Nosso empenho persistente é no sentido de alertar e esclarecer os pais para que conheçam e se informem cada vez mais sobre o que representa uma filosofia medicalizante no que tange ao desenvolvimento, especialmente escolar, de seus filhotes. Organizações no mundo inteiro, incluindo o Brasil, tem se movimentado no sentido de frear o consumo de psicotrópicos em crianças e jovens. Como segundo maior consumidor do mundo de metilfanidato (Ritalina, Concerta e outros), o tema vem ganhando [finalmente] também a preocupação do Ministerio da Saúde. Enquanto as autoridades debatem, porém, as crianças continuam sendo medicalizadas e as vítimas devido aos riscos dos efeitos colaterais, se pesquisados,ainda não estão sendo divulgados. FELIZMENTE, algumas mães decidem romper com este círculo vicioso que pretende "resolver o problema" com uma receita de remédio controlado.
No Livro TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM publico, entre outros, o que a Comissão de Bioética Médica da Suíça (pais onde "nasceu" a Ritalina) emitiu em seu Parecer nº 18/2011. Transcrevo uma parte aqui:
"O aprimoramento [obtido através do consumo de substâncias farmacológicas] reduz consideravelmente a liberdade dos filhos e prejudica o desenvolvimento de sua personalidade.
A pressão aplicada sobre as crianças para se conformar, seja por seus pais, seja por instituições de ensino, impõe um padrão de normalidade que diminui a tolerância em relação ao modo de ser infantil. Isto pode reduzir a variedade de temperamentos e estilos de vida e, em última análise, prejudicar o direito da criança a um caminho aberto da vida." (págs. 148 e 149)
IIº Relato da mãe Luciana Iwamoto - Japão
Por Marise Jalowitzki e Luciana Iwamoto
09.novembro.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/11/tdah-sem-medicacao-praticas-que-dao.html
Há cerca de um ano, a amiga Luciana permitiu a publicação deste artigo no blog, além da divulgação no grupo TDAH Crianças que Desafiam, no Facebook.
Para ler, clique no titulo:
Ali consta a descrição de muitas atividades e intervenções que ela, generosamente, compartilha, no afã de ser útil para outras mamães e professoras. Sempre que publico algo de uma escola que consegue implementar uma mudança positiva efetiva, há um ou outro comentário no sentido de "é porque é particular". Neste caso, a Luciana e sua família são brasileiros radicados no Japão e, quando as mamães de outro país escrevem, também aparecem exclamações como: "Ah, isso é no Japão! Aqui é diferente!" (ou Portugal, ou Espanha, ou Reino Unido, Chile, etc.).
Sim, é verdade, mas percebo como super importante continuar divulgando estas práticas - simples e excelentes - que podem ser adotadas por outros educadores também por aqui, ou em qualquer parte do mundo onde este artigo seja lido. Como faço questão de lembrar frequentemente, o Artigo 15 da Lei de Diretrizes e Bases, dá autonomia para a direção de uma escola para implantar a metodologia que julgar mais efetiva em seu estabelecimento. Assim, mudanças, maiores ou menores, são possíveis de acontecer.
Neste intuito, transcrevo o relato que, um ano após, a devotada mãe encaminha, e novamente autoriza a divulgação identificada. "Assim como quero o melhor para o meu filho,quero que outras crianças tenham a mesma oportunidade..."
"Olá Marise, quero te contar as novidades. Sei que vai gostar, pois todos os progressos que tivemos,foram sem nenhum medicamento. Somente com muito amor, carinho, paciência e com a maravilhosa ajuda de um batalhão de anjos, é assim que eu chamo os professores da escola onde meu filho está.
Não é fácil,mas a cada conquista,cada avanço é comemorado. Muito comemorado!
Antes dele começar na nova escola, pedi a Deus que mandasse um anjo para ser sua professora. Como Deus faz muito melhor do que aquilo que pedimos, mandou logo um batalhão!!! Todos,desde a cozinheira até o diretor, têm se empenhado para garantir ao meu filho as condições necessárias para que ele possa aprender, com alegria e segurança.
Uma coisa que a professora dele me disse, fez com que eu me enchesse de confiança nestes profissionais. Ela me disse:
"Queremos saber do que ele gosta, do que podemos fazer por ele, quais os métodos que podemos utilizar, queremos aprender como deixá-lo confiante." E muitas outras coisas, que me deixaram bem mais tranquila."
Esta é uma parte BEM importante:
"Faz 7 meses que o Gugu começou o primeiro ano do primário. Logo no começo, foi muito difícil mostrar pra ele que horários e outras tantas coisas iriam mudar. Mas nós também tivemos que nos adequar a essa nova fase.
Aos poucos fomos descobrindo do que ele gosta e do que não.
Aos poucos fomos descobrindo do que ele gosta e do que não.
Por exemplo:
Como ele se distrai facilmente, ele prefere ficar numa outra sala, só ele, ou, por vezes, com um coleguinha, que também é hiperativo e uma professora auxiliar (que aliás tem muita experiência com crianças que precisam de mais atenção; muito carinhosa, paciente e que escreve tudo num caderno para que eu saiba o que ele fez e o que não). Mas ele fica nessa sala somente nas aulas de matemática e japonês, nas outras fica com o restante da turma, mas só se ele preferir."
(não comparação com os outros )
Meu pequeno não gosta das aulas de educação física, achamos que ele tem medo de não conseguir acompanhar os outros coleguinhas. Por isso, temos mostrado a ele o que ele antes não conseguia fazer e que agora já faz. Incentivo,isso é o que até mesmo a pediatra nos disse para fazer, mesmo antes de eu falar, ela já disse: "Eu não gosto de prescrever medicamentos!"
Em dezembro ele vai passar por mais exames, mas somente para sabermos a real evolução e quais os passos para o próximo ano. Mas já são visíveis as mudanças. Embora esteja um pouco atrasado nas matérias, lê bem, escreve dois tipos de ideogramas japoneses, o hiragana e o katakana e já começou a aprender kanjis. Faz contas de adição e subtração, com um pouco de dificuldade, mas faz. Tenho usado todos os recursos possíveis para ensiná-lo.
Sento junto com ele e ajudo na lição de casa, mas se ele não consegue focar, brincamos um pouco e só depois de descontrair um pouco, voltamos à lição. O vocabulário dele também melhorou bastante, tanto em português, quanto em japonês.
Todos aqui em casa têm ajudado nos cuidados. Pelo menos uma vez na semana, um de nós vai à escola ver como andam as coisas. Como ele gosta de ir à biblioteca, toda semana levo ele lá, pelo menos 5 livros traz pra casa.
Essa foto é do caderno onde a professora escreve, isso o tem incentivado bastante para fazer tudo certo. Ele pede pra professora escrever.
Gugu não gosta muito de brincar com crianças da mesma idade; ou bem mais velhas, ou bem mais novas.
Como gosta de dinossauros, vai ser um na peça de teatro do fim do ano. Quando estavam escolhendo os personagens, a professora perguntou quem queria ser o dinossauro. Como ele não estava na sala nessa hora, todos os amiguinhos disseram para a professora dar o papel para ele, pois assim ele ficaria mais feliz ao fazer a peça.
Todos entendem que ele é diferente, não se espantam quando ele prefere ficar dentro do armário, ou debaixo da mesa, quando há uma situação diferente do normal. Tem dias que ele está mais focado e outros que parece estar com a cabeça em outro lugar. Nesses dias as professoras deixam ele mais solto, levam para passear fora da sala, na biblioteca ou no jardim. Não o forçam a nada, pois ele acaba ficando irritado e agressivo sob pressão. Aos poucos vai se autorregulando. Cada dia é dia de descobertas. De aprendizado, dele e nosso. Mas uma alegria imensa a cada conquista.
Desculpe-me pelo longo texto. E obrigada pelos textos que você posta, que tem nos ajudado bastante. Até outro dia. Beijinhos."
Luciana, desejo, de coração, que tudo continue neste nível de satisfação, querida amiga! E que em todas as escolas possa acontecer esta humanização da Educação! E todas as mamães e professoras e orientadoras educacionais que lêm este post. Crianças merecem e precisam de Respeito e Acolhimento Amoroso para que possam evoluir. Crescer sem traumas. É para isso que nascem. Para ter um futuro promissor, onde as experiências vividas possam ser disseminadas em suas vidas, no futuro, ampliando as condições de Paz em todo o planeta!
Beijos!
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Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar
Déficit de Atenção e Hiperatividade
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Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta
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