Projeto RoboBee - Colapso das Abelhas - Agroecologia e Transgênicos - Os donos das Sementes |
Os novos donos das Sementes na Terra - Dez empresas agroquímicas são as donas de quase 80% das sementes de todo o mundo - Projeto RoboBee trabalha em prol da polinização tecnológica
Os Donos das Sementes, Transgenia e Robotecnia
Sementes: Elemento Sagrado para Produção de Vida são também um Poderoso Instrumento Global de Interesses Econômicos
Sementes: Elemento Sagrado para Produção de Vida são também um Poderoso Instrumento Global de Interesses Econômicos
Por Marise Jalowitzki
29.agosto.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/08/sementes-transgenia-e-robotecnia.html
Autonomia para plantar e colher o que uma nação come. Soberania alimentar. Este tema perpassa décadas sem que a atenção das pessoas (cidadãos e governos) se volte para discutir, abertamente, com profundidade, qual o futuro que se delineia para cada povo ou comunidade. Uma nação não é livre se não tiver a segurança de prover em seu próprio solo a sustentação dos seus.
Muito se em comentado sobre os riscos em alimentar-se de transgênicos, mas, a questão vai além e é bem mais complexa do que apenas ingerir ou não os produtos GM (geneticamente modificados). Nas mãos de quem estão as sementes que precisam agora ser adquiridas pelos agricultores, juntamente com os venenos? Quem são os donos das sementes? Pagar a uma empresa para ter o direito de plantar a própria comida é uma realidade que, passo a passo, já está acontecendo em algumas comunidades. O avanço da monocultura traz mudanças que precisam ser avaliadas urgentemente.
monocultura (plantar um só tipo de sementes) com sementes GM |
Embora poucos percebam ou se interessem, a verdade é que, atualmente, consumimos inúmeros alimentos geneticamente modificados. Isso começou por volta de 1960, quando se iniciou o processo de privatização alimentar, sob a égide de "combater a fome no mundo". De lá para cá, a miséria abarca cada vez um número maior de famintos em todo o planeta, incluindo agricultores. Você já se perguntou quais serão as causas? Sim, aumento de tecnologia e descarte, poluição e o alardeado aquecimento global, aumento da população planetária e o desperdício excessivo de alimentos (quase 40% de tudo que se produz vai fora). E, além de todos esses fatores, também os mecanismos impostos aos agricultores, através da utilização de monoculturas e da crescente mecanização vendida como único e necessário sinônimo de progresso e desenvolvimento.
Trocar um problema por outro
Se antigamente a agricultura significava preparar a terra, semear, cuidar e colher, alimentar-se, vender o excedente e guardar algumas sementes para o próximo plantio, hoje tudo isso mudou. Os agricultores - sempre levando uma vida bastante sacrificada - viram no novo projeto, a monocultura (plantar um só tipo de sementes) com sementes geneticamente modificadas, uma forma de aliviar suas duras tarefas. Mas, apesar de facilitar o manejo e a colheita, muitos logo perceberam o desequilíbrio ambiental gerado. No sistema tradicional, como há vários tipos de plantas próximas, umas 'protegem' as outras de ataques, promovendo um equilíbrio natural. Por exemplo: Uma larva que se alimenta de uma espécie de milho. Se este milho está plantado em meio a outras plantas, isto torna mais provável que pássaros ou outros insetos que vivem ali comam esta larva, controlando a sua proliferação.
"Quem é o agricultor, hoje? Um espalhador de venenos ou um motorista de trator!" (José Lutzenberg) |
Com a utilização de extensas áreas para um só cultivo, aumentou o uso de defensivos agrícolas ou agrotóxicos. Sempre novas pragas, sempre mais veneno, empestando o solo e contaminando as sementes! Até que surgiram as sementes GM (geneticamente modificadas) que são imunes ao veneno! Os agricultores que abandonaram os métodos tradicionais de plantio, adotando os pesticidas e a transgenia como forma de trabalhar menos e ganhar mais dinheiro, vêm-se agora sob um novo cenário: as 'novas sementes' não servem mais para reproduzir! Você não pode armazenar sementes porque elas apodrecem! E, mesmo que elas voltem ao solo, não produzem! Assim, a cada plantio, novas sementes precisam ser adquiridas, tornando o agricultor dependente dos fornecedores-vendedores de sementes.
Sementes com patentes, donos de sementes
Em 1995, a Organização Mundial do Comércio aprovou uma lei que permite que microorganismos e processos microbiológicos já existentes na natureza sejam patenteados. Com isso, a garantia de propriedade intelectual foi estendida para sementes geneticamente modificadas e tornaram-se propriedade de seus descobridores. Atualmente, dez empresas agroquímicas são as donas de quase 80% das sementes de todo o mundo. Devido à sua difusão em grande escala, em alguns países já desapareceram 93% das variedades tradicionais de várias sementes. Gerou-se um sistema menos resistente, menos sustentável, mais caro e, no final das contas, mais prejudicial para a sobrevivência de todos os envolvidos! É preciso continuar incentivando a Agricultura Familiar diversificada, que alimenta 80% da população mundial - ocupa menos terra, menos água e produz diversidade ambiental.
José Lutzenberg já dizia, na década de 90:
- Quem é o agricultor, hoje? Um espalhador de venenos ou um motorista de trator! Todo o ciclo está rompido e ele não é mais autônomo.
A FAO-ONU afirma que a prática indiscriminada da monocultura geneticamente modificada está prejudicando a agricultura sustentável, destruindo a diversidade biológica.
Um relatório publicado pela revista National Geographic apresenta as mudanças verificadas entre 1903 e 2012:
- Milho - das 307 variedades endêmicas (que são naturais de um só lugar), restam 12. Hoje há mais de 200 espécies transgênicas de milho
- Tomate - eram 408; restam 79
- Alface - eram 497, restam 36
- Beterraba - eram 288; restam 17
- Repolho eram 544; restam apenas 28
- Rabanete eram 463; restam apenas 27
- Pepino eram 285; hoje restam apenas 16.
- Milho - das 307 variedades endêmicas (que são naturais de um só lugar), restam 12. Hoje há mais de 200 espécies transgênicas de milho
- Tomate - eram 408; restam 79
- Alface - eram 497, restam 36
- Beterraba - eram 288; restam 17
- Repolho eram 544; restam apenas 28
- Rabanete eram 463; restam apenas 27
- Pepino eram 285; hoje restam apenas 16.
O que os agricultores podem fazer?
Mais do que nunca, é hora de decidir para qual caminho se dirigir!
Sementes crioulas são hoje criadas e armazenadas com extremo carinho pelos agroecologistas. Eles sabem o quão preciosas elas são! |
A ampliação da Agricultura Familiar pautada na metodologia agroecológica, com o uso da diversidade, onde várias culturas se autoprotegem. Fica garantida a obtenção de sementes crioulas. Fica assegurada a soberania das sementes. As populações são capazes de autogerir a sua alimentação.
Um plantador exclusivo de café vai ser sempre dependente de outros fornecedores, pois ele não come café.
Caminho 2
A continuação do uso de sempre novos agrotóxicos e sementes GM(geneticamente modificadas), o que reduz o número de produtos diversificados e acaba com espécies nativas, incluindo os insetos. Nesse cenário, estão os contratos, financiamentos 'casados' com os bancos, que incluem a aquisição dos pesticidas como 'garantia de colheita'. Os resultados desse encadeamento asfixiante são dramáticos. Somente na Índia, são catalogados 15 mil suicídios entre camponeses ao ano, muitos deles pressionados por dívidas impagáveis e por embargos judiciais.
de mortes - são 157 mortes registradas
por ano no Brasil - Imagem Globo Rural
Por Marise Jalowitzki
a defensivos agrícolas
SOBRE O COLAPSO DAS ABELHAS clique nesta Página de Links
http://decrescimentofeliz.blogspot.com.br/2015/06/patentear-seres-vivos-no-brasil-e-o-que.html
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com