sábado, 14 de junho de 2014

TDAH - Trocar de especialista - Relação cliente-fornecedor


"Os pais precisam conversar com o médico sempre que aparecer uma dúvida, tirar todas as suas dúvidas, estar sem dúvidas quanto à decisão que irão tomar, que é de administrar um psicotrópico para seu filho, pais precisam formar o hábito de ler a bula do medicamento para obter informações completassobre os efeitos colaterais. Suspender a medicação quando julgarem necessário, dizer isso ao psiquiatra, seguir sua intuição, não ter medo de se posicionar e, se for preciso, procurar um outro especialista ou mesmo mudar o filho de escola." (pág. 125 - Cap 7 Livro TDAH Crianças que Desafiam)



TDAH - Trocar de especialista - Relação cliente-fornecedor

Por Marise Jalowitzki
14.junho.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/06/trocar-de-especialista-relacao-cliente.html

Uma mãe trouxe o seguinte:
"Sou nova no grupo. Meu filho, hoje com 7 anos, foi diagnosticado aos 6 como sendo portador de TDAH e,através dele, descobri clinicamente que também faço parte deste grupo. Tenho 46 anos e meu maior sonho é ver meu filho reconhecendo as letras e números. Ele faz tratamento com fono,psicopedagoga e neuropediatra, fez uso dar ritalina 10mg e LA 20mg, minha pergunta a vc, não dou mais a ritalina tem um mês e não darei nunca mais. O tratamento só funciona com esta droga ou existe outra forma de tratar? Não consigo mais, desculpe, muito difícil acreditar que um dia verei meu filho lendo e escrevendo.
Meu filho com 23 dias de vida teve sepse tardia, coma treze dias e internação total 21 de abril de 2013 dengue hemorrágica e chega agosto 2013 temos o tdah e uma dislexia que ninguém assina; ele é totalmente normal; ele só não fica quieto um segundo, tem memória curta como eu também tenho,fico me policiando o tempo todo, grande abraço."

Agora vejam quanta coisa em um só relato! Eu não sou profissional da saúde, trago as informações que colhi, que tomei conhecimento e alio àquilo que passamos em casa, que conheço em parentes e vizinhos, colegas de meus netos, relatos de mães amigas. Sinto-me, porém, na responsabilidade de dizer algumas coisas para esta mamãe.

A primeira, foi em relação a ela mesma e seu 'diagnóstico' obtido clinicamente de que também ela 'é tdah'. O que comentei:

"Mamãe! Escreves BEM, lês BEM, tens uma coerência verbal MUITO BOA, nem vou te perguntar com quantos anos te alfabetizaste pois isso não é relevante, não é o que importa! O importante é saberes que tu e teu filhote são vencedores!!! Que tudo que vocês passaram foi MUITA COISA E TUDO MUITO IMPORTANTE e se saíram maravilhosamente!

MUITO tenho escrito sobre esta questão da exigência de "ler, escrever e identificar os números!" Teu filhote só tem 7 anos! Se todos os outros já conseguiram, legal! Mas não tem nada de diferente com ele! Só vai acontecer algo diferente (e desagradável) se ele for coagido a dar respostas antes do tempo, se ele se sentir pressionado, rotulado! Tanto nos artigos como no livro especifico declarações de especialistas internacionais que dizem isso!
Cada criança tem o seu tempo certo para a aprendizagem, embora as escolas e médicos querem que seja nesta ou naquela idade!

Tivemos situações sérias na família,  com muita pressão da escola para medicar. GRAÇAS A DEUS, hoje estão adolescentes e lindos, cabeça no lugar, coração de ouro!
SE tu achares que ele precisa de algum medicamento, procura um homeopata, querida. QUE BOM que ele parou com a tarja preta!"

Retirar o tarja-preta

Quanto ao lance de retirar a ritalina há um mês, tens notado alguma diferença nele? tanto para melhor como para pior? porque os especialistas, mesmo os que são contra a medicalização de psicoativos em crianças, dizem que a retirada dos psicotrópicos tem de ser gradativa, para não dar reação ainda pior nos pequenos!

A atitude dentro de casa é a única que realmente importa e influencia as crianças (Gina Bolognini)



A consulta com a homeopata não deu certo

"Obrigada pelo carinho, consegui uma homeopata por indicação de uma mãe,que tem também um anjo em casa, iremos a consulta amanhã,estou muito esperançosa, tenho muita fé que no tempo dele tudo vai acontecer, é muito ruim o colégio ficar cobrando a ritalina,mas juntos vamos conseguir superar esta pressão,um grande abraço,Namastê"

Após a consulta, a mãe relatou não haver gostado da homeopata, pois "ela falou algumas coisas na frente do meu filho que ele não precisava ouvir, por isto marquei outro homeopata para fazer, pelo menos, um comparativo na avaliação. As esperanças se renovam a cada tentativa."

Esta é uma das realidades com as quais temos de aprender a conviver. Independente de qual área de atuação, especialistas são seres humanos como nós. Sujeitos a falhas e acertos e, mais que tudo, a relação cliente-fornecedor precisa ser contemplada para todas as partes envolvidas!

E a atitude da mãe está muito certa. Vai ouvir uma segunda opinião, Sim, pode ser que não se queira ouvir algo que doa, e não concordamos. Ouvir de outra pessoa, caso forem as mesmas recomendações, pode ajudar a refletir.

Mas é muito importante verificar qual a visão de mundo que aquele profissional tem. Quando aprofundei a questão da auto mutilação em jovens, por exemplo, surpreendi-me com um psiquiatra famoso no Brasil que ressalta como maior característica a "vontade de chamar a atenção e obter algum ganho com isto", no fato dos cortes. O psi simplesmente deixou em segundo plano a questão do sofrimento, do altíssimo senso de rejeição que este adolescente sofre (e uma coisa que, provavelmente, se arrasta desde a infância). Sem contar que a maioria deles se cortam em locais que não aparecem (cobertos pelas roupas) e os pais ou nem descobrem ou vão descobrir bem mais tarde... Assim, a questão de levar em consideração, com seriedade, a história da criança, por mais estranhas que possam parecer as suas razões, é questão importantíssima!

Freud já dizia: só quando se consegue entrar na realidade do outro é que pode acontecer um aceno possível de cura!


Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente

Escritora, Educadora, Blogueira e Colunista
Idealizadora e Coordenadora do Curso Formação para Coordenadores em Jogos e Vivências para Dinâmica de Grupos,
Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV,
Facilitadora de Grupos em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista de coração, Vegana.
Certificada como International Speaker pelo IFTDO-VA-USA
marisejalowitzki@gmail.com 
compromissoconsciente@gmail.com 



Livro: TDAH Crianças que desafiam 
Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta

Para conhecer mais e adquirir, acesse: 
TDAH Crianças que Desafiam - Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família





Nenhum comentário:

Postar um comentário