sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Haiti - O depoimento de Ilda e a Família Albatroz


A família albatroz e sua forma de vida
 Haiti - O depoimento de Ilda e a Família Albatroz

Por Marise Jalowitzki
31.dezembro de 2010

Há tempos venho escrevendo sobre a situação no Haiti. O abandono. O descaso internacional. Nunca entendi a ocupação militarizada, as tropas de ajuda humanitária, se o que crassa naquele território, é a miséria e a pobreza.

Ao ler a entrevista do diplomata Ricardo Setenfus, agora demitido, após as declarações sobre as irregularidades havidas na condução dos problemas haitianos, assimilei com o coração tudo o que ele falou. Haiti precisa ser respeitado em suas diferenças fundamentais. Não podemos continuar impondo nosso (falido) modelo de desenvolvimento a um povo. As dependências, fomos nós mesmos que criamos neles. Ajudar é acompanhar, não substituir.


Conhecer primeiro, para depois interferir
 Lembrei-me de uma vivência (Dinâmica de Grupo) que criei e apliquei com vários grupos, e que denomino de "A Família Albatroz", que retrata exatamente o salientado pelo diplomata: o fato de não querer conhecer a natureza, a essência de um povo, de uma comunidade e as sérias consequências disso, distorcendo e até extinguindo sua forma de vida.

Não basta QUERER AJUDAR. Tem de saber COMO ajudar. Passar pelo processo empático, para, daí, tomar um ação pontual e objetiva. Necessária e eficaz.

Quando recebi o comentário de "Ilda", não consegui publicá-lo, pura e simplesmente. Também, pela insensibilidade contida, não consegui deletá-lo. Hoje resolvi transcrevê-lo, como forma de sepultar ainda no ano velho, coisas que, desejo muito, sejam modificadas para melhor.

O que desejo que mude:
A irrascibilidade  = para a compreensão
O desconhecimento = para o real compromisso com o saber, com o inteirar-se
A insensatez = para a solidariedade genuína

Publico o texto, com o depoimento de "Ilda":
ABRE ASPAS

"O que eu li pelos jornais é que o dinheiro que vai pra lá some na mão da corrupção.

Todos povos do mundo estão com problemas, estes haitianos não mudam o disco, continuam se reproduzindo como baratas, são selvagens.

O que acho pior é o povo brasileiro pagando soldado brasileiro pra ser policial em outro local, quando aqui matam 32 moradores de rua em alguns dias.Ninguém arruma a casa alheia, a prova que o Brasil esta há anos lá e nada mudou.

O povo é selvagem, não quer saber de nada. Infelizmente o bicho tá pegando por todo lado, na Irlanda foi tudo pro beleleu desta vez e o euro esta em vias de se ralar por todo continente europeu, que é um dos maiores compradores do Brasil.

Não vai ficar pedra sobre pedra se os negócios aqui derem pra trás.

Nosso povo se assemelha em muito ao haitiano, só farras, drogados e muita bebedeira e claro, montes de "filhos dos ventos", Vamos no mesmo caminho pode ter certeza.Temos de arrumar aqui, lá eles que arrumem! Chega de paternalismno inútil!"

FECHA ASPAS.

Assim como o expressado, há muitas e muitas cabeças neste nosso país que pensam igual. Descaso, incompreensão. Se é no terreno do vizinho, "tudo bem, contanto que não chegue até nós!" - Isso tem de mudar! O que acontece com uns, repercute em outros!

Desejo, sinceramente, que a mudança para melhor ocorra logo e que, cada vez mais, mais e mais pessoas possam entender que, para haver desenvolvimento é preciso, primeiro, aprender a conhecer, reconhecer, aceitar e conviver com as diferenças. Educar e, então, aceitar as escolhas.

Feliz Ano Novo!

 FELIZ ANO NOVO A TODOS!

Marise Jalowitzki
Escritora e cronista
marisej@terra.com.br
www.compromissoconsciente.blogspot.com
Porto Alegre - RS - Brasil
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Conheça o teor da entrevista:
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/12/conheca-as-denuncias-que-geraram.html
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