Marise Jalowitzki
O interesse por política, definitivamente, não é um ponto forte para os brasileiros. Descaso, ironia, deboche, descrédito é o que a maioria sente e declara quando o assunto vem à tona. Entretanto, querendo ou não, nossas vidas são norteadas pelas decisões que os políticos tomam. Somos atingidos "corpo-e-alma" por tudo o que eles aprovam ou desaprovam: salários, rodovias, aeroportos, preços, tipos de mercadorias, políticas públicas e sociais. Muito ruim ficar alheio a tudo que acontece, apenas pagando e realimentando os efeitos!
Assim, o que fazer para despertar a consciência política? Para que alguma coisa chame a atenção de alguém é preciso que seja atrativa.
Natal-comércio é um grande exemplo: tem tantos adeptos devido a um constante bombardeamento de ofertas, artigos coloridos, enfeitados, saborosos, de conforto, que chegam aos olhos dos consumidores sempre associados a belas cenas de família, afeto, união, alegria e compartilhamento. Difícil resisitir, não é mesmo?
Qual a atração que a política oferece? Desvios, corrupção, conchavos, interesses próprios, desmandos, fraudes, brigas e sopapos, divergência de opiniões... o tempo todo! Durante os mandatos, ao invés de discutir e implementar ações e programas importantes para o desenvolvimento do país, a maioria das questões giram apenas ao redor de quem é mais podre do que quem! Projetos necessários ficam engavetados mandato após mandato!
Agora, esperar que qualquer um dos lados - eleitor ruim ou político ruim - mude, não vai acontecer por si só.
O aceno de mudança positiva continua sendo a educação.
É na sala de aula, desde pequeno, que o cidadão precisa receber informações, as mais isentas possíveis, ter acesso a leituras diversas, de diferentes correntes políticas, o professor incentivar fóruns e ginkanas de debates. Isto torna possível a cada um criar o seu próprio conceito político, associar-se (ou não) mais tarde a um determinado grupo e defender sua voz. Desta maneira conseguirá construir idéias próprias, o que leva a decisões mais conscientes.
Voto Livre
Ser meramente compelido a votar nunca irá retratar a vontade de um povo.
Está claro que mudar isso não interessa aos políticos de hoje, pois ninguém dá atenção aos recados passados pelas abstenções, votos nulos e brancos. Só nesta aleição foram quase 30%. Quem comentou sobre isso? Quase 1/3 da "massa eleitoral" se absteve, justificou de alguma forma ou, simplesmente, manifestou seu protesto e descontentamento. Quem realmente quis votar em alguém, o fez conscientemente; mesmo pessoas as mais humildes, pouco instruídas, vieram com seu "santinho" e "colaram" os números. Por isso, desconsiderável o possível argumento de que os "brancos" foram de quem "não sabia votar".
A ação continua sendo diretamente proporcional ao interesse.
Desobrigar o cidadão do voto é trabalhar com a população que efetivamente se interessa pelas causas que são de todos e que interferem no dia a dia de todos.
Entretanto, se até a antiga OSPB (Organização Social e Política Brasileira) foi extinta como disciplina nas instituições educacionais, qual a largueza de pensamento a que o cidadão comum tem acesso? Mensalão, "dinheiro na cueca", o quanto o presidente é chegado a um trago, essas coisas. Pois é isso que é divulgado. Ah, tem mais: a briga entre os políticos se o salário vai ficar em 536,00 ou 538,00....!
É preciso começar e o lugar desta mudança é, principalmente, na sala de aula.
Motivação só existe quando o Motivo para a Ação é atraente!
Educação já!
Link relacionado, neste blog:
Abstenções, Votos Nulos e Brancos - É um Recado? - http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/11/tse-justica-eleitoral-resultado-das.html
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MARISE JALOWITZKI é escritora e consultora empresarial
e-mail: marisej@terra.com.br
Porto Alegre - RS - Brasil
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