sábado, 8 de janeiro de 2011

Safras recordes e seca no Rio Grande do Sul - Quem é o agricultor?

Seca no RS - Santa Rosa

Safras recordes e seca no Rio Grande do Sul - Quem é o Agricultor?


Por Marise Jalowitzki
08.janeiro.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/01/safras-recordes-e-seca-no-rio-grande-do.html


O governo está otimista com relação aos resultados da agricultura nacional. O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) atribuem às condições do clima a perspectiva de uma nova safra recorde no país. A produção dos grãos deve chegar a 149,42 milhões de toneladas, um pouco acima da safra do ano passado.


O pensar generalizado. Os governos pensam por "média aritmética", uma contabilidade ditada por percentuais. As secas que acontecem no sul do Rio Grande do Sul não dá dor de cabeça aos avaliadores, que consideram a seca no RS "um problema isolado". Só que não é a nossa tradição. Rio Grande do Sul é o estado brasileiro mais próximo do pólo, não tem uma história de seca, como o nosso nordeste, onde o descaso de séculos já causou mudanças dramáticas. Daqui parte o abastecimento para muitos outros estados da federação. No restante das principais regiões produtoras o fluxo de chuvas tem sido bastante favorável.
Assim, estimam os avaliadores, o feijão e a soja que "morreram" no RS devido à seca, são compensados pelas colheitas das demais regiões.


Com relação ao arroz, onde a gaúcha é a maior produção, o superintendente da Conab, Airton Camargo, explica que a falta de chuvas no Estado não prejudica a cultura do arroz, pois as lavouras são irrigadas.


A produção de arroz saltará de 11,66 milhões de toneladas, na safra passada, para 12,63 milhões de toneladas, em uma alta de 8,3%.


Simples assim.
Quando vi o agricultor magrinho de nosso interior mostrar a vagem de feijão com apenas um grão (ao invés de 4,6, até 8 grãos, quando em boa safra), senti na pele o que é a decepção de trabalhar meses a fio esperando resultados que não chegam. O prejuízo e a desesperança.


Seca no RS - 2005
  Desde 1997 que o Rio Grande do Sul vive situações de intensa estiagem, sendo que os períodos estão ficando mais longos e mais frequentes. Há um projeto de Lei (82/2005) que precisa acontecer com efetividade, urgentemente. O projeto propõe a criação de um Fundo de Defesa Civil, que visa atender aos alcançados pelos efeitos das enchentes e estiagens.

No jornal desta noite ouvi que o governo já está providenciando a remessa de cestas básicas. Legal! Pelo menos terão o que comer! Entretanto, são providências emergenciais para situações já previstas pelos estudos do clima há mais de 6 meses. Então, continuamos apenas trabalhando sobre os efeitos!


Agora, quem é o agricultor, este cidadão que, ano após ano, corre o risco de ver sua colheita fenecer e que, ainda assim, persevera em continuar plantando?
Será limitado em seus sonhos?
Será um amendrontado frente à vida, temendo o urbano?
Será um acomodado, praticando o que sempre-soube-fazer sem querer mudanças?

Ou será um esplêndido ser humano que ama o que faz, um talentoso arquiteto do alimento, que constrói, como só ele sabe fazer, toda a engrenagem da semente até a semente - preparo do solo, plantio, cuidado, irrigação, colheita e venda?

Para os profissionais da agricultura são necessários méritos e reconhecimentos. São eles que provêm o alimento que é o nosso combustível, o que permite a vida de cada um de nós continuar seu ciclo.

Com certeza, uma nova filosofia deve ser incorporada a quem detem a legislação. Eles, os agricultores e pecuaristas, com certeza, não querem receber uma cesta básica, apenas. Seus sonhos estão e são bem além disso.


Políticas públicas precisam acontecer urgentemente. Subsídios válidos. Estrutura consistente. E não são apenas a construção de novos silos para guardar os grãos, como querem alguns.

Assisti, ao longo das décadas, a realidade de muitos silos, onde toneladas de grãos armazenados mofaram, apodreceram, seja por mau acondicionamento ou por extinção do prazo de validade. A efetividade só acontece quando se pensa em todas as etapas, quando se fiscaliza cada uma dessas etapas, quando, com justa noção de conjunto, se contemplam providências de A a Z.


Marise Jalowitzki
Escritora
marisej@terra.com.br
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/
Porto Alegre - RS - Brasil


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Link relacionado:
http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/01/comportamento-do-clima-foi-aliado-na-safra-20102011-avalia-governo.html


06/01/2011 15h04 - Atualizado em 06/01/2011 15h36

Comportamento do clima foi aliado na safra 2010/2011, avalia governo

Projeção é de produção de grãos de 149,42 milhões de toneladas.
Área plantada saltará de 47,39 milhões de hectares para 48 milhões.


Seca no RS - Animais sofrem


7 comentários:

  1. Cara Marise,
    O governo, ou os nossos governantes não tem agido sistematicamente com relação às secas por falta de vontade política.
    É muito mais facil agir casuisticamente. Tomar providências "ex-post factum", ou, em bom português, depois do leite derramado. Aí se mobiliza a opinião publica, se consegue arrecadar alimentos que serão encaminhados às localidades carentes e as pessoas que contribuiram ficam se sentindo muito bem porque ajudaram e não acompanham nem o que acontece com suas doações. Certa vez, chegando a São Luís do Maranhão, verifiquei que muito do que tinha sido encaminhado para aquela localidade continuava na área de tratamento dos Correios por não saberem como distribuir as doações.
    Acredito inclusive Marise, que legislação nõs temos a valer, temos muitas, somos quase perfeito, o que falta é aplicá-la. Bastaria o art. 5. da Constituiçãoa ser estudado e aplicado para modificar totalmente o nosso modelo de desenvolvimento.
    Você se posicionou muito bem sobre a falta de uma administração sistêmica quando falou que "não são apenas a construção de novos silos para guardar os grãos, como querem alguns". É verdade... A efetividade só acontece quando se pensa em todas as etapas, quando se fiscaliza cada uma dessas etapas, quando, com justa noção de conjunto se contemplam providências de A a Z." É a utilização de Sistemas Complexos, ou Dinâmica de Sistemas, que verifica a implicação de cada uma das variáveis que compõem o conjunto.
    Abraços

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  2. Marise,
    Você falou esplêndidamente sobre o problema das políticas públicas que parecem jamais sonhar de acontecer no território nacional.
    Afirmou muito bem:
    "Eles, os agricultores e pecuaristas, não querem receber uma cesta básica, apenas.Seus sonhos estão e são bem além disso."
    Faz-me lembrar do Pe. Fábio de Melo, de quem faço uma citação agora:
    "O futuro da vida está preso nesta plataforma
    em que hoje nossos pés se firmam.
    É dela que partimos.
    Os sabores do amanhã estã sendo preparados na terra de nossas escolhas.
    Ações humanas seguem as mesmas regras das causas
    e dos efeitos.
    O que escolhemos hoje é matéria prima que será transmudada em vida futura.
    Se escolhemos amar, restarão boas saudades.
    Se escolhermos a indiferença, restarão remorsos."
    Que os nossos governantes acordem!
    Para o bem de si próprios.
    Ninguém pode ser feliz sem gerar, para isso, uma boa causa!
    Continue o seu trabalho lindo!
    Você está fazendo a sua parte.
    Para quem se omite, em descalabros governamentais, vale um outro lembrete:
    "O que hoje ensinamos ou motivamos pode, mais cedo ou mais tarde, se voltar quando nós".(Pe. Fábio de Melo.
    Beijos, querida, e um bom domingo,
    Eliana Crivellari-Lili-Belo Horizonte

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  3. Queridas Amigas, Ana Rosa e Eliana!
    Prazer estar dividindo este espaço com vocês!

    Fui lendo as contribuições das duas e, apesar do intenso calor, fui me arrepiando! Pérolas de conhecimento e conscientização!
    Lili, fui visitar o Bar-do-Bugre, agora há pouco (olha a sintonia) e li o artigo do amigo Gabriel. Deixei um comentário lá. Parece, sim, que esta situação vai continuar por um bom tempo, ainda, infelizmente.

    Ana Rosa, tu foste uma das que encabeçaste o movimento de repúdio ao aumento dos governantes, junto com o Afonso e amigos. Houve várias petições. Mesmo o Não! de Marina, qual a repercussão que a mídia deu?

    Assim, também, com o homem do campo! Que fazer?

    Só que há sempre o olhar para a nossa pequena parte que, juntas, quiçá, dia virá, há de fazer a diferença.
    Sinceramente, já não creio que será no espaço em que estou nesta vida, mas, que virá, ah! isso virá! É o caminho. Não há outro! Por mais tortuosos que hoje sejam! Meus netos são testemunhas!!! Semeemos!
    Abraços carinhosos, neste nosso lindo Brasil!
    Marise

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  4. Marise,
    Até quando governarão sem Amor?
    Até quando não perceberão que devem governar para o povo, e não para si próprios?
    Até quando, incautos, não atinarão para o fato
    de que o mal que fazem contra eles próprios voltará?
    É a Lei Espiritual para todos nós.
    "Só o Amor pode nos socorer de nossas misérias.
    Só ele pode nos alcançar no fosso de nossas vergonhas.
    O que me redime é o amor que amo, porque nele Deus me encontra com seu poder de complementos."
    (Fábio de Melo)
    "Quem faz para si faz."
    Para o bem e para o mal.
    "E o bem que não se faz é também um mal."
    Vou passar esse link ao Dr. Gabriel Novis Neves,
    para que ele veja o que você escreveu nesse artigo, e em outros, tão importantes quanto!
    Muita sintonia entre nós todos!
    Errei na digitação do comentário anterior.
    Para que outros entendam perfeitamente:
    "O que hoje ensinamos ou motivamos, pode mais cedo ou mais tarde se voltar CONTRA NÓS"
    (Fábio de Melo)
    Abraços, querida, e continuemos,
    Eliana Crivellari-Lili-Belo Horizonte

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  5. Maravilhosa sintonia!
    Lili, "Quem faz para si faz."
    Para o bem e para o mal.
    "E o bem que não se faz é também um mal." Estas frases, citadas por ti, lembram Marthin Luther King. "O que me preocupa não é o barulho dos maus e, sim, o silêncio dos bons!" E é bem assim, ainda hoje. Os "bons", digamos, os pacíficos, os que não gostam de discórdias, de discussão, de desentendimentos (que tanto alimentam os egoístas, acabam permanecendo na sua zona de conforto, deixando de fazer o conhecimento aparecer. Claro que todos nós, VÁRIAS VEZES, também sentimos o medo que a ousadia por vezes dá, o cansaço que enseja desanimar, mas, qual o tônico do mal? O medo dos fracos, a indecisão dos anônimos.
    São nessas frases de apoio, que trocamos, que a força chega e leva a prosseguir!
    Abraços carinhosos aos dois!

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  6. Marise, a hora é agora. O planeta não vai esperar. É aquele grito de guerra, da campanha da Marina: "BRASIL, URGENTE, MARINA PRESIDENTE!"
    O nosso dia é hoje, é quando temos a oportunidade de mudar o mundo e nós estamos aqui para isto. Cristo já dizia, "não se acende uma candeia, para ser colocada em baixo do aparador". Você está fazendo e fazendo bem a sua parte, eu esforço-me para realizar a minha, e assim vamos. Tem uma poesia de uma ativista mineira chamada Jovita Levi, que você encontra transcrita no meu blog, gostaria que você a lesse. Eu tentei copiar aqui neste espaço mas não consegui, acho que devido ao tamanho.(http://www.paginadedireito.com)
    Abraços de Ana Rosa

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  7. Querida Ana Rosa!
    Também sinto que é preciso falar e divulgar mais e mais, para qualificar o que for possível. Torço por demais para que possamos desenvolver um grupo atuante e coeso. Que a Luz nos guie!
    Vou entrar no teu blog!
    Abraço grande!

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