quarta-feira, 30 de maio de 2012

Vilas de Câncer na China e Caetité, na Bahia

Rios e córregos poluídos na China se assemelham aos que também temos por aqui. Água está entre uma das maneiras mais importantes de disseminar o câncer - Agrotóxicos, metais pesados, urânio - Foto Fernanda Morena

Vilas de Câncer na China e Caetité, na Bahia

Por Marise Jalowitzki
30.maio.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/05/vilas-de-cancer-na-china-e-caetite-na.html

Já estava na construção do artigo quando tomei conhecimento do desabafo de um amigo virtual:
"Boa noite com pesar hoje...
acabo de reçeber a noticia que a amiga q eu havia falado a vcs q estava com cançer lá no Rio d Janeiro...acabou de nos deixar...
creio em JEOVÀ e no seu filho CRISTO( isso é o q me consola)
e lamento vivermos em um PAIS tão RICO como o nosso mais q é "governado" por pessoas tão inescrupulosas q desviam verbas destindas a SAUDE PUBLICA,imaginando q morrerão impunes...
desculpem o desabafo.."


Respondi:

Meus pêsames, Amigo!! E pode ter certeza que teu desabafo foi muito bem acolhido, pois a situação em que o país vive é vergonhosa! Desviam-se verbas da saúde e, também, empestam-se o ar e a água, e os alimentos, contribuindo para a disseminação dessa doença terrível, que, a cada dia, faz mais vítimas! As mortes não podem ser em vão! Cabe a nós, que estamos aqui, continuar envidando esforços para que essa situação mude para melhor, pois nossos filhos e/ou netos aí estão! Abraços sinceros, extensivos aos familiares!

Os amigos estão indo embora...
Resolvi continuar escrevendo, ainda mais consciente da necessidade de mais e mais divulgação.

Preocupa-me, sim, saber que APENAS 33% dos brasileiros tem acesso à internet que, hoje, sem sombra de dúvida, propicia bem mais informação íntegra do que os noticiários e demais órgãos de divulgação, quase todos completamente comprometidos com os mega empresários e governos.

A esperança é que haja, dentre os internautas conscientes e responsáveis, educadores que levem as informações procedentes e reflexivas para o maior número de pessoas e que você, que, neste momento, está lendo estas linhas, assuma e exerça seu papel como disseminador de informações e conscientização.

Os venenos a que estamos sujeitos TODOS OS DIAS, seja por alimentos, ar ou água contaminados por partículas tóxicas (MP - material particulado), pesticidas e resíduos de toda espécie, fazem da população, especialmente a mais pobre, apenas um grande cinturão de doenças.

Segundo levantamentos científicos, há pelo menos uma década,  459 "vilas de câncer" são reconhecidas na China, sempre em lugares no entorno de grandes centrais de desenvolvimento. A doença aparece devido ao uso de água contaminada, alimentação com excesso de tóxicos e ar poluído.

A preocupação com o meio ambiente, durante MUITO tempo, foi inexistente naquele país - triste podium "disputado" ainda hoje com outros grandes centros poluidores, principalmente EUA.

China pode ser reconhecida como a "vilã das vilãs" entre as nações que desconsideram direitos humanos e ambientais. Paralelamente, também, é a nação que mais investe em energias renováveis. Poderia ser evidenciada como o "país da busca incontrolável de lucro imediato", embora outros países "julgadores" também façam coisas semelhantes. Em menor grau? Não saberia dizer. Se alguém tiver o resultado estatístico que leve em conta
- a área geográfica do país a ser pesquisado, 
- o quantitativo populacional e 
- o tempo da poluição/devastação 



- "progresso e desenvolvimento", quiçá teremos algumas surpresas. Mas, enquanto tais estatísticas (procedentes, idôneas - elas existem?) não aparecem, vamos fazer de conta que União Européia, EUA, França, Alemanha, ainda podem usar o cajado para bater sobre a cabeça de quem quer que seja.

Assim, vamos comentar sobre a "vilã-das-vilãs", a China e suas "Vilas de Câncer". Vamos esquecer as comunidades estadunidenses, a Europa, a Ucrânia... COMO esquecer até mesmo nossa Bahia e o temor diário com que os moradores de Caetité e sua mina de urânio vivem dia após dia. A jovem Edneusa Pereira dos Santos, estudante de Biologia da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), declara:
"O nível de câncer em Caetité é alto. Eu vejo isto todos os dias. Perdi meu pai há menos de um mês, meu tio morreu de câncer, minha prima morreu de câncer e a gente vai estudar dados não existe relação, os dados não são palpáveis, então, o que a gente faz? A gente espera a pessoa morrer de câncer pra depois dizer que é urânio?" (Veja video ao final desta página)

A estratégia de não promover pesquisas ou, se elas existem, não divulgá-las, faz parte da ocultação sistemática de informações que os manipuladores midiáticos (maniáticos...) insistem em cultuar. Apesar de TANTA informação, apesar da ampla possibilidade que a internet proporciona a 1/3 dos brasileiros (de usar a web), as informações são escassas, a abordagem da mídia chama a atenção para escândalos e falcatruas e  bobagens e o cidadão desavisado permanece alienado.

"O problema está no sistema de desenvolvimento - CRESCER PRIMEIRO, LIMPAR DEPOIS, criado pela Inglaterra há 300 anos - que protege as indústrias que atacam o meio ambiente", avalia Jonathan Watts, jornalista inglês e autor do livro Quando um Bilhão de Chineses Pulam (tradução livre). "O estrago na Inglaterra foi menor do que na China?" - pergunta o pesquisador. "A Inglaterra é tão pequena que seus impactos globais foram menores", ressalta Watts.


Greenpeace denuncia contaminação da água em Caetite, devido ao urânio



China divulga pesquisas relacionadas à saúde da população. E as do Brasil?

Temos, hoje, MAIS INFORMAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS DE CÂNCER NA CHINA DO QUE NO BRASIL!!! Os focos, reconhecidamente localizados em alguns pontos, como é o caso de Caetité, na Bahia, não recebem divulgação devida, o que acarreta, também, descaso e falta de providências efetivas para tentar minimizar os efeitos nefastos a que está sujeita a população.

Na China, nos últimos 30 anos, registros de mortes causadas por câncer de pulmão subiram 465%, tornando-se a doença que mais mata no país. Vinte e cinco por cento das mortes na China estão relacionadas ao câncer. Na zona rural, é a segunda maior causa de morte, depois de acidentes cardiovasculares, responsável por 21% das fatalidades. Nos campos, câncer de estômago, fígado, esôfago e cervical têm mais incidência do que nas cidades. Em 2007, uma em cada cinco pessoas falecia devido à doença - sendo o pulmão o órgão mais afetado. 

No Brasil, os casos de câncer são divulgados apenas quando se trata de uma pessoa de destaque (e isso é explorado à exaustão!). O índice de mortes não é divulgado, nem a causa. Mesmo quando acontece por intoxicação por venenos, o lobby das mega indústrias é tão forte que chega a entrar nos consultórios e postos de atendimento, pressionando os profissionais da saúde a mencionar outra causa mortis (denúncia já registrada em SP). 

Os comentários sobre a alta taxa de pessoas portadoras de câncer acontecem nos corredores de espera das centrais de saúde, seja no atendimento público ou privado. E dentro dos consultórios, onde os médicos são graves ao proferir:
"-É melhor investigar. É melhor não esperar! Hoje encontram-se casos de câncer cada vez mais, até em crianças, coisa que até a alguns anos atrás, nem se tinha registro."

Na China, como no Brasil, os segmentos sociais mais afetados são os das classes menos privilegiadas,   onde o atendimento demora mais para chegar e, quando o remédio é finalmente obtido, já não há mais tempo! Só que lá, tal massa populacional se restringe à zona rural. Aqui, com nosso "sistema de favelas", o urbano está igualmente afetado.

Como o texto é bastante longo, transcrevo neste blog alguns excertos. No transcorrer da leitura, o leitor irá reconhecer que a abordagem se encaixa quase perfeitamente à nossa realidade brasileira. Lá, ainda que não seja proibido, as estatísticas não recebem a devida divulgação. Aqui, nem sequer temos um levantamento por região, como esse (e, volto a dizer: SE TEMOS, não chega ao conhecimento do cidadão leigo, diretamente afetado).

PRECISAMOS DE MAIS INFORMAÇÃO E PROVIDÊNCIAS EFETIVAS!!! 
VÃO ASSUMIR QUE ESTÃO ADOECENDO A POPULAÇÃO DE FORMA PLANEJADA?

Querendo, leia o texto na íntegra:http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5398908-EI8143,00-Ideal+de+crescimento+do+sec+XIX+gera+vilas+de+cancer+na+China.html
Ideal de crescimento inglês do séc XIX foi utilizado pela China
09 de outubro de 2011  13h51

Fernanda Morena
Direto de Pequim


Estatísticas lançadas pelo governo mostram que o número de mortes causadas por câncer na China subiu rapidamente a partir das reformas econômicas lançadas em 1979. Em 1997, 18 anos depois, a economia chinesa atingia a maioridade e o câncer se tornava a maior causa de morte pela primeira vez na história do país.
(...)

"Vilas de câncer"

(...) Com o aumento de fábricas e pouco controle governamental sobre as políticas de proteção ambiental e vigilância sobre infrações, a malha fluvial é em geral o destino do lixo produzido pela produção. (...)

Os problemas evidenciados por políticas desiguais revelam maior incidência de vilas câncer nas áreas mais pobres. Isso porque as políticas ambientais tendem a defender zonas urbanas e mais desenvolvidas em detrimento da qualidade do acesso a recursos naturais pelos moradores de zonas rurais. Esses vilarejos são a morada de trabalhadores pobres, que ou vivem da terra e da colheita que abastece as zonas urbanas próximas, ou que viajam até a cidade para trabalhar nas indústrias. (...)







"Crescer primeiro, limpar depois"

A China tem mais "vilas de câncer" que outros países devido às metas de desenvolvimento, que seguem o modelo inglês do "crescer primeiro, limpar depois", e à fraca legislação de proteção do meio ambiente. Ainda incipientes, leis preveem a segurança do crescimento e da limpeza do ambiente em zonas urbanas e que usam as zonas rurais para desenvolvimento industrial sem aplicação ou manutenção das políticas ambientais. "A situação melhorou um pouco após 2004, mas ainda não é ideal. As políticas são fracamente reforçadas ao comprometer o desenvolvimento e o crescimento econômico do PIB", reflete o especialista em meio ambiente na China, Jonathan Watts.
(...) "Existe um esforço, mas ainda falta pensar no controle de metais pesados", acrescenta.

Diferença social entre moradores urbanos e rurais advém das mesmas políticas. Ao contrário de países ocidentais, onde os mais pobres não estão necessariamente na zona rural. A "democracia chinesa" exclui os moradores rurais do debate sobre a instalação de uma fábrica poluidora. "A China depende mais de instâncias administrativas do que meios legais para lidar com violações ambientais", ressalta Lee. 

Indústrias pagam multas pela poluição que causam, sem compromisso de diminuir emissões ou de lidar com seu lixo. "Como não há jurisprudência em casos de vítimas de câncer em tais vilas, dificilmente um moção civil contra a indústria gera resultados", explica.
(...)

Futuro?

O futuro das "vilas de câncer" não é consensualmente otimista. Desde que o fenômeno "esfriou" na mídia nacional, casos de "vilas de lixo atômico" e "vilas de aids" começaram a surgir.
(...)
Lee é ainda mais duvidoso em relação ao futuro: "Eu não só acho que as "vilas de câncer" não vão sumir, como acredito que aumentarão em número". O geólogo, que estuda o fenômeno das "vilas de câncer" há uma década, atenta para o fato de que metais pesados encontram-se no solo dos locais afetados e têm efeitos de longa duração. 
"É preciso:
mais controle na aplicação das regulamentações ambientais, 
um novo modelo de crescimento, 
menor diferença social entre ricos e pobres e o 
seguimento da política de desenvolvimento que dá preferência a zonas urbanas", cita o especialista Lee.

"A China, como a maioria dos países, calcula seu crescimento pelo PIB, sem levar em consideração o que o desenvolvimento faz para seus bens e recursos", aponta o jornalista Jonathan Watts, especialista em meio ambiente.

Ainda que a China esteja distante do topo do ranking da preocupação com os impactos humanos e ambientais, sua ascensão acontece mais rapidamente em comparação aos demais países, conforme o relatório de Indicadores de Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial de 2011.

Modelo é o maior problema

(...)
Com a transformação do país na fábrica mundial, a China tornou-se também o alvo de críticas do Ocidente pela situação do planeta. "O meio ambiente da China é o meio ambiente do mundo - mas os problemas estão mais ligados ao NOSSO modelo econômico de consumo do que ao país", avalia Watts.

Para Watts, "a China não é o única culpada pela situação que vivemos. O que acontece na China tem mais impacto pelo tamanho do país, mas, na verdade, o maior problema é o sistema de consumo alimentado pelos países ricos".
(...)
Com dois terços da população rural ainda sem acesso à água encanada, diarreia e câncer do sistema digestivo comprometem 1,9% do PIB rural. Ainda assim, casos de diarreia na zona rural chinesa são menos volumosos que muitos outros países (inclusive os que têm água tratada), conforme o estudo.
(...) 
Em termos de poluição do ar, 58% da população urbana do país está exposta a partículas suspensas de até 10µg/m3 (PM10), percentual duas vezes superior à média norte-americana. Somente 1% da sociedade vive abaixo dos 40µg/m3.

Nas zonas urbanas, problemas causados pela poluição incluem redução da capacidade pulmonar, bronquite crônica, doenças cardiovasculares, hospitalizações, ausência em trabalho e escola. Problemas graves são ligados à exposição em longo prazo. As taxas são mais altas em adultos que crianças.
(...)

Por um PIB verde

Há oito anos, o economista chinês Niu Wenyuan conseguiu colocar a ideia do Índice de Qualidade do PIB, o PIB verde, no planejamento econômico de Pequim. A proposta foi, contudo, vetada por instâncias provinciais, visto que a conta do meio ambiente sobre o PIB local compromete a performance das províncias frente ao governo central. A proposta voltou às mesas de discussão na metade deste ano - mas ainda se mantém mais acadêmica do que legal.

"No papel, a China tem boas políticas de proteção ambiental e crescimento verde. O problema fica na implementação pelos governos locais", explica Watts. De acordo com análises realizadas por cientistas políticos, um crescimento abaixo dos 7% anual invariavelmente levaria o país à crise social, com desemprego e alta dos preços.
"A situação é tão grave que não há outra saída, em função da saúde e dos protestos dos chineses."
(...)
Para Watts, a situação da China é tão peculiar que é quase impossível julgar a situação ambiental do país e a evolução de sua economia sobre apenas bases históricas de comparação: "As crises econômicas revelam a alta de preços dos recursos. A China é tão gigantesca que se torna mais difícil ao país garantir recursos e limpar seu ambiente. Na verdade, a China terá de inventar um novo modelo de crescimento, pois nada é aplicável a um país do seu porte".

Links relacionados
Caetité tem água contaminada por urânio - http://www.farolcomunitario.com.br/meio_ambiente_000_0012.htm

http://www.youtube.com/watch?v=i2eFkWDkjyI





Querendo, leia mais:

 Não à Energia Nuclear!
Não às usinas nucleares!


BRASIL SEM ENERGIA NUCLEAR!!!


Por Marise Jalowitzki
10.novembro.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/11/brasil-sem-energia-nuclear.html




Leite materno contaminado por
agrotóxicos em Cuiabá

Leite Materno contaminado por agrotóxicos em Cuiabá!

Por Marise Jalowitzki
23.março.2011
Link: http://t.co/dx22I1k 




Agrotóxicos - O uso causa impotência masculina e infertilidade feminina

Agrotóxico - O símbolo da anti-saúde

Agrotóxicos - O senhor sabe que corre o risco de ficar impotente?



Caetité, na Bahia - População pede
 esclarecimentos sobre 90 ton de Urânio

As 90 toneladas de Urânio em Caetité, na Bahia - Como acontece o Ciclo do Urânio no Brasil?

Por Marise Jalowitzki
15.junho.2011
http://t.co/9NjLq0k



Caetité realiza audiência pública
sobre contaminação por lixo radioativo

AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR A CONTAMINAÇÃO POR LIXO RADIOATIVO EM CAETITÉ

15.junho.2011
http://t.co/wS7kNA4




Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente


Escritora, Educadora, Ambientalista,
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil 

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