França foi quem mais se opôs a que a verdade sobre Chernobyl fosse divulgada, em 1986 - Aprendeu?
Por Marise Jalowitzki
O rosto sério de Sarcozy não esconde a preocupação. Em sua visita (30) à usina de Fukushima, no local do desastre nuclear, o presidente francês viu pessoalmente o tamanho e a gravidade do estrago nuclear. A França depende quase 80% da energia que vem do Japão. Sarcozy foi o primeiro chefe de estado a visitar a zona contaminada.
O presidente francês, que é também o presidente do G-20, clamou por uma revisão mundial das usinas nucleares. Nicolas Sarkozy conclama a uma reforma nos padrões nucleares globais até o final de 2011.
A proposta é que a França sedie um encontro com as autoridades nucleares do bloco em maio e que dali saiam novas normas de utilização, manutenção, revisão e divulgação de dados de funcionamento e produção da energia nuclear. Não só em Fukushima Daiichi, como no mundo.
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou sua concordância irrestrita.
"Para evitar a recorrência de um acidente assim, é nossa tarefa compartilhar nossa experiência eficazmente com o mundo", declarou o presidente francês, em entrevista coletiva conjunta.
Sarcozy sabe do que está falando. Parece que a França aprendeu a levar a sério os acidentes nucleares e parece, também, que, agora, com o atual presidente, tem uma intenção de maior transparência com relação aos acontecimentos reais.
Em 1986, quando irrompeu a pior crise nuclear de que se tem registro, em Chernobyl, na Ucrânia, a URSS convocou uma conferência com os governos (Brasil esteve presente) e explanou em detalhes, decidida a divulgar tudo o que tinha acontecido. Foi da França a voz mais ferrenha para que não se divulgassem os acontecimentos, acidentes, número real de mortos, perigo de contaminação, índices de vítimas e percentuais radioativos jogados na atmosfera, solo e água.
Agora, em Fukushima Daichii, apesar de todos os esforços dos técnicos japoneses, os resultados tem se mostrado aquém do esperado. Está difícil conter os vazamentos, o que, forçosamente, leva a uma reavaliação global dos benefícios e da segurança da energia nuclear.
A França, país mais dependente de energia nuclear do mundo, está tomando a dianteira na assistência ao Japão. Além da demonstração de solidariedade de Sarkozy, Paris enviou especialistas da Areva, estatal fabricante de reatores. "Considerem-me sua funcionária", disse Anne Lauvergeon, executiva-chefe da Areva, às autoridades japonesas.
Como em Chernobyl. O grupo de trabalho era coeso, sem distinções ou patentes.
Os Estados Unidos e a Alemanha contribuíram também, oferecendo robôs para ajudar a reparar a usina nuclear danificada.
Os robôs acabaram se mostrando ineficientes e foi a mão humana, com o sacrifício de milhares de vidas, que conseguiu conter uma segunda explosão que teria arrasado com metade da Europa.
Vem crescendo a pressão para que o Japão amplie a zona de exclusão nos arredores da usina de Fukushima, onde a radiação no mar próximo atingiu 4.000 vezes o limite legal e dificultou a batalha para conter a crise.
Tanto a agência nuclear da ONU quando sua correlata japonesa aconselharam Kan a cogitar a expansão da zona de 20 km para 60 ou até 80 km na costa nordeste do Pacífico, devido aos altos níveis de radiação detectados.
Autoridades do governo estão pedindo aos japoneses e ao mundo que evitem uma reação exagerada ao que dizem ser níveis de radiação de baixo risco longe da usina.
Mais de 70 mil pessoas foram retiradas num raio de 20 km. Outras 136 mil que vivem em um raio de 10 km foram incentivadas a partir ou ficar dentro de casa.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU disse que a radiação no vilarejo de Iitate, a 40 km da usina, ultrapassou o critério de evacuação.
Yukio Edano, secretário-chefe de gabinete japonês, afirmou que o governo está revendo a questão diariamente, mas "neste momento, nenhuma decisão para ampliar a zona de evacuação foi tomada."
Gente, é preciso entender o que é um desastre nuclear para pode se posicionar! Há outras formas de se obter energia, renovável! O Sol e os Ventos que o digam!
Tomara que não fiquem esperando o pior acontecer, como os russos fizeram no século passado. Lá, eles realmente não tinham sequer conhecimento do que fazer, efetivamente, com um desastre daquele nível. Agora, mesmo que a grande população não tenha tomado conhecimento dos acontecimentos reais, eles, os governos, sabem. Vão querer repetir o mesmo erro?
Alguém já lembrou a esses senhores que é melhor prevenir e não precisar, do que precisar e não poder mais fazer?
A atuação nuclear é silenciosa. Não aparece logo. Depois, é só arcar com os nefastos efeitos, por décadas e gerações.
Em Fukushima, bombeiro anda em meio à noite radioativa à procura de corpos. |
Marise Jalowitzki Compromisso Consciente |
Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
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