Coerência ativista. É preciso saber pelo que está lutando e ser modelo e exemplo disto!! |
ATIVISMO E A
NECESSÁRIA COERÊNCIA
Por Marise Jalowitzki
31.dezembro.2013
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2013/12/ativismo-e-necessaria-coerencia.html
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2013/12/ativismo-e-necessaria-coerencia.html
Por ativismo entendem-se todas as manifestações de
instituições formais ou de grupos independentes, ou mesmo de indivíduos sem
nenhum vínculo, que decidem defender uma causa, manifestando-se publicamente,
seja através de protestos, passeatas, campanhas e, principalmente, nas ações
diárias. Visam sempre a mudança de uma prática social.
As motivações são bastante diversificadas e podem abarcar
desde o direito ao uso pelas mulheres de topless na praia, até manifestos
contra corrupção, defesa aos indígenas, violência contra a mulher, abusos com
as crianças, perseguição quanto à opção sexual, a ampla defesa do meio
ambiente, defesa da fauna e flora, protestos contra o consumismo, contra a crueldade, contra a exploração
em todos os sentidos. Enfim, engloba toda e qualquer situação que envolva injustiça, segregação e discriminação.
Problemas climáticos estão em quase todas as pautas ativistas |
Um grupo ou filosofia que se pretende sólido precisa
trabalhar, desde cedo e sempre, no sentido de clarear aos envolvidos (e futuros
envolvidos) quais as suas crenças, quais os seus propósitos, quais os
comportamentos e atitudes esperados, anunciar a postura cotidiana, o que estão dispostos
a enfrentar para obter os resultados almejados. E, é claro, delinear que
resultados são estes, quais os objetivos a serem alcançados e em quanto tempo e
de que forma serão encaminhados. Coerência entre discurso e ação é o que se
espera, principalmente de ambientalistas ativistas!
A recente questão da prisão, na Rússia, dos 30 ativistas do
grupo Greenpeace, senão a maior, uma das maiores entidades em prol da
preservação ambiental do planeta, ocupou as manchetes internacionais por mais
de mês. Felizmente, todos poderão responder o processo em liberdade. Eles foram
presos em território russo por defender o Ártico, chamar a atenção do mundo
para a devastação ambiental, preservar os ursos, combater a exploração de
petróleo.
Aqui no Rio Grande do Sul, o retorno de Ana Paula foi
noticiado em primeira mão pela RBS e, para surpresa de muitos, a manchete
anunciava que a bióloga seria recepcionada pela família com um churrasco!
Imediatamente, os comentários na própria matéria e em todas as redes sociais tratavam
da incongruência. Gozação, crítica, demonização do ativismo. A contradição
ficou evidente! Como assim? Defende a uns animais e a outros, sacrifica e come?
Frases irônicas como: “Salvem os bovinos dos ativistas” foram replicadas e a
discussão ficou mais séria em algumas páginas.
Eu defendi e torci pela libertação da Ana Paula e dos outros 29! Quem acompanha o blog sabe quantas bandeiras chamando à assinatura da petição foram expostas. O
trabalho deles, em prol dos ursos e demais animais do Ártico, é louvável!
AGORA, preservar os ursos e festejar com churrasco é uma ODE À MORTE!! Juro que
não entendo! Não são todos animais? Qual a diferença? Porque a uns os humanos
denominaram 'de corte'? É isso??? INSANIDADE HUMANA!!!”
Coloquei este comentário no grupo da entidade. O que se seguiu foi surpreendente! O que se esperava um
debate amplo, ficou enfrentamento e contestação, o que demonstra o quão pouco a
questão de Missão e Visão está sendo trabalhada entre os integrantes dessa
instituição. A primeira resposta foi do moderador: “Eu também
defendo os animais! sou ambientalista! mas não sou extremista! também como
carne! sou contra os crimes que cometem contra os animais! sou a favor da
sustentabilidade! sou contra a extremistas! amiga, abraço ecológico.
Realidade terrível que precisa ser amplamente debatida |
Tenho todos os comentários, mas não vou me
deter a isso, quero ir mais longe, o que não foi possível lá no grupo, mesmo
que alguns outros amigos tenham também tentado instigar a reflexão.
Este tema tem sido debatido entre os encontros dos dirigentes da entidade? Os resultados das reflexões tem sido disseminados entre os integrantes?
O que é
“extremista”? O que é “sustentabilidade”? Matar animais, ainda que sejam os
considerados “de corte” é ou não é crime? Um ambientalista pode fazer distinção
entre os animais? Quem determina quais são os destinados a viver e quais os que
devem morrer, os que devem servir como pet e os que devem ir para laboratórios,
servir aos experimentos científicos? Toda a questão animal está em xeque! E é
hora de todas as entidades que ainda não se posicionaram, esclarecer em que
acreditam e por quem, efetivamente, lutam. Coerência naquilo que
defendemos.
Lembro que, por ocasião da realização do 1º Fórum Social
Mundial, que aconteceu aqui em Porto Alegre-RS-Brasil, foi memorável a invasão
do Greenpeace na franquia do McDonals da Praça da Alfândega, no centro.
Gritavam palavras de ordem contra o aquecimento global, contra os
"bifes" do McLanche Feliz, os agrotóxicos, os transgênicos e contra o
confinamento dos bovinos!!! O que aconteceu??? Vários outros grupos e
personalidades no mundo inteiro estão revisando seus hábitos, por compreender a
rede que entrelaça todas as ações humanas e consequentes mudanças climáticas.
A confusão que pode ocorrer por falta desse posicionamento claro começa a ser sentida em vários grupos e manifestações. O que move um ativista? Tem ele claro por o que está lutando?
Como o número de adesões a diversas causas que intentam modificar para melhor esta nossa vida consumista e destruidora aumenta a cada dia é imprescindível que as organizações se posicionem sobre seus princípios norteadores e que os indivíduos, cada um, e cada vez mais, se informem sobre aquilo que defendem. As origens, as implicações, os caminhos (e descaminhos). As consequências. As causas. As ações possíveis e necessárias.
Como o número de adesões a diversas causas que intentam modificar para melhor esta nossa vida consumista e destruidora aumenta a cada dia é imprescindível que as organizações se posicionem sobre seus princípios norteadores e que os indivíduos, cada um, e cada vez mais, se informem sobre aquilo que defendem. As origens, as implicações, os caminhos (e descaminhos). As consequências. As causas. As ações possíveis e necessárias.
De nada adianta, como já se viu, gritar no manifesto anti-crueldade com os animais, por exemplo e, depois, ir comemorar com um bife!É imperiosos que se reflita sobre isso!!
(segue)
Mudança necessária |
VEJA MAIS NESTE BLOG:
Em dezembro este tema foi amplamente discutido em uma das páginas do Greenpeace no Facebook. Agora, a entidade, pressionada por várias outras instituições, manifesta-se oficialmente.
Um trecho do texto
“Não enxergamos contradição entre esse posicionamento e nossa defesa pela Amazônia. Nossas lutas têm frentes distintas a das entidades que defendem o vegetarianismo, mas são convergentes”, confessando a cegueira do Greenpeace perante tanto a contradição entre dados apresentados pela própria instituição – como a responsabilidade majoritária da produção e consumo de carne bovina pelo desmatamento amazônico (“A farra do boi na Amazônia”, 2009) e a destinação de 80% da soja produzida em fazendas na Amazônia Legal, muitas delas expandidas graças a desmatamento ilegal, a rebanhos, bovinos ou não, de pecuária intensiva e semiextensiva (“Comendo a Amazônia”, 2006) – e o costume confesso de diversos de seus membros ativos de comer essa carne."
Por Marise Jalowitzki
20.fevereiro.2014
Se liga, Greenpeace - Não dá para defender a uns e comer a outros
Leia o texto na íntegra, incluindo a discussão no facebook:
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/02/se-liga-greenpeace-nao-da-para-defender.html
Se liga, Greenpeace - Não dá para defender a uns e comer a outros!! |
Em dezembro este tema foi amplamente discutido em uma das páginas do Greenpeace no Facebook. Agora, a entidade, pressionada por várias outras instituições, manifesta-se oficialmente.
Um trecho do texto
O que o Greenpeace acha sobre comer carne?
“Não enxergamos contradição entre esse posicionamento e nossa defesa pela Amazônia. Nossas lutas têm frentes distintas a das entidades que defendem o vegetarianismo, mas são convergentes”, confessando a cegueira do Greenpeace perante tanto a contradição entre dados apresentados pela própria instituição – como a responsabilidade majoritária da produção e consumo de carne bovina pelo desmatamento amazônico (“A farra do boi na Amazônia”, 2009) e a destinação de 80% da soja produzida em fazendas na Amazônia Legal, muitas delas expandidas graças a desmatamento ilegal, a rebanhos, bovinos ou não, de pecuária intensiva e semiextensiva (“Comendo a Amazônia”, 2006) – e o costume confesso de diversos de seus membros ativos de comer essa carne."
Se liga, Greenpeace - Não dá para defender a uns e comer a outros!!!
Por Marise Jalowitzki
20.fevereiro.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/02/se-liga-greenpeace-nao-da-para-defender.html
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