Todos temos necessidade de aceitação. As redes sociais são utilizadas também como terapia, para aumentar a auto estima, diminuir o medo de contatar com alguém, mostrar a sua cara. |
Adolescência e Irreverência
Por Marise Jalowitzki
30.maio.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/05/vivendo-era-da-empatia.html
Empatia significa colocar-se no lugar do outro, tentando sentir o mais possível o que ele sente, tentando ver as coisas do jeito que ele vê, tentando entender porque ele reage desse jeito, qual a sua visão de mundo e os mecanismos que desenvolve para tentar viver (ou sobreviver) neste mundo.
Neste exercício, até quando literalmente não se aguenta um chefe chato, uma pessoa arrogante, um colega petulante, um filho agressivo e respondão, ao entender que este processo é DELE e não, decidida e pontualmente, uma agressão dirigida a nós em especial, fica mais fácil lidar e, daí, entender. A 'bílis' se acalma e se consegue um melhor manejo para com a situação. Consegue-se mesmo perdoar. Perdoar não significa esquecer, significa apenas não revidar, nem desejar vingança.
Há pouco li um desabafo de uma amiga sobre o excesso de postagens de fotos do cotidiano que algumas pessoas realizam aqui e em outras redes. É foto de tudo, caras e bocas de tudo. Chateia, sim. mas vou colocar o que sinceramente penso:
Eu não me chateio mais. Depois que um querido meu entrou em um desses grupos cheinhos de jovens com depressão, fobia social, essas coisas, viu que ali eles tem como uma terapia de saúde começar a postar tudo que podem como forma de tentar se socializar, contatar com pessoas, tentar ser aceito e admirado. Auto estima baixa. Li algumas dessas considerações, onde as pessoas tem medo de escrever qualquer coisa, medo da rejeição, de receber paulada. E, alguns dias depois, aqueles que tentaram e postaram fotos suas ou imagens, dizem que estão se sentindo "mais animados". E comentam: "Até recebi algumas curtidas e umas palavras!" ... Ainda que seja na irreverência, a necessidade de ser aceito é incrível em nossa espécie, como em muitos outros animais também.
Assim, considero super válido. A gente não precisa responder nada. Dá um curtir, no máximo. Já vi gente bem desleixada "se postando" e recebendo "Linda!" - "Gatona!" - Sério, se é para ajudar essas pessoas, tá valendo! É o que penso!
Do mesmo jeito, quantas vezes já ouvi pais simplesmente esculachando o filho adolescente por amarrar tirinhas nos pulsos, encher os dedos de anéis, amarrar uma bandana, pintar camisetas e tênis ou, simplesmente, pendurar uns chaveiros na mochila!! Quando um colega de trabalho fez isso com seu menino na minha frente, perguntei:
- Puxa, mas justo tu!? Nós somos da era hippie, a gente vivia com coisas amarradas, coloridas, até pincel atômico era usado pra escrever nas calças jeans! Pintar cabelo com folha de transmissor (papel carbono). Por que isso agora com o guri?
- A gente era idiota! - disse ele, hoje metido em seu terno escuro - Eu fui muito idiota! Não quero que ele perca tempo como eu perdi! Quero que ele ocupe seu tempo com coisas úteis!
Quanta empáfia, arrogância, imposição de valores! O que será que, hoje, significa pra ele "ocupar o tempo com coisas úteis"? Ganhar dinheiro?
Esperei uns segundos e perguntei:
- Quando tu era jovem tu pensava assim? Que era perda de tempo?
- Não! Mas agora sei!
- E se teu filho também "não sabe", pois o tempo dele é outro? É justo cortar a iniciativa dele em um momento tão importante de experimentação? Tolher a iniciativa? Não pensas no quanto ele está se sentindo podado em sua criatividade? Se não prejudica a sua integridade física ou mental, por que não deixar? O que me parece é que tu é quem tá com vergonha dele!
- Claro! - disse ele - O jeito desleixado dele compromete a minha imagem!
- Jeito que foi o teu no passado e que o teu pai deve ter sentido mais ainda, pois de uma geração ainda mais fechada.
- Eu sei, mas ele me deixou fazer! Dizia rindo: Isso passa!
- Pois é o que devias dizer a ti mesmo, também agora! Isso passa!
O silêncio dele não me permitiu saber se iria refletir sobre.
Creio que nunca foi tão necessário o exercício da Empatia. Em um mundo tão conturbado como o nosso, as relações interpessoais estão cada vez mais em xeque. A corrente dos que querem segregar e rotular todos os diferentes tem de ser freada. A aceitação, a auto aceitação precisa ser incentivada. Recondução para um viver saudável.
Beijocas!
Escritora, Educadora, Blogueira e Colunista
Idealizadora e Coordenadora do Curso Formação para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos,
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA
marisejalowitzki@gmail.com
compromissoconsciente@gmail.com
Livro: TDAH Crianças que desafiam
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta
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TDAH Crianças que Desafiam - Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
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gostei demais deste artigo ...falou comigo pois tenho dois adolescentes e as vezes não sei como lidar com eles...pois ficam respondendo com grosseria...mas procuro agir com sensatez pois meu desejo é ter meus filhos por perto e poder ajuda-los em seus questionamentos...ter os pais como amigos e protetores sem perder a autoridade é algo maravilhoso!!
ResponderExcluirQuerida Rosângela, desejo MUITO Êxito em teu dia a dia com teus queridos adolescentes. O melhor, em muitas situações, é fazer 'cara-de-paisagem', pois há vezes em que eles parecem simplesmente querer incomodar mesmo, testar os limites (n[os fomos assim, também, não é?) - Desta forma, não demonstrando ira ou extrema decepção, agindo normalmente, as coisas podem voltar ao normal antes que se espera.
ExcluirNão significa não dar limites em situações sérias, e, sim, o cuidado para não transformar o dia a dia naquele "inferno" ondetudo que eles almejam é "ficar de maior" pra poder sair de casa e os pais, quando isto acontece, ficam com aquela sensação de ninho vazio antes do tempo.
Sugiro a leitura do liuvro "Pais Ocupados, filhos distantes" que Gabor Maté organizou para o amigo psicólogo da família. Muito, muito importante a leitura. Uma lição a cada leitura.
Abraços!