terça-feira, 29 de março de 2011

PAC - Mortes em obras do PAC são mais que o dobro dos índices


PAC tem "mortes invisíveis" que não entram nos bancos de dados


Mortes comprovadas nas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio e no PAC em todo o Brasil




Por Marise Jalowitzki
29.março.2011
http://t.co/dclpjUr




Bem, pelo menos o Jornal O Globo não está dormindo.


Quando vieram os relatos dos trabalhadores de Jirau, afirmando que havia mortes em muitos acidentes de trabalho, mortes que estavam sendo ocultadas pela Odebrecht (Hidrelétrica de Santo Antonio) e pela Camargo Corrêa (Hidrelétrica de Jirau), pensei que ía ficar por isso mesmo.

Há um video, inclusive, no youtube, filmagem de celular, onde um colega grava o momento em que os técnicos descem até o "buraco" para pegar dois corpos estendidos no chão.
Uma voz fala:
"Apaga isso!" e outra voz responde:
"Deixa, é bom prá eles ver!"
 

Espero que o Jornal O Globo divulgue mais de uma vez, para que o MPF - Ministério Público Federal averigue e faça esse Consórcio Energia "Sustentável" do Brasil pagar indenizações às famílias das vítimas, pois é o mínimo que podem fazer!


As razões alegadas pelos trabalhadores, por ocasião dos conflitos em Jirau, mencionavam:

- a falta de treinamento dos trabalhadores que, sem experiência neste tipo de trabalho, são contratados e vão direto para o labor do dia a dia, e

- a pressa do governo, que, impaciente, cobra dos empreiteiros, que, por sua vez, cobram dos trabalhadores, humilhando-os. Há muitas expressões tipo "Jirau, o pesadelo".


As razões a que O Globo chegou, foram as mesmas.




MORTES NO PAC

A falta de treinamento e a pressa em concluir as obras são as principais causas de morte dos contratados. Trabalhadores estão morrendo nos canteiros de obras do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, o xodó do governo federal.

Em levantamento inédito, cujo resultado foi divulgado em 26.março.2011, o jornal O Globo apresentou os números de mortes apurados em 21 empreendimentos de grande porte, que totalizam R$ 105,6 bilhões de investimentos.

De 2008 para cá, foram 40 mortes de operários em acidentes.

Só nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, houve seis mortes.

(Nesta contabilidade não entrou a morte do trabalhador que foi agredido a pauladas pelo motorista contratado, segundo relatos dos colegas, e que resultou no quebra-quebra de 15 de março.2011)


PAC precisa aumentar a fiscalização das condições de trabalho
Cadê as "riquezas""? Boas condições de trabalho são a base de qualquer empreendimento.


ONDE OCORREM AS MORTES

Em todas as obras do PAC, seja nas complexas obras de infraestrutura, como é o caso das hidrelétricas; seja nas mais simples, incluindo as do programa Minha Casa, Minha Vida.

Em todas as situações, a morte está presente. Os acidentes fatais são causados principalmente por choques, soterramento e quedas.

A "Mãe do PAC", como Lula fez questão de apresentar Dilma, à época, era ministra da Casa Civil e coordenadora do Programa. Nem mesmo agora há um banco de dados que registre tais ocorrências. Os controles governamentais não previram tal cláusula. São mortes que não aparecem!


ÍNDICES ESTATÍSTICOS

Somente em 2010, a taxa de mortalidade foi de 19,79 para cada cem mil empregados. "Trata-se de um índice considerado altíssimo!" diz o médico Zuher Handar, consultor para Segurança e Saúde da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.

"A taxa é mais do que o dobro da registrada para o conjunto dos empregados do setor formal da economia - 9,49 por cem mil."




Jirau - Trabalhadores ficaram dois dias em Porto Velho, acomodando-se como puderam, antes de serem devolvidos às suas cidades de origem




GOVERNO PRECISA ESTAR MAIS ATENTO, DIZ O ESPECIALISTA ZUHER HANDAR


"Nessas grandes obras de infraestrutura, independentemente de serem do PAC ou não, o governo precisa estar mais atento, não contratando empresas que deixem de ter mecanismos de prevenção" enfatiza Handar.


Pergunta:
DESDE QUANDO ISTO ESTÁ ACONTECENDO, SEM QUE NUNCA TENHA HAVIDO UM LEVANTAMENTO ACURADO? Sim, pois se Handar declara que o governo precisa contratar empresas que tenham mecanismos de prevenção, Odebrecht e Camargo Corrêa estão há décadas vencendo todas as licitações!


EMPREGADOS PRECISAM RECEBER TREINAMENTO, DIZ O PRESIDENTE DA CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Paulo Safady Simão, presidente da CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção declara que "o ideal é que os trabalhadores tenham de 80 a cem horas de aulas teóricas. Depois, entre cem e 120 horas práticas, nos canteiros. Só após essas duas fases é que se deve entrar na obra." - e continua - "Sem isso, cometem-se erros. O problema é generalizado. Há uma carência para todos os níveis de obras, e em todos os lugares do Brasil."

Que se comece, então!

Os investidores estrangeiros, principalmente os da extração petrolífera, queixam-se da falta de qualificação do trabalhador brasileiro. Só que, como é cláusula contratual o percentual de brasileiros a serem contratados, eles se obrigam a ministrar os cursos de qualificação. Porque empresas já há tanto instaladas aqui, não praticam o mesmo?

Dinheiro para treinamento e qualificação, há!
Além dos investimentos já destinados, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que, apesar das paralisações havidas em Jirau, não suspendeu o financiamento aprovado de R$ 6,1 bilhões. Por lei, o banco não pode fornecer dados sobre o andamento dos desembolsos de financiamentos aprovados.



NÃO HÁ TEMPO PARA ISSO!

Para Paulo Safady Simão, as causas para as mortes estão no fato de que "as obras estão em um ritmo muito acelerado e as companhias não vêm treinando porque não há tempo para isso. Com a carência de mão de obra, as empresas têm buscado pessoas sem qualificação para trabalhar nos canteiros."

E conclui: "O alto número de mortes é verdadeiro. Estamos intensificando os trabalhos e a atenção. Isso nos preocupa."

Que se concretizem os treinamentos qualificatórios e se humanize a forma de tratar o empregado!

Mais fiscalização, controle, cobrança e multas.
Se é que há a preocupação com a vida dos trabalhadores.


QUAL A CATEGORIA PROFISSIONAL QUE MAIS MORRE NO BRASIL

Os empregados da construção civil brasileira são os que mais morrem. A taxa de mortalidade está em 23,8 por cem mil trabalhadores, um pouco acima da encontrada em obras do PAC. 


PAC - Segundo os especialistas, porém, a gravidade extrema da situação, em se tratando do PAC, é que nas obras financiadas pelo governo, quem toca o andamento do trabalho são grandes construtoras, com larga experiência no setor; com alta tecnologia, tecnologia suficiente para que possam proteger os operários.

No Canadá, a taxa de mortalidade na construção civil é de 8,7 para cada 100 mil empregados.
Nos EUA, a taxa de mortalidade na construção civil é de 10 por cem mil.
Na Espanha, de 10,6 para cada 100 mil operários.
Em Portugal, de 18 mortes para cada cem mil empregados.
No Brasil, 23,8.

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Jornal Rondonia Agora traz a menção "Triste Rotina" ao divulgar mais um acidente com morte em Jirau, em 2010



Sexta-feira, 23 de julho de 2010 - 10:33


http://www.rondoniagora.com/noticias/mpt-investiga-acidente-com-morte-no-canteiro-de-obras-da-usina-de-jirau-2010-07-23.htm

Triste rotina

MPT investiga acidente com morte no canteiro de obras da Usina de Jirau

Mais um acidente com morte acontece nos canteiros de obras das usinas hidroelétricas em construção no rio Madeira, em Porto Velho. Desta vez foi na Usina de Jirau, de responsabilidade da Construtora Camargo Correia, onde o ajudante de serviços diversos Francisco da Silva Melo teve parte do corpo preso às engrenagens da máquina alimentadora da correia de uma britadeira terciária. O acidente ocorreu às 15 horas da última quarta-feira (21), mas a informação somente chegou ao conhecimento do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Rondônia ontem (22/07).



O procurador-chefe da Procuradoria Regional do MPT-RO, Francisco José Pinheiro Cruz, acompanhado de auditores fiscais da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE)e de um analista pericial em segurança do trabalho da Procuradoria foi ao canteiro de obras, mas encontrou o local do acidente isolado e a máquina que tragou o operário e outras iguais paralisadas “para serem inspecionadas”, de acordo com dirigentes da construtora responsável pela obras da usina.



Francisco Cruz e os demais integrantes da equipe do MPT-RO e da SRTE obtiveram informações de que a Polícia foi acionada, periciando o local e o corpo do trabalhador removido para ser velado e sepultado. O Ministério Público do Trabalho em Rondônia vai investigar as condições em que o trabalhador foi vitimado fatalmente, em vista de que, para retirar o corpo do operário junto às engrenagens foi preciso desmontar parte do equipamento.



Além do procurador do Trabalho Francisco Cruz, chefe da Procuradoria Regional do MPT-RO, participaram das diligências no canteiro de obras da Usina de Jirau os auditores fiscais do Trabalho Juscelino Durgo dos Santos, Evandro Mesquita e o analista pericial em segurança do Trabalho da Procuradoria Regional do Trabalho na 14ª Região, Antenor de Oliveira.

Fonte: MPT-RO
Autor: MPT-RO

MPT - está tudo documentado - Video com o acidente de morte em meio à ferragem: http://www.youtube.com/watch?v=wT-HNjdcoiw&feature=related


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O video a seguir registra o marco inicial de concretagem em Santo Antonio.

Nele, há idéias divergentes entre as declarações do prefeito de Porto Velho e o Governador de Rondonia. Enquanto o governador se preocupa com os 100 mil trabalhadores que ficarão desempregados após o término da obra (note fisionomia de desagrado de quem está atrás dele), o prefeito festeja as 10mil moradias que serão construídas..

Dá para dar uma idéia da área que foi desmatada!
Eu coloco flores no túmulo da imensa área devastada de uma floresta lindíssima que agora é chão puro e logo será inundado pelo desvio do curso das águas do rio Madeira. E em memória aos jovens trabalhadores que perderam suas vidas em meio à esperança de melhoria de vida.









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