terça-feira, 16 de dezembro de 2014

TDAH - Uma criança normal, muito exigida desde cedo!




Fundamental respeitar o tempo de cada criança e inovar nas práticas pedagógicas a fim de tornar a aprendizagem atrativa.


Livro TDAH Crianças que Desafiam (pág 12 e 13)
"É urgente e fundamental que pais discutam sobre as práticas pedagógicas dos estabelecimentos onde vão deixar seus filhos para serem educados, compreendendo que Educação é um processo para ser levado durante toda a existência e não apenas para dar respostas certas que resultam em notas, conceitos ou menções nas avaliações trimestrais e ao final de cada ano letivo. 

Enquadrar para ser aceito, não. 

A situação exige negociação, exige debate amplo, exige discussão. Em alguns fóruns ela está sendo promovida, mas precisa ser muito mais ampliada! É preciso intensificar a prática do clássico binômio oferta-procura, onde as partes dialogam, negociam e escolhem rotinas em acordos conjuntos para melhor incluir (e não submeter) as crianças e adolescentes, observando, convivendo e aproveitando suas características únicas, individuais, para um somatório efetivamente produtivo. As características diferenciadas em cada ser humano continuam uma realidade, são inatas e carecem de encaminhamento. 

Não de inconsequentes acenos com vistas a uma forçada adaptação." 

O grau de exigência a que crianças estão sendo submetidas carece de análise e revisão. De uma forma tida como cada vez mais "normal" os pequenos são atropelados pela hiperatividade que tomou conta de todos os adultos, pela ansiedade que já caracteriza o modo de agir de quase todos os maduros. E tais adultos, totalmente desatentos do que a criança realmente é, quer e precisa, insistem em desconsiderar seu ciclo espontâneo.

Ao invés de uma aprendizagem que deveria fazer a diferença positiva para toda a vida - e que, sabemos, quanto menos traumática, melhor! - tais crianças são exigidas, cobradas, rotuladas, segregadas e, não raro, excluídas formalmente, "convidadas" a ir para outra escola...expulsas! Como se o problema estivesse nelas! O problema está em nossa sociedade perdida em seus valores e é isso que precisamos rediscutir para retomar o eixo da evolução saudável!

Felizmente, cada vez mais aportam mães e pais preocupados, verificando que as saídas tidas a bem pouco como certezas, não são tão interessantes como foram anteriormente vendidas. E, felizmente, cada vez mais mães e pais dão-se conta de que não existe a 'melhoria' em um passe de mágica. Educar é ação constante, feita em parceria com familiares, cuidadores, escola e especialistas da saúde.

Recentemente recebi:

"Olá, boa tarde. Nesse momento estou muito angustiada com a trajetória de meu Filho. Hoje ele está com 7 anos. Nasceu saudável, porém uma criança muito alérgica. Demorou para falar. Aos 2 e 5 meses levei ele em uma fono, pois ele somente falava palavras isoladas, não formava frases, ela me disse que estava normal e que aos 3 anos ele deveria formar frases. Com 2 anos 7 meses começaram as crises de bronquite. Muita tosse pulmão chiando, e assim aos 3 anos coloquei ele na escola. Passava a noite toda tossindo e as 7 h da manhã estava ele na escola. Chorava muito. Fui chamada na escola pois ele não aprendia NADA. Tudo o que a professora falava que ele não fazia, em casa eu ensinava e mostrava pra ela. A tarde ou à noite corriamos para o consultório ou hospital com ele tossindo. No final da turma de 3 anos( ele já tinha 4 anos pois ele faz ano no mês 7) levei ele a um famoso alergista que mudou todo o seu quadro respiratorio. A mudança dele na escola foi fantástica. De chorão para bagunceiro. A rinite dele se mantem, mas nada comparado ao quadro de antes. Porem sua fala não estava boa, mas vinha melhorando. Fui a outras fonos que diziam que ia melhorar. 

Hoje, no ano de 2014, ele cursando o 1º ano do fundamental, conseguimos alfabetizá-lo. Mas pra escola ainda não esta bom ( mesma escola, e o conteúdo dado pela escola muito puxado. Bem diferente da forma que minha filha foi alfabetizada. Ele lê e escreve, sabe fazer contas de somar e diminuir, presta muita atenção, é organizado e na maioria das vezes obediente) mas pra escola ainda não está bom. Por isso levei ele numa neuropediatra. Ela está desconfiada de déficit de atenção. Já li sobre o assunto e ele não se encaixa. Ele já perdeu alguns lápis, já deixou livros na escola. Mas, em casa lembra de tudo [até das promessas não cumpridas) arruma as coisas que eu mando, às vezes tem preguiça, mas termina tudo. A médica me pediu para voltar com a fono com ênfase em interpretação verbal e escrita. Pediu um teste com uma psicóloga WISC IV. Um teste para mim e a escola fazer sobre deficit de atenção e hiperatividade. Li as perguntas. Ele se encaixa em algumas mas NÃO o tempo todo. Por outro lado, o pai não faz nada de homem com o filho. 
Será que esse atraso (agora fala de tudo) com a fala não interferiu com o aprendizado? 
Ou será que é falta de estímulos? 
Ou será que é sua personalidade? Lembrando que tudo o que ensino ele aprende. Quando não sabe é porque ainda não lhe foi dito, pois eu explico e ele aprende e não esquece mais. 
Ou a solução seria troca lo da escola? 
Cada criança tem um tempo de maturação? 
Estou com muita cobrança com meu pequeno? 
Espero uma palavra sua. De uma mãe que já não sabe o que pensar. J"



Querida J
Vou passar as respostas que tu mesma já deste:
"...presta muita atencao... mas pra escola ainda não está bom"
"...déficit de atenção. Já li sobre o assunto e ele não se encaixa."
"Ele se encaixa em algumas mas NAO o tempo todo."
"Ou sera a é falta de estímulos? Ou sera que é sua personalidade? Lembrando que tudo o que ensino ele aprende. Quando não sabe é porque ainda não lhe foi dito, pois eu explico e ele aprende e não esquece mais. Ou a solução seria troca lo da escola? Cada criança tem um tempo de maturacao? Estou com muita cobranca com meu pequeno?"

Mais uma vez, digo: Pobres crianças! A pressão que a escola, em muitos casos, exerce, é cruel! Quando especialistas mundiais dizem. Precisamos avaliar muito mais o empenho que a criança dedica às tarefas, do que resultados! Esta é uma mudança de ótica fundamental! Uma escola que prepara apenas para "passar de ano" não é uma instituição formadora, é uma fábrica de produtos genéricos! Já vi muitos queridos se esforçando pra caramba em concluir um tema, pessoinhas com dificuldade em escrever "dentro da linha" durante um determinado tempo... o pequeno se esforça, fica um tempão realizando o tema, e, ao final, TUDO CERTO! O que a pro escreveu ao "corrigir"??: "FALTOU CAPRICHO!" . Estes crimes diários que acontecem à autoestima de uma criança, ferindo a sua dignidade e autoconfiança para sempre, precisam ser denunciados!

A personalidade de cada criança precisa ser preservada. Respeitada. Os estímulos devem acontecer nas coisas que realmente lhe despertem a atenção. A responsabilidade de tornar a escola um local prazeroso, onde a criança tem vontade de estar, é construção de responsabilidade do corpo docente (direção, professores, orientadora pedagógica). NUNCA das crianças! Elas são o objetivo, a razão da escola existir e precisam receber carinho, inclusão, afeição, acolhimento digno.

Com relação ao diagnóstico de TDAH: todos os especialistas sérios são unânimes em afirmar - os "sintomas" precisam ocorrer sistematicamente em dois ou mais ambientes frequentados pela criança. Ou seja: se em casa ele está bem e as "inconformidades" só são realçadas pela escola, onde está o "problema"???

Com certeza, se as exigências são constantes, elas se tornam um gigantesco desestímulo para o aluno, que passa a ver no estudo um fardo. Mata a vontade de aprender. Trocar de escola pode ser uma solução altamente eficaz para, literalmente, salvar seu filho! Embora esta escola em que ele estuda atualmente (assim como tantas outras) precise ser sacudida em seu marasmo pedagógico! Um bom alerta ou mesmo um processo judicial tem apresentado excelentes resultados no caso de muitas instituições que são acionadas pelos pais, depois de retirar seu pimpolho deste "lugar de provas"... - provação diária!

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Leia também:



Déficit de Atenção. Hiperatividade. A revisão do Estilo de Vida, do que estamos oferecendo à criança, e de como concebemos Felicidade, tudo isso precisa acontecer! Não vale pensar apenas em "moldar" a criança, achatando-a, rotulando e estereotipando! É preciso rever o jeito de ser das pessoas adultas, de como elas lidam e tratam os menores, revisar os modelos severos e engessados dos adultos!


http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/04/tdah-nossas-velhas-maneiras-de-ver-as.html

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Sim, cada criança tem um tempo de maturação e são vários os artigos (blog) e capítulos (livro) onde detalho isso. Comprovação pura. Caso a criança seja respeitada em seu tempo, ela chega em pouco tempo ao mesmo nível dos demais (geralmente 3 anos de diferença é regra geral, sem alardes ou angústias).



Sim, a resposta a esta pergunta ("Estou com muita cobranca com meu pequeno?") é: Sim.É a cobrança que muitas e muitas mães jogam sobre os ombros de seus pequenos, movidas pela pressão recebida na escola. Elas (as mães) querem 'satisfazer' as exigências dos professores e orientadores, se desesperam para "provar" à escola que seu filho não é um "filho-problema", ainda mais agora que tudo está sendo classificado como "transtorno mental"!! Qual a mãe que não se angustia quando começa a notar que seu filho está sendo estigmatizado, rotulado, excluído? Quando não vítima de bullying, por vezes da parte da própria professora??

Mães e pais precisam munir-se de coragem, enfrentar esta situação de cabeça erguida e com resolução. Escola não é fábrica para gerar produtos iguais. Cada ser é um ser único. É dever da escola acolher, modificar metodologias, inovar na didática, aplicar novas formas de obter aprendizagem. Há alunos que, simplesmente, não conseguem ler linearmente. E aí? A solução é rotulá-los e medicalizá-los, ou reiventar a forma de ensinar a ler??? (Este já não é o caso de teu pimpolho!)

Para mãe e filho, desejo um feliz final de ano e um excelente ano novo! Respirem, dêm-se a chance de reconectar com o bem maior que une uma mãe e um filho, que é o Amor! Planejem melhores estratégias (o que pode incluir uma nova escola, sim!).

Tomem chazinhos, podem procurar um homeopata para diminuir o grau de ansiedade, ou procurem os Florais, que não possuem contraindicação e são livres de receita, por autorização da ANVISA, pela isenção de efeitos colaterais.

Vida mais saudável, retirada de alimentação industrializada, pouco ou nada de refrigerantes, retirar os eletrônicos do quarto... são muitas as providências simples que fazem uma diferença muito grande. E, sem dúvida, o Amor e a Compreensão são as mais fortes!!

E, em tempo: Com todas as questões já incluídas para o "diagnóstico" em tdah, não existe uma pessoa no mundo que não se encaixe em alguns daqueles itens!!! ... pense nisso, mamãe, e não aceite os rótulos! Diferentes sensibilidades não são, nem nunca foram, sinônimos de doença!

Com carinho, recebe meu abraço, J!



Mais sobre o tema TDAH, nestes blogs:




 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

Livro: TDAH Crianças que desafiam 

Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta

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