quarta-feira, 19 de abril de 2017

13 Reasons Why - Há mais de 13 razões !!! O papel da Família

Os Treze Porquês, série que aborda bullying, estupro, drogas, álcool, solidão, depressão, suicídio




Por Marise Jalowitzki
19.abril.2017
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2017/04/13-reasons-why-ha-mais-de-13-razoes-o.html

Com interesse, por vezes uma tremenda pena, noutras, até cansaço (sim, achei muito longa a série, com muitas dissertações), assisti e acompanhei Treze Porques (como os jovens comentam) e de como a protagonista Hannah foi se afundando até decidir pelo trágico desfecho.

Muitos são os comentários e análises que estão circulando em várias publicações, a maioria deles voltados à elucidação do tema suicídio e o que pode levar a este ato extremo, análises especialmente voltadas ao público jovem, aos adolescentes, aos jovens. Sugestões de criação de grupos de 'esclarecimento', como geralmente acontece após um episódio impactante e violento, envolvendo uma jovem vida furtada. Como a garota de Cuiabá (artigo abordado neste blog), o pai de família de 22 anos e tantos outros casos! Bullying, desafios, agressões, invasões de privacidade! 


PERSONAGENS





TODOS os personagens são fortes, densos, necessários. Vou focar em apenas alguns.

Na série o maior abusador foi o estuprador, embora ele tenha sido apontado nas fitas em índice bem adiantado, quase ao final. E, no final, como a "ultima razão", a "razão de n° 13", o orientador pedagógico (não gostei do fato de colocar neste frágil papel um ator  negro... com medo de perder seu emprego... ficou muito clichê!), sem preparo (copmo todos, atualmente), inibido para tocar no tema, embora tudo estivesse muito claro: o estupro, os abusos, a fragilidade da garota, seu sofrimento, vergonha, humilhação, dor e incapacidade para seguir adiante.

Mediante TANTA agressão para com ela e despreparo dela mesma, como pedir para que "esquecesse e seguisse em frente"??? NENHUMA pessoa vítima de estupro ou qualquer classificação de abuso sexual é capaz de seguir em frente sem levar consigo suas tremendas cicatrizes, lembrranças, revoltas... Sim, poderíamos novamente focar na escola e seu despreparo, em seu não saber lidar com o que acontece nos bastidores (e não apenas na sala de aula), na violência do que foi "estudar" os poemas da Hannah em sala, SABENDO que uma das alunas seria a autora (como realmente foi)...

O Papel da Família na prevenção

Não vi, até agora, um movimento de esclarecimento aos pais e é neste sentido, de COMENTAR SOBRE O PAPEL DA FAMÍLIA, que este artigo vai - para as famílias, para os adultos, o que inclui TODOS os que convivem com o imprevisível universo dos nossos jovens, recém ingressando no chamado "mundo da [ir]responsabilidade adulta". Porque coloquei "irresponsabilidade"? Porque, tantas e tantas vezes acontecem coisas, abusos, invasões de privacidade, subjugações dos adultos para com os mais fracos-frágeis, seja de que idade for, que é uma triste vergonha!! 



Quero tratar das FAMÍLIAS que, em nenhum momento, são apontados na fita que a garota gravou. Em nenhum momento ela menciona os pais como omissos, como não sabedores, como insipientes (não saber lidar assertivamente) e nem a série aborda as demais famílias - pais e mães dos outros personagens.

Alex, em dilema constante, sente-se culpado e questiona a hipocrisia social que prefere "encher de cartazes" ao invés de omentar, ir fundo, questionar, descobrir as causas e responsabilizar responsáveis


Alex (que também se suicida ao final) - Um pai policial, que o protege de tudo, que o elogia por colocar as roupas arrumadinhas no cabide, mas que não conversa com ele, nem sabe o que se passa com o filho.

Justin - desassistido, fraco, covarde, que vai embora de casa, após ser expulso pelo namorado da mãe (sem a intervenção desta), No desfecho, vai embora, levando apenas uma mochila, algumas roupas, uma garrafa de vodka que ganha do "amigo" (estuprador da Hannah e da namorada de Justin), leva também uma arma, leva nenhum preparo emocional para enfrentar o mundo.


Clay Jensen - que, apesar de uma família "estruturada" - mãe advogada e pai professor (ele se autodenomina um vencedor, sendo uma vítima de bullying na infância-adolescência e hoje vivendo em omissa docilidade). Mesmo querendo como "prova de união" uma "refeição em família", não conseguem estabelecer diálogo com o filho, que passa por MUITAS situações até mesmo muito arriscadas e, ao chegar em casa, recebe...castigos por ter se atrasado....!!! Um filho que já tem cabeça de adulto, mas que é tratado de maneira infantil pelo pais! Pelo menos, ao final, aparece a opção da mãe ( advogada) que quer a verdade, o pai, que acredita em seu filho e Clay, que consegue a prova mais contundente da ação de estupro.

O estuprador que, sendo ovacionado por toda a escola por ser expoente no basquete, vive uma vida rica e solitária, com total liberdade de usar a casa, gastar muito dinheiro e os pais, sempre viajando... Não sabe o que é limites, vê as mulheres como objeto e NINGUÉM para segurá-lo, pois é "rico" e bem "sucedido"... todos na escola admiram seu papel nos esportes... obscurescendo todos os defeitos, que incluem também tráfico e consumo de drogas ilícitas e álcool.

E os Pais da Hannah??


Pais tem de lidar com a impotência do desconhecido, com a ausencia sem volta. Tateando no escuro, aos poucos vão desvendando as razões que levaram a filha ao suicídio.


Companhia
A parte mais dolorosa, sem dúvida! Onde pais precisam se defrontar com o fato que SÓ AMAR não resolve, só querer muito a filha não resolve, só admirar não é companhia, não é estar junto, não ocupa os espaços vazios deixados pela não comunicação, pela não conversa! QUANTAS decisões ela teve de tomar sozinha e os pais, ou a tratando como uma bonequinha de cristal, ou brigando na frente dela, como se ela não existisse...

Muito da angústia da garota, que a fez procurar algumas situações erradas (como ir à festa, no último capítulo-fita) foi por absoluto despreparo!

Como, por exemplo, a mãe deixa a filha adolescente sair à noite, naquela hora, a vagar pelas ruas, para fazer o que? sair com qualquer roupa? nenhuma programação anterior, nem aviso?

Brigas e desentendimentos do casal, sem participação da filha nos diálogos, mesmo ela estando presente

Hannah já era quase uma mulher adulta, as dificuldades financeiras dos pais (causa dos desentendimentos) eram discutidos em sua frente, mas, mesmo quando ela se dispõe a emprestar o dinheiro que tem de reserva para a faculdade, a mãe não aceita! Pais pensam que isto é respeitar o filho, mas os filhos se sentem à parte nas questões familiares, o que só faz aumentar a brecha, a distância, o isolamento!

E, quando ela perde o dinheiro do movimento comercial da farmácia (que é dos pais), dinheiro que iria depositar no banco, é repreendida duramente pela mãe, serm nenhuma opção de resgate. Novamente Hannah oferece seu dinheiro para repor o rombo da perda, novamente a mãe nem aceita questionamentos...

Dramas que a garota passa são totalmente desconhecidos dos pais


Valores Familiares

Por último, quero deixar para reflexão básica: O que é felicidade para as famílias? O que é importante para que uma pessoa se sinta e se saiba querida?

Bastante questionáveis os valores do casal, dando força para que a filha "seja aceita" pelo grupo de "amigos"-colegas da escola, MEDIANTE proporcionar carona a algumas colegas, no carro do pai...e, pior, o pai se afunda em mais dívidas, para proporcionar um carro novo (!!!) à menina para que possa fazer bonito (ela queria, incialmente, alugar uma limusine...)... Jovens terem seus devaneios, tudo bem, mas, em nenhum momento os pais a aconselham, nem esclarecem que amigos de verdade não são 'comprados'...

Onde fica o SER? Então, para ser aceito, precisa TER, ostentar, "ser rica"??? (Bem ao estilo dos EUA), só que isto não aparece em nenhum momento, NEM NOS COMENTÁRIOS AO FINAL, pelos atores e responsáveis pelo roteiro e direção.

PAIS, SE ANTENEM! Não esperem que seu filho venha comentar com vocês sobre a série! Ou sobre qualquer outro assunto impactante.





Procure-o e converse sobre!
Não esperem que seus filhos adolescentes VENHAM conversar com vocês sobre o que sentiram em relação à série (que, provavelmente, viram sozinhos...). ELES COMENTAM COM SEUS AMIGOS, na rua, obtendo e tirando suas próprias conclusões!!

Só que, para você conseguir um diálogo, será preciso ter visto, claro!!! Você está disposto??
E não é pra ficar vendo como "estupidez de adolescente"! É pra entrar no universo deles, com suas reações imediatas e quase sempre imprevisíveis e não pensadas!

E, PRINCIPALMENTE, que cada pai e cada mãe reveja seu papel na reconquista de seu filho adolescente, para que ele se abra, pelo menos nas situações difíceis, com vocês!!

As angústias pelas quais as crianças, adolescentes e jovens passam, especialmente no Ensino Médio, não é privilegio da Escola Liberty (reportando à série). Está em CADA ESTABELECIMENTO de ensino, precisa ser mais trabalhada a questão do bullying, precisam ser abertos mais espaqços onde os jovens possam se expressar sem serem zoados pelos colegas e, por vezes, até mesmo pelos professores. Em casa, nem comentam nada...

POR MAIS DIÁLOGO! POR MAIS VIDA!


Querendo, veja também:


Garota comete suicídio em Cuiabá - Jogo da Baleia Azul - Mais um jogo violento que acaba em morte - Conheça os sinais


Maria de Fátima da Silva Oliveira, de 16 anos, que morreu ao participar do jogo Baleia Azul na internet, em Cuiabá (MT) (Reprodução)

O caso de Maria de Fátima é mais um que acaba em tragédia! Brincadeiras perigosas, os chamados Choking Games, na maioria das vezes não tem volta!!


Por Marise Jalowitzki
15.abril.2017
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2017/04/garota-comete-suicidio-em-cuiaba-jogo.html



 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

blogs:

http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/

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