segunda-feira, 23 de março de 2020

CRIAÇÃO DE VÍRUS MORTAIS EM LABORATÓRIOS. CIENTISTAS PEDIRAM LIMITE. Foi em 2014. Só pra lembrar.




Estamos preocupados com as experiências perigosas que estão sendo feitas para projetar os mais infecciosos e mortais vírus da gripe e da síndrome respiratória aguda grave (Sars). Achamos que essa ciência imprudente e insensata pode ferir ou matar um grande número de pessoas" - comentou Amir Attaran, da Universidade de Ottawa, um dos cientistas que assinou o documento.
Marise Jalowitzki

Não adianta de nada recordar isto agora. O COVID-19 está aí e a única coisa que nos resta fazer é nos precaver, individual e grupalmente, pra que os danos, até fatais, possam ser os menores possíveis. Hoje mesmo (23.março) a ONU pede que cessem todas as guerras no mundo e que as nações se unam em prol de uma saída real para salvar vidas.

Encontrei o texto que transcrevo a seguir há vários meses e o havia perdido. Reencontrei-o agora. Para os que se interessam sobre os passos, nem sempre certeiros, que a humanidade pode dar, intencionalmente ou não, cabe a leitura.

Vivemos um momento planetário com imensas desigualdades sociais. Em 2015, a ONU compartilhou uma previsão de que, a continuar assim, em 2030 haverá escassez de água tamanha, que 40% da humanidade será diretamente atingida. Agora, com a emersão da pandemia por coronavírus, a maior recomendação é sobre higiene, lavar seguidamente as mãos, higienizar objetos, alimentos, tudo. 

Indígenas no interior do RS, amontoam-se à beira de rodovias, à espera de demarcação (Foto: Guilherme Santos -  Sul21)

Não existe um só município em nosso país que não tenha um ou mais bairros onde inexiste água potável e-ou saneamento básico. 

TODOS os países tem seus nichos de extrema pobreza, em menor ou maior grau. Como fazer?


Grandes estragos por vírus

Em 2004, o vírus da gripe espanhola foi recriado em laboratório americano.  (O vírus da gripe espanhola, em 1918, matou milhões e infectou metade da população mundial.) 
O resultado desta recriação do vírus da gripe espanhola, recombinando com outros vírus, foi publicado na revista Nature e mostra como porcos e aves abrigam tanto vírus de humanos quanto de aves, possibilitando trocas de genes durante a reprodução dos vírus. Estas trocas de genes, mostra o estudo, poderia tornar os surtos de gripes altamente infecciosos e letais para os humanos. (BBC Estadão )

As descobertas, naquela época (2004) foram importantes, e os cientistas envolvidos asseguraram sua crença em entender melhor o comportamento e propriedades do gene, já que pequenas alterações poderiam provocar alta letalidade. Um maior conhecimento permitiria um controle mais efetivo e um aprimoramento nas redes de vigilância global dos vírus da gripe influenza (H5N1 - gripe aviária - H1n1 - gripe suína) . Foi usada genética reversa.
Em 2014, foram encontrados frascos de varíola, abandonados na década de 1950 em laboratórios nos EUA, vírus que já havia sido erradicado há mais de 20 anos no mundo. 

Novos experimentos e recombinações foram realizados.
Entretanto, vários incidentes começaram a acontecer. Incidentes graves, repetidamente, de consequências imprevisíveis, numa frequência alarmante: em média dois por semana, em laboratórios públicos e privados. Isto fez com que vários cientistas, em equipe multidisciplinar, enviassem (em outubro deste mesmo ano - 2014) um alerta e um pedido para que ocorresse um limite nos experimentos.

Quem fiscalizava-fiscaliza?
“Incidentes recentes com varíola, antraz e gripe aviária em alguns dos mais importantes laboratórios dos EUA nos faz lembrar da falibilidade até das unidades mais seguras, reforçando a necessidade urgente de uma reavaliação completa de biossegurança”, escreveu o autodenominado “Grupo de Trabalho de Cambridge”, composto de pesquisadores das universidades de Harvard, Yale, Ottawa, entre outras.
Estamos preocupados com as experiências perigosas que estão sendo feitas para projetar os mais infecciosos e mortais vírus da gripe e da síndrome respiratória aguda grave (Sars). Achamos que essa ciência imprudente e insensata pode ferir ou matar um grande número de pessoas" - comentou Amir Attaran, da Universidade de Ottawa, um dos cientistas que assinou o documento.
O Centro de Controle de Prevenção de Doenças, na época, admitiu que laboratórios de alta segurança perderam o controle com algumas amostras.
"A criação em laboratório de novas cepas de vírus perigosos e altamente transmissíveis, especialmente de gripe, mas não apenas dela, apresenta riscos substancialmente maiores. Uma infecção acidental em tal situação poderia desencadear surtos que poderiam ser difíceis ou impossíveis de controlar.  (...) Sempre que possível, a segurança deve ser prioridade em detrimento a ações que tenham risco de pandemia acidental.  (O Globo)

Não se sabe o que foi decidido a partir de 2014, se houve o limite proposto, se a vigilância da OMS efetivamente aconteceu. Naquele ano, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB e membro do Comitê Internacional de Bioética da Unesco, Volnei Garrafa, declarou: "Não é para ficarmos alarmados aqui, mas a preocupação deles é válida, sempre há riscos, e o governo precisaria se posicionar".
Quanto de atenção receberam todos estes fatos, desde então? A mim, que sou leiga, perece que nenhuma providência efetiva foi tomada. No mesmo ano em que o manifesto da equipe multidisciplinar de médicos alertava as autoridades médicas do mundo, iniciou-se o surto de ebola na África Ocidental. E se estendeu por dois anos (2014 - 2016). A febre hemorrágica que matou mais de 11 mil pessoas, teve um epicentro em Serra Leoa, Libéria e Guiné.

Não esqueço aquele rapaz que conseguiu fugir do hospital de campanha onde estava, só de toalha, gritando: "eles querem matar a todos! Socorro!". Foi alcançado logo após e reconduzido. A população, há alguns metros de distância, assistia móvel, paralisada pelo medo de contágio.

Sobre a varíola: Em 2019, surgiram 30 casos de contaminação humana por varíola bovina em apenas um mês em Ouro Preto/(RO). A notícia, depois de ser divulgada, foi corrigida: que o caso estava sob investigação e, após isso, nenhuma nova notificação foi encontrada. 

Dois países receberam da OMS autorização para manter o vírus da varíola para fins de estudo: EUA e Russia.

Hora de tentar consertar o que ainda é possível!


Importante ensinamento de Dalai Lama que mostra o quão vazio e ineficaz é pensar apenas individualmente. E quão destrutivo pode ser.
Querendo, leia o texto sobre o pedido dos cientistas, na íntegra, transcrito de O Globo:
Laboratório. Vírus da gripe espanhola, que matou milhões em 1918, foi recriado - Foto: Reprodução O Globo/Sociedade

Cientistas pedem limite à criação de vírus mortais em laboratório

Falhas em unidades americanas elevam riscos de surtos
Washington - Um grupo multidisciplinar de cientistas de importantes universidades em diferentes países publicou ontem um alerta sobre a manipulação, em laboratórios norte-americanos, de vírus que podem se espalhar e infectar homens e outros mamíferos. A preocupação vem na esteira de seguidas notícias sobre falhas de envolvendo micro-organismos potencialmente perigosos.
“Incidentes recentes com varíola, antraz e gripe aviária em alguns dos mais importantes laboratórios dos EUA nos faz lembrar da falibilidade até das unidades mais seguras, reforçando a necessidade urgente de uma reavaliação completa de biossegurança”, escreveu o autodenominado “Grupo de Trabalho de Cambridge”, composto de pesquisadores das universidades de Harvard, Yale, Ottawa, entre outras.
No alerta, eles relatam que incidentes com patógenos têm aumentado e ocorrido em média duas vezes por semana em laboratórios privados e públicos do país. A informação é de um estudo de 2012 do periódico “Applied Biosafety”.
— Quando vemos algum caso na imprensa, dá a impressão de que são episódios raros, mas não são — comentou Amir Attaran, da Universidade de Ottawa, um dos cientistas que assinou o documento. — Estamos preocupados com as experiências perigosas que estão sendo feitas para projetar os mais infecciosos e mortais vírus da gripe e da síndrome respiratória aguda grave (Sars). Achamos que essa ciência imprudente e insensata pode ferir ou matar um grande número de pessoas. O Centro de Controle de Prevenção de Doenças, na semana passada, admitiu que laboratórios de alta segurança perderam o controle com algumas amostras.
No último caso, frascos de varíola foram encontrados por acaso num depósito inutilizado de um laboratório federal em Washington. Estima-se que eles estivessem ali há mais de 50 anos.
Attaran comparou o pronunciamento do grupo ao que cientistas fizeram em 1943, antes dos bombardeios de Hiroshima, na Segunda Guerra Mundial. E disse que o risco dessas experiências são maiores do que os possíveis benefícios dessas pesquisas, citando a recriação in vitro do vírus da gripe espanhola, de 1918, que matou 40 milhões de pessoas. Em 2004, cientistas fizeram a experiência num laboratório americano.
— Não é para ficarmos alarmados aqui — garante Volnei Garrafa, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB e membro do Comitê Internacional de Bioética da Unesco. — Mas a preocupação deles é válida, sempre há riscos, e o governo precisaria se posicionar.

LEIA O DOCUMENTO ENVIADO PELOS CIENTISTAS, NA ÍNTEGRA:
"Incidentes recentes envolvendo varíola, antraz e gripe aviária em alguns dos mais importantes laboratórios dos Estados Unidos nos faz lembrar da falibilidade até das unidades mais seguras, reforçando a necessidade urgente de uma reavaliação completa de biossegurança. 
Tais incidentes têm aumentado e ocorrido em média duas vezes por semana com patógenos regulados em laboratórios privados e públicos do país. Uma infecção acidental com qualquer patógeno é preocupante. Mas riscos de acidente com os recém-criados ‘patógenos potencialmente pandêmicos’ levanta novas graves preocupações. 
A criação em laboratório de novas cepas de vírus perigosos e altamente transmissíveis, especialmente de gripe, mas não apenas dela, apresenta riscos substancialmente maiores. Uma infecção acidental em tal situação poderia desencadear surtos que poderiam ser difíceis ou impossíveis de controlar. 
Historicamente, novas cepas de gripe, uma vez que comecem a transmissão na população humana, infectaram um quarto ou mais da população mundial em dois anos.
Para qualquer experimento, os benefícios esperados deveriam superar os riscos. Experiências envolvendo a criação de patógenos potencialmente pandêmicos deveria ser limitada até que haja uma avaliação quantitativa, objetiva e confiável, dos possíveis benefícios e oportunidades de mitigação de riscos, assim como a comparação contra abordagens experimentais mais seguras. 
Uma versão moderna do processo Asilomar, que define regras para pesquisas com DNA recombinante, poderia ser um ponto de partida para identificar as melhores medidas para se atingir os objetivos de saúde pública global no combate a doenças pandêmicas e assegurar os mais altos níveis de segurança. Sempre que possível, a segurança deve ser prioridade em detrimento a ações que tenham risco de pandemia acidental. "
Fontes de pesquisa:
Wikipedia - Gripe Aviária (Influenza) - https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe_avi%C3%A1ria
Wikipedia - Gripe Suína (Influenza) - https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe_su%C3%ADna
Frascos contendo o vírus da varíola encontrados em laboratório nos EUA - https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/frascos-de-variola-sao-descobertos-em-laboratorio-dos-eua-13197821
Ratos desvendam mistério da gripe espanhola
Os especialistas em doenças chegaram mais perto de entender os segredos mortais do vírus da gripe espanhol, que matou cerca de 20 milhões de pessoas em 1918–19. Ao reconstruir genes do assassino e introduzi-los em um vírus moderno, os pesquisadores recriaram parte de seu poder causador de doenças.
O vírus resultante deixa os ratos muito doentes, apesar de normalmente não contrairem gripe. Aprender como exatamente eles ficam doentes pode ajudar os especialistas em saúde a conter futuros surtos de gripe mortal em humanos.
Os pesquisadores, liderados por Yoshihiro Kawaoka, que trabalha nas universidades de Wisconsin e Tóquio, usaram uma abordagem chamada genética reversa para reconstruir os genes. Isso envolve reunir uma sequência de DNA desejada usando pequenas moléculas chamadas oligonucleotídeos.
Para isso, eles precisavam conhecer as seqüências de genes do vírus original da gripe espanhola. Vários deles foram decifrados em 1999 e 2000, usando amostras de vítimas preservadas. O grupo de Kawaoka conseguiu reconstruir dois genes do vírus, responsáveis ​​por produzir as proteínas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA).
Os pesquisadores inseriram esses genes em um vírus influenza moderno e o usaram para infectar ratos de laboratório. Os ratos desenvolveram uma doença pulmonar semelhante à gripe caracterizada por sangramento grave. "O que vimos foi semelhante ao que vimos em 1918 em humanos", diz Kawaoka.
Apanhar o culpado
Dos dois genes, o HA é o culpado, acrescenta Kawaoka. Como sua equipe relata no Nature1 desta semana, quando repetiram o experimento sem o gene NA, os ratos ainda estavam doentes. O gene NA sozinho não teve esse efeito.
Isso dá uma pista valiosa sobre por que a gripe espanhola era um assassino tão potente, diz Kawaoka. A hemaglutinina é responsável pela ligação do vírus às células hospedeiras e pela injeção do conteúdo viral. Talvez a HA da gripe espanhola tenha sido particularmente boa nisso.
A abordagem da genética reversa é muito útil, comenta Robert Lamb, virologista da Northwestern University, em Evanston, Illinois. Mas ele acrescenta que, para desvendar completamente o mistério da gripe espanhola, devemos sequenciar todo o seu genoma, recriá-lo por inteiro e estudar a doença em um primata não humano.
"O caso ainda não está resolvido - isso é uma pista, mas não acho que seja a história toda", diz ele. Talvez, ele acrescenta, a pandemia de 1918-1919 tenha sido tão ruim porque o vírus pegou o sistema imunológico das pessoas de surpresa. "Pode ter sido uma falta de imunidade pré-existente nessa população", sugere ele. "Eles já haviam encontrado gripe antes, mas talvez não desse tipo imunológico".
Motim em execução
O estudo mais recente pode, no entanto, nos ajudar a tratar novos surtos de gripe mortal, diz Kawaoka. Seus camundongos mostraram níveis aumentados de proteínas chamadas citocinas e quimiocinas, sugerindo que seus sistemas imunológicos estavam em conflito e foi isso que matou as vítimas humanas. Talvez a doença possa ser tratada com drogas que reprimem esse efeito, ele sugere.



vírus H5N1

Pessoas infectadas com H5N1 - um vírus relacionado que causa a mortal "gripe aviária" - também apresentam altos níveis de citocinas. Uma série de infecções na Tailândia levou os especialistas em saúde a temer uma epidemia global iminente em uma escala semelhante à gripe espanhola, embora até agora a maioria dos casos tenha sido capturada diretamente de aves e não de pessoas.
Mas, apesar do nosso maior conhecimento, a prevenção será muito melhor do que o tratamento, diz Kawaoka. "A única maneira de impedir a disseminação é a colaboração internacional", diz ele. "Precisamos controlar surtos em galinhas".
Se os surtos não forem contidos, diz Lamb, os resultados podem ser desastrosos. "A gripe espanhola matou uma em cada 100 pessoas. Não temos vacina e limitamos medicamentos antivirais. O vírus de 1918 não me preocupa particularmente - temos uma vacina. Mas o H5N1 me assusta muito".
Universidades de Wisconsin e Tóquio - e Northwestern University
Referências - Kobasa D. et ai. Nature, 431. 703 - 707 (2004).
https://www.nature.com/articles/nature02951.epdf

Gates avisou Trump sobre riscos de pandemia em 2016 e em um TED em 2015 - Saúde teria que ser impulsionada. Não foi dada atenção https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/05/12/bill-gates-alertou-donald-trump-em-2016-sobre-riscos-de-uma-pandemia.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=internacional


Querendo, leia também: Ebola está entre as doenças que mais matam, com taxa que varia de 25% a 90%.
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/14/taxa-de-letalidade-do-sars-cov-2-e-maior-que-a-da-gripe-mas-e-a-menor-da-familia-coronavirus-veja-comparativos.ghtml

Taxa de letalidade do Sars-Cov-2 é maior que a da gripe, mas é a menor da família coronavírus; veja comparativos

Ebola está entre as doenças que mais matam, com taxa que varia de 25% a 90%. Especialista avalia que ainda é cedo para cravar uma média para o coronavírus, já que o número de casos ainda deve crescer e atingir mais países.


Só o ebola era mais grave, diz médico cubano que chegou na Itália 
Link deste post: https://compromissoconsciente.blogspot.com/2020/03/cientistas-pediram-limite-criacao-de.html






Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui




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