terça-feira, 26 de novembro de 2019

Fukushima, Princípio da Precaução e 1200 mortes adicionais


Vista aérea de Fukushima (Getty Images)
Como saber avaliar os riscos de uma decisão, quando o acidente é inédito e os referenciais já vivenciados são terríveis?
Fico com a decisão do governo do Japão em acabar, em apenas um ano e dois meses, com todas as usinas nucleares no Japão. O povo queria e pedia isso. O mundo gritava por isso. A tragédia foi o pior desastre nuclear desde o de Chernobyl, em 1986. E sem data para acabar! A cada dia - para quem acompanhou os dramas dos japoneses - novas notícias eram veiculadas, com novos derramamentos tóxicos para o mar, novos perigos, como o estrôncio, ácido sulfídrico brotando do chão, novas áreas terrestres interditadas, risco de terremoto, alguns dias depois o Tufão Roke, novas evacuações e muito, muito medo. Como prever o que poderia acontecer ou deixar de acontecer?
A suspensão na produção de energia nuclear que era responsável pelo abastecimento de energia elétrica redundou em um aumento na importação de combustíveis fósseis. E, por esta importação, o cidadão japonês passou a pagar uma conta mensal por uso de eletricidade até 38% mais cara em algumas regiões. Muitos não puderam pagar e pesquisadores declaram que, em decorrência da ecnomia forçada de eletricidade, cidadãos japoneses morreram de frio.
Falar agora que anos são passados, só é permitido após a vivência e uma análise acurada dos fatos. A realidade já se implantou com  o que veio depois. Lá, em meio ao desastre, a iminência de maiores danos, inimagináveis danos, estava a assombrar a todos! Cautela, cuidado, sim, abarcar os riscos que poderiam advir, mas, foi feito o que precisava ser feito!

No que percebo, as autoridades fizeram o certo! O "mundo dos ricos" é que poderia ter se mobilizado para ajudar os pobres do Japão a pagar suas contas de luz. Mas, o que esperar de um mundão onde nem os conterrâneos de uma mesma comunidade é capaz da compaixão e auxílio ao próximo?

Transcrevo a reportagem da BBC Mundo que foi publicada em Pragmatismo Político
Maioria das mortes após o acidente nuclear de Fukushima não foi por causa da radiação
O acidente nuclear de Fukushima no Japão foi o pior desde o desastre de Chernobyl, em 1986.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude próxima de 9 causou um tsunami com ondas de 14 metros e a água inundou a usina nuclear de Daiichi no município de Fukushima, na costa nordeste do país.
O tsunami causou danos à usina nuclear e a liberação de material radioativo.
Mas, além das vítimas diretas do acidente, uma decisão das autoridades japonesas causou mais de 1.280 mortes adicionais. E essas mortes não foram devidas à radiação, mas ao frio.
É o que os pesquisadores do IZA, o Instituto de Economia do Trabalho da Alemanha, declaram em um artigo, segundo o qual o caso de Fukushima inclui uma lição vital para governos de todo o mundo.

Princípio da precaução

O artigo é intitulado Cuidado com o Princípio da Precaução: Evidências do Acidente Nuclear de Fukushima Daiichi.
“Uma definição geralmente aceita do Princípio da Precaução é que certas atividades não devem ser realizadas se a ameaça de dano potencial não for totalmente compreendida”, disse à BBC News Mundo um dos autores do artigo, Matthew Neidell, pesquisador do IZA e professor na Escola de Saúde Pública e Administração da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.
Após o acidente nuclear em Fukushima, a mera possibilidade de um apocalipse radioativo em um país traumatizado por duas bombas nucleares levou a uma decisão drástica.
Todas as usinas nucleares japonesas, responsáveis ​​por 30% da eletricidade consumida em todo o país, foram fechadas em pouco mais de um ano.
“Em 14 meses após o acidente, a produção de energia nuclear cessou completamente no Japão”, disse Neidell.
"E essa redução na produção de energia nuclear foi compensada por um aumento na importação de combustíveis fósseis. Isso, por sua vez, levou a um aumento no preço da eletricidade de até 38% em algumas regiões.”
Esse aumento de preço, de acordo com Neidell, é a chave para entender as mortes adicionais.

Frio

Neidell e seus colegas apontam que o apagão nuclear e o aumento no preço da eletricidade levaram a uma redução no consumo de eletricidade, da qual muitas pessoas dependiam para se aquecer.
Muitas pessoas passaram reduzir o uso dos sistemas de aquecimento e isso causou mortes por doenças ligadas à exposição ao frio, segundo os pesquisadores.
Entre 2012 e 2013, houve uma queda no consumo de eletricidade de até 8%, com média de 4,9% nos meses de inverno.
Os autores estabeleceram uma correlação por meio de modelos matemáticos e estimam que a cessação da energia nuclear causou até 1.280 mortes nas cidades analisadas — o grupo avaliado representa 28% da população total do Japão, portanto, o número geral seria ainda maior.
“Usamos modelos econométricos para vincular o aumento da mortalidade às mudanças nos preços da eletricidade e excluir outros fatores que poderiam ter levado a mortes adicionais”, disse Neidell.

A principal lição

“Não há mortes atribuídas diretamente à exposição à radiação, mas alguns estudos falam em 130 mortes”, diz o artigo.
“Também é estimado que 1.232 mortes foram resultado de evacuação após o acidente”, acrescenta ele.
Neidell disse à BBC Mundo que, em apenas 4 anos, “as mortes devido ao aumento no preço da eletricidade provavelmente superaram as mortes resultantes do acidente nuclear”.
“Mas os altos preços da eletricidade continuaram depois do fim do estudo, portanto, é quase certo que a interrupção da produção de energia nuclear contribuiu para mais mortes do que o próprio acidente.”
O caso de Fukushima demonstra que as decisões sobre políticas de energia podem ter sérias consequências na saúde e na vida das pessoas.
“Devemos lembrar que o princípio da precaução nos leva a focar apenas nos possíveis riscos de uma ação”, disse Neidell à BBC Mundo.
“Mas esse princípio não leva em conta que a alternativa, neste caso, descontinuar o uso da energia nuclear, também pode ser perigosa.”
Segundo Neidell, é crucial ter em mente que “algo que abandonamos por precaução será substituído por outra opção, mas essa alternativa também tem seus próprios riscos”.
Querendo, leia mais sobre este tema nesta página de links:

Tragedia Nuclear - Japão e Chernobyl

Tragédia Nuclear - Radioatividade permanece!
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/03/detalhes-da-tragedia-que-assolou-o.html


















Três meses após o desastre no Japão,
povo pede o fechamento de todas as usinas
nucleares - Foto AFP

PARABÉNS, JAPÃO! Japoneses pedem para desativar as Usinas Nucleares

11.junho.2011
Link: 


Reconstrução da área que foi afetada
em Fukushima em vai custar
207 mil milhões de euros

Como alguém pode dizer que a energia gerada é barata? Em caso de desastre, onde fica o "lucro"?
06.maio.2011




http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/03/fukushima-licao-nao-aprendida.html 
Se tudo o que aconteceu não foi o
suficiente, o que mais precisará
acontecer -  Fukushima, Japão -
 incêndio gás natural - Foto Kyodo Reuters




Por Marise Jalowitzki
10.março.2012



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Livro Veganismo em Rede será lançado na 65a Feira do Livro de Porto Alegre




O livro Veganismo em Rede: Conexões de um Movimento em Expansão, da autora Dizy Ayala, será lançado na 65ª Feira do Livro de Porto Alegre/RS, no dia 10/11 (Dom) às 16h30min, na Praça de Autógrafos.

De acordo com a autora, a obra se propõe a ser um sopro de esperança diante de tantos momentos difíceis que estamos vivendo, de crimes cometidos contra a natureza, que comprometem nosso futuro e que, muitas vezes, nos levam a desacreditar, mas que, por outro lado, nos motivam a seguir adiante, junto a tantas vozes, no presente e no passado, a nos inspirar para a construção de um mundo com mais respeito, justiça e compaixão com a natureza, vidas humanas e animais, em conexão.


Esse trabalho é fruto de mais de um ano de pesquisa e conta uma linda história que remonta aos precursores da concepção do veganismo desde a Grécia antiga, no ocidente, e na Índia, no oriente. E difundida pelos principais movimentos artístico filosóficos do século 19 até culminar em obras literárias que, junto a doutrinas religiosas, vieram a formar as primeiras sociedades vegetarianas.

Apresenta a transversalidade dos movimentos sociais surgidos a partir dos anos 60 e da Revolución, em 68, pela igualdade dos direitos civis, direitos da infância, o movimento feminista e de gênero, ambientalista e os direitos dos animais, com fatos e faces que vão te surpreender.

E, ainda, a expansão do movimento vegano através de nossa era digital, que ampliou os espaços e as dinâmicas da comunicação, por meio de recursos inovadores.

E por falar em recursos inovadores a obra também apresenta o QR- Code em algumas das passagens do livro de maneira a nos conectar a esse movimento global, onde você também é convidado a fazer a conexão.

Fica, então, o convite para o dia 10/11 às 16h30min na Feira do Livro! Até lá!
Os livros estão à venda na feira até o dia 17/11 na Banca 45 da Livraria Entrelinhas, Banca 49 da Estação Cultura e na Banca da Associação dos Escritores Independentes (AGEI).

Aos interessados de outras cidades ou estados, que queiram adquirir um exemplar,  é só mandar um recado inbox no perfil do Facebook @dizyayala ou e-mail pelo dizyayala@gmail.com ou, se preferir, contatar pelo Whats (51) 981085255. São enviados os dados para pagamento via depósito. O valor é 25,00 reais com frete grátis para todo o Brasil. 
Após confirmação do depósito e endereço de entrega, o livro chega em até cinco dias úteis pelos Correios. É enviado código de rastreio para entrega segura. 

Estou muito contente com toda receptividade com o livro Veganismo em Rede. Antes mesmo do lançamento, já foram feitos pedidos, inclusive de fora do RS, de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e João Pessoa. Gratidão!



Dizy Ayala
Blogueira, Revisora, Escritora, Vegana.
Formada em Publicidade e Propaganda -  
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
Páginas no facebook
Veganismo em Rede
Uma Escolha pela Vida
Ação pelos Direitos dos Animais  
dizyayala@gmail.com


Faça parte você também da construção de um mundo mais compassivo, 
com maior qualidade de vida, respeito ao planeta 
e as outras espécies que o dividem conosco.


Adquira o seu exemplar 
do lançamento Veganismo em Rede
através do e-mail dizyayala@gmail.com ou pelo Whats App (51) 981085255


Mais informações no link


(artigo transcrito de https://acaopelosdireitosdosanimais.blogspot.com/2019/11/livro-veganismo-em-rede-sera-lancado-na.html )

Que maravilha! Conteúdo mais que necessário nestes tempos caóticos que estamos vivendo!
Ou a humanidade se dá conta da necessidade de migração para uma dieta vegetal, ou não haverá volta!
Devastação ambiental, uso de ração que adoece os animais, humanos se alimentando desses animais impregnados de toxinas. Desmatamento e queimadas em massa! O que mais deve acontecer para que os incautos se dêem conta?
Parabéns pela obra!
Com certeza estarei na tua Tarde de Autógrafos!
Bençãos!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Cuidando do Cuidador - Depressão - Saber aceitar que se trata de uma crise e não forçar a saída do estado



Marise Jalowitzki

Os quadros de depressão precisam ser levados a sério e, felizmente, cada vez mais isto vem acontecendo. É preciso dedicar igual atenção ao cuidador, isto é, a pessoa que atende as pessoas depressivas por ocasião das crises ou nos atendimentos nos centros de atendimento especializados.

Tenho amigos que, mesmo sendo profissionais da saúde, trabalhando em hospitais, ao serem destacados para o acompanhamento dos participantes do CAPS, em alguns meses não aguentaram e tiveram de entrar em licença psiquiátrica.

Quantas vezes o depressivo é um familiar e é você que convive com ele? Importante atentar para a necessidade de preparo para lidar, para nao piorar ainda mais a crise do familiar depressivo, e, ao mesmo tempo, não sobrecarregar a si próprio.

Uma pessoa depressiva pode exercer uma profissão, ou estuda e, de uma hora para outra, sem nenhum motivo aparente, deixa de cumprir seus compromissos, simplesmente não quer sair da cama, ou se arrasta pela casa sem vontade pra nada.

Quem convive com um ente querido com depressão sabe quão difícil se torna este trato diário, quando o outro está apresentando os sintomas da doença. Exige uma sobrecarga emocional do cuidador e, por isto, toda informação pertinente é primordial para saber conduzir as situações aflitivas.
O Brasil sofre uma epidemia de ansiedade. Ansiedade pode levar à depressão e a idéias suicidas e, ainda pior, à consecução do ato. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), nosso país tem o maior número de pessoas depressivas da América Latina. Conviver com um transtorno de ansiedade é desafio diário para 18,6 milhões de brasileiros conforme mostrou a OMS (Organização Mundial da Saúde) recentemente. 

A depressão afeta 12% da população brasileira. A depressão, com ou sem tratamento medicamentoso, tornou-se uma das principais causas dos 11 mil suicídios  registrados anualmente por aqui.



ENTENDIMENTO QUE SE TRATA DE UMA CRISE

Quem se prontifica (ou é direcionado) a ser auxiliativo, geralmente quer que o outro saia deste quadro de sofrimento. O que, porém, nem sempre acontece.
Um dos mitos, em se tratando de quadro depressivo, é tentar (a mais das vezes, sem nenhum sucesso) retirar a pessoa daquele mar de tristeza em que ela está imersa.

Bem mais que dar conselhos vazios, tipo "se eu fosse você", "faça um esforço" ou "sai dessa", o importante é "dar o ombro", mostrar que compreende e está receptivo.

Insistir para que a pessoa reaja, pode piorar o quadro depressivo e, por mais boa vontade que o Cuidador tenha, por mais carinho externado, não raro ele(a) se frustra e também desequilibra emocionalmente.

Importante é permitir que o outro fale, e manter-se em posição de escuta respeitosa, sem interferir. Geralmente o que o outro precisa é apenas desabafar, ainda que sejam as mesmas coisas, situações para as quais nem sempre há solução, como perdas, por exemplo.

Pode ser salutar apontar situações parecidas onde, ao final, tudo deu certo.
O Cuidador tem de ter bem presente que está lidando com uma pessoa portadora de uma doença emocional e que, durante o tempo que durar a crise, vai ser assim. 

E de que muitas vezes não adianta querer oferecer programas legais na intenção de que ela melhore. Nem sempre isto é possível, pois a pessoa em crise simplesmente não consegue sair daquele astral, e o cuidador tem de estar ciente disto. E não ficar chateado, nem se sentir impotente.

É um preparo emocional que precisa ser internalizado, aprendido, para não gerar frustração em si mesmo e não acabar se impacientando com o doente, por mais que o ame.

Deixá-lo o mais confortável possível, dar a mão em sinal de conforto quando estiver muito triste, chorando. Ser companhia. Um chazinho também pode ser um conforto. Uma massagem suave. Um abraço.



IMPORTANTE RELAXAR, SAIR DO ESTADO

O Cuidador, após sentir que pode se afastar (o paciente adormeceu, ou está vendo um programa um tanto mais tranquilo, ou lendo (ou fazendo de conta), etc., deve procurar relaxar.
- Deitar de barriga pra cima.
- Tentar não pensar em nada, ou pensar numa coisa ou serzinho amorável, como um cãozinho dócil e amigo, por exemplo.
- Fechar os olhos e realizar uma breve massagem sobre as pálpebras.
- Aceitar as coisas como elas são (ou estão) é fundamental.
- Ver outro cenário (ou imaginar), onde as coisas estejam mais tranquilas, harmoniosas.
- Pode ouvir uma música calma, preferencialmente instrumental.
- Procurar fixar uma imagem com bastante cor, preferencialmente o amarelo ouro (que evoca o raciocínio lógico) e o roxo (que transmuta a situação de onde ela está para onde a idealizamos).
- Tomar, ele também, um chazinho ou água (preferencialmente morna). Se suportar bem, um café com pouco açúcar (mascavo).
- Se possível, tomar um banho morno ou frio.
- Dizer-se: Não sou super herói (heroína)! Fiz o meu melhor! Amanhã será outro dia!

Ajuda a manter forte e disponível. Sem autopersuasão nem autoconvencimento. Só sentindo e sendo.


PONTOS ONDE BUSCAR AJUDA


Serviços de Saúde e Grupos de Apoio

- CAPS - Centro de Atenção Psicossocial - estão geralmente vinculados à prefeitura do município, operando em locais específicos ou em salas de hospitais.

- Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde)

- Universidades geralmente também oferecem estes serviços, nos mesmos moldes 

- Neuróticos Anônimos - Grupos que geralmente estão operando em salões paroquiais da Igreja Católica ou em sedes da Cruz Vermelha

CVV - Disque 188
Por meio do telefone 188, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional a pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo absoluto. As ligações são gratuitas em todo o Brasil e podem ser feitas em qualquer horário, todos os dias.
Emergência
SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.