sexta-feira, 15 de maio de 2015

AS CINCO ETAPAS EMOCIONAIS DE CRIANÇAS FERIDAS E ABUSADAS - O Jogo de Ripper







Por Marise Jalowitzki
15.maio.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/05/as-cinco-etapas-emocionais-de-criancas.html

Quando meu neto mais velho - exímio e tenaz leitor - emprestou-me um de seus livros - O Jogo de Ripper - logo de início fui vendo que havia muitas mortes, uma série de assassinatos e uma turma de adolescentes viciados em games, de repente metendo-se em desvendar esta intrincada série, procurando (e, por fim, encontrando) o assassino. Até pensei em não ler, pois não gosto de tramas violentas, mas continuei, pois o texto era sempre permeado de situações que despertavam a atenção e-ou curiosidade.

O enfoque que hoje quero dar, baseado no que li no livro mencionado (de Isabel Allende), é de como uma situação de desamor vivida na infância pode levar por caminhos tortuosos sem volta, à medida que o indivíduo adentra a idade adulta. Segregações, humilhações, apontamentos, retaliações, exposições vergonhosas, violências, castigos, sim, todos sabemos o quanto isto afeta a saúde mental de uma criança ou adolescente abusado. Como somos seres gregários, e nesta fase da vida isto é ainda mais procurado e necessário, a procura para participar de uma gangue cresce, pois "as gangues substituem a família, oferecem identidade e proteção" (pág 221).

Atente-se para estes dois fatores: Identidade e Proteção. Sentir-se protegido, amparado, cuidado, defendido. E identificar-se com um grupo, representando-o logo após. É a famosa Ética. Ética de um grupo, ética de uma gangue. Ética lida com costumes, com hábitos, não com sentimentos.

Uma síntese desta trajetória de uma vida destorcida é dada por uma assistente social, personagem do livro, e pode ser chamada de:

AS CINCO ETAPAS EMOCIONAIS DE CRIANÇAS FERIDAS E ABUSADAS


"Notoriamente são crianças tímidas, quietas, inibidas, comunicam-se pouco.
Se ninguém faz por elas, vão sendo tomadas pela insegurança, pela angústia, pelo medo.
Ao serem alvo de violência, de desentendimento e punições, deixam-se invadir por muita tristeza, que pode acabar em terror de tudo e todos.

Em minha prática profissional em instituições diversas, notei que, com o tempo, muitas destas crianças anteriormente tímidas e arredias, tornavam-se adolescentes rebeldes, cheios de raiva. E continuavam sendo castigados e expostos.

E, por fim, eu percebia a chegada do cinismo e da frieza...
Quando o jovem atinge este estágio, já não há o que fazer, a não ser se despedir, com a sensação de que o atirava às feras"... (pág. 414 do Livro O Jogo de Ripper)

Vou colocar em uma coluna, para que a absorção possa ser maior

Inicialmente:
Timidez
Quietude
Inibição

Depois:
Insegurança
Angústia
Medo

Seguido por:
Tristeza
Terror

Transformando-se em:
Rebeldia
Raiva

E por fim:
Cinismo
Frieza

Ilana De Picciotto Kuschnir comenta: Peter Levine afirma que o medo e a vergonha levam ao congelamento. Esse é o estado fisiológico da frieza, ironia e indiferença. É quando o indivíduo já não entra mais em contato com suas sensações.

Quando chega a passionalidade, o indivíduo já não sente mais nada, apenas reage.



(Professor abusador preso no Oriente. A própria esposa filmou-o e entregou o video à polícia. Diariamente batia em todos os pequenos para quem "ensinava".)

E onde estão os abusadores? Os algozes?

Os algozes não estão apenas dentro de casa (apesar de que as denúncias oficiais dão conta disto). Também não estão apenas em instituições que abrigam menores infratores, como declaram alguns. Nem são apenas "anormais" que, vez por outra, aparecem em alguma manchete.

Abusadores estão por toda a parte, muitas vezes acobertados por papéis de renome, que pagam pelo silêncio eternizado. Ou são chefes autocráticos descabidos, onde os subordinados, mesmo ao serem inquiridos, se apressam a minimizar os danos: "Nem foi nada! Ele sempre brinca assim! Ninguém mais liga!" - embora esteja estampado o quanto alguns estejam machucados emocionalmente.

E também não são apenas casos extremos. É preciso que se esteja atento para situações do cotidiano. Peço que cada um analise, observe, seja no lar, na escola, no trabalho, seja na vizinhança e avalie o quanto desses perfis abusadores podemos encontrar em situações cotidianas. Pessoas que tem por hábito impingir sofrimento a outros, seja através de zombarias, de escárnio, de gritos que expõem e humilham (hoje mesmo ouvi uns berros de um pai para com seu filho adolescente que devem ter feito o menino querer sumir!!) ou de violência física mesmo (o que continua mais comum do que se pensa).

Também, cabe uma auto análise.
Reavalie suas piadas, se você é do tipo gozador.
Reavalie suas críticas, se você costuma ser ácido em suas considerações, se não deixa os outros falar. Se é do tipo que, primeiro despeja, depois dá um tempo. Como fica o outro? Quantos silenciam ao invés de reabrir o diálogo mais tarde?

E, se não for nada disso e você souber de algum fato que necessite intervenção, ligue 100 e denuncie!

E não adianta vir com a questão de herança genética! Isto está sendo cada vez mais debatido e já não é mais justificativa plausível. O meio, o entorno, a influência das pessoas, isto, sim, aliado à leitura individual de mundo, faz diferença! "Predisposição genética não é predeterminação genética." (Dr. Gabor Maté) As pesquisas mostram que, mesmo  nos indivíduos onde existem os genes de uma ou outra anomalia, caso estas características não forem despertadas, pois o meio está consonante com Apoio e Compreensão, tais sintomas não aparecem, inexistindo, portanto, a eclosão da doença.






"De acordo com relatórios sobre saúde masculina, os meninos recebem diagnósticos de transtornos mentais quatro vezes mais do que as meninas.(...) 

Os pequenos - por vezes mais destemidos, mais valentes, mais impulsivos e determinados, inquietos, voltados para jogos e filmes de lutas, a tentativa de impor a sua vontade de uma maneira mais contundente do que, usualmente, as meninas – são os maiores candidatos a receber a indicação para tratamento." (pág 81 - Livro TDAH Crianças que Desafiam)


Cada um de nós é um Universo (Raul Seixas). E precisa ser respeitado deste jeito! Do jeito que é!
O que pode parecer apenas uma brincadeira de mau gosto pode desencadear situações inimagináveis, mais tarde.







Toda plantinha nasce pequena e frágil.







COMO DESCONSTRUIR UM PARADIGMA

Frase da Luciana Iwamoto: "Triste quando as pessoas optam por "Sucesso" ao invés de Saúde!"

Marise Jalowitzki Sim, tens toda razão! 
A mentalidade que permeia muitos profissionais da saúde é "encaminhar para o sucesso", para ser "o primeiro", para ser o "mais inteligente"... 
Os profissionais da educação, querem "preparar para a vida" (leia-se: "mercado de trabalho", "ser bem sucedido em um emprego!")...
E os pais costumam preocupar-se demasiadamente com ostentar um "filho perfeito" para os familiares, amigos e sociedade em geral.... 
Quando uma dessa orientações-premissas dá errado, entram em pane! Tem de haver uma mudança de paradigma!
Amor e Compreensão!!


Rosane Sena de Oliveira14 de maio de 2015 01:09
Não só os pais entram em pane, mas os filhos tb...como são treinados apenas para serem felizes, provavelmente terão uma baixa tolerância à frustração em todo momento de perda.

Marise Jalowitzki14 de maio de 2015 01:24
Vdd. Quando pequenos, ficam confusos e plenos de culpa, querendo agradar de qualquer jeito! 
Quando maiorzinhos, alguns entram no padrão ou, simplesmente, se evadem, seja pela marginalidade, drogadição, automutilação ou até quitando a vida! 

Esta geração tem algumas diferenças fundamentais no seu DNA Sutil. 

Os pais e todos os adultos envolvidos precisam compreender isto e mudar!
Permissão. Aceitação. Muita conversa. Apoio. Amor e Compreensão!



(Gratidão, Jeliel, por me emprestar o livro que permitiu esta reflexão compartilhada!)




E, sempre que souber de alguma irregularidade, disque 100! 
Denuncie! 
(Sua identidade será preservada!)





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 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 



LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e  dicas práticas de como lidar 
Déficit de Atenção e Hiperatividade
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta




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