"Num futuro breve teremos verdadeiras legiões de mutilados cerebrais, de seres humanos inferiorizados física e mentalmente, com sua capacidade de aprendizagem e educação reduzida ao mínimo." (declaração de Nelson Chaves, médico e nutricionista pernambucano - 1971)
Esta figura constou da Prova de Geografia - 1996 - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Nélson Chaves abandonou o exercício da medicina para dedicar-se ao estudo da nutrição. Foi um dos mais dedicados estudiosos da desnutrição infantil no nordeste brasileiro; desenvolveu a tese do nanismo nutricional em crianças da zona da mata pernambucana. Foi também criador do Nutriente V, um alimento à base de feijão, farinha de milho, cálcio e vitaminas, que nasceu com o objetivo de combater os efeitos da desnutrição infantil.
Microcefalia e Desnutrição - Pesquisa mostra relação de quadros de desnutrição infantil e perímetro cefálico
PESQUISA AVALIA PERÍMETRO CEFÁLICO E DESNUTRIÇÃO INFANTIL
"Foi objeto de estudo o perímetro cefálico de 89 crianças com desnutrição moderada e grave, em idades compreendidas entre zero e dois anos, que deram entrada no Hospital J.M. de los Rios, no período de janeiro a setembro de 1994. Foram relacionados a circunferencia cefálica com a idade, sexo, estratificação socioeconômica, motivo da hospitalização, grau de desnutrição, tipo de desnutrição clínica, tamanho e fórmula de Boyd.
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Ela faz parte da minha vida de médico pediatra, convivendo há 51 anos com as crianças da minha região, com os seus sofrimentos e suas dores." (Pediatra Milton Hênio - Médico, Pediatra e Escritor - Pernambuco)
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Falta de saneamento básico, de instrução, de trabalho, de assistência médica, transforma o viver de uma boa parte da gente do Nordeste em um verdadeiro pesadelo.
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- Com uma área de 1 milhão 674 mil e 298 quilómetros quadrados (19,4% do território nacional) o Nordeste tem 62% de seu território localizado no chamado “Polígono das Secas”, uma das regiões mais pobres do Brasil, sujeita a secas periódicas. Segundo dados do IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiística), atualmente a população nordestina é de 54 milhões de habitantes, dos quais 15% não sabem ler nem escrever.
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Temos 58 milhões de crianças e adolescentes espalhados por esse imenso território. Por trás desse número, entretanto, se esconde uma dolorosa realidade: um país que optou pelo crescimento econômico a qualquer preço, concentrou a renda e deixou 58 % dos brasileiros na miséria.
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O Nordeste participa com apenas 2,2% da produção industrial brasileira; 44% das sedes dos seus municípios têm sistema de abastecimento d’agua e o que é impressionante meus senhores, apenas 15 milhões dos seus habitantes têm emprego ou trabalho fixo sendo que, desses que trabalham, 40% ganham o equivalente a um salário mínimo.
Vejam, portanto, os senhores, que essa população com renda baixistíssima, não tem condições de adquirir os alimentos necessários à sua sobrevivência.
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SINAIS CLÍNICOS DA DESNUTRIÇÃO
O primeiro e dos mais importantes sintomas é a parada do crescimento e do desenvolvimento físico e mental. Nelson Chaves, grande estudioso do problema, pernambucano dos mais ilustres, já alertava ha muitos anos que o Brasil estava criando uma geração de nanicos. Do tempo de seu alerta até os nossos dias o quadro de agravou em muito.
SINTOMAS NEURO-PSÍQUICOS da Deficiência Alimentar
"A criança quando atinge 3 a 4 anos de idade começa a sentir na marcha a deficiência nutritiva do seu organismo: tem câimbras a toda hora, ao ficar de pé começa a tremer e senta a seguir pela impossibilidade de caminhar. Sente dor da cabeça, vômitos reflexos quando as dores musculares aumentam."
MORTALIDADE INFANTIL
A desnutrição é o fator desencadeante da mortalidade infantil que nos envergonha perante as outras Nações. A nossa pequenina Alagoas tem sido uma das campeãs no Brasil. Nossas taxas são altíssimas: 41 a 50 por mil. Houve épocas em que em algumas cidades do Nordeste estas cifras atingiram a 80 por mil. Apreciada em conjunto, a mortalidade infantil constitui um problema fundamentalmente social. Retrata, por assim dizer, as condições econômicas do meio. Conserva-se alta nas zonas pobres e subdesenvolvidas. Entra em declínio, quase automaticamente, à medida que melhoram as condições financeiras e se eleva a cultura da população. Penedo, por exemplo, o nível de mortalidade infantil é baixíssimo pela assistência médica e o nível de instrução de sua população. Só se consegue diminuir essa mortalidade infantil no Nordeste com medidas de caráter profundo e geral, capazes de afetar a miséria e a ignorância – seus principais fundamentos. Medidas que incrementem as fontes de produção, dêm combate as endemias e epidemias, enfrentem o analfabetismo, estimulem a cultura e a educação dos jovens, enfim, que haja bem estar para toda a população. O assunto pelo seu alcance e gravidade não se resolve com providências débeis, frágeis, parciais e fragmentares; requer um programa inflexível, inteiriço e completo.
CEMITÉRIO DE CRIANÇAS
A denominação leva anualmente em torno de 200 mil crianças do Nordeste que morrem antes de completar 3 anos de existência. É uma verdadeira guerra. Apenas porque não há barulho de canhões, espocar de bombas, matraquear de metralhadoras, roncos de aviões, a sociedade fica indiferente a ela. Quando os senhores ouvirem dizer que uma criança morreu desidratada no sertão do nosso Nordeste ou em qualquer outra região, não pensem que foi só disenteria que a matou. É um engano. A disenteria foi apenas uma colaboradora da morte, apenas um pretexto para que aquela criança morresse. A disenteria foi apenas o “carrasco” que a executou; o juiz que determinou a sentença daquela criança foi a desnutrição, a fome. Se olharmos para o Nordeste veremos que o sofrimento de suas populações são os da doença de massa, justamente a doença da pobreza, para não dizer da miséria, da vida humana em níveis sociais ainda rudimentares, de renda per-capta ainda insignificante.
Mário Pinotti, grande higienista que em certa época ocupou o Ministério da Saúde, dizia o que se aplica ainda hoje: “Povos sadios são os povos economicamente organizados com distribuição equitativa dos bens que a técnica e o progresso foram aperfeiçoando. Povos doentes, banidos e devastados pelo flagelo das doenças de massa são os pobres, de economia insipiente, desorganizados e incultos”.
Hoje em dia, aproximadamente 7 bilhões de pessoas habitam o nosso Planeta, dos quais 2 bilhões têm menos de 16 anos de idade. Nos próximos dez anos haverá mais 1 bilhão e meio de crianças na Terra e os recursos não irão aumentar na mesma proporção. Como ficarão nossas crianças? Há muito tempo se diz que o Brasil é um país de jovens... que nossa juventude é a maior riqueza nacional. Temos 58 milhões de crianças e adolescentes espalhados por esse imenso território. Por trás desse número, entretanto, se esconde uma dolorosa realidade: um país que optou pelo crescimento econômico a qualquer preço, concentrou a renda e deixou 58 % dos brasileiros na miséria. A meta, portanto deve ser o homem, investir na educação, erradicar o analfabetismo que é a chaga mais pestilenta de uma Nação. O analfabeto é o maior entrave ao progresso de qualquer comunidade. Dessa forma só com a reforma do homem seremos capazes de tornar o Brasil uma grande Nação.
O RETIRANTE
Todos os dias, caros amigos, vemos a cidade repleta de retirantes; são adultos e crianças em busca da sobrevivência, em busca de melhores dias. Nas esquinas os meninos se acotovelam pedindo dinheiro e às vezes nos importunam. Mas, de quando em vez, vemos um quadro que nos choca, nos entristece quando nos defrontamos com o olhar de uma menina de 5 ou 6 anos, magra, esquálida como a nos dizer, através da súplica, os versos de Judas Isgorogota:
“Vocês não queiram mal aos que vêm de longe, / Rasgados, famintos de dar compaixão / Com os olhos na terra, os rostos queimados / Pisando saudades calcadas no chão / Vocês, da cidade, não sabem o que é / Sofrimento, na vida de um homem / E nunca saberão / É a seca no mato, é o mato rangendo / É a terra tostando virando carvão. / É a gente morrendo de fome de sede e de dor / E angustiado de ver a morte do boi sofredor”.
SOLUÇÕES
O egoísmo, a falta de vontade de querer corrigir o problema, o interesse pessoal e não coletivo daqueles que têm partículas de poder, determina a manutenção desse drama de pobreza do nordestino que se arrasta há séculos. Falta de saneamento básico, de instrução, de trabalho, de assistência médica, transforma o viver de uma boa parte da gente do Nordeste em um verdadeiro pesadelo. Só mesmo com o melhor padrão de vida, só mesmo com a elevação do quoeficiente econômico, sanitário e espiritual da grande massa da população, será possível atenuar a tarja negra da mortalidade infantil e da desnutrição. Até quando iremos esperar para resgatar nossas culpas? Até quando ficaremos ausentes desse drama que dura séculos? Eis que a grande Elisabete Lesseur nos manda esta peregrina mensagem: “Na vida somos culpados não só do mal que fizemos, como do bem que deixamos de fazer”.
Vamos pedir a Deus que ilumine os homens que dirigem os nossos destinos para que ajudem o progresso de nossa região, dando ao seu povo trabalho, saúde e educação. Poderemos então exclamar contentes: Agora sim, o nosso Nordeste é um região desenvolvida.
Milton Hênio - médico pediatra e escritor - 04.outubro 2014 - A Desnutrição da Criança Nordestina e suas Consequências
Para ler na íntegra - http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=253097 )
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De um modo geral, todos sabemos a resposta: quanto mais ignorante a população, quanto mais seduzida por outros chamamentos, mais manipulada será. |
14.março.2015
Sério demais! O Roundup continua sendo utilizado livremente no Brasil, vendido clandestinamente ou sob outros nomes! Pedido de reavaliação do produto, no Brasil, encaminhado ao Ministério da Saúde, está parado há 6 anos!
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Publicado neste blog em 16.fevereiro.2016
18.dezembro.2015
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
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Para adquirir e obter mais informações, veja no blog (AQUI) ou encaminhe e-mail para:
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