticias/4416-339500/Lula-viola-tratado-de-extradicao-com-Italia-diz-professora.htm

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Junho de 2011 - Battisti fica no Brasil. Continuamos torcendo para que as nações envolvidas entrem em entendimentos.
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Haiti - O depoimento de Ilda e a Família Albatroz


A família albatroz e sua forma de vida
 Haiti - O depoimento de Ilda e a Família Albatroz

Por Marise Jalowitzki
31.dezembro de 2010

Há tempos venho escrevendo sobre a situação no Haiti. O abandono. O descaso internacional. Nunca entendi a ocupação militarizada, as tropas de ajuda humanitária, se o que crassa naquele território, é a miséria e a pobreza.

Ao ler a entrevista do diplomata Ricardo Setenfus, agora demitido, após as declarações sobre as irregularidades havidas na condução dos problemas haitianos, assimilei com o coração tudo o que ele falou. Haiti precisa ser respeitado em suas diferenças fundamentais. Não podemos continuar impondo nosso (falido) modelo de desenvolvimento a um povo. As dependências, fomos nós mesmos que criamos neles. Ajudar é acompanhar, não substituir.


Conhecer primeiro, para depois interferir
 Lembrei-me de uma vivência (Dinâmica de Grupo) que criei e apliquei com vários grupos, e que denomino de "A Família Albatroz", que retrata exatamente o salientado pelo diplomata: o fato de não querer conhecer a natureza, a essência de um povo, de uma comunidade e as sérias consequências disso, distorcendo e até extinguindo sua forma de vida.

Não basta QUERER AJUDAR. Tem de saber COMO ajudar. Passar pelo processo empático, para, daí, tomar um ação pontual e objetiva. Necessária e eficaz.

Quando recebi o comentário de "Ilda", não consegui publicá-lo, pura e simplesmente. Também, pela insensibilidade contida, não consegui deletá-lo. Hoje resolvi transcrevê-lo, como forma de sepultar ainda no ano velho, coisas que, desejo muito, sejam modificadas para melhor.

O que desejo que mude:
A irrascibilidade  = para a compreensão
O desconhecimento = para o real compromisso com o saber, com o inteirar-se
A insensatez = para a solidariedade genuína

Publico o texto, com o depoimento de "Ilda":
ABRE ASPAS

"O que eu li pelos jornais é que o dinheiro que vai pra lá some na mão da corrupção.

Todos povos do mundo estão com problemas, estes haitianos não mudam o disco, continuam se reproduzindo como baratas, são selvagens.

O que acho pior é o povo brasileiro pagando soldado brasileiro pra ser policial em outro local, quando aqui matam 32 moradores de rua em alguns dias.Ninguém arruma a casa alheia, a prova que o Brasil esta há anos lá e nada mudou.

O povo é selvagem, não quer saber de nada. Infelizmente o bicho tá pegando por todo lado, na Irlanda foi tudo pro beleleu desta vez e o euro esta em vias de se ralar por todo continente europeu, que é um dos maiores compradores do Brasil.

Não vai ficar pedra sobre pedra se os negócios aqui derem pra trás.

Nosso povo se assemelha em muito ao haitiano, só farras, drogados e muita bebedeira e claro, montes de "filhos dos ventos", Vamos no mesmo caminho pode ter certeza.Temos de arrumar aqui, lá eles que arrumem! Chega de paternalismno inútil!"

FECHA ASPAS.

Assim como o expressado, há muitas e muitas cabeças neste nosso país que pensam igual. Descaso, incompreensão. Se é no terreno do vizinho, "tudo bem, contanto que não chegue até nós!" - Isso tem de mudar! O que acontece com uns, repercute em outros!

Desejo, sinceramente, que a mudança para melhor ocorra logo e que, cada vez mais, mais e mais pessoas possam entender que, para haver desenvolvimento é preciso, primeiro, aprender a conhecer, reconhecer, aceitar e conviver com as diferenças. Educar e, então, aceitar as escolhas.

Feliz Ano Novo!

 FELIZ ANO NOVO A TODOS!

Marise Jalowitzki
Escritora e cronista
marisej@terra.com.br
www.compromissoconsciente.blogspot.com
Porto Alegre - RS - Brasil
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Conheça o teor da entrevista:
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/conheca-as-denuncias-que-geraram.html
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NOVA ERA e NOVA ORDEM MUNDIAL - As Diferenças - Por Rodrigo Meller Fernandes

Nova Era - Futuro?

NOVA ERA e NOVA ORDEM MUNDIAL - As Diferenças -
Por Rodrigo Meller Fernandes

Nota de Marise:
Infelizmente, do jeito como a grande massa populacional deseja permanecer na alienação irresponsável, não há dúvida de que a Nova Ordem Mundial já está dominando. Dá para ver em TODOS os segmentos (sociais, econômicos, religiosos). Até nas sementes já estenderam seus tentáculos. As sementes geneticamente projetadas, que DÃO FRUTOS UMA ÚNICA VEZ e não se reproduzem é a mais vil forma de escravidão humana. A alimentação dependendo de alguns poucos que detém o poder das sementes!


A DIFERENÇA ENTRE NOVA ERA E NOVA ORDEM MUNDIAL


Séculos antes de qualquer um de nós haver nascido, já se discutia temas relativos à chamada Nova Era e a Nova Ordem Mundial.

Existe uma confusão entre as duas coisas, que espero de alguma maneira deslindar aqui neste artigo.

Nova Era, é um movimento que teve uma espécie de ápice por volta dos anos 1.960. Ele se constitui basicamente na crença de que o ser humano é um ser espiritual, que sobrevive a morte em uma dimensão para além do conhecimento da física moderna.

A consciência humana seria eterna, uma espécie de energia que se manifestaria em uma dimensão quântica. Então a “briga” dos adeptos da Nova Era, gira em torno da evolução dessa consciência humana em um exercício de soberania individual em um momento, e em outro uma integração total com o universo, em um sistema anárquico, que se denomina holográfico, contrapondo-se ao sistema piramidal em que nossa sociedade existe na atualidade, em nossas dimensões perceptíveis.

A manifestação desta evolução da Nova Era, se daria através de uma sociedade ultra tecnológica, que libertasse o homem do trabalho, e na qual a economia se basearia em um sistema de trocas, onde a moeda seria o conhecimento. Para os adeptos da Nova Era, o medo é uma ferramenta utilizada para extrair energia, por pessoas que tem uma “dieta energética” impura, vampiresca. (*)

O pressuposto é que existe energia livre no universo, energia esta que poderíamos utilizar para crescermos, evoluirmos, nos aprimorarmos, mas muitos de nós nos encontramos viciados na energia do outro, do semelhante. Comparativamente seria como se a pessoa “liberta” se alimentasse de uma refeição saudável, equilibrada, enquanto as pessoas que vivem em função do medo, da vampirização, se alimentariam de carcaças podres, feito aves de rapina.

Nova Ordem Mundial

 Já a chamada Nova Ordem Mundial é um conceito que remonta a antiguidade. A propaganda da Nova Ordem Mundial se confundo às vezes com os princípios da Nova Era, mas na verdade, esconde algo totalmente diferente.

A Nova Ordem Mundial é o ideal de sonho de muitos “vampiros” de nossa sociedade, o controle absoluto sobre a população mundial, uma espécie de utopia descrita na série de filmes Matrix, em que uma casta locupletada, hedonista, se alimenta das carcaças da população, enquanto que lhes vende uma ilusão.

A Nova Ordem Mundial se conforma com a “venda” de ilusões, o que bem podemos observar no sistema consumista que vivemos na atualidade. Ela também solapa valores baseados no amor, na confiança, nas tradições, substituindo esses valores por absurdos. Basta observarmos o que ocorre ao nosso redor hoje em dia, para percebermos isto, quem são as pessoas que servem de modelo a sociedade, esportistas ignorantes, vazios, multimilionários, empresários exploradores, políticos demagogos, cantores que só interpretam lixo musical, atores que fazem papeis em filmes horríveis ou que buscam apenas aumentar a ilusão do público, a opressão sexista, os modelos de beleza, os padrões de comportamento completamente loucos.

Um sistema econômico foi criado, e é controlado por mega corporações, e seus gerentes obedecem as ordens de uns poucos eleitos, alguns clãs familiares, que assim, ditam em todos os aspectos os destinos da humanidade como um todo, em beneficio próprio, exacerbando as prerrogativas que esta liderança lhes outorga.

O intuito da Nova Ordem Mundial é uma sociedade em que o individuo esteja totalmente desprovido de identidade, quanto à família, cultura, nacionalidade, e que tenha sua consciência totalmente ditada e manipulada pelos órgãos midiáticos encarregados desta missão.

Usando uma expressão popular, que as camadas da população ainda crentes parcialmente na existência de um Deus responsável pelo universo, e de seu contraponto maligno, a Nova Ordem Mundial é coisa do Diabo MESMO!

Já é um consenso praticamente, entre as pessoas que advogam a chamada Nova Era, e mesmo entre aquelas pessoas mais ferrenhas na defesa de seus ideais teológicos, sejam cristãos, mulçumanos, budistas, entre outros, que o mundo em que vivemos já está fadado ao domínio da Nova Ordem Mundial. É a chamada lenda apocalíptica. E a esperança de todas estas pessoas reside no culto da espiritualidade humana, como um fenômeno que pretende sobreviver a ditadura da Nova Ordem Mundial, simplesmente por ser teoricamente mais poderoso, visando suplantar a materialidade obtusa em longo prazo.

Portanto, a Nova Era é apenas um conceito, que em muito se assemelha a outros ideais, inclusive os de natureza religiosa, e se funda no comportamento do individuo, seja na importância do relacionamento amoroso, na criação dos filhos, na responsabilidade e na honestidade para com o trabalho, no aprendizado e na evolução.


 Já a chamada Nova Ordem Mundial, é literalmente um plano traçado por algo em torno de umas 70 ou 80 mil pessoas ao redor do mundo - que detém elas próprias algo em torno de 40% da riqueza mundial, sendo que seus gerentes detém o controle sobre um percentual aparentado de riqueza, enquanto que as classes média e baixa, sobrevivem com uma fatia ridícula da riqueza produzida por todos – buscando aumentar cada vez mais seu poderio, adentrando a seara da própria liberdade de pensamento e expressão, e a vida privada de todos.

Rodrigo Meller Fernandes é Gurupi/TO - Brasil, advogado, historiador, agricultor, escritor.


(*) Nota de Marise Jalowitzki:
Em meu livro "Lidando com o vampirismo nas relações interpessoais" procuro dar algumas dicas de como ficar mais imune aos ataques psíquicos. Clique: http://marisejalowitzki.blogspot.com.br/2013/05/lidando-com-o-vampirismo-nas-relacoes.html


Usei o termo "Vampirismo" como UM TERMO QUE SIGNIFIQUE ROUBO DE ENERGIA, uma forma de identificar aquelas situações, lugares ou pessoas que nos retiram as forças, onde nos sentimos exauridos e precisando de um remanso. E mostra, também, como obter esse remanso, a quietude interna, tão necessária para manter o equilíbrio e fazer frente aos desafios impostos cotidianamente.





Conheça as denúncias que geraram a demissão do representante da OEA no Haiti

Haiti - A lição a ser aprendida


Le Temps: Dez mil capacetes azuis no Haiti. Para o senhor, uma presença contra-produtiva…

Ricardo Seitenfus: O sistema de prevenção de litígios dentro do sistema onusiano não está adaptado para o contexto haitiano. O Haiti não é uma ameaça internacional. Não existe uma situação de guerra civil. O Haiti não é o Iraque ou o Afeganistão. E ainda assim o Conselho de Segurança, por menos alternativas que tivesse, impôs os capacetes azuis em 2004, depois da saída do Presidente Aristide. Desde 1990, estamos aqui em nossa oitava missão da ONU. O Haiti vive o que chamo de um conflito de baixa intensidade desde 1986, com a saída de Jean-Claude Duvalier.

Somos confrontados pela luta entre atores políticos que não respeitam a democracia.

Parece-me que o Haiti, no cenário internacional, paga pela sua grande proximidade com os EUA. O Haiti é objeto de uma atenção negativa de parte do sistema internacional. A ONU acaba transformando os haitianos em prisioneiros em sua própria ilha. A angústia do povo explica muitas das decisões internacionais em relação ao Haiti. Querem mantê-los, a todo preço, limitados.

O que impede a normalização do caso haitiano?

Durante duzentos anos, a presença de tropas estrangeiras alternou-se com a dos ditadores.

É a força que define as relações internacionais com o Haiti, jamais o diálogo. O pecado original haitiano em relação ao cenário mundial foi sua libertação. Os haitianos fizeram o inaceitável em 1804: um crime de lesa-majestade em um mundo inquieto. O Ocidente era um mundo colonialista, escravagista e racista, que baseava sua riqueza na exploração das terras conquistadas. Assim, o modelo revolucionário haitiano trouxe o medo às grandes potências. Os EUA não reconheceram a independência haitiana até 1865 e a França exigiu o pagamento de uma indenização para que aceitasse a libertação. Desde a revolta, a independência está comprometida e o desenvolvimento do país está paralisado. Como o mundo nunca soube lidar com o Haiti, acabou por ignorá-lo.

Iniciaram-se os 200 anos de solidão no cenário internacional. Hoje, a ONU aplica cegamente o capítulo 7 da sua Carta, enviando tropas para impor sua operação de paz. Nós não resolvemos a situação de ninguém, mas sim criamos um império.

Todos querem fazer do Haiti um país capitalista, uma plataforma perfeita de exploração para o mercado americano, isso é um absurdo. O Haiti deve retornar ao que é, ou seja, um país essencialmente agrícola ainda fundamentalmente impregnado pelo direito consuetudinário. O país é sempre retratado em termos de violência, mas, sem o Estado, o nível de violência é apenas uma fração daquele dos países da América Latina. Existem elementos dentro dessa sociedade que têm impedido que a violência espalhe-se de forma descontrolada.

Esta não seria uma forma de ver no Haiti uma nação sem capacidade de assimilação, onde o único horizonte seria o retorno aos valores tradicionais?

Existe uma parte do Haiti que é moderna, urbana e voltada ao estrangeiro. Estima-se que 4 milhões de haitianos vivam fora de suas fronteiras. Este é um país aberto ao mundo. Eu não sonho com o retorno ao século XVI, à uma sociedade agrária. Porém, o Haiti vive sob influência internacional, das ONGs, da caridade universal. Mais de 90% do sistema educacional e de saúde são privados. O país não dispõe de recursos públicos para poder fazer funcionar de uma maneira mínima um sistema estatal. A ONU não se deu conta dos traços culturais.

Resumir o Haiti a apenas uma operação de paz é economizar na capacidade de entender os verdadeiros desafios que o país enfrenta. O problema é sócio-econômico. Quando a taxa de desemprego chega a 80%, é insuportável manter uma missão de estabilização. Não há ninguém para estabilizar e tudo a construir.
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O Haiti é um dos países mais ajudados do mundo e a situação apenas piorou nos últimos 25 anos. Por quê?

A ajuda de urgência é ineficaz. Quando ela substitui o Estado de forma estrutural em todas as suas obrigações, chega-se a uma desresponsabilização coletiva. Se existe uma prova do fracasso da ajuda internacional, esta é o Haiti. O país tornou-se a Meca. O terremoto de 12 de janeiro e depois a epidemia de cólera apenas acentuaram o fenômeno. A comunidade internacional tem a sensação de ficar repetindo os esforços que havia completado no dia anterior. A fadiga do Haiti começa a aflorar. Esta pequena nação surpreende a consciência mundial com suas catástrofes cada vez maiores. Eu tinha a esperança de que, depois do terremoto de 12 de janeiro, o mundo compreenderia que havia tomado o caminho errado no Haiti. Infelizmente, ele apenas reforçou a mesma política. Ao invés de fazer um balanço, enviou mais soldados. Deveria ter construído estradas, criado barragens, participado da organização do Estado, do sistema judiciário. A ONU disse que não tinha o poder para isso. Sua tarefa no Haiti é a de manter a paz dos cemitérios.


Haiti - ajuda urgente

Qual o papel das ONGs nesse fracasso?

Desde o terremoto, o Haiti tornou-se uma encruzilhada incontornável. Para as ONGs transnacionais, o Haiti transformou-se em um lugar de passagem forçada. Eu diria mesmo que pior que isso: de formação profissional. A idade dos agentes que chegam depois do terremoto é muito baixa; eles chegam ao Haiti sem qualquer experiência. O Haiti, o povo lhe dirá, não é lugar para amadores. Depois de 12 de janeiro, por conta do recrutamento em massa, a qualidade profissional caiu muito. Existe uma relação maléfica ou perversa entre a força da ONU e a fraqueza do Estado Haitiano. Algumas ONGs só sobrevivem às custas do infortúnio haitiano.

Quais erros foram cometidos depois do terremoto?

Diante da importação maciça de bens de consumo para nutrir os desabrigados, a situação da agricultura haitiana piorou. O país oferece um campo livre para todas as experiências humanitárias. É inaceitável do ponto de vista moral considerar o Haiti como um laboratório. A reconstrução do Haiti e a promessa que fizemos de 11 bilhões de dólares inflamaram as paixões. Parece que uma multidão de pessoas vive no Haiti, não pelo país, mas para fazer negócios. Por mim, que sou americano, é uma ofensa à nossa consciência. Um exemplo: é em Cuba que se formam os médicos haitianos. Mais de 500 receberam educação em Havana. Mais da metade deles, apesar de deverem estar no Haiti, trabalham hoje nos EUA, no Canadá e na França. A revolução cubana é uma forma de financiar a formação de recursos humanos para nossos vizinhos capitalistas.

O Haiti é constantemente descrito como às margens do mundo, o senhor, pelo contrário vê o país como um concentrado do mundo contemporâneo…

É o concentrado de nossos dramas e dos fracassos da solidariedade internacional. Não estamos à altura do desafio. A imprensa mundial vem no Haiti e descreve o caos. A reação da opinião pública não espera: para ela o Haiti é um dos piores países do mundo. Deve-se, contudo, ir à cultura haitiana e ao local. Eu acredito que existem muitos médicos ao redor do doente e a maioria desses médicos são economistas. No Haiti precisamos de antropólogos, sociólogos, historiadores, politólogos e mesmo teólogos. O Haiti é muito complexo para os apressados; os que cooperam são apressados. Ninguém perde tempo nem há vontade de tentar compreender aquilo que pode-se chamar de alma haitiana. Eles bem sabem que nós, a comunidade internacional, somos como vacas a sermos ordenhadas. Eles querem lucrar com essa presença e o fazem com maestria extraordinária. Se eles nos consideram apenas pelo dinheiro que lhes levamos, isso acontece porque os acostumamos com isso.

Apesar dos fracassos constatados, quais soluções você apresenta?

Em dois meses, terei terminado uma missão de dois anos no Haiti. Para ficar aqui e não ser dominado pelo que vejo, tive que criar uma série de defesas psicológicas. Eu quis permanecer independente a despeito do peso da organização que represento. Eu continuei por querer exprimir minhas profundas dúvidas e dizer ao mundo que basta. Basta de manipular o Haiti. O 12 de janeiro mostrou-me que existe um potencial de solidariedade extraordinário no mundo. Não esquecendo que nos primeiros dias foram os haitianos sozinhos quem, de mãos nuas, tentaram salvar seus próximos.

A compaixão é extremamente importante em meio à urgência. Porém, a caridade não pode ser o motor das relações internacionais. Eles são a autonomia, a soberania, o comércio justo e o respeito pelos outros. Devemos pensar simultaneamente em oferecer oportunidades de exportação para o Haiti, mas também proteger sua agricultura familiar que é essencial para o país. O Haiti é o último paraíso do Caribe ainda inexplorado pelo turismo, com 1700 km de costas virgens; nós devemos favorecer um turismo cultural e evitar pavimentar o caminho para um novo eldorado do turismo de massas. As lições que damos são ineficazes no longo prazo.

A reconstrução e o acompanhamento de uma sociedade tão rica são as últimas grandes aventuras humanas. Há 200 anos, o Haiti iluminou a história da humanidade e os direitos humanos. Devemos agora deixar aos haitianos uma chance de confirmarem sua visão.




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Saiba mais sobre Ricardo Seitenfus - O Diplomata brasileiro demitido pela OEA que falou o indesejado sobre o Haiti

Ricardo Seitenfus
Por Marise Jalowitzki
31.dezembro.2010


“Eu não tinha nenhuma intenção, ao dar essa entrevista, de causar impacto, mas isso prova que eu estou tocando em problemas sérios e reais, sobretudo após o terremoto. Muitos que pensam como eu, provavelmente não tenham tido a oportunidade de se manifestar. Acabei me tornando o porta-voz dos sem voz”. - declarou o Diplomata Seitenfus.


Mexer em assuntos nebulosos, que o mundo inteiro está a observar, causa impacto indesejado. Só que, até quando as coisas vão permanecer assim desasistidas para nossos irmãos no Haiti?

Oxalá a repercussão internacional de sua demissão sirva para alertar organismos internacionais que possam, efetivamente, tomar uma providência efetiva de socorro em larga escala ao povo haitiano. Urgentemente!

Saiba mais sobre Ricardo Seitenfus:

Especialista do Haiti, tinha sua saída anunciada para janeiro 2011. 24 horas após conceder entrevista onde denunciava irregularidades e morosidade no atendimento à comunidade haitiana sacrificada pelo terremto (janeiro), furacão Tomas (outubro) e, logo após, o cólera, foi demitido.

No Haiti, Seitenfus publicou diversos livros de análise histórica (Manual das Organizações, Relações INternacionais, Legislação Internacional, Brasil vai à Guerra, etc.).

Seitenfus foi enviado especial ao Haiti pelo presidente Lula antes de ser encomendado pela OEA.

Possui Licenciatura em Ciência Política (Universidade de Genebra de 1973), graduado em Economia e Desenvolvimento (Universidade de Genebra de 1973), graduação em História Contemporânea (Universidade de Genebra de 1978), doutorado no Institut des Hautes Etudes Internationales (IHEI) (Universidade de Genebra 1980).

Também: Professor da Universidade Federal de Santa Maria, editor do Jornal da Integração Latino-Americana (Rila), Diretor Geral do Colégio Acadêmico de Direito de Santa Maria (FADISMA), Consultor do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Organização das Nações Unidas (ONU), Vice-Presidente do Comitê Jurídico (ICC) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Ricardo Seitenfus - Representante Especial do Secretário-Geral da OEA e presidente do Escritório da OEA no Haiti. É um reconhecido especialista do Mercosul, em Relações Internacionais, na diplomacia brasileira, e na política externa no Haiti e no Brasil



Conheça mais sobre Ricardo Seitenfus - "Eu não tinha intenção, ao dar esta entrevista, de causar impacto."
Leia neste blog:
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/haiti-verdade-que-nao-agrada-demissao.html
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/haiti-dinheiro-nao-utilizado-o-que-se.html
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/11/sobre-os-caixoes-da-fema-e-o-haiti.html
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mensalão e Satiagraha vão ficar por isso!!! Prá ninguém ler! Prá ninguém saber! prá ninguém nem entender! Você duvida?

Satiagraha e Mensalão

Mensalão e Satiagraha vão ficar por isso!!! Pra ninguém ler! Pra ninguém saber! pra ninguém nem perceber! Você duvida?

Por Marise Jalowitzki
30.dezembro.2010

Como se dizia na minha infância: Tem de "tirar o chapéu!" Que "O Cara" sabe "governar", isso ele sabe! Do velho jeito que todos conhecem! às vésperas da virada do ano, quando "todos" os brasileiros já estão envolvidos com a "festa da virada", pensando em "encher a cara" e se esquecer de todas as mazelas, o governo dá a nota de mestre!

Lula confirma promoção e De Sanctis não julgará Satiagraha

Fausto de Sanctis aceita a promoção e agora, como desembargador, deixa o processo da operação Satiagraha. Posa mostrando as "mãos limpas" e todo o escândalo do Mensalão fica em suspenso, até que venha outro, quiçá menos comprometido, para que tudo acabe em pizza outra vez!
É assim na republiqueta das bananas!

Republiqueta das bananas


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http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4867058-EI12081,00-Lula+confirma+promocao+e+De+Sanctis+nao+julgara+Satiagraha.html

Lula confirma promoção e De Sanctis não julgará Satiagraha30 de dezembro de 2010 18h24 atualizado às 18h38
 . Foto: Hermano Freitas/Terra Fausto de Sanctis é promovido a desembargador e deixa o processo resultante da operação Satiagraha
Foto: Hermano Freitas/Terra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o juiz Fausto Martin de Sanctis como desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo. Com a promoção, divulgada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, o magistrado deixará de julgar o processo resultante da operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Segundo a imprensa oficial, De Sanctis recebeu a promoção pelo critério de antiguidade e vai ocupar a vaga decorrente da aposentadoria da juíza Anna Maria Pimentel. A promoção já havia sido autorizada pelo TRF, dependendo apenas da sanção presidencial.

O juíz ficou conhecido pelo trabalho na operação Satiagraha, ao determinar a prisão do banqueiro Daniel Dantas por duas vezes. A operação investigava o desvio de verbas e a lavagem de dinheiro e envolvia banqueiros e pessoas envolvidas com o mercado financeiro.

Operação Satiagraha
Comandada pelo delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz, a Operação Satiagraha cumpriu 24 mandados de prisão e 56 ordens de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e em Brasília. Foram presos o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, que morreu de câncer em 2009, o banqueiro Daniel Dantase o investidor Naji Nahas.

Os presos foram acusados por crimes como formação de quadrilha, gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, entre outros. O grupo teria movimentado cerca de US$ 1,9 bilhão em paraísos fiscais. Gravações da PF indicariam que Pitta receberia dinheiro em espécie do grupo, diretamente no escritório de Nahas. Os valores que o ex-prefeito receberia teriam chegado a R$ 50 mil em um único dia.

Segundo a PF, a operação resultou das investigações do chamado mensalão. A Polícia Federal afirma que o suposto esquema comandado pelo publicitário Marcos Valério desviava recursos públicos para o mercado financeiro. A operação contaria com a participação do banqueiro Daniel Dantas. De acordo com a polícia, o dinheiro desviado era lavado no mercado de capitais. Outro grupo, comandada por Naji Nahas seria responsável por lavar o dinheiro obtido ilegalmente.
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