sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Indústria do Cimento - Fornos de cimento usam resíduos perigosos como substituto de energia - Coprocessamento




Indústria do Cimento - Fornos de cimento usam resíduos perigosos


 
Indústria do Cimento - Fornos de cimento usam resíduos perigosos como substituto de energia - Coprocessamento



Por Marise Jalowitzki
30.setembro.2011
http://ning.it/pmn8rx


Os fornos de clínquer parecem ser a grande boca do inferno, onde tudo o que é venenoso, perigoso e pestilento, é queimado. Claro que deve haver um lugar assim, para onde são levados todos os resíduos que ameaçam a vida, só que isso é fato pouco ou quase nada comentado.

Há, também, outros depósitos de lixo tóxico, ainda mais perigosos. Os resíduos nucleares. Os resíduos oriundos da energia nuclear é que, até o momento, ainda permanecem em seu estado aquoso. Frágil e temerário resguardo, pois quando da ocorência de uma intempérie catastrófica, tudo vai para os ares, água e solo, assim como aconteceu já dezenas de vezes, sendo os piores acidentes da História o de Chernobyl, na Ucrânia (1986) e o de Fukushima, no Japão (março.2011).

Em condições "normais", os técnicos mantém os resíduos sob controle. Entretanto, os depósitos vão se enchendo. O que fazer, daí? Criar outros e outros? Até quando? O que estamos deixando para as gerações futuras? Uma de nossas usinas em Angra dos Reis (RJ) já está com seu reservatório significativamente repleto. Para onde serão enviados os resíduos? Alguns países constróem os seus "sarcófagos" - o da Ucrânia rompeu-se alguns anos após ter sido construído e continua a liberar sua carga tóxica, sem que as providências devidas sejam tomadas. Debates intermináveis. A Suécia oferece ao mundo o seu grande "porão-subterrâneo", seu "lixão-radioativo no fundo do mar.

Todos os demais resíduos perigosos, originados por pesticidas, pelo petróleo, pelas siderúrgicas (aço, ferro, etc.), solos excessivamente contaminados, tudo vai para queima nos fornos das cimenteiras.

A indústria do cimento é a indústria que mais cresce no mundo. Não podemos mais ficar à margem desse universo, como se cimento fora coisa apenas concernente à construção civil. Não. Cimento diz respeito à nossa vida diária, está em nosso cotidiano e precisamos conhecer mais.

Quando, em algumas noites, mal consigo respirar de tanto cheiro químico, sem saber de onde provem, pergunto:
- Será da Refinaria da Petrobras, logo aqui em Canoas, quando a torre "se incendeia"?
- Será da Aços Gerdau, de Sapucaia do Sul?
- Ou será de Charqueadas, com sua fábrica de cimento, utilizando resíduos resultantes da oxidação do aço em seu processo de produção?
- Ou será de Candiota, com suas usinas de carvão?

Os ventos podem levar a poluição do material particulado por centenas e centenas de quilômetros. Talvez nunca saiba. Talvez outros cidadãos, assim prejudicados e curiosos, também queiram saber. Dia há de vir em que as indústrias terão como práxis divulgar como funcionam seus processos, expandir conhecimentos de produção para todos: cidadãos leigos, trabalhadores - desde os mais humildes aos mais altos postos -, população do entorno (carente ou não), estudantes que, desde cedo, tomarão consciência de onde é preciso aprimorar práticas. Todos devem saber como são produzidos os bens e produtos que consumimos.

O que hoje é visto como bisbilhotice ou intromissão por alguns, no futuro terá de ser regra geral, simples. Irá influenciar nas moradias, na valorização dos terrenos à venda, na instalação do comércio, na instalação dos centros educacionais. Claro que estes mesmos fatores (de direito do cidadão) são os que hoje fazem arrastar o silêncio, encobrindo verdades, alienando pessoas e adoecendo comunidades. O silêncio acoberta, também, assim, a urgência na adoção de melhores tecnologias por parte das fábricas e seus empresários (e, portanto, mais investimentos - para a maioria deles, vistos como gastos, despesas) .

Este blog, grãozinho de areia, intenta jogar uma pequena fagulha de mais conhecimento, propiciando minimamente momentos de reflexão, para acelerar a chegada do tempo em que conheceremos mais das verdades do mundo que nos rodeia.

Diz o adágio crístico: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!"

Já acontecem encontros, fóruns, conferências; já se promulgam leis e há uma preocupação irreversível para minimizar efeitos nocivos pelo nosso modus vivendi denominado progresso. Muito ainda há por ser feito para o bem estar geral. Louvo os que se decidem fazê-lo.


Fornos de clínquer - A regra exige que instalações novas e já existentes demonstrem 99,99% de ERD - Eficiência de Remoção e Destruição

Clínquer = queima de calcáreo e argila, em altas temperaturas, formando a base para o fabrico do cimento. Hoje, utilizam-se também vários outros resíduos e escórias, incluindo material perigoso.


Desde os anos 70 os fornos de cimento utilizam resíduos perigosos como substituto de energia

COPROCESSAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Algumas siglas:
PCOP - Principais Constituintes Orgânicos Perigosos
ERD - Eficiência de Remoção e Destruição
PCB - Bifenilas policloradas

"Instalações industriais e fornos de cimento nos EUA que queimam resíduos perigosos devem obedecer a valores de limite de emissões definidos nos Padrões de Emissão Nacionais para Poluentes Atmosféricos Perigosos (Federal Register, 1999).

Além disto, devem executar um Teste de Queima para demonstrar o desempenho do incinerador para alguns dos PCOP - Principais Constituintes Orgânicos Perigosos - selecionados.

A regra exige que instalações novas e já existentes demonstrem 99,99% de ERD - Eficiência de Remoção e Destruição - para os PCOPs no fluxo de resíduo. Alcançando esse nível de ERD, considera-se que não há risco significativo.

Por outro lado, eficiência de destruição e remoção de 100% nunca será possível de estabelecer ou demonstrar em virtude dos limites de detecção nos instrumentos de análise. Isto significa que uma ERD demonstrada de 99,99% pode, na realidade, ser ainda mais alta.


RESULTADOS DE TESTES DE QUEIMA DE PCBS

Os resultados dos testes de queima envolvendo PCBs forneceram sustentação adicional para a capacidade dos fornos de cimento em destruir componentes orgânicos de resíduos perigosos utilizados como combustíveis.

Por causa de suas características úteis, como estabilidade térmica, excepcionais propriedades dielétricas e não-inflamabilidade, os PCBs foram em certa época amplamente utilizados, mas foram proibidos pelo Congresso dos EUA em 1976.

Ao mesmo tempo, a Lei de Controle de Substâncias Tóxicas (TSCA), que regulamentava a eliminação dos PCBs, foi aprovada. A incineração foi reconhecida como o único método aceitável para a eliminação de PCBs com concentrações consideradas significativas (i.e.,superior a 500 ppm). Uma EDR de 99,9999% é exigida pelo TSCA para a incineração desses compostos.
(...)

RESULTADOS DE TESTES DE QUEIMA MAIS RECENTES
Em 1999, um teste de queima com solo contaminado por pesticidas alimentado à entrada do forno foi realizado num forno via seca, na Colômbia.

O resultado do teste de queima mostrou uma EDR de 99,9999% para todos os pesticidas introduzidos.Um teste de queima com dois inseticidas clorados vencidos introduzidos a uma taxa de 2 toneladas por hora através do queimador principal foi realizado em 2003 no Vietnã. A EDR para os inseticidas introduzidos foi  99,99999%.

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Levantamento envolveu os principais fabricantes de cimento no Brasil e pesquisou 20 diferentes fornos de clínquer

 



Levantamento no Brasil pesquisou 20 diferentes fornos de clínquer

"Um levantamento realizado com os principais fabricantes de cimento no Brasil gerou um banco de dados com 60 resultados de medições de PCDD/Fs, oriundos de 20 diferentes fornos de clínquer do país.

Para esse levantamento foi elaborado um questionário com um pedido de informações sobre as medições de emissões de PCDD/Fs e também sobre características do forno de clínquer onde foi feita a medição e sobre as condições operacionais do forno.

De maneira geral, as principais informações da tecnologia do forno, do equipamento de controle da poluição do ar (tipo de filtro) e da metodologia de coleta e análise de PCDD/Fs e nome dos laboratórios que efetuaram as mesmas, foram fornecidas para quase todos os 60 dados enviados.

Já com relação ao detalhamento da análise (valor do “branco” de PCDD/Fs, concentração dos
isômeros, etc.) e ao teor de carbono orgânico nas matérias-primas, o percentual de informações disponíveis foi bem inferior.

Foi solicitado o envio somente de amostras que correspondessem àquelas feitas de acordo com as metodologias aprovadas pelas autoridades ambientais (no caso, predominantemente o método EPA 23), e a maioria dos dados faz parte do programa de monitoramento das fábricas para avaliação da conformidade legal (atendimento aos padrões ambientais), o que aumenta o rigor empregado na realização das amostragens.

(...)

O perfil da indústria de cimento no Brasil: fornos com sistemas de pré-aquecedores (torre de
ciclones), em geral também equipados com pré-calcinadores. No conjunto de dados levantado também predomina o uso de filtros eletrostáticos como equipamento de controle da poluição (ECPs) dos fornos de clínquer, enquanto os filtros de manga ou híbridos ainda são minoria.

A maioria das medições de emissões de PCDD/Fs é feita com o moinho de cru (por onde passa parte dos gases do forno) em operação e com o forno realizando coprocessamento.

Nessa atividade predomina o uso de combustíveis alternativos em relação ao uso de matérias-primas alternativas, muito embora estas também sejam utilizadas com frequência. A temperatura nos ECPs é em geral inferior a 200ºC, o que é considerado um fator muito relevante para a minimização das emissões de PCDD/Fs.

http://www.wbcsdcement.org/pdf/Formacao_e_Emissao_de_POPs_pela_Industria_de_Cimento.pdf

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