Marise Jalowitzki
28.maio.2017
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2017/05/todos-os-castigos-sao-inuteis-diz-o.html
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Por concordar com tudo que está apresentado nesta entrevista, transcrevo vários excertos. Quando os pais entenderem bem mais profundamente o valor do exemplo, da paciência, da tolerância, da busca do entendimento, aí, sim, estaremos caminhando para um mundo de mais Paz e Equilíbrio, com mais Alegria, Felicidade e Saúde. Saúde física e emocional.
Pegar os filhos ao colo e consolá-los quando choram são algumas das idéias defendidas pelo pediatra espanhol que, apesar de ser conhecido pela irreverência, não se acha polêmico nem contra-corrente. Licenciado em medicina pela Universidade Autônoma de Barcelona, Carlos González é o fundador e presidente da Asociación Catalana Pro Lactancia Materna (que defende o aleitamento materno). Também é escritor: entre os muitos livros, destaque para ‘Bésame Mucho – Como criar os seus filhos com amor’, 'Meu Filho não come!', "Manual Prático de Aleitamento Materno' e ‘Pergunte ao Pediatra’.
Casado há 35 anos; seus filhos têm 25, 29 e 33 anos.
“Criei-os o melhor que soube.” – diz o pediatra. “Foram eles que me ensinaram a educar um filho. Aprendi a criar um filho lembrando-me, em primeiro lugar, como fui educado. Em segundo, em como gostaria de ser sido tratado e entendido, em algumas situações. É assim que quase todo o mundo aprende nesta vida!”
Seguem oito destaques que o pediatra Carlos Gonzáles deixa para os leitores:
1) Mimo não deixa a criança dependente nem impositiva.
Todo o universo adulto deve tratar os pequenos com carinho e respeito.
Pais precisam entender que externar seu amor pelos filhos sem que lhes peguem ao colo ou consolá-los quando choram não é uma boa prática. Como é que a criança sabe que gostam dela se ninguém o demonstra? Nós, adultos, demonstramos o nosso amor fisicamente: abraçamos os amigos, beijamos os cônjuges. Não é suficiente dizer a um namorado ou namorada “amo-te”.
Um adulto necessita mais do que palavras para se sentir amado e um bebê, que não entende as palavras?... ainda mais!
A maioria dos pais concorda fortemente com isto. A maior parte deles amam os filhos e querem demonstrá-lo. Alguns acreditaram na regra de “não pegar a criança ao colo”. Tentaram colocá-la em prática, mas custou-lhes. Quando ouvem que não é necessário sacrificarem-se, que podem abraçar o seu filho sempre que lhes apetecer, sentem-se libertos.
2) As crianças podem dormir na cama dos pais.
As crianças pequenas despertam várias vezes durante a noite, quase a cada hora e meia ou duas horas, sobretudo entre os quatro meses e os dois ou três anos. Para os pais é muito incômodo terem de se levantar três ou cinco vezes por noite para cuidar do filho. Por isso, muitas famílias descobrem que é mais cômodo dormirem todos juntos. E que tudo é uma fase.
Não há regra fixa. Há que analisar caso a caso. O resultado, nestes casos, é que os pequenos ficam felizes e dormem tranquilos. Aumenta a autoestima, aumenta a autoconfiança.
Mas também pode haver crianças ou pais que prefiram dormir sozinhos. Basicamente, há três maneiras de se organizarem para dormir: a criança pode ficar no seu quarto, no dos pais, mas no seu próprio berço ou cama, ou na cama dos pais. Estas três formas combinam-se de mil maneiras. O importante é que os pais compreendam que têm o direito de decidir sobre a maneira que melhor funciona para todos e que não são escravos da sua decisão, que podem mudar de idéias.
3) Não se deve obrigar uma criança a comer e não faz mal se ela comer poucos vegetais.
Crianças seguem o exemplo dos pais, prioritariamente. Ver os pais alegremente ingerir dietas com mais verduras, pode influenciar positivamente
Também, de maneira geral, crianças pequenas não costumam comer muitas verduras. A verdura é baixa em calorias e simplesmente não caberia na barriga toda a quantidade que teriam de comer. Assim, elas procuram naturalmente alimentos de alto teor calórico: massa, arroz, pão, bolachas, doces… Com o tempo, o gosto muda. Atualmente, todos comemos coisas que em pequenos não gostávamos, a menos que os nossos pais tenham insistido tanto que nos fizeram odiar verduras. Os vegetais são muito saudáveis, mas o importante não é quantos vegetais comemos aos nove meses, mas sim durante toda a vida. Obrigar um bebê a comer muita verdura, faz com que este a odeie e, em seguida, para deixar é um passo. Se o deixarmos estar, comerá pouco na infância, sem rejeitar e, uma vez crescido, comerá mais.
Se ele come 4 colheres de arroz e feijão, é porque é isto que ele precisa. Se comer 5, começará a ficar obesa!
Respeitar a quantidade que o filho deseja comer é “um ato de amor sempre”.
Para saber quanto necessita comer uma criança, os cientistas vão buscar 15 ou 20 crianças saudáveis e observá-las durante semanas, durante meses, para ver o que comem. E isso é o que elas precisam comer, o que comem as crianças saudáveis (...) E, ao fazer esses estudos, descobriram que existem crianças que comem diariamente mais que o dobro das outras, ou o triplo. Precisamente imprevisível. Claro, no fim das contas acabam dizendo: na média, o que as crianças comem são tantas calorias. A média sim, mas um come muito mais, e o outro come muito menos.
4) Crianças precisam de limites, não de castigos.
Os castigos são inúteis, tanto para as crianças como para os adultos. É claro que é preciso impor limites aos mais novos. Todos os pais o fazem. Os limites lógicos e razoáveis são impostos pelos pais sem que ninguém diga nada.
Os castigos são inúteis, tanto para as crianças como para os adultos. É claro que é preciso impor limites aos mais novos. Todos os pais o fazem. Os limites lógicos e razoáveis são impostos pelos pais sem que ninguém diga nada.
Não deixamos os nossos filhos brincar com o fogo ou com facas!
Rejeito os limites que não considero lógicos ou razoáveis, que não se colocam por necessidade ou para evitar quaisquer danos, mas que apenas servem para demonstrar “aqui sou eu que mando”.
5) Como lidar com crianças desobedientes e ‘manipuladoras’
O que fazemos com os maridos ou esposas que são desobedientes ou manipuladores? Com os namorados, amigos, parentes ou empregados? Será que os adultos nunca fazem nada de mal? Claro que sim, mas não os punimos (a não ser que cometam um delito que apenas os juízes podem punir). Eu não castigo a minha esposa ou os meus amigos, vizinhos, taxistas…
O que fazemos com os maridos ou esposas que são desobedientes ou manipuladores? Com os namorados, amigos, parentes ou empregados? Será que os adultos nunca fazem nada de mal? Claro que sim, mas não os punimos (a não ser que cometam um delito que apenas os juízes podem punir). Eu não castigo a minha esposa ou os meus amigos, vizinhos, taxistas…
Como médico, não castigo os meus pacientes nem a minha enfermeira. Porquê castigar apenas os meus filhos? Que terão feito eles de tão terrível para merecerem um castigo? É absurdo. É curioso que se fale de crianças “manipuladoras” quando estamos precisamente comentando de colocar regras e limites a crianças. Isto é, para manipular. Nós manipulamos as nossas crianças, compramos livros que explicam como fazê-lo… e os “manipuladores” são eles?
O problema prende-se ao significado de disciplina. Falamos, por exemplo, de “disciplinas olímpicas” ou de um pianista “disciplinado” que ensaia todos os dias. A disciplina é uma qualidade interna das pessoas, que pode ser desenvolvida com amor desde a mais tenra idade. A disciplina não é gritar ou castigar. Autocontrole não é ‘aceitar ser controlado’. Autocontrole ensina-se com o exemplo.
Muitos pais precisam repensar se são os filhos que precisam se calar para que eles (pais) possam assistir tv ou continuar no celular, ou se são os adultos (pais) que precisam desligar seus aparelhos para conseguir ouvir o que o filho tem a dizer. Isso é a disciplina.
6) Comparar adultos às crianças e vice versa é uma boa prática. “Como eu senti no meu tempo?”
As crianças não são adultas, mas são parecidas. E, em todos os casos, precisam de mais respeito do que os adultos, porque são mais frágeis. Precisam de ser mais toleradas porque são inexperientes e ignorantes, podem cometer erros.
As crianças não são adultas, mas são parecidas. E, em todos os casos, precisam de mais respeito do que os adultos, porque são mais frágeis. Precisam de ser mais toleradas porque são inexperientes e ignorantes, podem cometer erros.
Muitas vezes castigamos ou repreendemos as crianças por coisas que nunca puniríamos num adulto.
- Se vejo a minha esposa ou um amigo chorar, pergunto o que se passa e tento consolá-los. Para os meus filhos é igual. Nunca escutam: “Para de
chorar!”
- Se estou a comer com um amigo e vejo que este deixa metade da comida no prato, não o obrigo a acabar tudo. Com os meus filhos também não faço isso.
- Jamais bateria na minha mulher, no meu pai ou em companheiros de trabalho. Muito menos nos meus filhos.
7) É preciso quebrar as regras absurdas, as regras falsas.
Estou completamente de acordo com o circular pela direita ou com lavar os dentes depois de comer.
Profundamente, defendo várias regras fundamentais: nunca bater nas crianças, não insultar ou humilhar…
Mas se alguém propõe regras ridículas, como “não pegar a criança ao colo” ou “não consolá-la quando chora”, então digo para que os pais ignorem essas regras, porque são estúpidas.
8) Crianças pequenas, especialmente até os três anos, devem ficar com os pais.
Nossas crianças estão melhores em casa, do que em qualquer outro lugar. A não ser, claro, que tenham maus progenitores, que os maltratem ou ignorem. Sentem-se seguras, sentem-se inseridas em um contexto social que lhes é familiar, conhecido. Confere pertencimento. Só nos casos em que isto é impossível é que deve ser cogitado.
Se a criança chora porque não se quer separar da mãe é porque algo está errado e a criança está a sofrer. Penso que é importante que os nossos filhos sejam felizes. Além disso, na maioria das creches, pelo menos em nosso país, há muito pouco pessoal para o atendimento. A nossa legislação permite que oito bebês, com menos de um ano, estejam ao cuidado de uma só educadora de infância. Em casa, há um ou dois pais por filho. Isso permite uma interação muito maior e, consequentemente, um melhor desenvolvimento e aprendizagem.
Alguns pais preocupam-se demasiado se o filho tem tosse ou se acontece algo de pouca importância. Em contrapartida, há muitos que não se preocupam que um bebê com menos de um ano passe dez horas diárias separado dos pais.
Nunca é tarde para retificar alguns comportamentos errados dos pais, se isso é uma coisa boa. Todos os pais fazem coisas boas e más. Às vezes, alguns têm consciência dos erros. Todos os pais devem esforçar-se por fazer o seu melhor.
Pais precisam apostar mais em seu taco. O chamado ‘sexto sentido’, a intuição, o instinto. Somos seres humanos. Temos cultura, civilização, ciência… podemos fazer algumas coisas melhores do que guiados apenas pelo instinto puro. Mas também podemos torná-lo pior. O instinto permitiu aos nossos antepassados criar os seus filhos durante milhões de anos, antes de existir qualquer civilização ou cultura. O instinto não é perfeito, mas, geralmente, é muito bom e deve ser mais usado.
Fontes:
http://observador.pt/2014/05/26/todos-os-castigos-sao-inuteis-diz-o-pediatra-contra-carlos-gonzalez/
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/
Para adquirir e obter mais informações, veja no blog (AQUI) ou encaminhe e-mail para:
marisejalowitzki@gmail.com
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