sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Violência no Rio - O Anel do Papa e as Ações Sociais - Ongs




Violência no Rio - O anel do papa e as Ações Sociais - Ongs
Marise Jalowitzki

Bope nas ruas. Tanques blindados, rostos tensos. Jovens pretos e magros correndo desabaladamente. São os que são conhecidos internacionalmente como a marginália, como "O Mal".


Sabem que algo muito grande está sendo posto em prática. Os resultados? Imprevisíveis.


Claro que tenho a noção do que significa tudo o que está acontecendo. Sei do horror que é o mundo das drogas, o comércio das drogas, o poder dos traficantes, o poder das armas que eles tem...e o atrativo do produto que vendem!!! Dura realidade!


Mas, desculpem, não posso esquecer de que estes jovens cresceram em meio ao crime organizado, em meio ao poder paralelo. A qual desses jovens, mesmo que um deles quisesse, seria dada uma nova chance? Os evangélicos tentam. Conseguem um pequeno número de adeptos e alguns desses, se tornam até pastores.


Sabemos que a semente que é plantada na infância, tem um poder irressistivelmente forte sobre a vida inteira. Quem está em um presídio, quem já passou por situações perigosas, quem está envolvido em tráfico, dificilmente se livra.


Se até um "mísero" consumidor de maconha é assassinado por que não consegue saldar sua conta de 20 reais, o que se vai dizer de alguém que cresceu e se tornou rapaz (alguns são ainda adolescentes) em meio a esta vida de poder, marginalização, suspense e droga?


O anel do Papa - Da validade das ações sociais


Os programas sociais precisam ser preventivos para dar certo. O índice de resultados positivos decai proporcionalmente à idade dos envolvidos. Isto é da gênese humana.


Para os que lem este texto e que tem mais de 30 anos de idade: Lembram do anel que o papa João Paulo II deixou, simbolicamente, de presente, quando foi visitar as favelas do Rio? O anel ficou em exposição. Logo, logo foi roubado. Nunca se soube mais dele. Tão previsível! O que um tremendo anel de ouro iria fazer exposto em meio à exclusão, em meio à pobreza escancarada? Certas ações são tão previsivelmente bobas que nem se sabe como acontecem.


Figura boníssima, mas não soube avaliar a fragilidade de seu espontâneo gesto.


Bem que há o dito popular de que "o hábito faz o monge". Somos seres que nos forjamos na repetição. As crenças se criam pela repetição e pelo hábito. Quem está longe da situação exposta dificilmente vai conseguir abarcar as nuances da realidade de quem a vive.

Ongs
Louvo o trabalho das ongs, que procuram implementar programas de recuperação e afastamento da zona de risco. Mas, ao mesmo tempo, sou cética, também. Todos sabem que rola muito dinheiro que não é aplicado com os jovens; onde tem ser humano, a possibilidade de corrupção e desvios é notória.


E, quem disse que todos os jovens e crianças querem ir dançar, cantar, tocar um instrumento, tamborilar em latas?

Os temperamentos são diversos e o que serve para um, pode ser o martírio para outro. Sim, também para quem nasce nos morros cariocas, também para quem nasce em qualquer região de excluídos, no Brasil e no mundo.

Quais as alternativas que tais programas oferecem em termos de inserção no mundo econômico-financeiro, por exemplo?

Que bom que se está "fazendo algo". Mas, é preciso aprimorar para se obter resultados efetivos! E lidar com dados da realidade "mais real"!



Mudar a realidade.


Será que as autoridades querem?





COMO que uma linha vermelha (olha o nome!) separa "ricos" de "pobres" e isto acaba se tornando cartão postal?

Das janelas de hotéis de luxo e edifícios classe média alta se vê a "paisagem" das milhares e milhares e milhares de favelas apinhadas nos morros.

"Paisagem" que até inspira artistas que ganham o mundo em notoriedade "revelando a dura realidade brasileira".

Gente, é muito descaso! Hipocrisia e indiferença!

Só pra variar, deixa-se o mal se instalar, deixa-se a situação ficar catastrófica para, só então, tomar ações "efetivas": fazer "sumir" o problema, ao invés de resolvê-lo. Nosso vizinho Uruguai fez isso nas décadas de 70/80. "De um dia para outro" não havia mais miseráveis nas ruas. Cidade "limpa"! Ares euroepus. "Orgulho nacional". Foram todos apreendidos e "sumidos". Nos bastidores, dizia-se que houve fuzilamento em massa. A revista Stern, à época, trouxe várias reportagens sobre o tema e das torturas dos intelectuais que, igualmente, sumiram. SHAME! Hoje, pouco ou quase nada se fala. Fica tudo no vazio, no limbo. Duvidando, dizem que é mentira. Importante estudar e pesquisar, para não incorrer sempre e sempre de novo nos mesmos erros!

Acredito, sim, que haja solução para o problema da ocupação das favelas pelos traficantes no Rio de Janeiro. Não a curto prazo, a não ser com ações violentas, que só trazem novas (re)ações violentas.

Humanizar as favelas. Erradicar a pobreza. Profissionalizar a juventude. Aumentar a oferta de emprego. Incentivar ações de cidadania.

Terra-das-Mil-e-Uma-Noites?

Marise Jalowitzki
Escritora e Consultora organizacional
Porto Alegre - RS - Brasil

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Links relacionados:
- Violência no Rio - Chacinar não é solução!http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/11/violencia-no-rio-chacinar-nao-e-solucao.html

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