Por Marise Jalowitzki
19.julho.2011
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"- Mais uma parada Gay?" - pergunta a transeunte à amiga. "Agora é todo dia isso! Vamos virar um país homosexual!"
"- É, mesmo!"
O assunto parece terminar ali. Não sei se por temer serem ouvidas, não sei se por esgotado o tema.
Por vezes, parece, realmente, que os manifestantes "estão apelando". Que tanto se mostrar, dançar, invadir as ruas, se pintar, escancarar? Bolsonaro criticava, um montão de gente ía se beijar na praça, no meio da rua. Tudo tão escandaloso!...
Pois é! Agora, como fazer para quebrar um preconceito? Como fazer para assegurar o direito a viver com liberdade? em plena democracia? não se prega que existe a livre manifestação?
O que você faria ao se deparar com dois homens de mãos dadas? Atualmente, até mesmo as meninas estão sendo alvo. Antigamente era "permitido" que as adolescentes andassem enlaçadas, agora já recebem pejoras.
Isso é evolução? Só do preconceito!
É hora de questionar qual a liberdade da manifestação afetiva em nossa sociedade |
Mãe, eu sou gay?
Um menino vizinho, de oito anos, chegou em casa e perguntou à mãe:
"- Mãe, eu sou gay?"
A mãe, surpresa, perguntou:
"- Por que essa pergunta, filho?"
"- Porque lá no colégio dois caras disseram que eu sou gay. Como é ser gay?"
Saia justa, a mãe responde:
"- Filho, gay é uma opção sexual. É uma decisão que uma pessoa toma quando quer transar. Homem ou mulher. Uma coisa prá ti te preocupar mais tarde. Agora, tu és meu filho, um menino, estudante. Agora, é se preocupar em fazer os temas. Mais tarde, quando fores maior, vai ser hora de pensar nisso. Nenhum menino ou menina de oito anos tem cabeça formada para esse assunto! Tu és meu filho e um bom filho, entendeu? Eu te amo!"
A conversa aconteceu em clima ameno. Abraçados, o menino pareceu aliviado e satisfeito com a resposta.
A amiga veio me contar mais tarde, parecendo querer a minha opinião.
Dei-lhe os parabéns. Na minha visão de mundo, teria feito igual.
Tudo a seu tempo.
"Há um tempo debaixo dos céus para todas as coisas."
Antecipar, na maioria das vezes, cria entendimentos artificiais.
Deixai as crianças ser crianças! |
O "Kit-Gay"
Eu também não fui a favor do chamado "kit-gay", por achar, assim como a presidência da República, muito apelativo, forte, chocante, profundo, etc. para o público alvo do projeto: as crianças das séries iniciais.
Alguns tentaram declarar, depois, que era endereçado aos pais e não às crianças.
De qualquer maneira, foi uma tentativa. Serviu para chamar a atenção da sociedade como um todo para o tema.
Mas, infelizmente, proibição por proibição, ficou por isso. Até onde sei, nenhum novo projeto está sendo discutido, nem novas ações EDUCACIONAIS - e não meramente revanchistas -, estão sendo objetivadas pelos legisladores.
Parada Gay em Betim, mais um movimento pacífico |
Assim, o que faz a população? Continua se manifestando do jeito que sabe e pode. Os que estão "a favor", em paradas, passeatas, usam faixas, cartazes, são pacíficos. São exagerados, algumas vezes. Mas pacíficos. Os que são "contra", agridem, batem, perseguem, ferem, matam.Alguma diferença entre os dois grupos???? Toda a diferença! Enquanto o primeiro tenta demarcar território pela pacífica presença, o segundo continua manifestando sua opinião pela imposição e pelo medo.
Eu não sou nem "a favor", nem "contra"
Não faço apologias. Como ser "a favor" ou "contra" em relação a algo que sempre existiu? e que é uma opção que diz respeito só a um indivíduo? Optar com quem quer ter um relacionamento mais estreito, com quem quer ter relações sexuais, diz respeito unicamente às duas partes envolvidas.
Acontecimentos ligados a relacionamentos que realmente me ferem, e para as quais efetivamente me mobilizo, são:
- Sexo por coerção (forçado), seja dentro ou fora do casamento. Estupro.
- Escravidão - prender alguém, manter em cárcere privado, como há pouco tomamos conhecimento na cidade de Viamão-RS.
- Acabar com a infância, detonar com a ingênua meninice, através de atitudes pedófilas, em qualquer nível.
- Assédio sexual, em qualquer nível.
Qualquer relacionamento, para receber o nome de relacionamento, precisa ser baseado em respeito, em cumplicidade, em amizade e compartilhamento.
Relações entre mesmo sexo SEMPRE existiram, apesar da revolta de milhares, da fobia de muitos, do acobertamento de quase todos. Aconteceu e acontece em todas as instituições políticas, religiosas, filantrópicas, etc. A diferença é que isso nunca foi assumido abertamente, honestamente.
Hipocrisia, infelizmente, ainda é a base de muitas relações humanas |
Particularmente, prefiro exercitar o não-julgamento. "Não julgueis para não serdes julgados. Pois assim como julgardes ao próximo, também vos julgarão a vós!
Meu Amigo Gerente de Banco
Quando iniciei a faculdade, em meus longínquos 18 anos, tive um colega-amigo que era o então gerente do então Banco do Comércio da cidade. Ele era um homem casado, pai de três filhos, homem capaz e conceituado. Gay.
Ele chegou a declarar que gostaria, sim, de assumir sua condição homosexual, mas morria de medo e de vergonha. Por certo, perderia o emprego. Não teria coragem de enfrentar a esposa, a família dela e a dele. Sabia que perderia o amor dos filhos. Assim, entre uma angústia e outra, tivera dois "casinhos" como ele declarou, em toda a sua vida.
Traição hetero é tolerada em muitas situações |
A esposa acreditou que foram traições com outras mulheres e o casamento se manteve "intacto". Isso, sim, na minha concepção, é falsidade. É viver uma vida de engodo. Mas, também disso o mundo está cheio. Adianta ser contra ou a favor? Jura-se manter fidelidade, a legislação fala em sociedade monogâmica, praticamente ninguém cumpre, mas as leis e os costumes são preservados, contanto que as contravenções não venham à tona.Minha Experiência Pessoal
Sou hetero e, de meu primeiro casamento, tive uma filha, também hetero. Ela tinha APENAS ONZE ANOS quando, após a escola, passava em meu trabalho e voltávamos juntas para casa. De mãos dadas. Ou abraçadas. Não sei dizer quantas vezes ouvimos piadas, agressões, ofensas, palavrões. Homens dentro de seus carros, passavam e gritavam:
"- Querem um macho aí, no meio das duas?" e coisas piores.
Para não expor mais uma pequena alminha, em pleno crescimento, iniciando a vida, dando seus primeiros passos como menina-moça, optamos por não andar mais pelas calçadas de mãos dadas, nem abraçadas.
Fraqueza? Talvez. Faria novamente igual? Talvez. Movimentos individuais, isolados, muito dificilmente geram resultados válidos.
Por isso, quando assisto a mais uma parada gay, mesmo achando excessivas as cores e os trejeitos de alguns, entendo que é um movimento para obter reconhecimento e aceitação. Fazer barulho para chamar a atenção faz parte das estratégias de muitos grupos e temas.
Parada gay esbanja cores e tenta chamar a atenção para a erradicação da violência - Homofobia |
Nenhuma agressão é justificável. Nenhum crime é justificável. Nenhuma perseguição é justificável.
Com muita tristeza e vergonha de ser brasileira assisto às agressões, violências e ataques a gays em nosso país. Gente! O direito de estar junto! Desculpem os que são contra, mas, quando vi aquele casal gay - dois homens - adotando 5 irmãos órfãos, me emocionei por demais!
Crianças orfãs, traficadas, violentadas, isso, sim, precisa de repúdio! |
Em um país onde TANTAS crianças, especialmente as negrinhas, especialmente as maiorzinhas, são condenadas a viver nas ruas, ou em instituições públicas, amargando a solidão afetiva, sem nunca ter conhecido o que é o calor de um lar, o aconchego de uma família.
O desdém, o descaso, o desprezo, o abandono, isso, sim, são coisas trágicas com as quais temos de nos preocupar. Aqui, sim, temos de nos posicionar. São coisas contra as quais temos de agir. Efetivamente.
Agora, um pai perder uma orelha por estar com seu filho e ser confundido com gays?
Repúdio total! Ato de barbárie!
O tema precisa ser debatido mais abertamente.
Leia mais em:
Manifestações em parada gay visam reconhecimento e aceitação - Pai perde orelha ao ser confundido como gay |
Pai perde orelha ao ser confundido como gay
LINK: http://t.co/wInKoIx
A sociedade humana precisa aprender a conviver respeitosamente com a diversidade |
PRECISAMOS ACABAR COM AS AGRESSÕES!
Marise Jalowitzki Compromisso Consciente |
compromissoconsciente@gmail.com
Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
Eu aloar Alexandra(e)sou transexual, antes de me transfomar em o que sou ,já fui muito pesiguida nas ruas , até mesmo dentro da minha própria casa pelos meus irmãos, que um que esta com 23 anos hoje já tentou me matar a pauladas, nesse dia ele estava sobre efeito de drogas que ele mexe com maconha,ele sempre me ovendia me chamando de veadinho, eu chamava ele de maconheiro , virava uma guerra dentro de casa , minha mãe gritando parem com isso vcs vão se matar sangue de Jesus tem poder , ele em cima de mim tentando me enforcar.
ResponderExcluirRealmente, nada pior do que o preconceito. Ainda temos muito a andar até sermos uma espécie "civilizada".Falta tolerância, falta Amor! Desejo muita Saúde e Paz!Abs
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