Grau de insatisfação e infelicidade no trabalho está ligado ao número de suicídios |
TRABALHO, SUICÍDIO E FELICIDADE
Por Marise Jalowitzki
Mais uma vez estamos sendo bombardeados com as notícias dos altos índices de suicídio que continuam acontecendo nas empresas japonesas. Sim, mais uma vez, pois há pelo menos 17 anos lembro de já estar levando reportagens para ler aos grupos de desenvolvimento gerencial da época, dando conta dos suicídios cometidos pelos trabalhadores, especialmente os jovens, que não enxergavam futuro algum que valesse a pena.
Até quando modelos mecanicistas, ilógicos e anti naturais continuarão a ditar o ritmo da existência humana?
É inacreditável que, apesar de todos os sinais que o planeta está enviando, de todas as catástrofes, fenômenos sísmicos, doenças e abalos emocionais e psíquicos, decorrentes de modelos errados, os macro sistemas continuem com seus velhos padrões de funcionalidade!
Quantos jovens pelo mundão afora ainda terão de se suicidar para que a classe empresarial e os legisladores comecem a repensar as leis e dogmas sociais aos quais obrigam o cidadão comum a passar toda a sua vida?
O que faz uma pessoa cometer suicídio? Alguns itens passam por:
- Um desalento imenso em relação às práticas do dia a dia
- A total descrença no sistema em que está inserido
- A ausência de perspectiva de uma mudança mais alvissareira
- Desânimo e desprazer em continuar a viver do jeito que vem vivendo
- Uma sensação de incompreensão, solidão e abandono existencial.
Dentro do contexto organizacional, quais as providências que os empresários estão tomando para conter a onda de suicídios nas instituições? Inacreditavelmente, na realidade japonesa, as providências adotadas foram:
1) GRADEAR AS ABERTURAS, AS JANELAS dos andares superiores, para impedir que os mais desesperados se joguem!!!
2) REFORÇAR com estofamentos o chão ao redor das construções para que diminuam o impacto quando um corpo se arremessar ao solo!!!
3) AUMENTAR O SALÁRIO em até 100%, SEM REVER horários, condições ambientais e modo de tratamento dos superiores hierárquicos!!!
!!!Tudo inútil!!! Tudo desfocado! Por vezes o mundo "civilizado" dá mostras de total insanidade!
Ser humano precisa de acolhimento, precisa se sentir pertencente a um grupo, é nosso instinto gregário reconhecer a inclusão, receber elogio, ser reconhecido positivamente por aquilo que produz!
Quando as metas são por demais escravizantes, quando os índices a serem alcançados são desmedidos, não será um aumento de salário que irá possibilitar atingi-las! É muita pressão! Tudo aquilo que é demasiado, é gerador de desespero e saídas irrefletidas!!!
Quais os fatores a considerar quando se estabelecem metas?
- Que elas sejam MENSURÁVEIS - portanto, possíveis de serem medidas, sentidas, observadas, avaliadas.
- Que elas sejam TANGÍVEIS - isto é, que sejam baseadas na concretude, na realidade. Quem toma conhecimento delas precisa sentir que elas (as metas) estejam conectadas com o REAL.
- Que elas sejam POSSÍVEIS - o trabalhador precisa saber-se APTO, em termos de habilidades e conhecimentos, para realizá-las dentro de um determinado tempo.
Esta realidade que se escancara está a exigir revisões internacionais! Olhar de fora para tentar sensibilizar. Fazer a nossa parte, também individualmente. Revisão dos índices de consumo, que estão mundialmente encharcados da filosofia do descarte. É mais do que sabido que aumentar o consumo não é fator de aumento de felicidade!
E o olhar, também, para o umbigo de cada um. Sim, pois apesar de não estarmos, felizmente, inseridos naquela realidade, neste alarmante índice, não podemos negar que, também aqui as coisas se encaminham para elevados níveis de stress. Qualquer empresa que tenha um sistema de medição emocional de seus empregados, que seja pura e simplesmente o acompanhamento do número de atestados por mês (com códigos específicos), vai facilmente verificar que 25%, em média, dos trabalhadores, apresenta nível significativo de esgotamento emocional.
Recentemente estava ao telefone com uma gestora de SP, tratando de um evento de desenvolvimento humano e o dia marcado foi o 1º de Maio (Dia do Trabalhador). Falei a ela que seria interessante uma vivência inicial de acolhimento, como uma forma de compensar o feriado que eles não estariam usufruindo e ela, até um pouco surpresa, declarou que "a realidade aqui nem nos deixa lembrar de feriados!"...
Os parâmetros para o nosso jeito de viver precisam modificar-se, urgentemente! O índice de FIB (Felicidade Interna Bruta) tem de estar no topo das preocupações dos empresários e da sociedade como um todo.
FELICIDADE é fonte de saúde! Felicidade brota ao nosso lado, com as pessoas que amamos, brota em conversas simples, em brincadeiras diárias. Felicidade está dentro de nós, só que, para percebê-la, temos de dedicar-lhe espaço para que se manifeste!
Abraços a todos!
Abraços a todos!
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Mais sobre o tema na página de links, neste blog:
Direito à Vida |
Suicídio - O que leva uma pessoa a desistir
Por Marise Jalowitzki
10.janeiro.2012
marisejalowitzki@gmail.com
Escritora, Educadora, Ambientalista,
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
É, de pouco serve o Estado ir bem se as pessoas não podem acompanhar. Da mesma forma de nada serve a empresa crescer se as pessoas são ignoradas.
ResponderExcluirLinda reflexão!!!
Também a realidade brasileira precisa ser revista. Enquanto estivermos alicerçados na filosofia do consumo e deste como aval de felicidade, estaremos mal.
ResponderExcluirAbraços e grata pela observação, Amigo!