COMPROMISSO CONSCIENTE: Vítimas de uma das maiores intoxicações do país falam sobre o caso 13 anos depois

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vítimas de uma das maiores intoxicações do país falam sobre o caso 13 anos depois

Porto Alegre - Intoxicação em Postos de Saúde por Organofosforado - Maria Helena Inácio gostaria de estar aposentada por acidente de trabalho e não por invalidez - Foto Igor Sperotto

"O clorpirifós, proibido em diversos países, é fabricado pela Dow Brasil, subsidiária da multinacional The Dow Chemical Company e vendido com o nome Dursban ou Lorsban. A indústria está envolvida direta e indiretamente em vários incidentes pelo mundo. Ainda, conforme diz a capa de seu site, ‘‘é a indústria química oficial dos jogos olímpicos até 2020”. (SinproRS)

Vítimas de uma das maiores intoxicações do país falam sobre o caso 13 anos depois

Por Marise Jalowitzki
09.julho.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/07/vitimas-de-uma-das-maiores-intoxicacoes.html

Aconteceu no GHC - Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre- RS e o veneno usado atingiu pelo menos 150 pessoas! Tema do Teledomingo.

O organofosforado Clorpirifos, utilizado na limpeza de Postos de Saúde é arma química (o mesmo usado no ataque terrorista em Tokyo, em 1995). O poderoso veneno ainda estava liberado no Brasil para utilização nas lavouras, como pesticida, embora já fosse proibido em diversos países, incluindo EUA. Após a intoxicação em 11 de junho de 1999, foi proibido em 2005. Hoje, o veneno continua sendo comercializado no Brasil com o nome de Dursban 4E BR ou Lorsban.

Na Índia, a Dow Chemical responde a processos por tentar subornar autoridades para liberar o uso do veneno http://news.agropages.com/News/NewsDetail---2702.htm
No Brasil, é indicado para o controle de baratas, formigas, pulgas, percevejos, mosquitos e outros insetos em ambientes domiciliares. http://www.pragas.com.br/produtos/ficha_tecnica.php?cod=82

Os sintomas:
Dor de cabeça
Tonturas
Irritação nas vias aéreas
Aceleração dos batimentos cardíacos
Coceira pelo corpo
Perda de equilíbrio ao andar
Paralisia
Perda de memória
Depressão séria, com riscos de suicídio
Convulsões
Alterações no sistema imunológico, levando a câncer.

A empresa criminosa demorou a divulgar o nome do veneno que foi usado nos 08 postos, o que dificultou o tratamento dos intoxicados, que receberam medicação indevida.

Em Porto Alegre, a empresa Rotor System faliu, fugiu, os responsáveis pela contratação - GHC - ocultaram o fato e as vítimas, que eram funcionárias nos Postos de Saúde afetados, recebem hoje, segundo o diretor, os remédios que necessitam para o tratamento. Nenhuma indenização, para, pelo menos, retrazer a dignidade às suas vidas irremediavelmente alteradas.

Em 2003 o MP - Ministério Público - começou a investigar.
O Médico do Trabalho, Paulo Fabris, foi o primeiro a dar atenção às queixas relatadas e a investigar a causa. O veneno - segundo ele - afeta todo o sistema nervoso e por muito tempo. O Sindicato SINPRO RS encaminhou 150 processos contra o GHC, que, ainda hoje, evita manifestar-se.

"GHC - O Grupo Hospitalar Conceição foi procurado, via assessoria de comunicação, por nossa reportagem inúmeras vezes durante a apuração. Até o fechamento desta edição o GHC não se manifestou sobre os fatos e andamento dos processos movidos contra ele, nem a respeito de qualquer questão que envolve este caso."
(Excerto de matéria publicada no Jornal Extra Classe, de autoria do jornalista César Fraga, pode ser lida na íntegra no link:
http://www.sinprors.org.br/extraclasse/jun12/imprimir.asp?id_conteudo=349

Agora, com o assunto sendo veiculado no Teledomingo (08.julho) pela RBS, sucursal da Globo - G1 -, o diretor do GHC afirma que está sendo cumprido o acordo feito com o Ministério Público, fornecendo os remédios.
As vítimas, algumas aposentadas por invalidez, outras demitidas, queriam, pelo menos, que fosse reconhecido "acidente de trabalho".
E as demais vítimas? Os pacientes que nem sequer tomaram conhecimento do real perigo a que estiveram expostos? Na reportagem, uma das atingidas delata que houve postos onde a dedetização foi feita durante o expediente, enquanto o médico continuava a atender seus pacientes! A intoxicação afetou inclusive gestantes que estavam em atendimento!

Como não houve nenhum acompanhamento não há como afirmar quantas pessoas, realmente, foram afetadas (incluindo os bebês nascidos) e que podem estar sofrendo as sequelas! Sem nenhuma assistência!

Reportagem séria, muito bem feita.
Tema carece de maior investigação. Na reportagem aparecem tomadas de dois Postos: Costa e Silva e Vila Barão de Bagé.

Irresponsabilidade ou Ação Planejada? A empresa contratada NÃO SABIA da periculosidade do veneno que foi utilizado para "limpeza"? A repórter ressalta: O veneno JAMAIS poderia ser aplicado em ambientes hospitalares.

Assista ao video com a reportagem completa:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/teledomingo/videos/t/edicoes/v/vitimas-de-uma-das-maiores-intoxicacoes-do-pais-falam-sobre-o-caso-13-anos-depois/2031395/

07:45

Dursban comercializado no Brasil - Intoxicação em Postos de Saúde em Porto Alegre - em 1999

http://www.pragas.com.br/produtos/ficha_tecnica.php?cod=82

DURSBAN 4 E BR -
Categoria do Produto	INSETICIDAS PROFISSIONAIS / SAúDE PúBLICA
Indicação de Uso	DURSBAN* 4 E BR é UM INSETICIDA PARA O CONTROLE DE BARATAS, FORMIGAS, PULGAS, PERCEVEJOS, MOSCAS, MOSQUITOS, CUPINS E OUTROS INSETOS EM AMBIENTES DOMICILIARES.
Composição do Produto	480 GRAMAS DE CHLORPYRIFOS POR LITRO

Quando redigi o artigo, fui pesquisar lá no artigo do SINPRORS, ali consegui a foto de uma das vítimas e podes ver que coloco trechos da reportagem e o link do Sindicato. Achei muito bem feita toda a matéria, mostra a seriedade com que o Sindicato está conduzindo um tema tão delicado e, também, aviltante! Olhando mais na web, há uma empresa com o mesmo nome - Rotor System, em Minas Gerais. Será a mesma? Esta investigação deveria ir além, tentar responsabilizar a própria empresa dedetizadora que poderá estar fazendo a mesma coisa em outros locais! Gravíssimo!