COMPROMISSO CONSCIENTE: Adversidades climáticas e a produção de carne - Agricultura Familiar, Pecuária Familiar

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Adversidades climáticas e a produção de carne - Agricultura Familiar, Pecuária Familiar - Parte 2

A FAO- ONU afirma que a produção de carne, especialmente a bovina, deverá ser substituída pela agricultura, a fim de minimizar as perdas significativas de água, extensas áreas que poderiam voltar a ser cultiváveis, bem como para frear o desmatamento, pois são esses fatores que tornam o produto caro energeticamente, ecologicamente e financeiramente.

Adversidades climáticas e a produção de carne - Agricultura Familiar, Pecuária Familiar - Parte 2

Por Marise Jalowitzki
11.junho.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/06/adversidades-climaticas-e-producao-de.html

O Brasil é o principal exportador de carne de ave da América Latina e Caribe (89%), como também de carne de porco (71,6%) e bovina (51,7%). As exportações de milho (o principal cultivo para ração animal, depois da soja), em 2012 (20 milhões de toneladas) quase dobraram em comparação a 2011, superando pela primeira vez a Argentina.

Com todas as adversidades climáticas que temos vivenciado e as previsões sempre mais contundentes acerca do aquecimento global e intempéries, parece ser um momento para reflexão e ações inovadoras. Se, por um lado, todo o modelo econômico vigente acena para incentivos de sempre maiores aquisições para segurar e incrementar o setor, a ONU alerta para os danos ao meio ambiente que a pecuária causa:

“A pecuária na América do Sul é a 2ª atividade mais impactante em termos mundiais e responde por 354 bilhões de dólares (a 1ª é o carvão, centrado especialmente no leste da Ásia, embora o Brasil também esteja em expansão). Este impacto é gerado pela grande quantidade de água necessária para manter a atividade pecuarista, luz e energia para todos os equipamentos e maquinários, além das questões de desmatamento, seja para novas pastagens (agora está havendo uma migração para o terrível confinamento), seja para sempre novas áreas desmatadas para plantio de grãos que servirão de ração para os animais. A pecuária é altamente onerosa em relação aos cereais. Enquanto que, para produzir um quilo de cereal, utilizam-se (desde o plantio até a apresentação no supermercado), 1.300 litros de água, para cada quilo de carne produzido gastam-se de 17 a 20.000 litros de água.
1 kg grãos = 1.300 litros de água
1 kg carne = 17.000 a 20.000 litros de água

Com verões sempre mais inclementes, o pequeno e médio agricultor, que também cria animais, precisará equipar-se com todo o aparato tecnológico necessário para manter índices de produção satisfatórios. Por exemplo, para a produção de frangos (centrados, principalmente no RS, PR e SP) são necessários galpões climatizados, ventiladores, nebulizadores, vacinas, antibióticos, ração... Só no RS, neste verão, morreram cerca de 80 milhões de aves por sufocamento (quase 10% da produção total).

Além da agonia dos bichos confinados morrendo de calor, os prejuízos financeiros, em algumas propriedades, ultrapassaram os 70%. As aves mortas foram jogadas em valas abertas às pressas, sem nenhum manto protetor. Os bichos, que são tratados com grãos transgênicos, cultivados com inúmeros pesticidas (organofosfarados), que recebem esteróides e antibióticos, apodrecem sob o solo, e o necrochorume atingindo os lençóis freáticos, contamina solo e água que chega, mais tarde, ao consumo humano e adoece a população.

Eita, mundo!

Edital prevê destinação de R$ 15 milhões Foto: Agência Diário / Waleska Santiago

É importante que cada cidadão se conscientize da situação climática pela qual passamos em termos globais e passe a reivindicar dos governos mais incentivos e programas que conduzam para uma atuação sustentável. A Agricultura Familiar com Bases Ecológicas é uma tendência que tende a ter cada vez mais adeptos e para ali que devem ser direcionados os esforços. (Foto: Agência Diário / Waleska Santiago)

Aos nossos esforçados trabalhadores rurais, faz-se necessário avaliar se terão condições reais de promover toda esta inovação tecnológica para continuar sustentando a sua pecuária, que a cada ano exige mais; se terão como arcar com toda esta adaptação necessária, para que o seu trabalho não acabe em desgosto. Não falo para os grandes pecuaristas e monocultores de destaque; direciono esta reflexão para o médio e o pequeno agricultor, aquele mesmo que, ano a ano, aparece na tela dos noticiários locais, chorando desesperado sem saber o que fazer de seu futuro, afogado em empréstimos e refinanciamentos. A grande midia destaca apenas o pequeno percentual de "vencedores" e vende esta ideia para o resto do pais e do mundo. Enquanto autoridades brasileiras incentivam apenas "crescer mais", "produzir mais", aquecendo o incremento da produção no setor industrial (fornecedor de tecnologia e maquinário), a FAO- ONU afirma que a produção de carne, especialmente a bovina, deverá ser substituída pela agricultura, a fim de minimizar as perdas significativas de água, extensas áreas que poderiam voltar a ser cultiváveis, bem como para frear o desmatamento, pois são esses fatores que tornam o produto caro energeticamente, ecologicamente e financeiramente.

"Os agricultores familiares são os produtores agrícolas mais intensamente afetados pelas mudanças do clima, devido a alteração do ciclo das chuvas e o aumento das temperaturas causado pelo efeito estufa." - informou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eduardo Assad, durante o seminário Caminhos para uma Agricultura Familiar sob Bases Ecológicas: Produzindo com Baixa Emissão de Carbono (INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, em Brasília.

Que os governos municipal, estadual e federal entendam isso o mais rapidamente possível e direcionem significativos incentivos para o agricultor familiar.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Adversidades climáticas e a produção de carne - Agricultura Familiar, Pecuária Familiar - Parte 2

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