domingo, 22 de julho de 2012

CANDIOTA 3, A MAIS MODERNA USINA DE CARVÃO DO BRASIL, CONTINUA POLUINDO!!! Parte 2


Lago Ácido, tendo Aparados da Serra ao fundo - Poluição devido à exploração do Carvão mineral tem até mercúrio metálico!
Foto Tadeu S. Kane
“É um combustível do século XIV, para não falar até de antes. Você tem liberação de poluentes nocivos ao extremo: óxido de nitrogênio, enxofre, mercúrio metálico”, afirma o químico da UFRGS, Flávio Lewgoy.


Lembramos que a atividade carbonífera já levou o Uruguai a litigar com o Brasil, justamente em razão da poluição atmosférica provocada pela Usina de Candiota no país vizinho, entre elas a chamada chuva ácida.


CANDIOTA 3, a mais moderna usina de carvão do Brasil, CONTINUA POLUINDO!!!
Parte 2

Por Marise Jalowitzki
22.julho.2012
http://www.compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/07/candiota-3-mais-moderna-usina-de-carvao.html

O Rio Grande do Sul concentra quase 80% do carvão mineral brasileiro e Candiota é a maior usina do Brasil..

Em 18 de julho a seguinte matéria foi veiculada no Jornal Local e, depois, transmitido no Jornal do Almoço da RBS (sucursal da rede Globo). Mostram e comentam somente sobre as cinzas, intensas e frequentes (não iria parar?), sem se ater a todos os efeitos danosos à saúde.

Cinza empesta Candiota
Divulgação em 19.julho.2012

Assista à reportagem:

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-almoco/videos/t/edicoes/v/cinzas-da-usina-termeletrica-preocupa-moradores-de-candiota/2048420/




Também em 05.junho.2012 Candiota foi notícia -  http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/usinas-termoeletricas-sao-um-dos-maiores-poluidores-do-planeta/1979629/

O que consta no video:


O Jornal Nacional exibiu, nesta semana, uma série de reportagens sobre a produção de energia elétrica e o tema desta terça-feira (5) é o carvão mineral.

Problema de metrópole nos carros, nos quintais. E a poluição já foi bem pior, dizem.

“A gente comeu cinza. Lavava com a mangueira para tirar toda a cinza. Mas agora não, graças a Deus está melhor. Mas vem cinza, ainda vem cinza”, conta a aposentada Eva Silveira.

A usina termelétrica movida a carvão mineral não está no local por acaso. O Rio Grande do Sul concentra quase 80% do carvão mineral brasileiro. Na maior mina do país, no município de Candiota, onde o minério é encontrado a dezenas de metros abaixo do nível do solo, ele está em uma camada de 2,5 metros a 3 metros de espessura.

O carvão produz cerca de 1,5% da energia elétrica do Brasil. Na China, são quase 80%. Esse combustível é a principal fonte de poluição nos Estados Unidos, onde gera 45% da energia.

“Neste momento, não há razão para utilizar o carvão, que ele é caro, poluente, causa o efeito estufa e, além disso, o carvão brasileiro é de baixa qualidade”, define o diretor do Instituto de Energia da USP, Ildo Sauer.

“É um combustível do século XIV, para não falar até de antes. Você tem liberação de poluentes nocivos ao extremo: óxido de nitrogênio, enxofre, mercúrio metálico”, afirma o químico da UFRS, Flávio Lewgoy.

Segundo as usinas, o impacto tem sido reduzido com investimentos em tecnologia. Chinesa, por exemplo, como a usada na terceira fase de Candiota.

“As novas usinas são muito mais eficientes. Consomem menos carvão para gerar a mesma energia. Temos condições de remover as cinzas geradas na combustão, temos condições de remover o dióxido de enxofre formado na combustão”, diz o gestor ambiental da Usina de Candiota, Francisco Makmillan Porto.

Mas para funcionar, a unidade nova depende das antigas, projetadas nos anos 60, e a reforma delas só estará pronta em 2014. Mesmo com todos os riscos ambientais, Candiota defende o carvão com unhas e dentes.

“É o nosso ganha pão aqui”, afirma uma moradora.

“O carvão não é mais aquela poluição de dez, 15, 20 anos atrás. A tecnologia já vem melhorando, a parte de mineração já tem uma regeneração que consegue recuperar os solos”, explica o presidente do Sindicato dos Mineradores, Vágner Lopes.

Segundo a empresa mineradora, não é exatamente isso.

“Não dá para dizer que vá se recuperar completamente, como antes. Tanto que nós chamamos de recuperação, não regeneração. Recuperar condições de novamente revegetar”, diz o empresário riograndense de mineração Edson Beltrame.

As áreas mineradas são recobertas com camadas de argila e de solo vegetal.

“Para ele ficar bom vai levar muito tempo. A gente não tem ideia desse tempo, certamente a vida de uma pessoa não é suficiente para dizer que o solo está bom”, pensa o professor da Universidade Federal de Pelotas, Eloy Antonio Pauletto.

E o custo disso...

“É muito caro, hoje a recuperação de algumas áreas já nos custam algo ao redor de três a quatro vezes o valor da terra”, contabiliza Beltrame.

Em áreas de exploração mais antiga, o estrago ambiental é ainda maior.

Na periferia de Criciúma, em Santa Catarina, uma vila com mais de 100 casas foi construída em cima de rejeitos de carvão. Para algumas famílias, sujeira no rosto não é o pior.

“Não, não, o calor é terrível. Nossa, no verão não dá para parar porque é tudo pirita. Sobe um vapor que derrete”, diz um morador.

Pirita é uma das substâncias tóxicas liberadas da terra, junto com o carvão. Há ainda metais pesados que contaminam cursos d´água. A estimativa é de cinco mil hectares de áreas degradadas na região.

“O nosso trabalho tem sido muito isso, de fiscalizar, para que uma atividade que já é potencialmente poluidora seja o menos possível, que ande dentro da lei e que faça o resgate desse passivo ambiental de mais de um século”, diz o procurador da República, Darlan Dias.

O futuro do carvão no Brasil passa por acordos internacionais, como os assinados na Cúpula do Clima de 2009, na Dinamarca.

“Compromissos que o Brasil colocou em lei, com relação à emissão de gases de efeito estufa, em Copenhague. Os compromissos que ele assumiu lá, ele vai manter. E dentro disso, você tendo alternativa renovável e limpa, você vai priorizando essas fontes”, afirma o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann


Para Candiota 3, os chineses entraram com o equipamento e o financiamento. O banco CDB (China Development Bank), o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) deles, entrou com o financiamento. E o Citic, que é uma espécie de Eletrobras chinesa, foi responsável pelos equipamentos e pela mão de obra que eles contrataram aqui.
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=45668

Candiota III, com capacidade de 350 MW, é a maior obra do PAC na região Sul. Apesar de toda a divulgação de que Candiota III 'iria mudar a imagem das usinas de carvão no Brasil", a usina continua empestando o ar do Rio Grande do Sul. Não é só dos arredores de Candiota, não! Vim morar neste bairro (Passo D'Areia, em Porto Alegre) em meados de 2009 e não tinha este cheiro horrível, não!!! Foi pouco mais de um ano após, coincidentemente com a inauguração de Candiota III que o inferno começou! Minhas queridas plantinhas no terraço estão quase sempre pretas, queimadas por ar e chuva ácidas, a maioria morre, somente as arvoretas mais fortes resistem. A saúde humana? Esta está alarmantemente avariada! Os sintomas, escrevi-os mais uma vez em um artigo anterior, que trata também de Candiota (Parte 1).

A Usina Termelétrica (UTE) Candiota III, dizem, tem um sistema de tratamento das cinzas e do enxofre liberados na queima do carvão que torna o processo menos poluente. Como assim? No início de 2011, quando a UTE entrou em funcionamento, Hermes Ceratti Marques, engenheiro e coordenador do projeto, afirmou que a poluição seria 'a menor' de todas as outras usinas existentes no Brasil. Não é o que acontece. Esta semana, quando seu nome foi veiculado novamente na mídia local, falou em 'transtornos' como se a coisa não fosse corriqueira.


"... a usina tem um sistema de tratamento das cinzas e do enxofre liberados na queima do carvão que dá mais eficiência na geração e torna o processo menos poluente e é a mais moderna usina brasileira movida a carvão. A planta foi equipada com dessulfurizadores, câmaras que, a partir de um reagente, retém o enxofre liberado na queima do carvão. Um sistema de filtros de alta performance captura as cinzas produzidas", afirma o engenheiro e coordenador do projeto de Candiota 3, Hermes Ceratti Marques.

Segundo Marques,os modelos anteriores eram capazes de reter até 99,4%. Em Candiota 3, é possível reter até 99,9% das cinzas.

Com a tecnologia aplicada na usina, as emissões de poluentes caem drasticamente. A quantidade de enxofre liberado é quase 80% menor que a das demais usinas brasileiras a carvão. A emissão de grandes quantidades de enxofre na atmosfera causa o efeito conhecido como chuva ácida, altamente prejudicial à agricultura e à saúde das pessoas e dos animais.

A UTE gaúcha aperfeiçoou também o processo de queima do carvão e, por causa disso, é mais eficiente. Para a produção de 1 megawatt por hora (MWh) são queimados cerca de 900 quilos (kg) de carvão. As duas plantas mais antigas instaladas em Candiota (município a 350 quilômetros de Porto Alegre), que queimam o mesmo tipo de carvão que a unidade 3, precisam de cerca de 1,15 mil kg para gerar a mesma energia. Segundo Ceratti, esse “custo menor na produção da energia se traduz em uma tarifa mais barata [para o consumidor]”. A usina tem ainda um processo de tratamento e reutilização da água usada no processo industrial, que também reduz o impacto no ambiente.

Candiota 3 foi construída pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), com 75% do investimento financiado pelo banco chinês de fomento China Development Bank (CDB). A obra está avaliada em R$ 1,3 bilhão. A CGTEE fez um contrato comercial com empresa chinesa Citic Group para o fornecimento da usina e, também, para a transferência de tecnologia e assistência técnica, que é originalmente ocidental, mas que a China já domina há duas décadas. Todos os equipamentos usados na usina também são chineses.

A previsão de pagamento do investimento é de 10 anos, praticamente o mesmo tempo das demais usinas termelétricas a carvão do país. 

Edição: Vinicius Doria

Para conhecer a história das usinas em Candiota:



Parte 1 
Usina de Carvão Candiota III se propunha a ser menos poluente. Ninguém acreditava! Com razão!


QUEM VAI PARAR AS USINAS DE CARVÃO DE CANDIOTA? SOCORRO!
Parte 1
21.julho.2012





Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente


Escritora, Educadora, Ambientalista,
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil 

4 comentários:

  1. Marise: sou morador de Candiota e gostaria muito de conversar contigo a respeito de nossas usinas. Recentemente foi criada a APC- Associação Pró Carvão e queremos, através dela, mostrar à população as verdades sobre a queima de carvão. Uma delas é de que os veículos concentrados em POA, por exemplo, poluem muito mais que a usina e não trazem benefício nenhum à população.

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    1. Olá, "Anônimo". Já entrei no site da APC e li algo do que consta lá. Sim, é uma Associação pró-Carvão. É uma entidade patronal? Sim, pois não encontrei (pelo menos quando visitei o site), não encontrei intenções ou ações de melhoria para a população do entorno: menos poluição, mais postos de saúde, mais infraestrutura para a população do entorno...
      Amigo "Anônimo": se deres uma olhada maior em meu blog, verás que não publico coisas no sentido de QUEM POLUI MAIS! E, sim, O QUE PODEMOS FAZER - governos, empresários, sociedade civil, ações individuais - para POLUIR MENOS, PARA DEIXAR DE UTILIZAR combustíveis fósseis e nucleares. É uma intenção de MELHORIA, não de minimização.
      Entendo que as pessoas envolvidas (especialmente os empregados e suas famílias) podem ficar alarmados com os movimentos ambientalistas preservacionistas, pois TEMEM PERDER SEUS EMPREGOS, maior argumento dos empresários para os que precisam lutar pelo pão nosso de cada dia. AGORA, o que proponho (e, como eu, tantos outros, é uma NOVA FORMA DE VIDA, baseada em um modelo mais econômico de ser, de menos luxo e exibicionismo. E, sim, mais conforto TAMBÉM PARA OS QUE NEM SABEM O QUE É ISSO EM SUAS VIDAS!
      Não é uma proposta imediatista, nem coisa para uma ou duas gerações. MAS, NO MÍNIMO, pessoas como eu e você e tantos outros DEVEMOS COMEÇAR A PENSAR em uma nova alternativa (verdadeiramente) sustentável, e instigar governos e mega corporações a mudar visão sobre o que é produção e crescimento econômico-financeiro e isso, sem dúvida, inclui NOVAS FORMAS DE PRODUÇÃO TAMBÉM.
      (Como você não se identificou, falamos "aqui"!)

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  2. Moro em CANDIOTA A 30 anos,e não vejo sinceramente o que essa senhora colocou sobre sua plantinha em Poa,como nossa usina mata sua plantinha ai,e não mata as minhas que moro aqui??Será que não é alguma outra empresa dai mesmo?Quanto as cinzas que cairão e foi ao ar no jornal,foi por que os funcionários estavam em Greve,na época do acontecido.Peço que os interessados venham a Candiota se hospedem e fique um certo tempo em Candiota,vejam com seus próprios olhos o dia-dia dessa usina.Para ver se isso que aconteceu não foi um caso a parte.Serão muito bem vindos!!Muito obrigada pelo espaço e por expor minha opinião.Qualquer dúvida poderei ajudar como moradora de Candiota e sua anfitriã pelo email:ardissone.silvia@hotmail.com abraços!

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    1. Comunique-se com a RBS, Silvia Furtado e diga A ELES que não é o que filmaram e transmitiram! Que as crianças não brincam nas cinzas, que a Vila Operária não fica bem próxima à mina, que a senhora da reportagem mentiu quando disse que "as cinzas não diminuíram muito, não!" - E, uma possível greve faz um filtro não funcionar? Nessa história toda, para "essa senhora" o que menos importa são "as plantinhas". Cinza cai, fumaça, ar poluído, segue por centenas e centenas de quilômetros. O problema ambiental existe, sim, os ambientalistas e cientistas que o asseveram. Só o atual "progresso" que não quer enxergar!

      De qualquer maneira, muito grata pelo comentário.

      O que temos de fazer é deixar um planeta bom de se viver para nossos descendentes. O que, efetivamente, não vem acontecendo em muitos setores.

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