quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

TDAH - Ponho ou não ponho meu filho no AEE? Atendimento Educacional Especializado estigmatiza ou ajuda?


Proposta pedagógica inclusiva para todos - Irvine - San Diego School Board 

Sala de Recursos - Como a escola pode diminuir o preconceito, tanto dos próprios educadores, como dos colegas e também dos pais das crianças tidas como diferentes?


Por Marise Jalowitzki
29.janeiro.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/01/tdah-ponho-ou-nao-ponho-meu-filho-no.html


O AEE – Atendimento Educacional Especializado, no Brasil e em outros países, é utilizado no ensino tradicional como recurso pedagógico para a “educação especial”, direcionado aos alunos denominados como tendo necessidades especiais, ou “transtorno mental” ou “deficiência mental”.  Minha luta é de que, um dia, o que hoje chamamos de “educação especial” seja a educação regular e tradicional, pois todas as crianças ganhariam em qualidade na aprendizagem.

Assim, a decisão de um pai ou mãe de filhote com TDAH, de incluir ou não seu pimpolho nestas classes especiais, como reforço, em horário diferenciado (e, de preferência, na mesma escola onde ele frequenta o ensino tradicional) vai depender de como sentem a ‘filosofia’ da escola, a visão da direção, orientadora pedagógica e professores envolvidos. Também qual o espaço físico destinado às aulas, os recursos disponíveis, o número de alunos e suas necessidades. E qual a expectativa dos educadores para com a participação dos pais nas atividades e-ou reuniões.

Atualmente, as escolas que possuem as Salas de Recursos, incluem nestas turmas alunos com as chamadas deficiências mentais e auditivas, alunos com Déficit de Atenção, Hiperatividade, Autismo.

Há escolas públicas onde o AEE não é estigmatizado e uma ação inclusiva, neste sentido, é feita com regularidade e perseverança. Nestas escolas, alunos da turma de APEE (atendimento paralelo educacional especializado), se sentem a vontade para transitar e participar das atividades na Unidade Escolar; e os alunos das classes regulares também frequentam a sala de APEE. Este intercâmbio também acontece entre professores das diferentes turmas-metodologias. As educadoras, ao realizar as visitas ‘de intercâmbio’, explicam o que acontece nas salas de AEE, minimizando ou excluindo rótulos e-ou apelidos. 

Esta realidade ainda é exceção.

Hoje, em uma sala de recursos, 'não são trabalhados conteúdos específicos de matemática ou geografia, por exemplo, mas sim, habilidades que são necessárias para que o aluno, em sala de aula, possa construir conhecimentos nessas disciplinas, como orientação espacial e temporal e capacidade de classificação e seriação’. Qual a criança que não gostaria de aprender brincando, especialmente nas séries iniciais? Não é essa, atualmente, uma das mais fortes queixas dos educadores formais? “Ele só quer brincar!”...??

Quando estudei Vygotsky e Piaget na faculdade, a proposta de atividades diferenciadas e de utilidade para a VIDA do aluno era uma expectativa para todos os alunos, era a proposta para uma reforma em todo o processo educacional, não apenas para os alunos com ‘necessidades especiais’.


Aula regular ao ar livre, em Dakota

A professora Fatima Gomes Nogueira Daguiel, da E.M. Especial Maria Azevedo Catarino, de São João do Meriti,  é uma das docentes que possui esta consciência: “Percebo a necessidade de que os alunos jovens possam se beneficiar também com o trabalho de oficinas pedagógicas funcionais, salas de convivência e oficinas profissionalizantes para favorecer a entrada no mercado de trabalho.” Para isso, faz-se necessário espaço físico mais amplo, bem como recursos pedagógicos e, claro, mais docentes.

Fico muito triste sempre que constato tais esforços apenas para os diagnosticados e-ou rotulados. Na minha percepção, a inclusão precisa contemplar a todos. Estudar com prazer, em escolas que se propõem a isso, não contempla segregação de alunos em salas específicas (tradicional ou especial).

Participação dos pais é muito importante, em todas as etapas

Infelizmente, em nosso país pleno de rótulos, estigmas e discriminações, há que se pensar, sim, antes de tomar esta decisão, pois a criança haverá de notar a diferença entre “as alas-salas”. Recentemente conversei com uma mãe sobre isso. E a criança sobre quem comentamos, filho de uma amiga, pede para sair, pois, como diagnosticada como TDAH – e tomando medicação tarja preta sem resultados – não quer permanecer entre os que realmente precisam estar na sala. Deve ser uma situação onde há discriminação e apelidos. A mãe da criança, que não quer se envolver com todo o esforço que demanda a criação de um filho - independente se tem ou não o diagnóstico de impulsividade e-ou hiperatividade, mesmo podendo participar, não comparece, não interage com a escola, não cria parcerias com as professoras. Deixa-o lá, independente dos apelos dele. Esta criança ficará machucada? Com certeza! Sentindo-se desassistida, desamparada e segregada.

Portanto, a decisão de uma mãe de colocar ou não seu filho em uma sala específica AEE
vai ter de ser uma decisão muito bem pensada e sentida. Vai ter de ouvir o parecer do neurologista, psiquiatra e-ou psicóloga cognitivo-comportamental. O que pode parecer um benefício hoje, pode se tornar um impeditivo mais lá na frente. Ou, funcionando bem, pode se tornar uma grande oportunidade para vencer obstáculos.


QUEM É O ALUNO COM DM – DEFICIÊNCIA MENTAL (sou contrária a este termo. Para mim, todos os seres são diferentes, apenas isso.  - nota de Marise - )

Segundo a professora-pesquisadora Eliana da Costa Pereira de Menezes, “para compreendermos como as ações do AEE - Atendimento Educacional Especializado podem favorecer o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência mental faz-se importante discutir aspectos referentes à construção da inteligência nesses alunos, assim como tentar esclarecer quem é esse aluno que se classifica como deficiente mental.

“Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, a deficiência mental pode ser compreendida como o funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, originado no período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: 
- comunicação, 
- cuidados pessoais, 
- habilidades sociais, 
- desempenho na família e na comunidade, 
- independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.”

O conceito de DM, que é atualmente utilizado para a realização do diagnóstico da deficiência, considera três aspectos centrais:
·                     o funcionamento intelectual abaixo da média;
·                     a idade de aparecimento das características da deficiência, que deve ser inferior aos 18 anos de idade;
·                      a dificuldade nos comportamentos auto-regulares ou condutas adaptativas.

“Consideramos importante esclarecer que esses aspectos são aqueles que clinicamente atestam a existência ou não da deficiência mental e, portanto, entendemos que, como profissionais da educação, muito mais do que procurarmos pelo diagnóstico ou não da deficiência, precisamos ser capazes de compreender os processos mentais percorridos por essas pessoas na construção da sua aprendizagem.”

O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009)

Todas as crianças são lindamente especiais: genuínas, criativas e espontâneas. Não tenho dúvidas disso!!(Marise)

Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008
Art. 1 o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.
§ 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular.
§ 2 o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.

Fontes:
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) – UERJ -


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96). Ministério da Educação, 1996


Decreto nº 6571. Brasília, 2008




Infelizmente, ainda estamos tateando, no Brasil, em relação a efetivas práticas inclusivas. Um grande fórum de ideias precisa ser criado, em nível nacional, para que educadores saibam qual seu papel e quais as melhores formas de tratar os alunos ditos diferentes. E, ao mesmo tempo, é preciso que mais e mais pais e mães se posicionem, exijam, conversem, pleiteiem, sugiram ações. Percebo que não será apenas por força da lei que os pareceres escolares irão mudar. Será pela pressão e insistencia dos pais. 
Desejo a todos Perseverança e Foco no Propósito! A direção desta escola precisa abrir-se e receber as orientações da psicopedagoga. Temos de unir esforços em prol de maior conscientização em relação aos nossos pequenos e jovens! (Esta é apenas uma das muitas respostas que enviei para as mães que receberam o "convite" para levar seu filho para outra escola!)


 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

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2 comentários:

  1. Prezada Marise,

    Bom dia!

    Desejo sucesso de Deus para sua vida!

    O seu trabalho está sendo super indicado por mim em Brasília!!
    Super parabéns pelo trabalho de pesquisa acadêmica/humanizado!




    Respeitosamente,


    Luciana Ribeiro

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  2. Gratidão por estarmos irmanadas na causa, Luciana Ribeiro!

    Deus Conosco, mostrando o Caminho, sempre!
    Beijos

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