quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O primeiro gole do chimarrão tem de fazer o cusco gritar

Sabes quando o ponto do chimarrão está perfeito? Quando o cusco sai gritando!

O primeiro gole do chimarrão tem de fazer o cusco gritar

Por Marise Jalowitzki
10.agosto.2011
http://t.co/WIw1CiF


Doeu muito publicar os últimos artigos, comentando sobre a maldade humana. Guerras, torturas, mortes. São fatos que machucam, mesmo que pertençam ao passado ou estejam distantes geograficamente. Preferiria, sim, somente comentar sobre bondades e avanços.

Mas, creio ser preciso, também, um certo choque também desta realidade, embora sem permanecer muito neste panorama que põe tanto para baixo.

Muita tristeza, um arrepio na espinha, uma indignação toma conta sempre ao comentar sobre guerras, mortes, torturas, sofrimentos. E pensar que há algumas mentes insanas que se deliciam com isso e outras tantas que, forjadas desde a infância, acreditam ser apenas um "jogo eletrônico", onde matar é sempre banal.

Agora, o que isso tem a ver com o título deste texto?

Fidelidade do cão vira-lata é de emocionar


Aí vai o relato de um gaúcho:
"Sabes quando o ponto do chimarrão está perfeito? Quando o cusco sai gritando!"

Cusco significa o cão vira-lata que está sempre por perto do dono, com uma fidelidade comovente, ainda que maltratado. Onde entra o grito de dor do cão? Sabe-se que o chimarrão é bebida típica do gaúcho, sempre tomado muito quente. A água, quase na fervura, tem um ponto específico. O primeiro gole a ser puxado pela bomba, é lançado fora, pois vem carregado de pequenos resíduos da erva-mate. Pois bem. Este gole "tem" de ser jogado sobre o cão...

Quando me espanto e expresso minha indignação, o relator arremata:
- Claro que é folclore!

Não é. Os antigos faziam isso, mesmo. E, ainda hoje, nas rodas de chimarrão no interior, alguns tentam acertar o pobre cachorro.


Nas pequenas ações cotidianas residem urgentes mudanças de postura



Por que isso?
Quando começou?
Começou quando a estupidez humana achou que era interessante associar a dor de outro ser para a sua satisfação.

Isso tem de acabar.

Quando escutei o relato, pensei:
Há muita crueldade no mundo! E, enquanto não nos dermos conta de que também nas pequenas ações cotidianas residem urgentes mudanças de postura, continuaremos reféns de nossas próprias mazelas, sempre com consequências desastrosas.

E lembrando: Rio Grande do Sul é o "campeão" nacional de câncer no esôfago. Com certeza, a ingestão cotidiana de água muy caliente tem a ver!

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Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, pós-graduação em RH pela FGV, international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil

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