NESTLÉ e Costa do Marfim - Qual a cor do selo para quem não se preocupa com Trabalho Escravo Infantil? O Lado Negro do Chocolate

Cacau - Qual a cor do selo anti-tráfico infantil?

NESTLÉ e Costa do Marfim - Qual a cor do selo para quem não se preocupa com Trabalho Escravo Infantil?

Por Marise Jalowitzki
18.abril.2011
http://t.co/sII0UU3

Estamos a alguns dias da Páscoa. Nos supermercados e lojas do varejo, sacolas e cestos se enchem de guloseimas, cumprindo a tradição de presentear, principalmente com chocolate, a páscoa onde coelhos viram "galinhas", sim, coelhos põem ovos na páscoa. Ovos de chocolate do coelhinho.

Semânticas à parte, trago à reflexão um tema muito trágico: o do tráfico infantil.



Costa do Marfim - maior produtor de cacau

Costa do Marfim

Por estes dias acompanhamos toda a polêmica sobre a governança na Costa do Marfim, envolvendo Laurent Gbagbo, um presidente que perdeu as eleições e não aceitou os resultados, teimando em ficar.



Ouattara - Presidente da Costa do Marfim

Conflitos, mortes, chacinas, novamente intervenções estrangeiras, finalmente, a saída da cadeira presidencial. E a posse do novo presidente eleito: Allassane Ouattara.

Muito sangue dos dois lados, massacres de civis que ultrapassaram 1.500 mortos, violações de direitos humanos, humilhações que serão revistas e analisadas por comissões internacionais. Histórias conhecidas nas feias páginas que o ser humano está a escrever há milênios no planeta.

Costa do Marfim é o maior produtor de cacau do mundo



Costa do Marfim - exportação de cacau

 A Costa do Marfim é o maior produtor mundial de cacau, correspondendo a cerca de 42% da produção de todo o planeta.

Países limítrofes paupérrimos lhe servem de captadores de "recursos" humanos. Os "recursos" são crianças, principalmente entre 8 e 12 anos, que são retirados de suas famílias para nunca mais voltar.

As famílias, numerosas, sempre com muitos filhos, encontram no recrutamento de seus filhos, ainda crianças, uma forma de obter uma melhoria financeira para seus lares desprovidos de quase tudo. Vendem os pequenos por valores irrisórios (3 crianças por 50 euros, por exemplo). Muitas vezes as mães não querem, os pais fecham negócio, sob a alegação de que o valor recebido tem a validade de 3 anos e, depois, o filho começara a ajudar a família. Salvo raríssimas exceções, nunca mais o verão.

Muitas vezes as crianças são simplesmente roubadas, sem que os pais tenham qualquer contato com os traficantes.

As crianças entram nos ônibus clandestinos, amedrontadas, algumas vão quietas, outras, chorando.


Trabalho escravo infantil nos cacaueiros



Atravessam até 3 países até chegar na Costa do Marfim. Trabalham pesado, sem remuneração, seja na colheita de cacau, seja na construção de casas de barro. Se se insurgem, ou trabalham "lento" na avaliação do feitor, ou se sentem saudades são castigadas. Acabam se "acostumando". Não há outra saída. Algumas, quando adultas, tornam-se os novos "motoristas do tráfico" e voltam para traficar outras crianças.

 A lei proibitiva existe.
Não é cumprida e os governos sabem disso.
E negam.

O clima nos cacaueiros é sempre tenso quando chega algum repórter para cobrir alguma matéria/pesquisa.
Há riscos.
Muitos desistem.
Nenhum jornalista contesta as declarações obtidas, mesmo sabendo ser inverdades, sob pena de serem assassinados.


O descaso das grandes indústrias que compram o cacau da Costa do Marfim

O que fazem os donos das grandes potências, que importam o cacau para suas mega indústrias de chocolate?
Fazem-se de sonsos.
Quando interpelados, dizem "desconhecer o fato", desacreditam do que lhes é narrado.
Corrupção velada.
Descaso assumido.

O que o cidadão comum pode fazer?

Em um mundo com tantos desvios, o que podemos nós, você e eu, cidadãos comuns, que pouco podem influenciar nas grandes decisões?

PARAR DE USAR OS PRODUTOS DESSAS MEGA EMPRESAS IRRESPONSÁVEIS, cujo único compromisso é com a lucratividade imediata.



Nestlé assinou o Protocolo do Cacau, em 2001

 NESTLÉ

COMO uma multinacional como a NESTLÉ, por exemplo, não fiscaliza a ORIGEM da mão-de-obra dos produtos que usa para o fabrico de seus deliciosos produtos?

ONDE estão os programas de dignificação do ser humano, o monitoramento dessas crianças e adolescentes.

As crianças são vendidas, não estudam, são obrigadas a trabalhar até 16 puxadas horas por dia, com pouca água e alimento frugal, vivem em acampamentos/alojamentos precários. Como escravos.

QUAL A COR DO SELO PARA IDENTIFICAR UMA EMPRESA QUE NÃO SE PREOCUPA COM O TRABALHO ESCRAVO INFANTIL?



Selo Verde - produtos ecologicamente corretos

 Sim, pois se o "Selo Verde" é dado às empresas que aderem a produtos ecológicos - selo esse que garante a procedência e a qualidade do produto - é preciso que surja um selo que identifique, também, quais as empresas que se preocupam com a dignidade daqueles que são o início da malha produtiva: os colhedores. No caso deste artigo, os colhedores de cacau.

Há várias matérias a respeito do tema na internet. Escolhi uma sequência de videos do jornalista dinamarquês MIKI MISTRATI que cobre em detalhes toda a trama. Inclusive, com perguntas diretas a ricos empresários em eventos internacionais, onde pipocam propagandas de crianças lindas, louras, olhos azuis, se deliciando com chocolates, em meio ao aconchego do seio familiar, pai e mãe, cheios de sorrisos e afeto. Como deve ser. Para todos.

PORQUE TUDO ISSO É VETADO AO NEGRINHO, POBRE E DESCALÇO?



Costa do Marfim - Autoridades sabem do tráfico. E negam.

UM DIA, POR ALGUÉM, A MUDANÇA, PARA MELHOR, TEM DE COMEÇAR.

A Nestlé, assim como as multi Mars e Berry Callebaut assinaram, em 2001, o Protocolo do Cacau, comprometendo-se a erradicar o trabalho escravo, principalmente o infantil, até 2008.




Os videos que estão aí disponibilizados são de 2008...

Miki Mistrati é um conhecido e premiado jornalista dinamarquês.

Ele se expõe, muitas vezes tem de apressar sua saída dos locais mais perigosos. Com sua câmera oculta, constrói um valioso documentário que mostra a cruel realidade das crianças africanas.

Eu, particularmente, adoro os chocolates da Nestlé.


Nestlé! Erradique o tráfico Infantil nos cacaueiros!

 A empresa, há mais de uma década, foi alvo de intensa campanha do Greenpeace, por usar transgênicos nos alimentos às vacas e cabras que produzem o leite para a mistura nos chocolates. Transgênicos sem nenhum aviso aos consumidores.

"T" identifica produto transgênico

Depois de muito alarde, escândalos e queda nas vendas, a Nestlé rendeu-se e passou a observar as normas internacionais de colocar o "T" nas embalagens, sempre que um produto contiver mais de 1% de transgênicos.

Agora, com essa duríssima realidade, vou deixar, novamente, de consumir QUALQUER produto da Nestlé.
Claro que ela não é a única.
Vou tentar descobrir a origem do cacau da GAROTO, da ARCOR, da LACTA, da MONTEVERGINE, da NEUGEBAUER, da COPENHAGEN, etc - os chocolates mais populares comercializados no Brasil.

Convido para que façam o mesmo.


Outros sites sobre o tema: 

-  El País - Clipping: Na rota dos meninos escravos - de Benim a Costa do Marfim - Link: http://www.reporterbrasil.org.br/clipping.php?id=373

- O Planeta que temos - de Mali até a Costa do Marfim - Link:

Miki Mistrati  

Protocolo do Cacau

Nota de 19.fevereiro.2016:
Video original, legendado em português, contendo todo o documentário, com mais de 1 hora de duração, foi removido do youtube.

Ficaram estes:

Links dos videos:

O Lado Negro do Chocolate - Documentário Legendado PT- 46min - Com legenda em português - https://www.youtube.com/watch?v=zESgFuJ_wy8

PARA ATIVAR A LEGENDA, CLICA PRIMEIRO EM "DETALHES", DEPOIS EM "LEGENDA" 

Ou estes:

Parte 1/3 - https://www.youtube.com/watch?v=l6JI5jn-QrA - 14 min (legenda abre direto)

Parte 2/3 - https://www.youtube.com/watch?v=6YlCjvc0B6Y - 13min57seg

Parte 3/3 - https://www.youtube.com/watch?v=kgUXCYITOVo - 16min31seg

E tem também este:
https://www.youtube.com/watch?v=ozSRWm7VcVE&list=RDozSRWm7VcVE#t=6 - 45 min - também abre legenda direto

Nesta data, também redigi novo artigo-chamamento para o tema: 
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/02/chocolate-pascoa-trabalho-escravo.html