Cimento contem produtos tóxicos, altamente prejudiciais à saúde, especialmente do sistema respiratório |
QUEM SE PREOCUPA COM OS TRABALHADORES QUE, CONSTANTEMENTE, ESTÃO EXPOSTOS À POEIRA DO CIMENTO?
Por Marise Jalowitzki
31.janeiro.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/01/quem-se-preocupa-com-os-trabalhadores.html
A tremenda repercussão que recebeu a queda dos três edifícios no Rio de Janeiro, a dor dos familiares das vítimas, a heroica e incessante ação dos bombeiros, levantou mais uma vez o conhecido descaso de TODOS com a questão da segurança , desde emissão de laudos técnicos; perícia periódica de prédios - antigos ou não -; reformas inconsequentes, sem aval de engenheiro responsável; supervisão falha, desde os órgãos públicos, aos síndicos, até a denúncia de condôminos, coisas de que o Brasil está repleto. E serviu para a observação de um outro ponto, igualmente importante:
QUEM SE PREOCUPA COM OS TRABALHADORES QUE, CONSTANTEMENTE, ESTÃO EXPOSTOS À POEIRA DO CIMENTO?
Bombeiros, em meio à tremenda nuvem de poeira de caliça (restos de concreto - cimento, argamassa, areia, etc.) estavam o tempo todo munidos de máscaras. Os jornalistas, repórteres, câmeras, por muitas horas estiveram realizando a cobertura no local, munidos de máscaras. A inalação compromete seriamente todo o sistema respiratório, compromete os pulmões, aloja-se no sangue, causa danos irreversíveis à saúde.
Seja em situações de demolição, seja em construção, desde a extração do minério original (calcario) até a fabricação, as perigosas misturas e queimas de resíduos tóxicos nos fornos de clínquer, o uso de máscaras é necessário SEMPRE.
O argumento, que quer servir como justificativa, por parte dos supervisores (mestres de obra e afins) é de que "o pessoal resiste". Os próprios trabalhadores declaram que "é frescura". E se a orientação vier da boca de uma mulher, então, vira piada. Até mesmo homens, quando são incisivos no cumprimento da lei, são alvos de preconceito. Já prestei consultoria em uma grande empresa onde o gerente de Saúde e Meio Ambiente era ridicularizado (pelas costas, claro), onde tinha seu andar imitado e recebia expressões jocosas: "Olha lá a mulherzinha, de novo, com o seu EPI! Olha o andarzinho dele!"
O que não dá é para esmorecer.
Cimento - um dos exemplos de trabalhador com uso de EPI - faltou a máscara |
A recomendação tem de se tornar uma prática efetiva, onde a evangelização tem de começar pelos próprios gerentes e até donos de empresas. Conheço um supervisor que lidera 30 pessoas em uma fábrica de artefatos de cimento. Produzem vasos, cantoneiras, material para cercas, alguns objetos para decoração em jardins, etc. Trabalham todos os dias derramando sacos de cimento, lidam com o cimento diretamente e tudo o que o supervisor conseguiu, até agora, é que os trabalhadores substituíssem os chinelos-de-dedo por botas de borracha.
Claro que dá para entender que, com um calorão como o que tem feito, de novo, neste verão sulino - só para falar de nosso clima, aqui no RS - é de desanimar qualquer outro acessório, além do estritamente necessário. Mas, e a saúde a médio e longo prazo? É um bem maior que, depois de danificado, dificilmente pode ser reparado.
E por que, no caso deste supervisor, o assunto não vai adiante? Porque o empresário, dono da fábrica, também considera dispensável o uso de luvas e máscara!
Neste ano de 2012, destacado pela ONU - Organização das Nações Unidas - como o Ano do Cooperativismo, fica a sugestão para os técnicos de Segurança no Trabalho: criar uma associação comunitária, em regime de cooperativismo (são necessários 20 iniciais) envolvendo empresários conscientes, e agir preventivamente, visitando as obras e empresas (inclusive as pequenas), orientando e fiscaliza.do. Palestras orientativas, mostrando gráficos e índices de doentes da construção civil e similares, em doenças respiratórias, algumas graves, como a tuberculose, gerando óbitos em números crescentes.
E tem de haver uma lei punitiva, multando os infratores, que não disponibilizam o equipamento necessário (botas, luvas, óculos e máscaras), nem controlam o seu uso efetivo.
Dermatites aparecem cedo - Doenças respiratórios advindos do manuseio do cimento demoram mais e são ainda mais graves |
Os empresários precisam disponibilizar os equipamentos.
Os empregados precisam se conscientizar de que ele é necessário.
Ganha o empresário, pois o que gasta em equipamentos de prevenção é bem menos do que tem de arcar quando os empregados são afastados por auxílio doença.
É bem verdade que este é um tema muito mais de conscientização do que perda financeira imediata para o empresário. As doenças respiratórias vão se manifestar intensamente no trabalhador dali a 15, 20 ou até 30 anos depois, quando, provavelmente, muitos não terão nem direito a uma aposentadoria regular, que dirá por invalidez. O descaso com o futuro ainda é TÃO comum em nosso país. E como a mão-de-obra ainda é barata e abundante, quem vai se preocupar com o pulmão-de-obra?
(continua)
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Escritora, especialista em Desenvolvimento Humano,
Ambientalista, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA
international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
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