Sistema de Cotas em Saúde Pública e Produtividade Médica |
Atendimento em Saúde e Produtividade Médica
Por Marise Jalowitzki
05.junho.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/06/atendimento-em-saude-e-produtividade.html
Alcançar metas em atendimento médico funciona?
O último artigo que postei foi sobre o desabafo de uma médica no RJ, exausta, no limite, devido ao excesso de atendimentos em seu plantão, onde era a única em meio a dezenas e dezenas de pacientes que esperavam pelo atendimento. Situação desesperadora, principalmente quando a emergência é encarada pelos governantes como rotina e recebem o descaso constante!
Aí, ainda refletindo sobre a situação relatada, e sabendo que não é fato único, fui visitar o blog do Gabriel Novis Neves, que é médico, dos competentes e responsáveis, em Cuiabá, no Mato Grosso. Encontrei um artigo seu que fala exatamente sobre esse sucateamento emocional a que estão sujeitos os médicos que enfrentam o sistema público de saúde e o desafio de viver em uma situação assim caótica.
É do conhecimento de todos o quanto muitos médicos costumam ser desatenciosos, rápidos, descuidados, por vezes até indelicados e desaforados com os seus pacientes. Há mesmo alguns que preferem atender em pé, para dar uma dimensão da pressa no atendimento, embora, como precisam cumprir a jornada - "horas-permanência" - na unidade, fiquem contando piadas para as atendentes do guichê, ao invés de aprofundar um atendimento eficiente ao paciente.
Isso vem há tempos, não só no serviço público. Mas, ali ainda é pior, pois o prazo de atendimento, estabelecido nos consultórios dos convênios, varia entre 10 e 20 minutos. No caso do SUS, não há determinação de prazo, de tempo de consulta e, sim, quantidade de atendimentos.
Não pode dar certo!
Outro dia aconteceu de um paciente chegar ao consultório de um clínico geral com dois sintomas, para o que esperava encaminhamento: cefaleia persistente e uma dermatite. O médico sentenciou em voz alta:
- Hoje vamos a dermatite, que está mais aparente! Outro dia, vamos ver a cefaleia.
- Como assim? - respondeu a jovem mulher. E a dor de cabeça que persiste? As pontadas que sinto?
- Já receitei o paracetamol. Provavelmente é enxaqueca.
- Mas sinto isso todos os dias!
- Quantas vezes ao dia?
- Principalmente após o meio dia.
- Eu tenho crises horríveis de enxaqueca - respondeu o médico - e já acordo assim, todos os dias. Volte aqui outro dia que lhe dou o encaminhamento.
- Mas, não pode ser hoje?
- É um caso por vez! Eu estou aqui todos os dias, de segunda a sexta. Amanhã a senhora pode vir aqui novamente, que vou estar lhe esperando e serei todo atenção por dez minutos!
E, já em pé, foi abrindo a porta!
A jovem ainda comentou no guichê, com a mulher que lá estava. Ela sorriu e disse:
- Ele é assim mesmo!
Estava "garantindo" o cumprimento de sua "cota-atendimento".
(Por uma questão ética, não publico aqui o nome do Posto e nome do médico. O caso, porém, é verídico).
Assim, vemos que, enquanto uns se esfalfam em excesso de atendimentos, outros podem se "programar".
Complicado! Desigualdade!
Transcrevo excertos do artigo do G.N.N.:
"Entenderam o que é produtividade médica para um gestor comercial? uma nota fiscal com o número de pacientes atendidos."
Atendimento em Saúde e Produtividade - Nota Fiscal - Amar é cuidar |
PRODUTIVIDADE MÉDICA
De Gabriel Novis Neves
É uma terminologia recente essa história de produção de serviços médicos. Surgiu pela década de 70.
(...)
A produtividade médica tinha uma meta. O médico teria que atender, em um período de quatro horas de contrato, dezesseis pacientes.
Geralmente, a divisão era mais ou menos assim: atendimentos de primeira vez, consultas de retornos e alguns acompanhamentos especiais.
O importante era atender os dezesseis pacientes no período estabelecido. Muitos colegas conseguiam atingir a sua produtividade em cinquenta minutos. Deixavam o posto de saúde, pois o seu trabalho estava cumprido, e eram avaliados como excelentes profissionais pelos gestores da saúde – grande parte deles, leigos no assunto.
O colega que cumpria as quatro horas de contrato no posto, e atendia de três a quatro pacientes, era mal visto pelo pessoal do posto e tido como preguiçoso pelos gestores.
Na produtividade médica, nunca é considerada a qualidade, e, sim, a quantidade de pacientes atendidos. O fator produtividade médica, até hoje em vigor e com direito adquirido de permanecer para sempre, é um dos fatores que não deve ser esquecido quando se avaliam a péssima qualidade dos serviços médicos, especialmente os públicos.
(...)
Gabriel Novis Neves
Para ler na íntegra:
http://bar-do-bugre.blogspot.com.br/2012/05/produtividade-medica.html
http://gnn-cultura.blogspot.com.br/2012/05/produtividade-medica.html
Querendo, leia também:
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/06/e-isso-vai-passar-batido-medica-grita.html
E isso vai passar batido? Médica grita por Socorro no RJ
Saúde Pública - Médica grita por socorro no RJ - Dezenas de pessoas na fila, só ela no plantão - R7 |
Escritora, Educadora, Ambientalista,
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
Marise, querida, vou postar no meu mural.
ResponderExcluirLi agora, aqui no Face.
Envie-me por e-mail, para que eu o envie ao
Gabriel Novis Neves,
beijos,
Eliana Crivellari-BH