quarta-feira, 30 de março de 2011

José Alencar tentou

José Alencar - Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho!

José Alencar tentou

Por Marise Jalowitzki
30.março.2011
http://t.co/bQR0ZHy


"Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é pior ou melhor. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho.
Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele."

Alencar parte como exemplo de tenacidade. De perseverança. De aceitação.

Hoje em dia chama-se a todo instante alguém de guerreiro. Até os BBB são "guerreiros"...

Guerreiro é quem enfrenta, com aguerrida vontade, os desafios e os embates.
Quando é possível confrontar, confronta. Quando só é possível submeter-se às circunstâncias, submete-se.

José Alencar foi um guerreiro de verdade.
Foi assim com a doença que o acompanhou por mais de uma década. Enfrentou, submeteu-se sempre a tratamentos, incluindo novos testes, saía sorrindo e dizia: "Saio dessa melhor do que antes!"

Foi assim com a doença.
Foi assim na vida profissional.
Foi assim nos cargos políticos que ocupou. O último, como vice-presidente do Brasil, por duas gestões.

Foi assim também em 2003, quando o vice-presidente José Alencar, presidente em exercício, declarou para o Jornal do Brasil:

"O Banco Central precisa estabelecer a taxa de juros, precisamos de decisões políticas, porque tecnicamente as decisões do BC têm dado errado."

"A inflação não é de demanda, é de custos."
"A politização monetária serviria para combater as ameaças de deflação, recessão e aumento do desemprego."

José Alencar - Isso dos juros bancários não é apenas um despropósito, mas um assalto!


"Isso dos juros bancários não é apenas um despropósito, mas um assalto! Nunca houve na história do Brasil maior transferência de renda do trabalho para o sistema financeiro."

Com a taxa básica de juros (Selic) em 26,5% ao ano desde fevereiro, a atividade produtiva e o consumo são prejudicados. As compras a prazo no comércio e os pedidos de empréstimos pelas empresas perdem força, reduzem o ritmo de crescimento da economia e, por consequência, inibem a criação de empregos.

Como resultado, no primeiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto encolheu 0,1% e a taxa de desemprego em São Paulo chegou a 20,6%, recorde histórico conforme o Dieese.


"Como vamos gerar emprego e acabar com o subemprego sem crescer? E como vamos crescer se a Selic é de 26,5%? Os investimentos na economia só advirão quando os juros forem compatíveis com a atividade produtiva." - atacou Alencar.

As declarações causaram polêmica tanto na equipe econômica quanto no Congresso Nacional.

"O Brasil não é um país de subconsumo; não se pode diminuir o consumo de quem não consome. Além disso, o pagamento de juros já representa o equivalente a quase um terço da carga tributária." disse Alencar.

Apesar das reiteradas críticas à condução da política econômica, José Alencar, à época, se recusou a comentar a possível decisão do BC na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Isso porque o vice-presidente disse acreditar que a manutenção dos juros em maio foi provocada por suas declarações em favor da redução.

"Dizem que as taxas de juros não baixaram porque eu falei. Então, de pirraça eles não baixaram." - afirmou.

(...)


"Isso dos juros bancários não é apenas um despropósito, mas um assalto! Nunca houve na história do Brasil maior transferência de renda do trabalho para o sistema financeiro."

Por fim, após descarregar as críticas e opiniões controversas sobre os juros e o BC, Alencar disse que suas opiniões não causam mal-estar no governo. O vice-presidente acrescentou não só que Lula está tão preocupado como qualquer integrante do governo com o crescimento do país e com a queda dos juros, mas também e mais preocupado do que todos com o desemprego.
(...)
Lula estava em Genebra e não comentou as declarações de Alencar, mas avisou:

"- Todos nós, no Brasil, entendemos que é preciso abaixar os juros, mas não se faz isso com bravata, e sim com passos bem dados, no momento certo de fazer as coisas." - afirmou. Nenhum país pode se desenvolver se as taxas de juros oferecidas pelo governo forem maiores do que o lucro para a produção.


Pois é.

José Alencar tentou.

Como homem público, permanece a lembrança de um ser humano que se posicionou frente aquilo que discordava.

Que melhor legado do que esse?

Em relação à doença, fica na lembrança como alguém que enfrentou a dor, o sofrimento e a morte com uma dignidade emocionante. 


Igreja onde José Alencar foi batizado
  Mineiro, da cidade de Muriaé, começou a sua carreira profissional como balconista. Uma trajetória que o levou a construir a maior empresa têxtil da América Latina, a Companhia de Tecidos do Norte de Minas (Coteminas).

Disputou o governo de Minas em 1994, mas ficou em terceiro lugar no pleito. Depois foi eleito senador e chegou à vice-presidência da República, por várias vezes ocupando o cargo de presidente interinamente. Alencar foi também presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e sempre se pautou pela defesa do setor produtivo.



José Alencar - Que o caminho a seguir seja de Paz!

Alencar segue dignamente.
Quando é possível confrontar, confronta. Quando só é possível submeter-se às circunstâncias, submete-se.
Lição aprendida, também por muitos brasileiros.

Que o Caminho a seguir seja de Paz! 




Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente




Escritora, pós-graduação em RH pela FGV, international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil

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