sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cimento e Petróleo - O que é Clínquer? Um milhão de toneladas de resíduos são queimados ao ano


Cimento - De onde vem os resíduos que são queimados nos fornos das cimenteiras? Vista interna do forno de clínquer em alta temperatura


Cimento e Petróleo - O que é Clínquer? Um milhão de toneladas de resíduos são queimados ao ano

Por Marise Jalowitzki
09.setembro.2011
 http://ning.it/pAXAOo

Sexta-feira à noite, um de meus netos se aproximou deste texto, quando o estava finalizando e perguntou:

- Clínquer? O que é Clínquer? Mas eu quero que tu explique, vó, porque eu não quero ler agora!

Expliquei:
- Clínquer é a base do cimento, originalmente uma mistura de calcário e argila, que é queimado até virar um pó fino. Só que, enquanto vão fazendo, também vão misturando um monte de resíduos tóxicos, muitos deles perigosos, de petróleo, de siderúrgicas, das fábricas de carros que o pessoal simplesmente põe em um caminhão e manda para uma fábrica de cimento para queimar. Aí, depois, vira tudo cimento "composto".
- Pô, então, tipo, vai tudo pro ar?
- Pois é, e o pessoal que mora no interior do interior, achando que está respirando um ar mais limpo que o da cidade!
- Bah, quem sabe disso? Eu não sabia!

São essas declarações que me tonificam e fazem continuar.

Volto a dizer: não sou contrária ao progresso. Eu também usufruo do conforto que a vida atual proporciona. O que é preciso é incentivar os cuidados, ampliar a precaução, implementar mais esforços e providências para que sejam minimizados os efeitos poluidores. E, mais que antes, a população afetada saiba os riscos que corre. E não apenas sofrer os efeitos danosos.
Isso é direito assegurado por lei, pela Constituição. Temos de viver, efetivamente, a era do conhecimento, a era da efetividade e da solidariedade. Isso é sustentabilidade.

Clínquer - gases tóxicos são ejetados à atmosfera sem que a população tenha conhecimento dos reais riscos a que está sujeita. Os resíduos destinados aos fornos de clínquer são materiais gerados em indústrias metalúrgicas, químicas, petroquímicas, mecânicas, automobilísticas, agroflorestal e minerações instaladas em diversas localidades do País. Cimento no Brasil e no Mundo.



O que é Clínquer - Trecho transcrito:

"Clínquer é um produto intermediário, de cor cinza, granular e sinterizado, que constitui a base do cimento.

Após resfriado, o clínquer é moído finamente e durante a moagem é feita adição de gesso – sulfato de cálcio hidratado –, em quantidades suficientes para resultar em uma concentração de 2% a 3% de sulfato no cimento, necessária para ajustar o tempo de pega do produto.

Outras adições, tais como escória de alto forno, pozolanas e cinzas são realizadas de modo a se obter o cimento composto.

Quais são as origens dos resíduos

O espectro de resíduos destinados aos fornos de clínquer abrange materiais gerados em indústrias metalúrgicas, químicas, petroquímicas, mecânicas, automobilísticas, agroflorestal e minerações instaladas em diversas localidades do País. 


São centenas de tipos diferentes de resíduos industriais, que somam cerca de um milhão de toneladas destinadas à co-incineração – cerca de um milhão de toneladas geradas anualmente, das quais cerca de 330 mil toneladas, correspondentes ao passivo declarado acumulado nas áreas industriais –, a maioria classificados como resíduos perigosos (NBR 10004), com poder calorífico variando entre 11.700 kJ/kg e 50.100 kJ/kg (2800 kcal/kg a 12.000 kcal/kg). 


Verifica-se assim que, apesar da grande variedade de resíduos processados, os resíduos são originados, predominantemente, de um número restrito de empreendimentos de grande porte ligados à produção e refino de petróleo, à indústria química, ao setor automobilístico e ao setor metal mecânico: refinarias de petróleo, distribuidoras de combustíveis derivados de petróleo, indústrias de materiais plásticos e borrachas, montadoras e indústrias de autopeças, siderúrgicas, fábricas de alumínio, fundições, indústria de rerrefino de óleos lubrificantes, retíficas.

A maioria dos resíduos estão, de alguma forma, vinculados à cadeia de produção de petróleo e uso de derivados petrolíferos (Santi, 2003)."



Leia mais:

Indústria do Cimento - Fornos de 
cimento usam resíduos perigosos


Indústria do Cimento - Fornos de cimento usam resíduos perigosos como substituto de energia - Coprocessamento


30.setembro.2011
LINK: 
http://ning.it/pmn8rx





As análises foram realizadas no laboratório
 de referência da OMS na Alemanha

Leite humano e a queima de resíduos perigosos em fornos de cimento - CETESB
26.setembro.2011
LINK: http://ning.it/oFmZYh




 
LEIA MAIS, NESTE BLOG, EM:http://ning.it/q4ESTJ
Legislações específicas e Convenções Internacionais - Cimento e Petróleo - Desmatamento e Sustentabilidade - Resíduos Tóxicos e Legislação

Cimento e Petróleo - Desmatamento e Sustentabilidade - Resíduos Tóxicos e Legislação




Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil








6 comentários:

  1. viajou. clinquer de verdade é derivado de argila e calcario

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    1. Muito obrigada pela explicação, "Anônimo"! Só que não estou comentando sobre o "clinquer de verdade" e, sim, aquele que já é "aditivado", segundo informações, recebe toda uma gama de resíduos, o que torna o cimento (incluindo tijolos)um produto tóxico. Contribui sempre que quiser, preferencialmente se identificando. Abs

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  2. Isto também é lei mundial e geralmente vem sendo descumprido.
    http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/05/industria-do-cimento-clinquer-belo.html

    Tem mais:

    “RESÍDUOS SÃO TRANSPORTADOS, NA MAIORIA, SEM IDENTIFICAÇÃO: PLACAS DE RISCO E NÚMERO DA ONU


    Os resíduos são transportados em caminhões tipo carga seca, caminhões caçamba ou caminhões tanque; a granel, ou embalados em big-bags ou tambores metálicos de 200 litros, de acordo com o estado físico do material e, em geral, não estão devidamente identificados com placas de risco e número da ONU, procedimento obrigatório para o transporte de produtos e resíduos perigosos.

    POPULAÇÃO EXPOSTA À POLUIÇÃO

    A população que vive nas áreas vizinhas às unidades industriais e também aquelas que estão assentadas mais longe, na direção dos ventos, estão expostas ao impacto dos diversos compostos químicos poluentes gerados nas fábricas e, consequentemente, sujeitas aos riscos de adoecimento.

    Os poluentes emitidos pela chaminé das plantas de clínquer formam uma pluma, cuja dispersão na atmosfera depende das condições meteorológicas – velocidade e direção do vento, precipitação e inversão térmica –, das características do poluente e da fonte emissora – velocidade, temperatura e vazão dos gases, altura da chaminé. É durante este processo, que caracteriza a poluição do ar, que substâncias químicas, gases e material particulado em suspensão (que inclui metais pesados e seus sais) poderão ser inalados ou entrar em contato com os olhos ou a pele das pessoas, causando danos à sua saúde.

    Os impactos negativos são potencializados pelo efeito da sinergia que pode ocorrer entre as diversas substâncias presentes no ambiente”
    http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/05/industria-do-cimento-clinquer-belo.html

    Fontes pesquisadas para compor a série sobre a indústria cimenteira:
    http://www.abcp.org.br/conteudo/basico-sobre-cimento/tipos/a-versatilidade-do-cimento-brasileiro
    http://www.construacerto.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9&Itemid=54
    http://www.wbcsdcement.org/pdf/Formacao_e_Emissao_de_POPs_pela_Industria_de_Cimento.pdf
    http://cimento.org/index.php?option=com_content&view=article&id=22&Itemid=29
    http://www.sat.ufba.br/site/db/dissertacoes/1272010185144.pdf - UFBA - Bahia - PETROBRAS- RLAM e Cimenteira em Sergipe
    http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/itambe-apresenta-curiosidades-do-concreto-no-51%C2%BA-congresso-brasileiro-do-concreto-realizado-em-outubro-de-2009-na-cidade-de-curitiba/
    http://www.petroleoalagoas.com.br/detalhes_empresa.php?id=121
    http://www.fem.unicamp.br/~seva/anppas04_SantiSeva_cimento_RMBH.pdf - Cases de Belo Horizonte
    http://repositorio.bce.unb.br/handle/10482/1878?mode=full&submit_simple=Mostrar+item+em+formato+completo
    http://www.uff.br/engevista/1_10Engevista4.pdf
    http://www.brasilminingsite.com.br/includes/modulos/mdl_headline/exibir_headline.php?id=1811
    http://suasnoticias.com.br/materia.asp?idmt=10137&idnot=20

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  3. A série inclui cenários de Belo Horizonte, Brasília, Sergipe, Bahia e o material inclui, além das dissertações de mestrado, teses e apresentações em Congressos.

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  4. Sinceramente não entendi qdo diz "Pois é, e o pessoal que mora no interior do interior, achando que está respirando um ar mais limpo que o da cidade" , afinal o ato de queimar esse monte de entulho, derivado de petroleo e tal é uma forma de mandar esse lixo que ia pra aterro, direto po forno e queima-lo, desaparecendo de vez este lixo

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    1. Grata pelo comentário, Coração Selvagem. Ocorre que quando se queima o lixo tóxico, ele "desaparece" do "monte que se vê" mas não desaparece "no ar". Ele se incorpora ao ar, com micro partículas invisíveis a olho nu e empesta tudo! isso é o pior! O metano liberado diretamente da queima é cancerígeno! Fora todos os demais químicos, muitos deles duram milênios pra se decompor! E, o pior: as partículas que inalamos (chamados de MP - material particulado) se agregam nos cantinhos das artérias (no interior delas) e de lá NÃO SAEM MAIS!!! Não são expulsas, não se diluem. E, sempre que vem uma nova ingestão tóxica (inspiração, já que ocorre pelas vias aéreas - mas pode vir pela água, também) as novas partículas vão se acumulando junto às anteriores, formando micro placas que podem evoluir para câncer direto, além dos terríveis problemas neurológicos (alguns médicos fazem de conta que "é comum" hoje, ter câncer e demências - NUNCA VAI SER COMUM OU NORMAL!!!) Abs

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