Firmando acordos com hiperativos
crianças pequenas
crianças pequenas
Por Marise Jalowitzki
14.maio.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/05/firmando-acordos-com-hiperativos.html
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/05/firmando-acordos-com-hiperativos.html
Toda criança voluntariosa, quando bem dirigida na infância, desenvolve capacidades de liderança, com grandes chances de se tornar um empreendedor nato no futuro. Crianças que possuem estas características de iniciativa e inovação e, desde cedo, são podadas em suas iniciativas, acabam ficando ressentidas, revoltadas e confusas.
Uma das queixas mais frequentes de mães que possuem filhotes ‘hiperativos’ é a questão da sua imprevisibilidade, dentre elas, a resistência em ir para a escolinha, as brigas, os gritos. Vitória está passando por esta situação. O menino de 3 anos faz escândalos quase que diariamente, desde a hora de levantar até a hora de sair. Depois, quando está lá, fica super feliz, interage nas atividades e brinca com os coleguinhas. Ele está sob nova intervenção médica, depois de ter recebido risperidona por quase um ano.
Uma das queixas mais frequentes de mães que possuem filhotes ‘hiperativos’ é a questão da sua imprevisibilidade, dentre elas, a resistência em ir para a escolinha, as brigas, os gritos. Vitória está passando por esta situação. O menino de 3 anos faz escândalos quase que diariamente, desde a hora de levantar até a hora de sair. Depois, quando está lá, fica super feliz, interage nas atividades e brinca com os coleguinhas. Ele está sob nova intervenção médica, depois de ter recebido risperidona por quase um ano.
A questão ficou ainda mais pesada com o uso
do fármaco e os pais, então, iniciaram um tratamento homeopático e estão sendo assistidos também por uma
terapeuta cognitivo-comportamental (que lida com a visão que o pequeno tem do
mundo e, também, o insere no meio social , indicando-lhe comportamentos novos, sem
traumas).
O pequeno Marcos volta-se especialmente contra a figura paterna que,
mais firme, tenta fazer com que ele cumpra os contratos (estabelecidos pelos
pais a ele). A mãe teme que o menino possa se sentir abandonado e ficar
traumatizado no futuro.
Como ele efetivamente pode ter o chamado ‘atraso de
maturidade’ – que é uma média de 3 anos – ele pode, sim, estar raciocinando
como um bebê e se sentindo desamparado por ter de ir para a escolinha todos os
dias. Essa diferença tende a, naturalmente, se ajustar com o decorrer do tempo
(já vimos isso aqui). Poderia haver uma
suspensão temporária da escolinha (uma pediatra que conheço resolveu isso com
seu filho há poucas semanas) e ele ficar um tempo a mais em casa, antes de
voltar a frequentar alguma instituição escolar. É a
4ª vez que Marcos troca de escola. Assim, é bem possível que já tenha se instaurado um processo que pode
influenciar no comportamento dele mais tarde: “Eu não concordo, faço escândalo e me
trocam de escola ou, quem sabe, nem preciso ir mais, mesmo!”. A escolinha pode ter acontecido prematuramente na vida de Marcos. Há profissionais que recomendam: sempre que a estrutura familiar assim o permitir, que a criança seja levada para um estabelecimento externo quando já souber se comunicar (falar). Isso nem sempre é possível, pois onde a mãe trabalha e não tem um parente com quem deixar, muito cedo a criança deixa seu lar para socializar-se 'obrigatoriamente' o que, em um parecer crescente, não é o mais indicado.
No presente caso, a escola oferece características inclusivas, está aberta a ouvir e estabelecer parcerias. Assim, o recomendável é que ele continue na escola, pois está
recebendo tratamento legal e interage com os coleguinhas. O importante é estabelecer
novos acordos com ele. Tipo: 2-1, 2-2. Dois dias (2ª e 3ª ) ele vai para a
escolinha, um dia ele folga (4ª feira); dois dias (5ª e 6ª) ele vai, dois dias
ele folga (sábado e domingo). Em algumas semanas, dá para incluir algum
programa “especial” na 4ª feira, tipo: tem um presente pra tia, ou para um
coleguinha que ele gosta mais (um desenho, um doce, algum brinquedinho, uma
plantinha, um fato novo a contar, uma revistinha interessante). “A gente passa
lá e entrega pra ele!” – ele pode ou não concordar. Indo, pode ou não querer
ficar mais por lá. Depois, próximo semestre, incorpora o tempo integral.
Firmando Acordos
Os “acordos, os “contratos” precisam ser firmados entre as
duas partes – Mãe e filho devem se manifestar! Quando a criança é pequena e ainda não sabe escrever,
uma maneira de fazê-lo entender é:
1º) A mãe falar pouco, firme e objetivamente. Tipo: “Marcos
está crescendo! Está cada dia mais bonito e forte! Tem muitos amigos e eles
gostam de brincar com o Marcos. E tem coisas importantes, também, pra aprender
todos os dias.” O importante é ele saber que todas as crianças vão para
lugares, todos os dias, para aprender coisas novas e que isso é bom.
2º) Sempre que acontecer um “item do contrato”, ele deve
repetir a frase “cláusula”. Tipo: “Nós vamos fazer um acordo porque é bom pra
todos!” – “Acordos são bons!” – “Acordos podem deixar a vida ainda melhor!”.
3º) Colar-pendurar
uma folha grande na parede do quartinho dele, com quadrados de cores
diferentes, um quadrado para cada dia da semana, bem visível (não padronizar
cores, deixar tudo aleatório. Usar as 7 cores do arco-íris). Ele cola uma
figura a cada dia, antes de ir para a escola, em um dos quadrados (tipo: um gurizinho
com a mochila, sorrindo), representando que está cumprindo o tratado. Na volta,
a mãe cola uma estrelinha, ou um sorriso, representando a satisfação de ele ter
ido (independente se foi gritando ou não!). Cataventos também podem ser usados como "calendário".
4º) Criar expectativas animadoras para os dias em que ele reluta
mais. Pode ser um desenho que ele fez e que “é bem legal se levar para a tia
ver”. Pode ser levar uma plantinha que ele plantou em um vaso. Quando uma das
plantinhas nascer, pode ser outro movimento de levar e mostrar (pode deixar na
escola, pois a plantinha gosta muito da escolinha, só que, daí, “ele tem de ir
lá pra dar aguinha, já que ela precisa de comidinha e ele é o cuidador.” Enfim,
criar motivações para o movimento de sair de casa.
A amiga Grace e seu filhote fizeram bolachas para levar às tias e coleguinhas nesta 4ª feira! |
5º) Sempre elogiar quando fizer algo que é esperado pelo
mundo adulto. O reforço à auto estima é imperioso, para que ele se sinta
reconhecido nas atitudes e atividades que fizer legal.
6º) Como é ultra sensível, cada repreensão ou desagrado que
receber vai ter um peso extra. Importante apontar, mas sem prolongar (para não
virar “sermão”). E, logo que der, tornar a salientar as qualidades e
habilidades, “encostando” a ressalva positiva, o elogio.
A mãe relata também que: “Ele
chora e faz escândalo todo dia pra ir na escolinha, depois ele fica
maravilhosamente bem. Na semana passada fiquei sem carro 3 dias, e como é
pertinho , levei ele de ônibus..ele foi super feliz, não fez escândalo,
nada...foi todo contente..falava que estava indo de buzão, e até recusou uma carona
de uma vizinha de carro, ele queria mesmo ir de buzão. Mas o problema é fazer
ele ir todos os dias. Ele acorda e já fala que não quer ir na escolinha, que
quer ficar comigo, e qd eu falo que tenho que sair, ele fala então que vai
junto comigo. Eu não me sinto culpada por ele fazer escândalo pra ir, mas é
preocupante, pois ele solta do cinto e quer ir pra cima do meu marido que esta
dirigindo, hj quase que ele bateu o carro.”
Ciúme e Posse
Com relação ao pai, sim, está estabelecido um “racha” bem ao
estilo do mundo masculino: “Vamos ver quem pode mais, aqui!”. Ele já percebeu que o pai
é mais durão e que ele (filho), com choro e
grito, muitas vezes consegue com a mãe o que quer. Com todas as crianças
acontece assim. Necessário não permitir que essas cenas se sucedam amiúde, pois o pai pode perder o controle e bater (nele!), o que não é
recomendável (mas humano!). O pai pode gritar, encolerizar-se por mais da
conta, o que só deixa o ambiente mais tenso. E, lá no instinto primata que
todos temos, existe, sim, um ciumão entre o pequeno Marcos e o pai. Os dois
querem a mãe e, nos primeiros anos, a mãe tem de saber que representa a
expectativa amorosa total na existência do filho. Só com o passar dos anos é que
a “classe” de Amor irá clarear dentro da mente e do coração dele: o Amor que
une pai e mãe é de um tipo; o Amor que une mãe e filho, doutro. Vem com o tempo.
Tipo de Transporte
No “Painel de Acordos”,
no quarto dele, podem ser incluídos dias em que vai de bus, dias que vai de carro (sinalizar isto, previamente, no painel –
colar um carrinho, colar um ônibus) e, num cantinho, colocar um desenho de
chuva ou um guarda-chuva, contratando que, sempre que chover, irão de carro.
Enfim, são muitas as questões favoráveis que podem ser
sugeridas. Fundamental que a mãe enfatize a necessidade de ele respeitar o pai,
que o pai gosta do filho, que ele trabalha bastante, que proporciona muitas
coisas para o lar. E evitar os confrontos.
Não Rir
Vitória relata também que, por vezes, a cena chega a ser
hilária. E é, pois a diferença entre o pequeno voluntarioso, contrapondo-se a
um pai (ser humano adulto, responsável e compromissado), não tem comparativo
lógico. Mas, mesmo que pareça ridículo o que está acontecendo, mesmo que pareça
(e é!) cômico, não dá pra rir, pois isto confunde o pequeno. Ele está brabo,
ele está confuso, está numa disputa, está se “defendendo!”, mesmo que seja ele
a estar atacando (como no caso de se soltar do cinto e se jogar sobre o pai),
mas isso tem de passar apenas por um “Não faz isso! Não faz assim!” firme, sem
condenação, mas, também, sem dar chance para alterações.
A mãe sentar por uns tempos no banco de
trás não é perda de autoridade
A mãe sentar no banco de trás, por uns dias, com ele, não é
quebra de autoridade. “Vou sentar alguns dias contigo, aqui atrás, até que
aprendas a te comportar, pois se soltar o cinto, é perigoso e não podemos
consentir nisso! Menino que sabe se comportar tem o direito de se sentar
sozinho no banco, só com o cinto!” – Aí, como se estivesse apenas comentando
com o pai: “- Mas, como o Marcos ainda não aprendeu, vou sentar com ele até que
ele seja responsável o suficiente para poder ficar de novo sozinho no seu
banco. E as pessoas que vão passar nos carros ao nosso lado, daí, vão ver um Marcos
grandinho, homenzinho, responsável, sentado em segurança e vão dizer: ‘Olha ali
um menino que cuida de sua segurança! Olha que legal!” Vamos ver em quanto
tempo o Marcos vai conseguir isto.” A alteração (o fato da mãe se sentar atrás)
não será vista como um prêmio, uma “vitória sobre o pai” e, sim, apenas uma
incompetência temporal dele (filho).
A vida está plena de compromissos e cláusulas. Mesmo que não
se concorde com todo esse engessamento social é preciso ensinar aos pequenos a
melhor forma de cumprir o instituído-necessário. Proporcionar o encontro com as
satisfações dentro de um contexto não desejado pela criança é auxiliá-la na
resiliência (capacidade para lidar e superar conflitos), fator imprescindível
para viver bem, afastando, inclusive, males como sensação de fracasso, diminuição
da auto estima, stress e até depressão. Coisa que acomete cada vez mais as
crianças de hoje, especialmente por não verem perspectivas de uma vida mais
plena.
Continuar acompanhando as atividades
na escola
E, por fim, os pais precisam continuar observando, com toda a atenção e cuidado:
- o que é apresentado para os pequenos na escolinha;
- acompanhar o que a criança produz lá;
- como é utilizado o tempo;
- como acontecem as tarefas;
- quais são as atividades mais práticas e qual a frequência delas.
- E como os ‘hiperativos’ são conduzidos neste processo.
- o que é apresentado para os pequenos na escolinha;
- acompanhar o que a criança produz lá;
- como é utilizado o tempo;
- como acontecem as tarefas;
- quais são as atividades mais práticas e qual a frequência delas.
- E como os ‘hiperativos’ são conduzidos neste processo.
“Infelizmente, muitas vezes o tratamento dado a essa criança se
resume a professora ficar em pé nas atividades em grupo, segurando a criancinha
problema pela mão, impedindo que ela
participe das atividades físicas, impedindo que ela dê trabalho, impedindo que
ela prejudique as atividades dos outros, quando deveria ser justamente nas atividades
de maior movimento, onde gastaria sua energia, que ela encontraria as maiores
chances de se inserir e aprender a compartilhar. Vira assim, uma mera
expectadora das atividades dos coleguinhas, onde amaria e deveria participar.” (Livro TDAH Crianças que
Desafiam - Cap. 14 – A melhor escola para seu filho - pág 189 e 190)
Eu mesma assisti a cenas assim, os pequenos pulando no mesmo
lugar e, ao final, sucumbindo em silencioso ressentimento.
E mais, como se trata de crianças muito sensíveis, é importante observar, também, como é que os coleguinhas estão lidando com os possíveis erros de linguagem, os erros e acertos nas atividades, para ver se ele não está sofrendo de bullying. Isso acontece, sim, nesta tenra idade! Risos, gozações.
Educadores precisam estar atentos para inibir, desde cedo, esta deplorável prática, que tanto mal causa à auto estima!
Enfim, estamos todos, o tempo todo, aprendendo. Buscar informações é fundamental, tentar acertar, uma aposta. E, sempre, sempre, muito Amor, Firmeza e Constância de Propósito.
E mais, como se trata de crianças muito sensíveis, é importante observar, também, como é que os coleguinhas estão lidando com os possíveis erros de linguagem, os erros e acertos nas atividades, para ver se ele não está sofrendo de bullying. Isso acontece, sim, nesta tenra idade! Risos, gozações.
Educadores precisam estar atentos para inibir, desde cedo, esta deplorável prática, que tanto mal causa à auto estima!
Enfim, estamos todos, o tempo todo, aprendendo. Buscar informações é fundamental, tentar acertar, uma aposta. E, sempre, sempre, muito Amor, Firmeza e Constância de Propósito.
Um grande abraço!
(Nomes e eventuais locais citados neste artigo, são fictícios)
ACORDOS COM ADOLESCENTES:
Livro TDAH Crianças que Desafiam
Mudando os hábitos da família (pág. 173 a 176)
Cap 05 - Adolescência, agressividade e mentiras (pág 78 a 93)
Algumas estratégias para ajudar a si mesmo e evitar problemas
Algumas estratégias para os que convivem com um 'super sincero', tentando diminuir problemas
Artigo publicado também em: http://www.revistaecologica.com/firmando-acordos-com-hiperativos/
Escritora, Educadora,
Idealizadora e Coordenadora do Curso Formação para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos,
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA
marisejalowitzki@gmail.com
compromissoconsciente@gmail.com
Livro TDAH Crianças que desafiam
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta
TDAH Crianças que Desafiam - Marise Jalowitzki |
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/
Frete free para todo Brasil
Para adquirir direto com a autora
marisejalowitzki@gmail.com
Para adquirir direto com a autora
marisejalowitzki@gmail.com
Boa noite! Todas as pessoas que não conhecem ou nunca tiveram que conviver com uma criança com TDAH acha um absurdo ter que medicar uma criança, eu fui contra medicar meu filho por um ano quando ele tinha 5 anos de idade, hoje com 8 anos e desde os 6 anos toma VENVANSE para poder ter um aprendizado da na escola, faz natação e judô para poder estravasar, tem sessões com psicóloga a cada 15 dias e rezamos o terço todos os dias às 18:00 horas, porque acredito que sem Deus em nossa vida não conseguimos aceitar certas coisas que nos são impostas por Ele, porque qual mãe de filho com TDAH nunca se perguntou - porque comigo? - o que fiz de errado para meu filho ter nascido assim? - mas como ninguém tem resposta para nossas perguntas, vamos seguir com nossas vidas e de nossos filhos e maridos cada um com suas dificuldades, lançando mão do que nos aparece para que nossos filhos possam ser pessoas de bom caráter no futuro e suportando pessoas estranhas falarem que nossos filhos não recebem educação em casa, por isso são assim . . . e vamo que vamo.
ResponderExcluirEdilma,não se sinta atingida se o caso de teu filhote se enquadra nos 3% que as entidades internacionais reconhecem como casos procedentes e que necessitam de medicação. Estes textos e todo o trabalho envidado é contra O EXCESSIVO número de diagnósticos, que hoje já abarca 11% da população infanto-juvenil) e a indiscriminada medicalização! Isso é um fato que pode ser comprovado todos os dias, onde 10min de consulta, uma receita e nenhum outro acompanhamento resume todo o "diagnóstico" e "tratamento". Sei da angústia que os pais enfrentam e tive isso dentro de minha família! Não existe "culpa", existe despreparo e, sim, muitas vezes, intolerância e impaciência, especialmente na escola. Nossas situações familiares foram possíveis de levar sem a medicação tarja preta. Apelamos para a homeopatia com excelentes resultados, além das outras atividades também citadas por ti. Torço pra que a família de vocês continue bem, sem sobressaltos.
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