domingo, 27 de março de 2011

Feldmann critica pré-sal e pede plebiscito - Sustentabilidade


Feldmann critica pré-sal e pede plebiscito


Feldmann: PLEBISCITO PARA O PRÉ-SAL
Pré-sal não é passaporte para o futuro, diz Fábio Feldmann


Por Marise Jalowitzki
27.março.2011
http://t.co/yQSsJfD

MUITO LEGAL encontrar mais alguém de peso a contemporizar a mão contrária que é o pré-sal na via expressa do desenvolvimento sustentável.

Fábio Feldmann, que foi secretário de meio ambiente de São Paulo e candidato ao governo do mesmo Estado em 2010, usou a palavra ontem (26) no último dia do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, no Amazonas. 


Tremendos investimentos
para o pré-sal, enquanto
o mundo procura utilizar
energias renováveis
 Ele é mais um cético em relação aos ganhos esperados com a extração do petróleo no pré-sal, com todos os tremendos investimentos necessários e a intrincada trama de tecnologias nunca antes utilizadas. Justo em um momento mundo em que todas as nações desenvolvidas e as que tem cabeças-pensantes se voltam para a utilização de energias renováveis.

Feldmann afirmou que "o Brasil deve implantar uma agenda do século XXI em relação a projetos de desenvolvimento econômico e metas para diminuir a emissão de carbono na atmosfera - uma agenda na qual não faz sentido a euforia e todo o investimento com a exploração do petróleo no pré-sal, já que o mundo procura atualmente alternativas para os combustíveis fósseis".

E continuou:
"O Brasil (*) está 'de quatro' pelo pré-sal, mas tenho muita dúvida sobre isso. Um país que acredita que o combustível fóssil será seu passaporte para o futuro não está de acordo com um mundo que busca outras fontes de energia", afirmou o ex-deputado federal no último dia do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado em Manaus, com a presença do ator Arnold Schwarzenegger, do cineasta James Cameron, do ex-presidente dos EUA Bill Clinton, do empresário Richard Branson e de especialistas no tema.

(*) Leia-se: o governo! Eu não estou! Nem ele! E você?


Riscos ambientais do pré-sal são vastos e, muitos, ainda desconhecidos

Fábio Feldmann chamou atenção para os riscos ambientais da exploração do óleo em grande profundidade na costa brasileira e pediu um plebiscito para saber se a população que vive próxima a áreas de perfuração está disposta a enfrentar os riscos de um acidente, como o vazamento que ocorreu no Golfo do México em 2010.

Um plebiscito é o caminho.

Mas o governo brasileiro nem sequer cogita nisso. Até já utilizou uma significativa fatia do dinheiro que os investidores estrangeiros já destinaram ao projeto de exploração, isso desde o governo anterior, de mesma legenda que o atual. "Descer do salto" e reconhecer que a objetiva precisa ser direcionada para outros segmentos energéticos, como a eólica e a solar, dificilmente vai acontecer.

O governo está fechado em suas idéias. Hoje à tarde mesmo estava assistindo a um video com lindas imagens do tempo do "Orçamento Participativo", onde o povo simples se reunia em reuniões abertas, onde todos tinham voz e vez e traziam suas idéias, que eram votadas. Nunca me filiei a nenhum partido, mas essa era uma prática louvável do partido que agora está no poder e que perdeu o prumo.

Em algumas ocasiões, o processo de condução nas reuniões do Orçamento Participativo não era limpo cem por cem, pois muitos acertos já haviam sido fechados antes (como sempre, até agora, em todas as rodas políticas e empresariais), mas, pelo menos, o movimento era aberto e, caso fosse necessário, havia a possibilidade de uma grita geral instantânea.

Agora, não. Os acordos e decisões são feitos sem conhecimento do povo e, aos mais humildes, passa a ser vendida uma ilusão de rápido enriquecimento. Foi nisso que o discurso da atual presidente se baseou: "Vamos dividir com os brasileiros as riquezas do Brasil". Aumentaram os impostos, isso, sim.


Rasgos na floresta para instalação de hidrelétricas, como Jirau e Santo Antonio, em Rondonia
A floresta sangra.


Consultar a população é um compromisso democrático

 "É um compromisso democrático consultar a população. Estou falando como cidadão, não como ambientalista", enfatizou Feldmann no término do Fórum de Sustentabilidade.

O Brasil é o quinto maior emissor de carbono na atmosfera (China e Estados Unidos "lideram"), principalmente por causa do desmatamento da Amazônia. Para evitar o aquecimento global, o consultor acredita que tanto empresários como consumidores e governo devem adotar um novo conjunto de temas discutidos e preocupações - a chamada "agenda do século XXI".

"O tema da água será um dos mais estratégicos para o setor empresarial. Os empresários terão que informar quanto de água vai no produto que estão colocando à venda. A agenda traz riscos e oportunidades. Os riscos são para os setores que não tiverem compreensão da mudança", disse.


Fórum Mundial de Sustentabilidade -
Um encontro para "mudar cabeças"?


E o cidadão e ambientalista sugere: "Para isso, governo terá de realizar "licitações sustentáveis" e usar os impostos para tornar os produtos sustentáveis mais acessíveis com relação a preço"

"Não tem cabimento o governo não comprar uma lâmpada eficiente. A tributação também tem que ser usada para baratear os produtos sustentáveis - a lâmpada mais eficiente tem que custar menos que a outra", completou.

Itacaré
Uma tristeza o que está nos planos do governo em relação a este lindíssimo recanto baiano.

Feldmann citou o caso dessa bela região ameaçada, como demonstração de que os líderes do País ainda têm uma visão "do século XX".  


Itacaré - área ambiental ameaçada pelo governo
  O projeto planejado pelo governo da Bahia para a região de Itacaré, de grande biodiversidade e potencial para o ecoturismo, visa o desenvolvimento na região da mata atlântica, por meio da exploração de minério de ferro quase na fronteira com Tocantins.

Fabio Feldmann arremata: "Está prevista a construção de uma ferrovia para transportar o minério e um porto que será implantado em área de preservação ambiental. Isso é visão do século XX. A mina de ferro tem expectativa de vida de 20 anos. O que o governo vai fazer com tudo isso depois de explorado?"

Itacaré - Paraíso baiano que
o governo ameaça destruir 

Eu acompanho esta façanha. Tenho amigos que passaram a vida inteira juntando dinheiro para, após aposentadoria, abrir uma pousada naquele paraíso. Vários deles assim o fizeram e agora, vivem em estado geral de angústia, correndo o risco até de seram desalojados, desapropriados, como sempre acontece quando grandes projetos roubam os sonhos das pessoas. E, o pior: grandes projetos que, na maioria das vezes, não passam de tremendos "elefantes brancos", como as centenas de obras, ou inacabadas, ou nunca inauguradas, ou abandonadas, que crassam em todo o país.


É HORA DE ACORDAR, BRASIL!!!
NÃO às energias sujas!

Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



Escritora, pós-graduação em RH pela FGV, international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil


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