quarta-feira, 9 de abril de 2014

Bullying, humillhações, rótulos - Auxiliando crianças e jovens a expressar o que sentem - Sugestão de atividade em sala de aula


Sugestão de atividade para que crianças e jovens manifestem suas insatisfações e medos. Sem rótulos, sem "dar notas", sem emitir conceitos, o professor a todos ouve e, ao final, agregadoramente, agradece a participação de todos.





Auxiliando crianças e jovens a expressar o que sentem
Bullying, humillhações, rótulos - Sugestão de atividade em sala de aula


Por Marise Jalowitzki
09.abril.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/04/bullying-humillhacoes-rotulos.html

A resposta é clara: AVALIAÇÕES INDEVIDAS, EXCESSIVA CRÍTICA! Toda criança pequena adora pintar. Com o tempo, tudo isso vai se perdendo, porque sempre tem um adulto em cima dizendo: Assim não; mais para a direita, mais para a esquerda; pernas mais grossas; tronco mais fino; cabeça maior; árvore com muitas folhas; raiz exposta (absurdo!)... tudo para colocar em uma fôrma previsível! Mesmo pedindo "pintura", o aprisionamento mental que o adulto impõe não tem limites!!! 

O equilíbrio entre os dois hemisférios cerebrais (razão e emoção) é uma necessidade cada vez mais premente. A livre manifestação de borrões de cores (com formas ou não), sem letras, sem palavras ou números, proporciona um momento de vazão para muitas coisas entaladas na garganta de crianças e adolescentes.

Se BEM ANUNCIADO, é possível trabalhar com tintas, mãos, pincéis (opcionais), muitos rolos de papel e potes de água. A atividade continua dando resultados maravilhosos, apesar do engessamento sofrido. Quer tentar?

A sugestão é simples.A vontade dos pais e educadores, muitas vezes, fraca.

Justificativas dos adultos:

"-Ah, aqui em casa não temos um cantinho onde se possa fazer isso!"
Tem, sim. Basta comprar alguns metros de plástico, estirar no chão e todos da família se deitam e participam.
O MESMO pode ser feito em uma sala de aula, de qualquer disciplina. Ou, se tiver oportunidade, no pátio da escola. 

"-Ah, mas os pais vão odiar! Os alunos vão ficar todos sujos e a roupa tingida!"
Os pais serão avisados que, naquele dia, os filhos venham com uma roupinha bem simples. Um aventalzão de tnt, tipo capa, deixa todos já imbuídos do espírito inovador, cria uma atmosfera de criatividade e descontração, além de proteger a roupa.

"- Ah! Mas dá uma sujeira danada! Quem vai limpar depois?"
Em sala, a extensão do plástico isola e protege. Eventuais riscos ou borradas fazem parte e não devem ser alvo de críticas. "Limpar" é um prazer! 
E, lá fora, uma boa mangueirada (se for no pátio da escola, resolve tudo. A tinta é lavável!

Quem quer, faz acontecer!!!


Rótulos, bullying, humilhações - é preciso trabalhar todas estas questões! Crianças precisam ser respeitadas! Elas precisam, mais que tudo, ter espaço para falar. Precisam ser ouvidas!!!


 Segue aí a SUGESTÃO DE ATIVIDADE EM SALA DE AULA
Uma estratégia para que as crianças e adolescentes com dificuldade em se expressar possam externar seus pensamentos, é dar-lhes oportunidade de pintar. Pintar livremente, sem comando, avaliação ou crítica. Temas como rótulos, humilhações, bullying, maledicências, gozações, são temas que percorrem os corredores e a alminha de muitas crianças, muitas apenas se calando e suportando, sem que os adultos saibam do que, efetivamente, está acontecendo. Promover em sala (casa ou aula) é BEM importante. 

Aqui apresento uma sugestão e coloco o professor como o facilitador do processo. Em casa, poderá ser a mãe esta pessoa.
Se o educador quiser algum resultado, para que todos se expressem sobre como sentem o cotidiano da sala de aula, por exemplo, pode fazer o seguinte:

Coloque folhas de flipchart no chão, várias delas, pincéis, potes de água e tinta gouache.  Anuncie para todos:  A nossa atividade será expressar como está o nosso ambiente aqui na sala, o dia a dia. (Ao invés das folhas, pode ser feito um enorme círculo com as mesmas, todas coladas, e todos os alunos pintam algo no espaço à sua frente. 
O educador diz:
Esta é uma vivência onde vocês vão pintar o que sentem em relação às nossas aulas (ou em relação à escola, em relação à disciplina, em relação ao dia a dia no colégio, etc.). O tempo para as pinturas é de 10 minutos. Só não vale desenhar letras ou números.

Ao término do tempo estipulado, todos se sentam em círculo, ao redor das pinturas e o professor pergunta:
- Quem quer falar sobre o que desenhou?
Dentre os que quiserem falar, um a um, verbaliza, dá o significado da pintura. Não serão instigados a comentar os que não o quiserem.

Todas as manifestações serão bem vindas. E, caso aparecer alguma agressão, o educador pedirá que seja mantido o respeito e o exercício da cordialidade. Mesmo as coisas das quais não se gosta, com as quais não se concorda, a crítica deverá ser sempre no sentido de ajudar a mudar, não detonar. 

Depois de um certo número de apresentações, o professor pergunta quem tem sugestões de melhoria para as situações apresentadas.


Sem rótulos, sem "dar notas", sem emitir conceitos, o professor a todos ouve e, ao final, agregadoramente, agradece a participação de todos. Convida a todos para refletir sobre o que foi dito, quais as ações que cada um se decide a adotar para que as coisas melhorem. Estabelece um prazo para implementação (agora, a partir da próxima semana - de acordo com o que foi manifestado) e diz o quanto foi importante a participação e contribuição deles.

Muitos meninos pintam as suas raivas. Dragões, animes, seres do mal, ou guerreiros. Todos expressando “heróis” com uma força que eles, garotos, no dia a dia, não possuem.

Muitas meninas ainda pintam sonhos e esperanças cor de rosa.


Uma das observações que recebi como comentário, de uma profissional da educação, foi quase uma gozação. "Gostei...verdade!..." 
Sim, a atividade é BEM simples e muitos educadores já devem tê-la realizado. Em casa, duvido que sejam muitos os casos de proporcionar tal interação.

O que ressalto é COMO SE TRABALHAM OS RESULTADOS das pinturas. COMO SE PROCESSAM as emoções, os sentimentos ali expostos e, num esforço de melhoria, verbalizados pelas crianças e adolescentes!!! Em um mundo que não sabe ouvir, É O ADULTO QUEM PRECISA realizar esta descida do topo em que se colocou para poder ouvir, com o coração, o que está sendo efetivamente dito!!!

Em minhas décadas ministrando cursos formação de facilitadores de grupos, muito enfatizei que não basta aplicar a técnica-pela-técnica!!! Tem de saber trabalhar o que vem dela! É exatamente por isso que elas existem! Ferramentas para facilitar a comunicação, a livre expressão! Eita, mundo!

É preciso deixar a criatividade aflorar, espontanea, na criança. Caso ela realize alguma "obra de arte" no local inapropriado, estabeleça um espaço (parede de seu quarto, uma grande folha de papel no chão ou parede; um pequeno muro da sacada ou quintal, caso existir) onde ela possa expressar o que lhe vier à mente. E ser elogiada por isso!

sim, temos de potencializar a autoestima de nossos pimpolhos, não permitir que os adultos digam a eles que o que fazem é desnecessário, inútil, ou "coisa de retardado". O encaminhamento que damos ao que produzem, irá determinar o grau de autoestima no futuro

Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente

Escritora, Educadora, 
Idealizadora e Coordenadora do Curso Formação para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos,
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA
marisejalowitzki@gmail.com 
compromissoconsciente@gmail.com 



Livro: TDAH Crianças que desafiam 
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta

Acesse: http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/
TDAH Crianças que Desafiam - Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família

TDAH: Crianças que Desafiam

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