quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cemitérios – Impactos Ambientais e Tratamento de Efluentes

Cemitérios Verticais são vistos como alternativa sustentável para tratamento do necrochorume - Culto aos ossos



Cemitérios – Impactos Ambientais e Tratamento de Efluentes

Por Marise Jalowitzki

Recebi uma nova solicitação para localizar a maneira como são tratados os efluentes dos cemitérios (links ao final). Os conhecidos são:
filtro
mantas absorventes
pastilhas
e, nos cemitérios verticais, tratamento dos gases para conversão em energia.

O tema é relevante e carece de maior atenção e cuidados. Bem pouco continua sendo feito, em nível de Brasil, para que os vários problemas, acarretados com sepultamentos indevidos, diminuam. As populações do entorno ficam à mercê, com sérios riscos à saúde. 

Cemitérios verticais permitem um melhor acompanhamento e tratamento dos resíduos advindos da decomposição e recebem interesse crescente. Alguns dos projetos visam, inclusive, o aproveitamento dos gases exalados no processo de putrefação para produção de energia e gestão dos créditos de carbono, ao molde das convenções internacionais.

Particularmente, sou adepta à cremação. Entendo que o carinho deva ser demonstrado em vida e nas lembranças de cada um, após a partida. O culto aos ossos, entretanto, adentra a seara das crenças e, para tal, não faço mais do que respeitar.

Para Degmar Augusta da Silva – Advogada e Educadora Ambiental “O cemitério pode ser comparado a um aterro sanitário para lixos domésticos, uma vez que as matérias enterradas são orgânicas, entretanto, existe um agravante: é um aterro sanitário com muito "lixo hospitalar" incluso, posto que, a maioria das matérias orgânicas enterradas carrega bactérias e vírus de todas as espécies quais foram, provavelmente, a causa mortis.

Devemos considerar, ainda, que metais pesados, advindo de próteses, materiais das urnas etc. contribuem para a ação poluidora e os ácidos orgânicos gerados na decomposição cadavérica irão reagir com esses metais. Acresça-se ainda, os resíduos nucleares advindos das aplicações recebidas pelo indivíduo em vida.

Maria Rosi Melo Rodrigues, engenheira sanitarista da Tegeve Ambiental , ressalta que “O impacto físico mais significativo é o risco de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, por microorganismos que se proliferam no decorrer da decomposição dos corpos. 

Quase sempre, a implantação de cemitérios é feita em terrenos de baixo valor imobiliário ou com condições de relevo inadequadas para outro tipo de uso, levando em conta o fator geológico e hidrogeológico. Assim sendo, poderão ocorrer impactos ambientais primários e secundários e fenômenos biológicos que modificarão ou impedirão os processos de decomposição e transformação dos cadáveres. 

Os impactos ambientais tem lugar com a formação de maus cheiros na área dos cemitérios, provocados pela emanação dos gases funerários, como consequência da má confecção das sepulturas por inumação, isto é, profundidade de enterramento insuficiente e cobertura de terra inadequada, quanto à altura e tipo de solo. Nos jazigos também podem ocorrer odores, quando nestas construções aparecem fendas."

O necrochorume, líquido percolado que escorre dos corpos em decomposição são causa de grande preocupação pelos ambientalistas – e deveria ser, de igual forma, de todos os profissionais preocupados com a saúde pública e a manutenção desta. “A principal característica do necrochorume é ter um escoamento viscoso, de coloração acinzentada, composta de 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, sendo duas delas altamente tóxicas – a putrecina e a cadaverina - que, em contato com a água da chuva, podem percolar pelo solo e atingir o lençol freático, contaminando a água e comprometendo a saúde da população que dela se abastece.”

Nos levantamentos realizados, verificou-se que 90% dos cemitérios irregulares no Brasil, 3/4 deles comprometeram solo e água subterrânea devido ao tratamento inadequado dos corpos sepultados ou sepultamentos em terrenos impróprios.

A Legislação Ambiental vigente - CONAMA 368 de 28 de março de 2006 - estabelece 1,5m como distância mínima entre o sepultamento e o lençol freático, mas, quem fiscaliza, efetivamente, todos os cemitérios para ver se isso está sendo respeitado?

E, mesmo a legislação proibindo sepultamentos em caixões diretamente no solo, a prática continua acontecendo, especialmente em relação aos indigentes e em caso de catástrofes (como a que aconteceu na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011).

“As providências adequadas precisam levar em conta as condições geológicas (tipo de solo) e hidrogeológicas (profundidade do aquífero), adaptando a tecnologia existente a cada caso.” 

Fontes:
Maria Rosi Melo Rodrigues, engenheira sanitarista da Tegeve Ambiental – www.tegeveambiental.com.br
Cemitérios Verticais - http://www.lawrei.eu/mranewsletter/?p=2744

Estimada Álika, deixo os links atinentes:


Após a Tragédia no Rio, como anda
a água que a população bebe?


O Que Diz a Legislação sobre o tratamento de cadáveres - Necrochorume 
Parte 3/10

Por Marise Jalowitzki
14.fevereiro.2011



Necrochorume corre a céu
aberto em alguns  cemitérios.



Outras alternativas para tratar o Necrochorume
– Saúde Pública
Parte 4/10

Por Marise Jalowitzki
15.fevereiro.2011
Link: http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/02/necrochorume-corre-ceu-aberto-em-alguns.html





Mais sobre o tema, neste blog, em:
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/05/nechorume-impactos-ambientais-agua.html 



Nechorume, Impactos Ambientais, Água Limpa, Tragédias e Realidade dos Cemitérios
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Necrochorume - Água Limpa e Saúde Pública






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