Por Marise Jalowitzki
14.janeiro.2011
http://ning.it/gXUo6N
Finalmente estamos começando a olhar o problema de frente. Sem eufemismos, sem responsabilizar a "vontade" de Deus nas tragédias. Talvez, agora, haja a adoção de providências efetivas para a melhoria de uma situação que, no mínimo há 40 anos, tem se mostrado a cada dia mais insuportável.
Vejam as considerações de uma especialista em coleta de dados sobre desastres no mundo todo, há mais de 30 anos. Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), de Bruxelas, na Bélgica.
"Dizer que o problema das enchentes e inundações é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema", declara Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), de Bruxelas, na Bélgica.
Sobre as enchentes no Brasil e na Austrália, a pesquisadora Guha-Sapir é enfática: "Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses das enchentes."
O CRED - Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres coleta dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos.
Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública na Universidade de Louvain, apresenta resultados de pesquisas nos últimos dez anos:
- aumento, a cada ano, do número de enchentes
- frequência cada vez menor entre os eventos
- aumento do número de vítimas.
Quais as causas dessas tragédias, além da própria chuva?
A pesquisadora Sapir, assim como outros pesquisadores, também afirma que as consequências das inundações são agravadas
- pela urbanização caótica,
- pelas altas concentrações demográficas.
Ambos, fatores gerados pela falta de atuação do poder público.
Mas, há como prevenir tais desastres?
"Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco, como, por exemplo:
- Captação e escoamento da água das chuvas e a criação de áreas para alagamento (piscinões)
- Proteção em margens de rios, para que não ocorra o assoreamento.
(Assoreamento é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, ou canal, o que acaba reduzindo a correnteza. Está relacionado aos desmatamentos sem fiscalização ou controle.)
Como os países que, no momento, estão a enfrentar problemas de enchentes e alagamentos sérios, Sapir traz um apanhado de considerações para explicar a diferença entre o número de mortos na Austrália e no Brasil - especificamente no Rio, que vive a maior tragédia de todos os tempos no Brasil.
"A Austrália é um país com uma infraestrutura melhor, com maior capacidade de alocar recursos e equipamentos para a prevenção e o resgate, com instituições e mecanismos mais democráticos, que conseguem atender a toda a sociedade, incluindo os mais pobres, que estão em áreas de mais risco", declara.
A especialista também se refere sobre o elevado número de mortes no Brasil, mencionando o nível de educação da população. "Pessoas mais educadas estão mais conscientes dos riscos e têm mais possibilidades de adotar ações apropriadas", diz.
Leia-se, no meu entendimento: educadas, conscientizadas, mais providas de recursos (inclusive parentes a quem recorrer) e, AVISOS preventivos sobre as possibilidades das situações emergenciais acontecerem. Caso os governos ressaltassem, ainda em novembro, dezembro, para a população: Lembrem que estamos começando a época das chuvas torrenciais! População, fique em alerta e considerem a possibilidade de ter de evacuar a área! ... aí sim, mostrariam uma postura condizente com quem está comprometido com a população que governam. E estariam anunciando ações concretas para diminuir os riscos. Mas, nessa amnésia histórica que parece dominar esta nação, tudo parece "como dantes...".
Mesmo considerando o nível de educação da população brasileira, Guha-Sapir afirma, categórica, que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. "Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir à responsabilidade", afirma.
Marise Jalowitzki
Escritora
marisej@terra.com.br
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/
Porto Alegre - RS - Brasil
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Link relacionado: http://ning.it/enFpJB
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Tragédia no Rio - Águas das chuvas precisam ser captadas, para evitar bolsões de deslizamentos |
Por Marise Jalowitzki
14.janeiro.2011
http://ning.it/gXUo6N
Finalmente estamos começando a olhar o problema de frente. Sem eufemismos, sem responsabilizar a "vontade" de Deus nas tragédias. Talvez, agora, haja a adoção de providências efetivas para a melhoria de uma situação que, no mínimo há 40 anos, tem se mostrado a cada dia mais insuportável.
Vejam as considerações de uma especialista em coleta de dados sobre desastres no mundo todo, há mais de 30 anos. Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), de Bruxelas, na Bélgica.
"Dizer que o problema das enchentes e inundações é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema", declara Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), de Bruxelas, na Bélgica.
Sobre as enchentes no Brasil e na Austrália, a pesquisadora Guha-Sapir é enfática: "Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses das enchentes."
O CRED - Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres coleta dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos.
Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública na Universidade de Louvain, apresenta resultados de pesquisas nos últimos dez anos:
- aumento, a cada ano, do número de enchentes
- frequência cada vez menor entre os eventos
- aumento do número de vítimas.
Tragédia no Rio - Ocupação desordenada, sem levar em conta as fragilidades dos terrenos, são de responsabilidade dos governos. |
Quais as causas dessas tragédias, além da própria chuva?
A pesquisadora Sapir, assim como outros pesquisadores, também afirma que as consequências das inundações são agravadas
- pela urbanização caótica,
- pelas altas concentrações demográficas.
Ambos, fatores gerados pela falta de atuação do poder público.
Mas, há como prevenir tais desastres?
"Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco, como, por exemplo:
- Captação e escoamento da água das chuvas e a criação de áreas para alagamento (piscinões)
- Proteção em margens de rios, para que não ocorra o assoreamento.
(Assoreamento é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, ou canal, o que acaba reduzindo a correnteza. Está relacionado aos desmatamentos sem fiscalização ou controle.)
Como os países que, no momento, estão a enfrentar problemas de enchentes e alagamentos sérios, Sapir traz um apanhado de considerações para explicar a diferença entre o número de mortos na Austrália e no Brasil - especificamente no Rio, que vive a maior tragédia de todos os tempos no Brasil.
"A Austrália é um país com uma infraestrutura melhor, com maior capacidade de alocar recursos e equipamentos para a prevenção e o resgate, com instituições e mecanismos mais democráticos, que conseguem atender a toda a sociedade, incluindo os mais pobres, que estão em áreas de mais risco", declara.
A especialista também se refere sobre o elevado número de mortes no Brasil, mencionando o nível de educação da população. "Pessoas mais educadas estão mais conscientes dos riscos e têm mais possibilidades de adotar ações apropriadas", diz.
Leia-se, no meu entendimento: educadas, conscientizadas, mais providas de recursos (inclusive parentes a quem recorrer) e, AVISOS preventivos sobre as possibilidades das situações emergenciais acontecerem. Caso os governos ressaltassem, ainda em novembro, dezembro, para a população: Lembrem que estamos começando a época das chuvas torrenciais! População, fique em alerta e considerem a possibilidade de ter de evacuar a área! ... aí sim, mostrariam uma postura condizente com quem está comprometido com a população que governam. E estariam anunciando ações concretas para diminuir os riscos. Mas, nessa amnésia histórica que parece dominar esta nação, tudo parece "como dantes...".
Mesmo considerando o nível de educação da população brasileira, Guha-Sapir afirma, categórica, que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. "Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir à responsabilidade", afirma.
Marise Jalowitzki
Escritora
marisej@terra.com.br
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/
Porto Alegre - RS - Brasil
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Link relacionado: http://ning.it/enFpJB
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