quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Agressão a crianças - Disque onde? - com video


Três casos de agressão infantil em um só dia. É fogo!

Agressão a crianças - Qual o direito de uma criança?
O video apenas comenta o nome do menino: SAMUEL.
Qual o nome do Juiz? Qual a cidade onde ocorreu-ocorre este crime? Há que ter mais dados para tomar uma providencia efetiva!

De cortar o coração ouvir a lógica infantil: "Fala pro Juiz que eu quero ficar com vocês, que vocês são como se fossem os meus pais.Ele vai entender! Deus vai perdoar ele e eu posso ficar feliz morando com vocês."
Casal se separa, filho fica com o pai e madrasta e sofre agressões continuamente. O video mostra o momento em que ele recebe a notícia de que vai ser devolvido ao pai.
O que estão esperando?
UM NOVO CASO COMO O DO MENINO BERNARDO, assassinado em Três Passos-RS? O menino também pediu socorro, mas não foi ouvido, não sensibilizou nem os representantes do Conselho Tutelar.
Deus do Céu!
Esta é a nossa justiça!
#JUSTIÇAPARASAMUEL




Por Marise Jalowitzki
28.janeiro.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/01/agressao-criancas-disque-onde.html


Hoje está sendo um dia especialmente voltado para casos de agressão a crianças.

1) Uma mãe que parece hipnotizada entrou em contato. Ela simplesmente acredita que seu filhote é maluco, e pronto. Parece mesmo disposta a interná-lo em uma casa de atendimento psiquiátrico. E, o pior: por todos os dados que passou e continua passando, a criança está apenas sendo vítima de 4 psicotrópicos (sim, 4!!) dados em conjunto a um menino que nem ingressou ainda na pré-escola! De doer. E tive de reunir todas as minhas energias para conseguir dar um retorno minimamente cortês.

2) O video do menino Samuel (que publiquei há pouco) e que, por favor, não pode apenas servir para dar curtidas e compartilhar! As pessoas que recebem um video assim, minimamente precisam publicar um telefone, um e-mail do conselho tutelar próximo ao ocorrido, para que se possa fazer algo! Assim, sem cidade, sem nada, o que vai ser além de "publicidade"? (https://www.facebook.com/omundodasmamaes/videos/442035532670639/?pnref=story) Lembra demais os pedidos de socorro do menino Bernardo, assassinado em Três Passos-RS e que pediu socorro em várias situações, inclusive ao Conselho Tutelar, antes de ser "apagado"... São tantas crianças desprovidas!

(Recebi há pouco os dados publicados, dando conta que se trata de situação do Distrito Federal (veja contgeúdo ao final desta página)

3) E o dia foi, desde a manhã, permeado por gritos de um menino. Choro, surto mesmo, alguns gritos de mulher. Por vezes é H-O-R-R-Í-VE-L morar em meio a um conglomerado de edifícios, pois não se consegue identificar direito de "qual janela" provêm os gritos! Liguei para o Disque 100, mas, sem endereço correto-completo, eles nada fazem. Impotência! O choro do menino vai desde a inconformidade. a raiva, o desespero, o cansaço. Aí deve dormir um tanto. Depois recomeça. Difícil!
Logo, logo, estará sendo dopado com algum(ns) psicotrópico(s) e as causas subjacentes da rebeldia, relegadas, como costuma acontecer em tantos casos...

Agora, pelas 16h, felizmente, ouviu-se um clamor de uma voz jovem de mulher berrando guturalmente de um dos apartamentos:
- Parem de judiar dessa criança! Chega de judiação! Chega de tanta gritaria! Olha os maus tratos!
(Deve ser uma pessoa de compleição avantajada para ter uma voz assim forte!)

O berro foi milagroso! Silêncio t-o-t-a-l, há mais de uma hora!! COMO a pessoa "cuidadora" conseguiu acalmar a criança em segundos? Coisa que não fez durante todo o dia? É uma pessa sádica, que se diverte com o choro, com os gritos de uma criança? Ela usa tampões de ouvido? COMO OS VIZINHOS "DE PORTA" NÃO FAZEM NADA??

Tantas vezes já interferi nas situações que localizo. Como as pessoas podem não se envolver com o sofrimento e conflitos dos outros?

Ah, Vida!
Preocupante, preocupante mesmo o alto nível de intolerância, agressividade, irritabilidade que parece permear a tantos!
Por favor, que os problemas alheios não recebam a indiferença de quem pode ajudar!
Paz!
Marise Jalowitzki



  • Querendo, leia também:


    Aprovada a Lei Menino Bernardo ou Lei da Palmada - Castigos Físicos
    Por Marise Jalowitzki





    A HISTÓRIA DE SAMUEL 
    O texto a seguir se encontra no link http://bit.ly/1Utr99k
    ‪#‎JUSTIÇAPARASAMUEL‬
    A mãe de Samuel, foi casada com o pai da criança por cerca de um ano, conta que a separação, ocorrida em 2011, aconteceu devido às constantes agressões físicas e psicológicas que sofria. A mulher denunciou o então marido à polícia três meses após o casamento. Ela afirma que cedeu a guarda da criança ao pai por conta de várias ameaças a ela e aos familiares.
    "Nunca imaginei que ele pudesse fazer com o meu filho o que fazia comigo", justifica.
    Em setembro do ano passado, a mãe soube pela ex-cunhada que o filho sofria maus tratos do pai e da madrasta. Ela ligou no Conselho Tutelar de Capivari e explicou a situação.
    "Falei que meu filho estava sofrendo e pedi para que eles fossem à casa dele verificar a denúncia mas, horas depois, meu ex-marido me ligou e ameaçou matar o menino se eu acionasse a justiça".
    Com todo o ocorrido a mãe resolveu procurar a Defensoria Pública do DF, que a aconselhou ir à cidade ver como a criança estava.
    "Quando cheguei em São Paulo, não reconheci meu filho. Ele estava muito triste, chorava, estava abatido, magro. Quando era contrariado, xingava e mordia as pessoas. Ele me implorou para ficar comigo, então resolvi trazê-lo para casa"
    De volta ao DF a mãe procurou o Conselho Tutelar, onde a criança foi ouvida. Ela recorreu à Defensoria Pública e pediu a guarda provisória, concedida no mesmo mês. Segundo o laudo emitido pelo conselho tutelar, a criança relatou com riqueza de detalhes agressões físicas que sofria. O texto do documento diz que o menino não queria voltar a morar com o pai e madrasta.
    O Ministério Público do DF também foi acionado e emitiu análise na qual consta que o menino não estava em situação de risco em companhia da mãe, de seus familiares e amigos. O MP identificou diferentes opiniões dos conselhos tutelares de Capivari e do Riacho Fundo. A conselheira tutelar do DF, apesar de não emitir parecer, destacou o relato de maus tratos sofridos e o desejo do garoto de ficar na cidade. Por outro lado, a conselheira paulista argumentou não haver indícios de agressões por parte dos responsáveis.
    O pai entrou com pedido de busca e apreensão para levar o filho de volta a São Paulo e recuperou a guarda na noite de ontem. O Defensor Público do DF, do Núcleo do Riacho Fundo I, responsável pelo caso, Leandro Nascimento, afirmou que está vai tentar reverter a decisão. "Vou entrar com o recurso amanhã mesmo, o juiz e o promotor do caso entenderam que neste momento o melhor para o menino é ficar com o pai, mas vamos recorrer ao Tribunal de Justiça do DF para que isso seja revisto".
    A reportagem tentou entrar em contato com o pai, que não atendeu as ligações.
    "Só quero que devolvam o meu filho. Ele não pode passar por tudo isso novamente. Confiei na justiça e ela falhou comigo. Levaram meu menino aos gritos", disse a mãe.




  •  Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável.


domingo, 24 de janeiro de 2016

REFUGIADOS - A maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial - Assista video da ONU


Dor, sofrimento, exclusão, fome, falta de perspectivas! Até quando?

Como diz o emissário: "Se a Líbia abriga 1 milhão de refugiados, a Grã-Bretanha não pode abrigar 200 mil?"

E, mesmo quando são recebidos em algum país, continuam segregados. Os lugares de acesso continuam restritos (lembram dos tempos do Apartheid?)

REFUGIADOS - A maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial - Assista video da ONU

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Marise Jalowitzki
24.janeiro.2016
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/01/refugiados-maior-crise-humanitaria.html


" As coisas estão ficando fora do controle." (...) "Eles fogem da perseguição, de violação dos direitos humanos e da pobreza incapacitante." (...)
"É como se estivéssemos mendigando! Meus filhos me pediam café da manhã e eu nao tinha nada para dar. O que eu poderia fazer?"(...)
E o choro deste jovenzinho dói demais!
Ainda se sentindo responsável pela família, pelas irmãs, "que são jovens demais para andar", que tinham sede e ele não tinha água para oferecer. "Na montanha, eu estava ajudando minha mãe levando as coisas quando ela não podia. Carreguei minha irmã mais nova várias vezes enquanto estávamos subindo."
Um dia, nossos descendentes (se existirem!) olharão para esta página da história com muita vergonha, tristeza e desalento!
"Alguns deles estão carregando traumas que os fazem avançar!" 

Sim, eles tem o direito de requerer seus DIREITOS HUMANOS e de pedir asilo!
QUE VERGONHA! QUE TRISTEZA! Os ditos "civilizados", na Grã-Bretanha, ocupando as ruas para protestar contra a chegada dos migrantes!

Marcas de terror e incertezas que dificilmente hão de cicatrizar


"Estou sempre triste, sempre triste, sempre triste!" - diz a mulher refugiada. 

Meu coração se aperta e, pelo menos, ora.
Por mais Compaixão em todo o mundo, também em nossas ações cotidianas, sempre!
Marise Jalowitzki

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Nos subterrâneos da Indústria Farmacêutica - Nem todos os médicos interessam aos laboratórios na mesma medida


Viagem ao mundo do medicamento-mercadoria. A pesquisa submissa aomarketing. O trabalho infernal, nos laboratórios. A “eficácia das drogas atestada em estudos fraudados
Sinopse:
Médicos monitorados pela indústria farmacêutica
Esta pesquisa durou quatro anos e foi base para uma tese de doutorado em Sociologia por Quentin Ravelli. Ele passou por vários postos na Sanofi, desde estagiário nos serviços comerciais, operário nas fábricas do grupo, representante, etc..
Publicado no Le Monde Diplomatique (França), este interessante artigo mostra os bastidores, incluindo a "formação" dos representantes que visitam os médicos, os simpósios – “Simpósio Bayer”, “Simpósio GSK”, “Simpósio Sanofi” – onde cada um disputa maior popularidade.
"Os laboratórios exercem certo controle sobre a pesquisa pública: eles financiam os congressos médicos e influenciam, em contrapartida, a organização científica, material e espacial deles."

No artigo, um médico declara:
“Percebi que estava grampeado, que sabiam exatamente o que eu receitava”, indigna-se um médico instalado em Paris. “Fui ingênuo, não fazia ideia. [Um dia], uma representante comercial me disse: “Você não prescreve muito!” Eu me perguntei: “Como ela pode saber disso?”
Essa prática de vigilância, que choca muitos profissionais, é articulada pelos serviços comerciais dos laboratórios. Para aumentar ou manter sua fatia do mercado, os grandes grupos farmacêuticos implementam artifícios de engenhosidade mirabolante. Não hesitam, por exemplo, em alterar as indicações de seus medicamentos para conquistar novos clientes.



Publicado neste blog em 13.janeiro.2016


Por Quentin Ravelli, no Le Monde Diplomatique | Tradução: Inês Castilho
Percebi que estava grampeado, que sabiam exatamente o que eu receitava”, indigna-se um médico instalado em Paris. “Fui ingênuo, não fazia ideia. [Um dia], uma representante comercial me disse: “Você não prescreve muito!” Eu me perguntei: “Como ela pode saber disso?” 

Essa prática de vigilância, que choca muitos profissionais, é articulada pelos serviços comerciais dos laboratórios. Para aumentar ou manter sua fatia do mercado, os grandes grupos farmacêuticos implementam artifícios de engenhosidade mirabolante. Não hesitam, por exemplo, em alterar as indicações de seus medicamentos para conquistar novos clientes.

Nos subterrâneos da Indústria Farmacêutica

(...) Nem todos os médicos interessam aos laboratórios todos na mesma medida. Aqueles que têm um importante “potencial de prescrição” tornam-se objeto de atenção particular. Para identificá-los, os laboratórios utilizam os serviços do Grupo de Elaboração e Realização de Estatísticas (GERS), que dispõe das cifras das vendas aos distribuidores e das vendas diretas em farmácias; ou do Centro de gestão, de documentação de informática e de marketing (Cegedim), que fornece dados do software das prescrições médicas. A essas fontes oficiais, somam-se as redes de inteligência informais, como as enquetes dos visitantes médicos com farmacêuticos e seus colegas. Para os serviços de marketing, toda informação relativa às práticas dos médicos interessa, pois permite estabelecer uma “segmentação de clientes” em potencial [classificando-os como baixos ou altos prescritores]. (...) 
Evidentemente, essas estratégias [de monitorar os prescritores] não se traduzem mecanicamente em vendas. É necessário que elas sejam postas em prática pelos visitantes médicos. Na França, em 2014 havia dezesseis mil empregados de empresas farmacêuticas, que passavam o tempo todo em reuniões com os médicos. À taxa de duzentos e treze dias de trabalho por ano e seis visitas por dia, são mais de vinte milhões de conversas travadas anualmente com os médicos. Essas entrevistas são minuciosamente preparadas. 

A "formação"

Para aumentar a eficácia, os serviços de marketing redigem por exemplo brochuras apresentando diversos “tipos de perfil” de médicos: a “mulher médica sindicalista”, o “médico amigo”, o “médico cientista”, o “médico estressado”… Essas brochuras são utilizadas no decorrer de seminários de formação para ajudar os visitantes médicos a colocar em prática a “rota de fidelização”, com vistas a conhecer melhor suas metas. Aprende-se, nesses “workshops de produto”, que o médico da família – 55 anos, grande clientela, presidente de um programa de educação médica continuada – é mais “sensível à abordagem humanística do paciente” do que o médico cientista “instalado no campo”, de “contato muito frio”, ao contrário do namorado companheiro, “alegre, mas um pouco mole.” Uma vez formados neste jogo, os representantes comerciais devem sair a campo para melhorar a “elasticidade” de médicos. Quanto mais um médico é considerado “elástico”, mais receptivo ele é ao discurso da indústria farmacêutica.
Ou então, os médicos se tornam cada vez mais críticos, a ponto de fechar suas portas para os visitantes médicos, cujo número caiu depois de dez anos. Esta resistência crescente, empurra a empresa a encontrar outras formas de lobbying, mais científicas e menos perceptíveis, particularmente ao dirigir-se a formadores de opinião (chamados KOL, key opinion leaders/líderes-chave de opinião) – ouvidos e respeitados por milhares de prescritores. 

Assim, a Sanofi procura influenciar docentes de universidades, por vezes percebidos como responsáveis pelo espírito crítico de jovens médicos.
Quando fui estagiário na Sanofi, tive por exemplo de construir “argumentos para decanos”, buscando convencer os mais reticentes em acolher a empresa em suas classes. Os maus resultados de algumas faculdades foram usados – especialmente em Paris-V, onde houve uma queda dramática na proporção de alunos classificados no primeiro trimestre da competição nacional. Esse resultado era explicado, de acordo com a Sanofi, pela personalidade do decano, considerado um dos mais indóceis, por não permitir a livre circulação de panfletos, cartazes e outros produtos de publicidade disfarçada.
Toda essa máquina de influência não funciona sem choque ou oposição. Há, em todos os níveis, dúvidas, dissonâncias, contradições. Certos representantes, particularmente conscientes dos problemas de resistência bacteriana, procuravam, por exemplo, falar com os médicos sobre todos os antibióticos disponíveis e não apenas daqueles que geram mais dinheiro. Eles esforçam-se por tecer laços não comerciais com os profissionais, não hesitam a partilhar suas dúvidas e suas críticas. Mas são frequentemente confrontados com mudanças arbitrárias, transferências de zona, a chamadas da direção, que são difíceis de contrariar quando pairam ameaças de demissão.






Produzir

Há dois anos que perdi o sono”




A fábrica em que é fabricado o princípio ativo da Pristinomicina, a partir de bactérias colocadas para fermentar, encontra-se perto de uma volta do Rio Sena, ao sul de Rouen (França), onde são espalhadas diversas indústrias, como as da Total ou da ASK Químicos. Na fábrica da Sanofi, afetada por cortes de pessoal, alguns espaços foram substituídos por retângulos de grama que são alternados com oficinas de atividades, interligados por feixes de tubos de oxigênio, água purificada, solventes, ácidos. Quando se entra pela primeira vez, um odor contrai as narinas: é dos dejeitos agrícolas que as bactérias em fermentação consomem, em quantidade, antes de secretar os princípios ativos. O perfume inebriante de melaço de açúcar de beterraba, que chega na fábrica pelos carros-pipa, domina a atmosfera.
Na oficina de fermentação, o barulho atinge, como hélices de avião em marcha lenta, as longas lâminas de dezenas de fermentadores de duzentos e vinte metros cúbicos, movimentadas continuamente. É aqui que nasce a molécula pristinamicina, que se encontrará nas milhões de caixas acondicionadas na Espanha, depois vendidas em farmácias. Segundo os trabalhadores, o trabalho em si mesmo é interessante e frequentemente imprevisível, pois envolve organismos vivos. Mas as condições são particularmente duras. Os operários trabalham em regime 5 × 8. Significa que são divididos em cinco equipes, que trabalham dois dias das 5h às 12h, em seguida, dois dias das 12h às 20h, e finalmente dois dias das 20h às 5h.
Regime exigente e desgastante

Oficialmente, em seguida eles se beneficiam de quatro dias de descanso. Mas, onze vezes no ano, um desses quatro dias é suprimido, segundo o sistema de “remontagem” sem o qual o tempo de trabalho seria inferior a trinta e cinco horas semanais, a jornada legal na França. Frequentemente, portanto, não restam mais que três dias de repouso, fortemente encurtados pela noite do último ciclo ou pela manhã do próximo. Quem segue esse ritmo não dorme, jamais, três vezes seguidas no mesmo horário. “O cérebro não é mais capaz de retomar os ritmos de vigília e sono”, diz o Sr. Etienne Warheit, que está no 34º ano de 5 × 8. “Dois anos atrás, perdi o sono e não conseguia mais fazer seis horas por noite. Ficava cansado às 22 horas, mas estava acordado à meia-noite e não havia maneira para dormir antes de 2:00. E vice-versa… chegava ao trabalho, estava cansado, e por isso tomava café. Você torna-se incapaz de fazer o trabalho. Precisa repeti-lo novamente três vezes, porque tem medo de esquecer as coisas, ter cometido um erro, você perde a confiança em si mesmo.”
Quando os trabalhadores acham esse ritmo muito desgastante e querem mudar de horário o gestor se recusa, principalmente porque não tem outros postos para lhes oferecer. O objetivo é primeiro rentabilizar as máquinas, que funcionam permanentemente. Para justificar esse ritmo infernal, a direção esconde-se atrás de uma espécie de determinismo tecnológico: os ritmos da fermentação bioquímica e extração de bactérias tornariam inevitável o sistema 5 × 8. “É óbvio que, numa fábrica como esta, a partir do momento em que a produção é contínua e só pode ser contínua, não é possível fazer de outra forma”, diz o médico da fábrica. Esta explicação científica desestimula a pesquisa de organização coletiva do trabalho. É parte de um discurso mais geral, que pode ser chamado de “biotecnologia”: a fábrica, voltada para produtos do futuro, seria mais semelhante a um laboratório, onde o protesto trabalhista não teria mais razão de ser.




O abismo entre a prática e o discurso “O essencial é a saúde”

Há, portanto, um abismo entre as práticas concretas do grupo industrial e seu discurso – “O essencial é a saúde”, proclama o slogan inscrito na entrada da fábrica. Mas os protestos, que dão a um dos responsáveis da área de recursos humanos a impressão de “um barril de pólvora”, e que inclusive provocam medo no gerente de “descer” nas oficinas, são integrados à estratégia de negócios da empresa. Ao oferecer a vários trabalhadores a possibilidade de se tornarem técnicos, usando o discurso da biotecnologia como forma de mascarar a realidade da fábrica, a empresa tem conseguido transformar a reivindicação coletiva de unificar todas as forças sindicais em promoção de desejos profissionais individuais. 

Medo

Essa recuperação repousa, notadamente, sob o medo: durante vários anos, do final dos anos 1990 até 2005, a direção do grupo fez pairar a ameaça de venda da fábrica. Esse cenário, que jamais se concretizou, permitiu sobretudo que os trabalhadores aceitassem uma reestruturação e o corte de 15 dos 77 postos de trabalho no sistema 5 x 8. De ameaçada, a fábrica foi promovida a “unidade piloto” do grupo Sanofi.
Tal virada – que não mudou as condições de trabalho nem os salários – reflete a forte utilidade industrial das bactérias. O “boom da biotecnologia” marca uma orientação geral do capitalismo industrial deste início do século XXI, que desenvolve biotecnologias ditas verdes (agricultura), brancas (indústria), amarelas (tratamento de poluição), azuis (a partir de organismos marinhos) ou vermelhas (medicina). Por causa de todas essas aplicações, os mercados desenvolvem-se, e frequentemente as taxas de lucro são excepcionais, o que explica a razão pela qual a indústria farmacêutica tem comprado, no últimos anos, as empresas de biotecnologia. Em abril de 2011, a Sanofi comprou por 20 bilhões de dólares a Genzyme, uma empresa norte-americana especializada em produtos biofarmacêuticos para esclerose múltipla e doenças cardiovasculares. Esta atração pode ser explicada pelo fato de que as novas moléculas utilizadas no tratamento de muitas doenças não vêm da química de síntese clássica, mas do uso de materiais vivos, muitas vezes geneticamente modificados, que permitem fazer importante economia na produção.





Pesquisar
“O conflito de interesses é permanente”


Nas Jornadas Nacionais de Infectologia da França, dois “espaços” se defrontam. De um lado, o “espaço das marcas”, onde os comerciantes falam da Pristinamicina: 56 estandes de laboratórios farmacêuticos, dispostos em sete fileiras, segundo uma lógica de blocos desalinhados que impõe um deslocamento em zigue-zague aos 1,5 mil médicos inscritos. Do outro, o “espaço das moléculas”: dois auditórios, batizados de Einstein e Pasteur, onde acontecem simpósios científicos. Assim, paralelamente a um desinvestimento na pesquisa privada – a Sanofi fechou, em 2004, seu centro de pesquisa anti-infecciosa de Romainville –, os laboratórios exercem certo controle sobre a pesquisa pública: eles financiam os congressos médicos e influenciam, em contrapartida, a organização científica, material e espacial deles.
Para chegar ao espaço científico das Jornadas de Infectologia, que se encontra do lado oposto da entrada do congresso, os médicos devem passar, no mínimo, diante de treze estandes, cujo aspecto reflete o peso e a influência do expositor. Aos deliciosos petits fours da transnacional Boehringer-Ingelheim, degustados em meio a assentos com design e sob a luz azul de grandes lâmpadas halógenas verticais, responde o suco de maçã, servido sobre uma grande mesa de fórmica coberta de objetos em desordem, oferecido pelo StudioSanté, uma rede francesa de coordenação de cuidados médicos especializada na perfusão em domicílio…
Apesar da aparente separação dos espaços, as ligações entre o universo comercial e o mundo científico são sólidas. Durante o congresso, o principal objetivo das empresas é mostrar a superioridade científica de seus produtos. Os simpósios exibem, portanto, o nome de seus patrocinadores – “Simpósio Bayer”, “Simpósio GSK”, “Simpósio Sanofi” – nos quais se enfrentam os KOLs de cada laboratório. Para assegurar os serviços de médicos influentes, os lobistas dos grandes grupos conduzem um trabalho de fôlego que passa principalmente pela organização de viagens com vocação pseudocientífica. 

Como se criam as parcerias

Uma “médica de produto” da Sanofi conta como constituiu o grupo de especialistas de um medicamento apoiando-se sobre os médicos cuidadores que influenciavam os outros “receitadores”. “Eu disse: tenho dez lugares, só quero aqueles que ganham 1 milhão de euros ou mais [em volume de negócios]. No primeiro ano, eu os levei para Cingapura. No segundo, aconteceu de serem no geral os mesmos. Aonde fomos? A Durban [África do Sul]! Um ano depois, estávamos em Cancún [México] e, no seguinte, na Birmânia. É desnecessário dizer – isso não se diz porque não se tem o direito –, mas é assim que você cria parceiros de verdade.”
Doutor Jean-Jacques Sernine

Reencontramos, na organização dos testes clínicos, uma imbricação similar do valor de troca e do valor de uso. Um dos KOLs da Pristinamicina, o doutor Jean-Jacques Sernine, responsável por alguns testes clínicos, é um dos infectologistas mais renomados da França. Sua carreira foi construída em torno de duas práticas profissionais: a coordenação de testes clínicos para a indústria farmacêutica (sobretudo para Pristinamicina, na Sanofi) e a expertise junto às agências públicas do medicamento. 

Ainda que não avaliasse os mesmos medicamentos nos dois casos – ou haveria um flagrante conflito de interesses –, ele fazia parte de um pequeno grupo de especialistas que, tomados coletivamente, passava de uma margem para a outra, da indústria farmacêutica à medicina pública. “O conflito de interesses é permanente. O principal deles, quando se está lá dentro, é se interessar pelos antibióticos!”, justifica. “As coisas só são possíveis se há uma troca entre os avaliadores que somos no nível administrativo e a indústria farmacêutica.” Juiz e, em parte, condenado ao conflito de interesses, o grupo social dos especialistas fica dessa forma prisioneiro de sua própria competência.
Tal situação repercute na Agencia Nacional de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Saúde francesa (ANSM), cujo trabalho baseia-se inteiramente na expertise. Situada na periferia norte de Paris, ela fica em um imponente prédio com vidros que não têm a graça e a leveza da sede comercial da Sanofi: quando chegamos ali, a porta giratória, temporariamente travada pelas intempéries, estava cercada por uma fita de construção vermelha e branca. Foi por uma porta clássica que tivemos de passar, para chegar a uma sala de espera à qual várias plantas de plástico, com folhas cheias de poeira, davam um ar de gabinete de taxidermista.
Essa desigualdade estética reflete uma profunda ausência de simetria social e econômica, que torna difícil acreditar que a ANSM exerça um contrapoder eficaz. Com efeito, ela muitas vezes não tem tempo nem os meios de ler e analisar o conjunto dos dossiês de pedidos de autorização de colocação no mercado (AMM) que as empresas fazem chegar a ela. 

Sernine ironiza sobre um pedido de AMM para o qual ele contribuiu: “Eram 57 volumes de seiscentas ou setecentas páginas cada um, que pesavam 110 quilos e atingiam 2 metros de altura. E era apenas uma parte do dossiê”. Essa situação está longe de ser nova. A crônica jurídica de Bertrand Poirot-Delpech no Le Monde, durante o escândalo sanitário do Stalinon em 1957, já a mencionava como um problema fundamental: “Mestre Floriot, por exemplo, dedicou-se a um cálculo indiscreto. Sabendo que 2.276 vistos tinham sido concedidos em 1953 e que os comissários reuniram-se oito vezes por ano à razão de algumas horas a cada vez, ele chegou ao tempo recorde de 40 segundos por exame de dossiê”4




Interesses do grupo vêm antes da saúde dos pacientes

Hoje, os testes clínicos sobre os antibióticos desenvolvem-se em condições opacas, sobre um fundo de divisão seletivo e mesmo com manipulações de dados. Um teste sobre a utilização da Pristinamicina nos casos de pneumonia ilustra o problema: havia, segundo Sernine, sete fracassos do tratamento para o grupo de pacientes tratados com a droga e somente quatro no grupo de controle. Segundo o especialista, que partilha a opinião da diretora médica do laboratório, teriam sido incluídos doentes em situações a tal ponto severas que requereriam outro tratamento diferente. “Portanto, a conclusão a que cheguei sobre isso é que se trata do fracasso não do antibiótico, e sim da estratégia”. Um argumento surpreendente do ponto de vista lógico: como julgar a eficácia de um medicamento se os pacientes que ele não cura não são imediatamente desqualificados, se se parte do princípio de que ele só é eficaz quando é eficaz?
É difícil para a ANSM desviar-se desse tipo de raciocínio circular no seio de dossiês estatísticos complexos, que hoje substituíram a argumentação baseada no olhar médico que percorre os casos clínicos individuais. Com frequência, essa manipulação dos números conduz a falsificações. Em 2007, o caso do Ketek suscitou várias mortes de pacientes por causa de problemas hepáticos e levou um dos responsáveis pelos testes a purgar uma pena de prisão de dois anos nos Estados Unidos, por ter “inventado” pacientes para inflar artificialmente a eficácia do medicamento. Longe de ignorar o problema, certos dirigentes científicos lembram, vários anos após o escândalo, que para esse medicamento “havia cadáveres nos armários”.
Essa expressão, utilizada por uma das diretoras médicas do grupo, testemunha certo cinismo no interior da empresa, cujos altos executivos interiorizaram profundamente os códigos. Para eles, os interesses do grupo vêm antes da saúde dos pacientes, sempre que surge, entre estes dois sistemas de valores, um conflito. De maneira geral, nos escritórios do serviço médico e nos do marketing reina uma forma de amnésia seletiva do medicamento. A história dos efeitos colaterais imprevistos, dos testes clínicos deturpados e dos escândalos sanitários não é memorizada, e o fracasso clínico não tem o mesmo status do sucesso.
A falta de independência dos testes clínicos

Toca-se aqui num dos problemas de fundo da indústria farmacêutica: o fato de os testes clínicos, ou seja, a prova da eficácia dos medicamentos, serem estabelecidos por aqueles que produzem esses mesmos medicamentos. Alguns chamaram esse fenômeno de dependência de “captura regulamentar” do Estado pelas empresas. Essa engrenagem ressurge a cada novo escândalo: Stalinon (1957), talidomida (1962), Distilbène (1977), Prozac (1994), cerivastatina (2001), Vioxx (2004)… A cada onda daquilo que os tribunais chamam de “homicídios involuntários”, a questão da independência dos testes clínicos volta à tona, mas nunca as reformas que se seguem questionam o regime de propriedade comercial do medicamento.
O problema está profundamente enraizado no sistema econômico, que não é mais moral para o medicamento que para o petróleo ou os cosméticos. Não somente porque são os mesmos acionistas que se encontram nos comandos – a L’Oréal continua sendo a principal acionista da Sanofi, desde a recente saída da Total –, mas também porque a possibilidade de lucrar com os medicamentos aguça os velhos antagonismos entre o valor de uso e o valor de troca.
1 Conduzida no âmbito de um doutorado em Sociologia, esta pesquisa durou quatro anos, durante os quais o autor foi contratado para vários cargos, por exemplo, o de estagiário nos serviços comerciais da Sanofi, operário nas fábricas do grupo etc.
2 A economia clássica distingue o valor de uso e o valor de troca de uma mercadoria. Adam Smith distingue, por exemplo, o diamante, com alto valor de troca e fraco valor de uso, da água, com fraco valor de troca e alto valor de uso.
3 Os nomes dos funcionários foram modificados para preservar seu anonimato.
4 Bertrand Poirot-Delpech, Le Monde, 1o nov. 1957.
http://outraspalavras.net/destaques/nos-subterraneos-da-industria-farmaceutica/


Enquanto isso, por aqui...
Ontem mesmo tive acesso a um e-book (para TDAH) de um médico brasileiro que diz que "é um mito" que os médicos são pressionados para prescrever determinados medicamentos. Enquanto muitos, no mundo inteiro, declaram o contrário. Já escutei isto pessoalmente, várias vezes, quando em consulta. Sim, este artigo - tese de doutorado - é importante referência.


Fica o lembrete: Liberte-se da dependencia medicamentosa, especialmente a psicoterápica, o quanto puder, enquanto é tempo!






Querendo, leia:


Agrimony - Como a planta pode ajudar o ser humano: 



Por Marise Jalowitzki
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/03/tdah-e-florais.html
Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/article/tdah-toc-e-florais-marise-jalowitzki/edit 

"As 38 plantas curam suave mas efetivamente, e como não existem plantas venenosas entre elas não existe nem o medo nem a possibilidade de tomar uma sobredose ou de estar sujeito aos riscos de uma prescrição incorreta."
- Nora Weeks, As Descobertas Médicas de Dr. Edward Bach Médico




 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

blogs:
www.tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br


LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar 
Déficit de Atenção e Hiperatividade