Já comeu seu plástico hoje? "Terra preta" e sacolinhas



Lixo jogado nas ruas é cena comum no dia a dia

(Foto: Mika)

Já comeu seu plástico hoje? "Terra preta" e sacolinhas

Por Marise Jalowitzki
01.junho.2011
http://t.co/AUh1Gof


Todos comemos transgênicos e agrotóxicos todos os dias e, entre os tóxicos, o plástico. Sim, isso mesmo. O plástico fragmentado participa da composição de quase tudo. Por mais que você ainda não tenha pensado sobre o assunto, essa é a realidade.


Brasil é campeão mundial em uso de agrotóxicos.
Brasil é 2º lugar em uso de transgênicos.
Do lixo que produzimos (em média 1kg por habitante/dia), nem 5% por cento é reciclado.


Em outros países também há problemas com o descarte do lixo, como o escandaloso caso de Nápoles, na Itália. Mas, a verdade é que estamos diante de um problema mundial gigantesco, que aumenta a cada dia. Estamos imersos, cada vez mais, em um mundo de resíduos não degradáveis a curto e médio prazo, e esses resíduos, in natura ou não, invadem nossas casas e participam de nossa alimentação diária.


"Terra preta"
Especialmente em áreas urbanas, ou pequenos sítios de lazer, é bastante comum a aquisição da chamada "terra preta", que vem transportada em caminhões para fertilizar solos menos nutridos. A "terra adubada" é despejada sobre o terreno que fica, assim, preparado para o plantio de hortaliças e legumes, geralmente por donos veganos.




Morro do Bumba, em Niterói, deslizamento de terra acabou com comunidade



A comunidade do Morro do Bumba não sabia que o terreno era um antigo lixão



Se você olhar bem para esta terra, verá que ela possui pequenos, minúsculos pontinhos brancos. É plástico triturado. A maioria da "terra preta" comercializada, vem de lixões, onde toda a sorte de componentes estão misturados. Ali é colhida, depois passa por triturador. Ninguém avalia a qualidade dessa terra, não há certificação nem controle. Os resíduos tóxicos, terra, pilhas, medicamentos, etc. permanecerão presentes por 100, duzentos, até mil anos.

Você sabe qual a composição da "terra preta" que você adquire como adubo?



(Foto de dezso.szilagyi, 2008/01/10 - http://www.elhetoelet.hu/)

Você planta suas hortaliças que, ao crescer, se nutrem da seiva da terra com plástico e outras cargas tóxicas.


E o que dizer dos que são carnívoros (deveríamos dizer necrófagos, pois comem carne morta - cadáveres)? Os animais que servem de alimento, cosméticos, suplementos alimentares, etc, também foram alimentados com transgênicos e tóxicos (agro ou outros) e o plástico está ali presente.




tartarugas morrem sufocadas por ingerir plástico

 Os animais aquáticos, todos, sem exceção, são um acúmulo de plástico. Todos os dias são capturados milhões de peixes contaminados e comercializados.


Todos os dias milhões de peixes, todo o tipo de crustáceos, tartarugas, etc., incluindo aves, se entopem de tampas de garrafa, fios de nylon, saquinhos que boiam.


Os pobres animais acreditam que são algas e depois, ficam sufocados e morrem. Eles se deterioram dentro das águas, que ficam contaminadas. Águas que, depois, evaporam e irrigam o solo que faz crescer as plantas...
Dos terrestres, o que mais come plástico in natura é o porco. Milhares, milhões de porcos no Brasil se alimentam de restos, de resíduos, engolem plástico, isopor e outros, pedaços inteiros, especialmente todos aqueles que se alimentam diariamente nos lixões.


Quem irá parar este círculo louco?
Brasil é um dos países mais "dependentes" das sacolinhas de plástico e do desperdício delas, também.

São cerca de 2,5 bilhões de sacolas plásticas feitas de petróleo que viajam do supermercado para as nossas casas.

Os mercadistas ainda querem economizar na aquisição, então compram sacolinhas de plástico bem fininho, o que faz com que, muitas vezes, rebentem e tem de oferecer outra para "reforçar"...


E não adianta querer "justificar" falando em reciclagem. A reciclagem é escassa; nem 1% do que é desperdiçado é reciclado; para ser reaproveitado tem de estar limpinho.

É muito mais caro reciclar que produzir sacolas novas.

“Existe una economia áspera por trás da reciclagem dos sacos plásticos. Processar e reciclar uma tonelada de sacos custa U$ 4000. A mesma quantidade de sacos é vendida no mercado de matérias-primas a U$ 32”. Jared Blumenfeld, Diretor do Departamento de Meio Ambiente em São Francisco.

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Marise Jalowitzki

Compromisso Consciente


compromissoconsciente@gmail.com

Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA

Porto Alegre - RS - Brasil