quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

COP-16 - Marasmo e indefinição - Qual exemplo?




COP-16 - Marasmo e indefinição - Qual exemplo?


Por Marise Jalowitzki
09.dezembro.2010


Está chegando ao fim, nesta 6a. feira, a COP-16, Conferência do Clima, que intentava apresentar ao mundo mudanças efetivas para conter a emissão de gases tóxicos na atmosfera, assinar estratégias reais para conter o desmatamento e assegurar uma melhoria de vida às populações desprovidas.


Mais uma reunião, mais um encontro, mais um tour. Os resultados? Bem, talvez na próxima reunião....


Nas reuniões anteriores já se falou do quanto se dispende nestas viagens, para os parcos resultados. Parcos? Talvez, nenhum. Pois, além dos gastos, há sempre os renovados acenos de novas sugestões e planejamentos. Muita conversa, nenhuma decisão. As comitivas, ah! Essas, sim, são enormes! Para Copenhague, só Mato Grosso enviou mais de 250 participantes!


Lembro da empresa a qual estive vinculada por duas décadas e de como eu era chamada de cdf por querer aproveitar todos os instantes para colher mais conhecimentos e dados, ao invés de "conhecer o lugar". Pelo que consigo saber pelos bastidores, a coisa não é nada diferente, só a representatividade é que aumenta. São pessoas que levam o emblema nacional. A responsabilidade, porém, não é proporcional.




Marina dá entrevista e pede que Brasil lidere pelo exemplo


Marina Silva pede que "o Brasil lidere pelo exemplo", em Cancún, participando de um acordo onde todas as nações assinem, comprometendo-se com ações efetivas para enfrentamento das mudanças climáticas e que todos os grandes emissores assumam metas obrigatórias de redução de gases de efeito estufa.


Discursos semelhantes já foram recitados antes. Parece voz no deserto. Parece um velho disco de vinil, rachado, que trancou no velho "toca-discos" e repete sempre a mesma frase.


Marina fala ainda em, através da [desejada] posição brasileira, criar um “constrangimento ético” dos grandes emissores de gases de efeito estufa - GEE, onde EUA, Japão, Rússia, China e Canadá aparecem como principais.


Pela primeira vez, vem-me à mente a expressão de Plinio de Arruda Sampaio, que a chamou de "Poliana". EU QUERO QUE MARINA CONTINUE PENSANDO, QUERENDO E SONHANDO O SEU SONHO, QUE TAMBÉM SÃO OS SONHOS, DESEJOS E PLANOS DE QUASE 20 MILHÕES DE BRASILEIROS, só que não dá para esperar das pessoas que aí estão, uma conscientização que elas não tem, uma visão de mundo com a qual elas não comungam! Provavelmente nem percebam.




Continuar explorando petróleo, quando o mundo todo sabe que o caminho do futuro (ainda que longo) é o da utilização de energias limpas, o Brasil com todos os seus recursos naturais, continua extraindo petróleo em escala crescente! Não combina!


O interesse que, até agora, o Brasil declarou, é sobre o compartilhamento das cotas-lucro sobre matéria prima extraída das nações [ditas] em desenvolvimento e industrializadas e comercializadas pelos países desenvolvidos. Uma divisão de patentes. De resto, nada mais ouvimos de compromisso real.


O desmatamento como um todo, diminuiu, sim (pelo menos é o que dizem as estatísticas) mas, NA AMAZÔNIA, não diminuiu nada. Aumentou.


Pedir que o Brasil, que o atual presidente, lidere pelo exemplo? O tempo do Brasil - leia-se Lula - passou nas Conferências (COPs) anteriores. A arrogância de Lula botou tudo a perder em Copenhague. Correr atrás desse prejuízo é perda de tempo. Marina, desculpe, mas, nesse momento, há que olhar as coisas de frente. VOCÊ tem uma visão diferente, clara, do que precisa ser feito. A reverência a Lula, um ícone que nem é mais respeitado, tanto pelo bloco europeu, como pelo asiático (sem falar nos EUA)gerou constrangimentos bastante fortes.

Brasil não está fazendo, como até agora não fez, nada de diferente dos outros países, a não ser blá-blá-blá, enquanto incentiva o aumento da indústria automobilística e seu comércio, além das parcerias internacionais na extração petrolífera. O que o Brasil quer falar em termos de contenção de emissão tóxica e desmatamento? Exemplo? Modelo? Desse jeito, não!

Em termos de não ao desmatamento, o que foi assinado pelo governo, é um percentual pequeno e não está atrelado ao PIB, como pretendia Marina Silva.


Para Marina continuar sendo vista como personalidade idônea que é, precisa ver (e falar) as coisas como são. Ou silenciar, se, neste momento, isto se torna mais estratégico.

Abraços!
Marise Jalowitzki
Escritora e consultora organizacional
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com/


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Links relacionados:

COP-16 - China mostra uma saída inédita para prosperidade com sustentabilidadehttp://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/11/cop-16-china-mostra-uma-saida-inedita.html


Mudanças climáticas - COP-16, AVAAZ e Wikileaks - Em 24 horas, mais de 345 mil assinaturas pedem o fim à perseguição ao Site - http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/mudancas-climaticas-cop-16-avaaz-e.html

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Link do Blog da Marina:
Marina defende que Brasil lidere pelo exemplo para quebrar marasmo da COP-16 -  http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/12/marina-defende-que-brasil-lidere-pelo-exemplo-para-quebrar-marasmo-da-cop-16/

2 comentários:

  1. É, Marise, concordo contigo sobre a política de relações internacionais brasileiras. O que move o nosso país não é o fato de sermos melhores do que outros líderes, como os EUA, por exemplo, mas a inveja de não termos o mesmo poder e a mesma influência.
    Isso se reflete nas ações com o meio ambiente também. Não há uma real preocupação em resolver o problema, mas sim em como capitalizar politicamente sobre a questão.

    Abraço

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  2. Juro que procuro ver as coisas com otimismo, mas, não é possível. A irresponsabilidade no trato com tudo o que é do povo, é incrível.

    Um grande abraço, Amigo!

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