De 1580 a 2007 - 64 mortes de humanos devido a ataques do tubarão grande branco Somente no último ano, humanos mataram 73 milhões de tubarões Quem é o assassino? |
Tubarões no Japão, Atum no RS - A Matança é a mesma - Cites 2013
Por Marise Jalowitzki
08.março.2013
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2013/03/tubaroes-no-japao-atum-no-rs-matanca-e.html
À tarde recebi esta imagem de meu neto Mikael e, logo após, a filha escreveu: quem é o assassino? Há dois dias havia arquivado um interessante artigo do José Truda, publicado no Terra e resolvi buscá-lo para dividir aqui.
Nada do que já não sabemos:
- o "sebo" dos grandes encontros internacionais
- o faz de conta das ações efetivas
- a politicagem imperante
- os acordos "por debaixo do pano", onde grandes potências pagam aos países mais pobres (propina mesmo) para assegurar a continuidade na matança nos oceanos.
Destaca o jornalista, também, a tímida atuação brasileira. "...corremos o risco de voltar para casa sem ver os tubarões-martelo, galhas-branca e raias-manta protegidos ao menos parcialmente da avalanche do tráfico internacional."
Pergunto:
QUEM, atualmente, irá frear a insana matança no "comércio legal" de China e Japão?
QUAL será, realmente, o pensamento, o sentimento, a filosofia das autoridades que lá estão, incluindo as brasileiras?
O que essas autoridade entendem como "politicamente correto"?
Dá para acreditar que as coisas andem conforme os contratos (que já são frágeis) quando há tanta deficiência na fiscalização?
Cites 2013 - Chile, México e União Europeia defenderam uma maior transparência nas votações, já que, atualmente, quando apenas 10 países (de 177) solicitam que o voto seja secreto, assim é. Corrupção pura. Pois os países que recebem propina para vender seu voto, sequer são [re]conhecidos!!! Chile, México e UE foram vencidos!!!
Porque questiono O QUE efetivamente, pensa o Brasil: Porque em nossas águas, aqui no Rio grande o Sul, o ATUM está sendo exterminado, com a pesca "legal" dos japoneses, sem que a notícia receba a atenção devida! Uma morte lenta e cruel.
Pesqueiros internacionais, especialmente os japoneses, invadem águas brasileiras, pescam atuns adultos e filhotes com aparatos bem mais sofisticados do que os pesqueiros brasileiros, tudo sob a égide da legislação, não são expulsos e causam prejuízos anuais ao país de milhões de dólares. Mais uma vez, as autoridades (Ministério da Pesca e Agricultura) se posicionam: "Na gestão do ministro Marcelo Crivella foi suspenso o programa de observador de bordo por entender que há irregularidade na atual forma de remuneração desses profissionais. O Ministério estuda uma forma de regularizar o programa.
As embarcações arrendadas são monitoradas por satélite pelo Ministério da Pesca e Agricultura, Marinha e IBAMA."http://www.mpa.gov.br/index.php/imprensa/noticias/964-nota-de-esclarecimento1
“A soberania do Brasil sobre o mar de 188 milhas acaba sendo uma ficção”, afirmava já em 2001 o almirante Ernani Fortuna, do Conselho Estratégico da Escola Superior de Guerra e autor de um estudo sobre o assunto da pesca predatória no litoral brasileiro.
Transcrito do Instituto Eco Faxina
24/08/2012 - Folha de S.Paulo
A costa do Brasil é um dos últimos santuários onde a pesca do atum foi pouco explorada. No resto do mundo, o excesso de pesca ameaça a existência do peixe e os preços batem recordes.
No início deste ano, um atum de 270 quilos foi vendido por R$ 1,5 milhão no Japão.
Cerca de 90% da pesca de atum é dominada no Brasil por barcos japoneses arrendados por Gabriel Calzavara de Araújo, ex-secretário de Pesca do Ministério da Agricultura, informa reportagem de Laura Capriglione e Marlene Bergamo (Leia abaixo!)
A costa do Brasil é um dos últimos santuários onde a pesca do atum foi pouco explorada. No resto do mundo, o excesso de pesca ameaça a existência do peixe e os preços batem recordes.
O navio Kinei Maru 108, se aproxima logo depois de as linhas de pesca das duas embarcações haverem se embaraçado
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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No início deste ano, um atum de 270 quilos foi vendido por R$ 1,5 milhão no Japão.
Cerca de 90% da pesca de atum é dominada no Brasil por barcos japoneses arrendados por Gabriel Calzavara de Araújo, ex-secretário de Pesca do Ministério da Agricultura, informa reportagem de Laura Capriglione e Marlene Bergamo (Leia abaixo!)
O ex-secretário de pesca do Ministério da Agricultura é o único arrendador de barcos para os japoneses
Fonte: Facebook
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A lei que facilitou o arrendamento de embarcações estrangeiras no litoral brasileiro foi aprovada durante a gestão de Araújo (1998-2002) no governo FHC.
Quando Araújo era diretor do então Departamento de Pesca no governo Fernando Henrique, ele desenhou o marco regulatório que permite aos japoneses pescarem atum na costa brasileira.
Depois que deixou o governo, Araújo abriu uma empresa, a Atlântico Tuna, que se tornou a maior concessionária de licenças para barcos estrangeiros.
Observadores dos barcos japoneses são flagrados em conversa inescrupulosa pelo rádio.
Confira o vídeo:
Reportagem
Laura Capriglione e Marlene Bergamo
Enviadas especiais a Rio Grande (RS)
Talvez fosse um pecado ter matado o peixe. Suponho que sim, embora a carne fosse para me conservar a vida e para alimentar muita gente. Mas então tudo é pecado. Não pense no pecado, meu velho. [...]
"Mas você não matou o peixe apenas para conservar-se vivo e o vender para alimento", pensou ele. "Matou-o por orgulho e porque é um pescador. Amava o peixe quando estava vivo, afinal ainda o ama morto. Se o ama, com certeza que não foi pecado matá-lo. Ou será ainda pior?"
Ernest Hemingway
"O Velho e o Mar"
Primeiro, surge uma boia; depois, uma linha diferente e anzóis de estranhos feitios. "Câmbio, Kinei Maru 108, aqui Gera 8. O nosso material emaranhou com o de vocês", avisa pelo rádio o capixaba Celso Rocha de Oliveira, 53 anos, 18 deles dedicados à pesca ao atum. O Kinei Maru 108, de bandeira japonesa, não demora a aparecer diante do pequeno Gera 8.
Nos respectivos conveses, tripulações e comandantes se encaram. O piloto japonês está seminu, com toalhas enroladas na cintura e na cabeça, apesar do frio de 3 ºC. A escaramuça acontece a 180 km do porto de Rio Grande, no extremo sul do Rio Grande do Sul, quase no limite do mar territorial uruguaio. O dia é 15 de julho.
O comandante do Gera 8 pede para falar com o do Kinei Maru. "Negativo. Ele não fala português. Se quiser, tem de ser em inglês", responde o operador de rádio, um dos cinco brasileiros a bordo, de um total de 30. "Kinei Maru, eu estou pedindo a vocês que saiam da área, porque nós pescamos aqui há mais de dez anos e vocês invadiram o local", fala Oliveira.
O Kinei Maru corta a conversa: "O comandante disse que não vai sair. Falamos de novo sobre esse assunto à noite, ok? Câmbio". As linhas emboladas são cortadas, pondo a perder anzóis e iscas. Os barcos se afastam.
GUERRA
Com 8.500 km de costa, o Brasil controla uma faixa oceânica de 3,5 milhões de km2 conhecida no direito internacional como Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que corresponde às famosas 200 milhas náuticas (370 km). É bem ali, numa tripa de oceano de 15 km por 200 km (3.000 km2, ou 0,09% do total da ZEE), que se trava a "guerra do sushi" entre brasileiros e japoneses. Todos atrás do atum.
"O atum é a nova baleia!", sentenciam amigos em grupos de defesa ao peixe no Facebook. Referem-se às campanhas da década de 80 que, com o slogan "Salvem as baleias", conseguiram a interdição da captura comercial dos grandes cetáceos, salvando-os da extinção.
Pertencente ao gênero Thunnus, que abriga oito espécies da família dos escombrídeos, o atum foi entronizado nos últimos 30 anos como iguaria global, na forma de sushi e sashimi, ou apenas selado na chapa quente. Dez entre dez restaurantes japoneses, não importa onde, na Hungria, na Austrália ou na Rússia -- e, no Brasil, também nas boas churrascarias e restaurantes por quilo --, disputam sua carne tenra e rubra.
Símbolo da era de ouro do atum, o mercado de Tsukiji, em Tóquio, é uma espécie de Sotheby's das peixarias, leiloando carcaças congeladas que alcançam preços de obras de arte. No início deste ano, um espécime de 269 kg foi arrematado por uma rede de sushis de Tóquio por US$ 736 mil, ou R$ 1,5 milhão -- valor que compra um Portinari menor ou uma boa tela de Beatriz Milhazes.
Pelo menos o atum-azul (Thunnus thynnus) está ameaçado de extinção. Segundo a oceanógrafa Sylvia Earle, da National Geographic Society, maior referência mundial em oceanografia, 95% da população global já virou sushi. As demais espécies correm o risco de sobrepesca (quando a captura supera a capacidade de reposição). Ambientalistas, oceanógrafos, vegetarianos e até sushimen já começam a se agitar: "Salvem o atum!".
Nos EUA, acaba de estrear o documentário "Sushi: The Global Catch" (assista o trailer), sobre a globalização do peixe cru e seu impacto nos estoques de atum -- peixe selvagem que, à diferença do salmão, não se deixa domesticar.
A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) aponta que a pesca em alto-mar provê as 6,6 milhões de toneladas anuais de atum que consumimos. Da aquicultura vieram minguadas nove toneladas.
Em seu livro-reportagem "Four Fish" (quatro peixes), o jornalista Paul Greenberg afirma que o desafio colocado diante da humanidade é reavaliar "se os peixes são em sua essência comida ou vida selvagem desesperadamente necessitada de nossa compaixão".
Nesses tempos de cardumes magros, a piscosa costa brasileira entra na disputa como uma das últimas fronteiras ainda inexploradas: em 2011, não passou de 10 mil toneladas o total de atuns capturados em nossas águas, ou 0,15% do total apontado pela FAO, segundo o Ministério da Pesca.
O Gera 8 e o Kinei Maru 108 se encontraram num pesqueiro rico, no cruzamento de correntes marítimas que vêm da lagoa dos Patos, no litoral gaúcho, e do arquipélago das Malvinas. Entre maio e agosto, surge ali um oásis de plânctons (microrganismos aquáticos) que atrai os cardumes de atum, peixe migratório de longas jornadas.
Atrás deles vão os pescadores. Os modernos navios japoneses medem até 60 m da popa à proa, têm autonomia para operar por 90 dias sem aportar e armazenam em seus porões frigoríficos até 200 toneladas de pescado, a -60 ºC. Já os atuneiros brasileiros têm 15, 20 anos, foram adaptados de outras modalidades de pesca e chegam, no máximo, a 24 m de comprimento. Sem frigoríficos, exigem constante vaivém entre a zona pesqueira e o porto, para se abastecer de gelo e descarregar o produto.
Pescadores, indústria de pescados, sindicato de armadores e entidades ambientalistas não se conformam com a concorrência nipônica. Principalmente porque ela acontece sob o beneplácito do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus que chegou ao comando da pasta em março.
É como se os japoneses pescassem com jamantas, e os brasileiros, com carrinhos de feira. "As embarcações deles devastam nossos cardumes com um volume de pesca superior à capacidade de reposição", acusa Torquato Ribeiro Pontes Neto, da indústria de pescados que leva seu nome, sediada em Rio Grande (RS). "Prejudicam toda a cadeia produtiva ligada à pesca, já que o peixe sai de seus porões para embarcar diretamente em um cargueiro japonês."
Oliveira, o mestre do Gera 8 que tentou afastar o Kinei Maru 108, confirma: "Não mato um terço do que matava há 15 anos. E os peixes estão menores. A gente pega peixe pequeno porque não está dando tempo para ele crescer. Posso dizer que está acabando. Conheço isso".
ARRENDAMENTO
O Ministério da Pesca promoveu o milagre da multiplicação dos peixes nos porões dos barcos japoneses ao facilitar o arrendamento de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras. Uma delas é a Atlântico Tuna, que opera desde março de 2011, tendo faturado no ano passado US$ 9 milhões com a exportação de 2.000 toneladas de atum, ou um quinto do volume que o país pescou.
Ela pertence ao economista paraibano Gabriel Calzavara de Araújo, dono ainda de outra empresa do ramo, a Norpeixe, além de ex-diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura (1998-2002, no segundo governo FHC).
Com a publicação do decreto 2.840, de 10/11/1998, sob a gestão de Calzavara, foram relaxadas as severas restrições ao arrendamento que acabavam desanimando os postulantes. Segundo o engenheiro de pesca José Dias Neto, o decreto aboliu o período máximo de três anos de arrendamento, autorizando-o por prazo indefinido.
Além disso, ficou permitido, desde que com autorização ministerial, o desembarque em portos estrangeiros, levando ao descontrole da produção, à perda de postos de trabalho no processamento em terra e à evasão de divisas, entre outros problemas. Por fim, o decreto permitiu que haja, nas tripulações, brasileiros em número inferior aos dois terços previstos em lei. "Na prática, isso tornou-se a regra", afirma Dias Neto.
O primeiro a ocupar a pasta da pesca, na qual despachou entre 2002 e 2006, José Fritsch (PT-SC) chegou a suspender todo arrendamento. "Sempre achei que o caminho não era esse. Preferi investir na modernização da frota pesqueira brasileira", disse à Folha.
Em 2010, porém, os arrendamentos voltaram com tudo. Das 17 licenças para pesca de atum distribuídas naquele ano a embarcações estrangeiras, 16 foram dadas a barcos japoneses arrendados pela Atlântico Tuna, de Calzavara.
Em troca de 85% a 90% das vendas, os japoneses entram com o navio, o equipamento, as iscas, o combustível, a tripulação e o seguro. Cabe a Calzavara obter as autorizações oficiais, apurando pelo menos 10% das vendas.
Para Giovani Genázio Monteiro, presidente do Sindipi, Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (SC), "o Brasil só tem prejuízo com o roubo oficializado a nossos estoques. O arrendamento transforma, num passe de mágica, navios japoneses em brasileiros".
"A política de arrendamento é típica de países africanos, particularmente os do litoral atlântico", diz o oceanógrafo Jorge Pablo Castelo, 71, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). "Namíbia, Angola, golfo de Guiné. Países pobres, necessitados de divisas, que vendem licença de pesca a países que possam pagar. Não deveria ser o caso do Brasil, com potencial para política pesqueira autônoma."
OUTRO LADO
Em defesa de seu negócio, Calzavara diz que está trazendo a melhor tecnologia de pesca de atum ao Brasil. "Os japoneses estão ensinando ao país como aproveitar os imensos e ainda inexplorados recursos pesqueiros", afirmou à Folha.
"Estamos buscando uma condição de identificar os recursos e saber onde estão. Temos o controle das capturas. Temos de pegar a estatística de capturas e analisá-las profundamente, como está sendo feito. São dados públicos, acompanhados pelo Ministério da Pesca no desembarque. Estamos vendo que temos um estoque muito maior, temos o recurso perto da gente. Sou contra o arrendamento que não agrega informações. O objetivo do arrendamento é abrir fronteiras", afirmou o empresário.
A reportagem obteve registros de pesca de atum realizados nos anos 50 por um navio japonês de prospecção, operando da mesma região do Rio Grande do Sul. E perguntou a Calzavara por que, se o propósito dos arrendamentos é "identificar os recursos e saber onde estão", a pesca do Kinei Maru, por exemplo, estava sendo realizada em pesqueiro já tão conhecido.
"Os navios japoneses precisam concluir o trabalho de informação. Quando isso acontecer, talvez nem precisem vir mais", disse o empresário. Sobre o porquê de a Atlântico Tuna ser a única arrendatária, hoje, de barcos estrangeiros, Calzavara foi lacônico: "Sei lá. Tem de perguntar para eles. Não para mim. Quem quiser que vá buscar".
ALTO-MAR
A Folha acompanhou uma pescaria em alto-mar, a bordo do Gera 8. Um dia depois de zarpar, o convés amanheceu coalhado de restos do jantar da véspera --nem os nove experimentados tripulantes souberam segurá-lo no estômago. Foram 44 intermináveis horas entre o porto de Rio Grande e o pesqueiro de atum, a 180 km dali, na beirada da plataforma continental (a porção de "fundo do mar" que acompanha o litoral).
Navegação em velocidade lenta, 6 km/h, já que o vento estava forte: "Força 7, muita calma aí, câmbio", pediu Lelê ao mestre Oliveira. No rádio, explodiam irritantes pshhh-pshhhh. Na escala de Beaufort, usada pelos pescadores, a força 7 é quase um vendaval, capaz de levantar as ondas a seis metros de altura. O barquinho escala os morros de água e logo despenca no vácuo. E de novo, de novo, de novo.
A pesca industrial em alto-mar não é para os fracos. O barco escoiceia, e até mesmo ficar sentado torna-se desafio de rodeio. Romir Vieira Ribeiro, 39, encarregado de pesca em Rio Grande, explica: "Lá fora [no mar], tudo é muito. Quando faz sol, faz sol o tempo todo. Quando venta, venta o tempo todo. Quando chove, chove muito".
Seu lamento lembra as canções de Dorival Caymmi. "Esses pescadores saem sem saber se voltam. Vão pescar sem saber se conseguirão. Deixam a família sem saber se a encontrarão na volta. Para os marinheiros não há dia ou noite e as jornadas de trabalho facilmente ultrapassam 16 horas."
No dia em que os anzóis brasileiros se enroscaram nos japoneses, a jornada tinha começado às 2h, com o lançamento ao mar do espinhel, uma cortina de 800 anzóis de aço inoxidável, espalhados ao longo de um linhão de 80 km. A ventania da véspera havia amainado para força 3, com ondas de no máximo 1,25 m de altura. "Está muito bom", comemorou o piloto.
Cada anzol foi guarnecido de uma lula fresquíssima -- o atum tem o paladar refinado. "Se ele perceber que a isca está morta, não come", explicou o pescador. Às 6h, o espinhel começou a ser puxado de volta, com a ajuda de uma grua. Presos nele, os peixes são fisgados na cabeça -- preferencialmente nos olhos -- pelo bicheiro, anzol gigante com cabo de madeira e na cauda, a fim de trazê-los a bordo.
O primeiro a subir foi um tombo, ou albacora-branca, "atum de latinha", dizem os pescadores, com baixo valor de mercado. Depois veio um yellowfin, ou atum-amarelo; então, uma meca, ou marlim-branco, ou espadarte, a mesma espécie que Santiago enfrenta na obra-prima de Ernest Hemingway, "O Velho e o Mar". Por fim, o rei daquelas águas: um bati, ou yellowfin gigante, de 103 kg.
"Tem de segurar firme, senão ele carrega você até a água", explica Arnoldo dos Santos, 48, pescador há 30 anos e cozinheiro do Gera 8. O convés estava forrado de colchões -- caso o peixe se debata no chão, não podem se formar hematomas, que desvalorizam a carne. "O sashimi tem de estar perfeito", preocupava-se o comandante.
O atum tem sangue quente: cruza os sete mares com temperatura corporal até 10ºC superior à do ambiente, o que lhe permite migrar de águas equatoriais para temperadas sem dificuldades. Ele nada, nada, até quando vai morrer. Com o bicheiro cravado na cabeça, ele nadava. Com o chucho -- espécie de chave de fenda -- enfiado no coração, para sangrá-lo, ele nadava. Pendurado pela cabeça, nadava.
Arrancaram-lhe as guelras e, mesmo assim, dez minutos depois, o bicho ainda nadava. Um tripulante enfiou-lhe o chucho na cabeça. Ele insistiu. Pelo buraco aberto no cérebro, um grosso fio de náilon foi introduzido até o fim da medula. O peixão teve convulsões e por fim ficou inerte. Não se podia dizer se já estava morto, mas "tetraplégico", com certeza.
A uma milha dali, um grupo de orcas espreitava o espinhel, à espera de um peixão que sobrasse para elas. Albatrozes, petréis e gaivotas revoavam em torno do barco, também em busca de migalhas. No convés, reinava o silêncio entre os homens. A agonia do bicho foi silenciosa. Uma mangueira de água levava o sangue para o mar e o peixe foi armazenado no porão.
O ritual ganha escala industrial no navio japonês, uma verdadeira indústria flutuante que pesca, limpa, processa, congela, armazena e exporta. Em vez de lançar 800, são 4.000 os anzóis em seu espinhel. Enquanto os anzóis brasileiros não passam de 100 m de profundidade, os japoneses se infiltram no meio do cardume, entre 200 e 400 m abaixo da linha do mar.
De maio até o fim deste mês, três navios japoneses terão frequentado o pesqueiro de Rio Grande: o Kinsai Maru 38, o Kinei Maru 108 e o Shoei Maru 7. No começo de agosto, o Kinsai Maru 38 atracou no porto de Natal. Com os porões lotados, levava 170 toneladas de rico pescado, boa parte já embarcada para o Japão em navio. As cinco toneladas de peixes do Gera 8 foram para o mercado de peixes do Ceagesp, em São Paulo.
OBSERVADOR
Além dos 30 homens que cuidam da faina no Kinei Maru 108 (para 9 no Gera 8), há ali um tripulante que representa o Ministério da Pesca, encarregado de fiscalizar a produção, registrando espécie, peso, características principais.
Para Rodrigo Claudino dos Santos, coordenador-geral de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial Oceânica do Ministério da Pesca, a presença dos observadores de bordo, como são chamados, "constitui-se em conhecimento adquirido pelo Brasil. Vira patrimônio nacional, que poderá ser usado por pescadores brasileiros".
A Folha apurou que os observadores de bordo são pagos pelo armador do barco que devem fiscalizar -- oficialmente, R$ 120 por dia. Extraoficialmente, recebem parte do pescado, principalmente cações e tartarugas marinhas. "Isso gera um incrível conflito de interesses", aponta o professor Castelo. "É inadmissível que o Estado brasileiro deixe a cargo dos fiscalizados o salário dos fiscais."
No dia 15 de julho, o rádio do Gera 8 interceptou uma conversa entre o observador de bordo do Kinei Maru e seu colega do Kinsai Maru.
Observador do Kinei Maru: "Meu irmão, hoje, aqui, o Gera 8, o ilustre Gera 8, deixou de fazer a pescaria dele para vir engrolhar o material dele com o da gente. E ainda trouxe de cãimbra [sic] uma repórter por cima do barco dele, fazendo uma reportagem. A gente está mais famoso."
Kinsai Maru: "Não se preocupe. Em caso de bronca judicial, é o teu relatório que vai estar na mesa do homem da capa preta."
O observador do Kinei Maru respondeu num português dos mais vivos: "Judicial de cu é rola, meu irmão. O ano que vem eu vou vir aqui com o Rocky 2 [barco de Calzavara] por cima do comando e uma trupe de nordestinos com faca no bucho. Não estou nem aí. A gente está pondo peixe para cima, mais de cem peças por lançamento. Por mim, eu quero que esses caras [os japoneses] pesquem até o peixe voar pela janela. Eu não tô nem aí, brother. O oceano não tem dono não, meu compadre".
Enviadas especiais a Rio Grande (RS)
Talvez fosse um pecado ter matado o peixe. Suponho que sim, embora a carne fosse para me conservar a vida e para alimentar muita gente. Mas então tudo é pecado. Não pense no pecado, meu velho. [...]
"Mas você não matou o peixe apenas para conservar-se vivo e o vender para alimento", pensou ele. "Matou-o por orgulho e porque é um pescador. Amava o peixe quando estava vivo, afinal ainda o ama morto. Se o ama, com certeza que não foi pecado matá-lo. Ou será ainda pior?"
Ernest Hemingway
"O Velho e o Mar"
(trad. Fernando de C. Ferro)
Primeiro, surge uma boia; depois, uma linha diferente e anzóis de estranhos feitios. "Câmbio, Kinei Maru 108, aqui Gera 8. O nosso material emaranhou com o de vocês", avisa pelo rádio o capixaba Celso Rocha de Oliveira, 53 anos, 18 deles dedicados à pesca ao atum. O Kinei Maru 108, de bandeira japonesa, não demora a aparecer diante do pequeno Gera 8.
Navios atuneiros de bandeira japonesa estão pescando em águas brasileiras, e atrapalhando a atividade de pescadores brasileiros, principalmente no sul do país
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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Nos respectivos conveses, tripulações e comandantes se encaram. O piloto japonês está seminu, com toalhas enroladas na cintura e na cabeça, apesar do frio de 3 ºC. A escaramuça acontece a 180 km do porto de Rio Grande, no extremo sul do Rio Grande do Sul, quase no limite do mar territorial uruguaio. O dia é 15 de julho.
O comandante do Gera 8 pede para falar com o do Kinei Maru. "Negativo. Ele não fala português. Se quiser, tem de ser em inglês", responde o operador de rádio, um dos cinco brasileiros a bordo, de um total de 30. "Kinei Maru, eu estou pedindo a vocês que saiam da área, porque nós pescamos aqui há mais de dez anos e vocês invadiram o local", fala Oliveira.
O Kinei Maru corta a conversa: "O comandante disse que não vai sair. Falamos de novo sobre esse assunto à noite, ok? Câmbio". As linhas emboladas são cortadas, pondo a perder anzóis e iscas. Os barcos se afastam.
GUERRA
Com 8.500 km de costa, o Brasil controla uma faixa oceânica de 3,5 milhões de km2 conhecida no direito internacional como Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que corresponde às famosas 200 milhas náuticas (370 km). É bem ali, numa tripa de oceano de 15 km por 200 km (3.000 km2, ou 0,09% do total da ZEE), que se trava a "guerra do sushi" entre brasileiros e japoneses. Todos atrás do atum.
O navio Kinei Maru 108, se aproxima logo depois de as linhas de pesca das duas embarcações haverem se embaraçado
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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"O atum é a nova baleia!", sentenciam amigos em grupos de defesa ao peixe no Facebook. Referem-se às campanhas da década de 80 que, com o slogan "Salvem as baleias", conseguiram a interdição da captura comercial dos grandes cetáceos, salvando-os da extinção.
Pertencente ao gênero Thunnus, que abriga oito espécies da família dos escombrídeos, o atum foi entronizado nos últimos 30 anos como iguaria global, na forma de sushi e sashimi, ou apenas selado na chapa quente. Dez entre dez restaurantes japoneses, não importa onde, na Hungria, na Austrália ou na Rússia -- e, no Brasil, também nas boas churrascarias e restaurantes por quilo --, disputam sua carne tenra e rubra.
Símbolo da era de ouro do atum, o mercado de Tsukiji, em Tóquio, é uma espécie de Sotheby's das peixarias, leiloando carcaças congeladas que alcançam preços de obras de arte. No início deste ano, um espécime de 269 kg foi arrematado por uma rede de sushis de Tóquio por US$ 736 mil, ou R$ 1,5 milhão -- valor que compra um Portinari menor ou uma boa tela de Beatriz Milhazes.
Pescadores capturam um Baty de 108 kilos
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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Pelo menos o atum-azul (Thunnus thynnus) está ameaçado de extinção. Segundo a oceanógrafa Sylvia Earle, da National Geographic Society, maior referência mundial em oceanografia, 95% da população global já virou sushi. As demais espécies correm o risco de sobrepesca (quando a captura supera a capacidade de reposição). Ambientalistas, oceanógrafos, vegetarianos e até sushimen já começam a se agitar: "Salvem o atum!".
Nos EUA, acaba de estrear o documentário "Sushi: The Global Catch" (assista o trailer), sobre a globalização do peixe cru e seu impacto nos estoques de atum -- peixe selvagem que, à diferença do salmão, não se deixa domesticar.
A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) aponta que a pesca em alto-mar provê as 6,6 milhões de toneladas anuais de atum que consumimos. Da aquicultura vieram minguadas nove toneladas.
Em seu livro-reportagem "Four Fish" (quatro peixes), o jornalista Paul Greenberg afirma que o desafio colocado diante da humanidade é reavaliar "se os peixes são em sua essência comida ou vida selvagem desesperadamente necessitada de nossa compaixão".
Nesses tempos de cardumes magros, a piscosa costa brasileira entra na disputa como uma das últimas fronteiras ainda inexploradas: em 2011, não passou de 10 mil toneladas o total de atuns capturados em nossas águas, ou 0,15% do total apontado pela FAO, segundo o Ministério da Pesca.
O Gera 8 e o Kinei Maru 108 se encontraram num pesqueiro rico, no cruzamento de correntes marítimas que vêm da lagoa dos Patos, no litoral gaúcho, e do arquipélago das Malvinas. Entre maio e agosto, surge ali um oásis de plânctons (microrganismos aquáticos) que atrai os cardumes de atum, peixe migratório de longas jornadas.
Atrás deles vão os pescadores. Os modernos navios japoneses medem até 60 m da popa à proa, têm autonomia para operar por 90 dias sem aportar e armazenam em seus porões frigoríficos até 200 toneladas de pescado, a -60 ºC. Já os atuneiros brasileiros têm 15, 20 anos, foram adaptados de outras modalidades de pesca e chegam, no máximo, a 24 m de comprimento. Sem frigoríficos, exigem constante vaivém entre a zona pesqueira e o porto, para se abastecer de gelo e descarregar o produto.
Pescadores, indústria de pescados, sindicato de armadores e entidades ambientalistas não se conformam com a concorrência nipônica. Principalmente porque ela acontece sob o beneplácito do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus que chegou ao comando da pasta em março.
É como se os japoneses pescassem com jamantas, e os brasileiros, com carrinhos de feira. "As embarcações deles devastam nossos cardumes com um volume de pesca superior à capacidade de reposição", acusa Torquato Ribeiro Pontes Neto, da indústria de pescados que leva seu nome, sediada em Rio Grande (RS). "Prejudicam toda a cadeia produtiva ligada à pesca, já que o peixe sai de seus porões para embarcar diretamente em um cargueiro japonês."
Oliveira, o mestre do Gera 8 que tentou afastar o Kinei Maru 108, confirma: "Não mato um terço do que matava há 15 anos. E os peixes estão menores. A gente pega peixe pequeno porque não está dando tempo para ele crescer. Posso dizer que está acabando. Conheço isso".
ARRENDAMENTO
O Ministério da Pesca promoveu o milagre da multiplicação dos peixes nos porões dos barcos japoneses ao facilitar o arrendamento de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras. Uma delas é a Atlântico Tuna, que opera desde março de 2011, tendo faturado no ano passado US$ 9 milhões com a exportação de 2.000 toneladas de atum, ou um quinto do volume que o país pescou.
Ela pertence ao economista paraibano Gabriel Calzavara de Araújo, dono ainda de outra empresa do ramo, a Norpeixe, além de ex-diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura (1998-2002, no segundo governo FHC).
Com a publicação do decreto 2.840, de 10/11/1998, sob a gestão de Calzavara, foram relaxadas as severas restrições ao arrendamento que acabavam desanimando os postulantes. Segundo o engenheiro de pesca José Dias Neto, o decreto aboliu o período máximo de três anos de arrendamento, autorizando-o por prazo indefinido.
Além disso, ficou permitido, desde que com autorização ministerial, o desembarque em portos estrangeiros, levando ao descontrole da produção, à perda de postos de trabalho no processamento em terra e à evasão de divisas, entre outros problemas. Por fim, o decreto permitiu que haja, nas tripulações, brasileiros em número inferior aos dois terços previstos em lei. "Na prática, isso tornou-se a regra", afirma Dias Neto.
O primeiro a ocupar a pasta da pesca, na qual despachou entre 2002 e 2006, José Fritsch (PT-SC) chegou a suspender todo arrendamento. "Sempre achei que o caminho não era esse. Preferi investir na modernização da frota pesqueira brasileira", disse à Folha.
Em 2010, porém, os arrendamentos voltaram com tudo. Das 17 licenças para pesca de atum distribuídas naquele ano a embarcações estrangeiras, 16 foram dadas a barcos japoneses arrendados pela Atlântico Tuna, de Calzavara.
Em troca de 85% a 90% das vendas, os japoneses entram com o navio, o equipamento, as iscas, o combustível, a tripulação e o seguro. Cabe a Calzavara obter as autorizações oficiais, apurando pelo menos 10% das vendas.
Para Giovani Genázio Monteiro, presidente do Sindipi, Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (SC), "o Brasil só tem prejuízo com o roubo oficializado a nossos estoques. O arrendamento transforma, num passe de mágica, navios japoneses em brasileiros".
"A política de arrendamento é típica de países africanos, particularmente os do litoral atlântico", diz o oceanógrafo Jorge Pablo Castelo, 71, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). "Namíbia, Angola, golfo de Guiné. Países pobres, necessitados de divisas, que vendem licença de pesca a países que possam pagar. Não deveria ser o caso do Brasil, com potencial para política pesqueira autônoma."
OUTRO LADO
Em defesa de seu negócio, Calzavara diz que está trazendo a melhor tecnologia de pesca de atum ao Brasil. "Os japoneses estão ensinando ao país como aproveitar os imensos e ainda inexplorados recursos pesqueiros", afirmou à Folha.
Navios atuneiros de bandeira japonesa estão pescando em águas brasileiras, e atrapalhando a atividade de pescadores brasileiros, principalmente no sul do país
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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"Estamos buscando uma condição de identificar os recursos e saber onde estão. Temos o controle das capturas. Temos de pegar a estatística de capturas e analisá-las profundamente, como está sendo feito. São dados públicos, acompanhados pelo Ministério da Pesca no desembarque. Estamos vendo que temos um estoque muito maior, temos o recurso perto da gente. Sou contra o arrendamento que não agrega informações. O objetivo do arrendamento é abrir fronteiras", afirmou o empresário.
A reportagem obteve registros de pesca de atum realizados nos anos 50 por um navio japonês de prospecção, operando da mesma região do Rio Grande do Sul. E perguntou a Calzavara por que, se o propósito dos arrendamentos é "identificar os recursos e saber onde estão", a pesca do Kinei Maru, por exemplo, estava sendo realizada em pesqueiro já tão conhecido.
Os navios têm licença para pescar desde que haja um brasileiros que arrende os barcos. A Folha acompanhou a pescaria do barco GERA VIII, em alto mar e presenciou o problema
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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"Os navios japoneses precisam concluir o trabalho de informação. Quando isso acontecer, talvez nem precisem vir mais", disse o empresário. Sobre o porquê de a Atlântico Tuna ser a única arrendatária, hoje, de barcos estrangeiros, Calzavara foi lacônico: "Sei lá. Tem de perguntar para eles. Não para mim. Quem quiser que vá buscar".
ALTO-MAR
A Folha acompanhou uma pescaria em alto-mar, a bordo do Gera 8. Um dia depois de zarpar, o convés amanheceu coalhado de restos do jantar da véspera --nem os nove experimentados tripulantes souberam segurá-lo no estômago. Foram 44 intermináveis horas entre o porto de Rio Grande e o pesqueiro de atum, a 180 km dali, na beirada da plataforma continental (a porção de "fundo do mar" que acompanha o litoral).
Navegação em velocidade lenta, 6 km/h, já que o vento estava forte: "Força 7, muita calma aí, câmbio", pediu Lelê ao mestre Oliveira. No rádio, explodiam irritantes pshhh-pshhhh. Na escala de Beaufort, usada pelos pescadores, a força 7 é quase um vendaval, capaz de levantar as ondas a seis metros de altura. O barquinho escala os morros de água e logo despenca no vácuo. E de novo, de novo, de novo.
A pesca industrial em alto-mar não é para os fracos. O barco escoiceia, e até mesmo ficar sentado torna-se desafio de rodeio. Romir Vieira Ribeiro, 39, encarregado de pesca em Rio Grande, explica: "Lá fora [no mar], tudo é muito. Quando faz sol, faz sol o tempo todo. Quando venta, venta o tempo todo. Quando chove, chove muito".
Seu lamento lembra as canções de Dorival Caymmi. "Esses pescadores saem sem saber se voltam. Vão pescar sem saber se conseguirão. Deixam a família sem saber se a encontrarão na volta. Para os marinheiros não há dia ou noite e as jornadas de trabalho facilmente ultrapassam 16 horas."
No dia em que os anzóis brasileiros se enroscaram nos japoneses, a jornada tinha começado às 2h, com o lançamento ao mar do espinhel, uma cortina de 800 anzóis de aço inoxidável, espalhados ao longo de um linhão de 80 km. A ventania da véspera havia amainado para força 3, com ondas de no máximo 1,25 m de altura. "Está muito bom", comemorou o piloto.
Cada anzol foi guarnecido de uma lula fresquíssima -- o atum tem o paladar refinado. "Se ele perceber que a isca está morta, não come", explicou o pescador. Às 6h, o espinhel começou a ser puxado de volta, com a ajuda de uma grua. Presos nele, os peixes são fisgados na cabeça -- preferencialmente nos olhos -- pelo bicheiro, anzol gigante com cabo de madeira e na cauda, a fim de trazê-los a bordo.
Momentos em que os peixes são içados, pendurados, sangrados e armazenados nos porões do GERA VII
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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O primeiro a subir foi um tombo, ou albacora-branca, "atum de latinha", dizem os pescadores, com baixo valor de mercado. Depois veio um yellowfin, ou atum-amarelo; então, uma meca, ou marlim-branco, ou espadarte, a mesma espécie que Santiago enfrenta na obra-prima de Ernest Hemingway, "O Velho e o Mar". Por fim, o rei daquelas águas: um bati, ou yellowfin gigante, de 103 kg.
A espécie tem uma morte lenta e agonizante entre a captura e o armazenamento
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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"Tem de segurar firme, senão ele carrega você até a água", explica Arnoldo dos Santos, 48, pescador há 30 anos e cozinheiro do Gera 8. O convés estava forrado de colchões -- caso o peixe se debata no chão, não podem se formar hematomas, que desvalorizam a carne. "O sashimi tem de estar perfeito", preocupava-se o comandante.
O atum tem sangue quente: cruza os sete mares com temperatura corporal até 10ºC superior à do ambiente, o que lhe permite migrar de águas equatoriais para temperadas sem dificuldades. Ele nada, nada, até quando vai morrer. Com o bicheiro cravado na cabeça, ele nadava. Com o chucho -- espécie de chave de fenda -- enfiado no coração, para sangrá-lo, ele nadava. Pendurado pela cabeça, nadava.
Os "velocistas dos oceanos" estão perdendo a corrida pela vida
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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Arrancaram-lhe as guelras e, mesmo assim, dez minutos depois, o bicho ainda nadava. Um tripulante enfiou-lhe o chucho na cabeça. Ele insistiu. Pelo buraco aberto no cérebro, um grosso fio de náilon foi introduzido até o fim da medula. O peixão teve convulsões e por fim ficou inerte. Não se podia dizer se já estava morto, mas "tetraplégico", com certeza.
A uma milha dali, um grupo de orcas espreitava o espinhel, à espera de um peixão que sobrasse para elas. Albatrozes, petréis e gaivotas revoavam em torno do barco, também em busca de migalhas. No convés, reinava o silêncio entre os homens. A agonia do bicho foi silenciosa. Uma mangueira de água levava o sangue para o mar e o peixe foi armazenado no porão.
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress |
O ritual ganha escala industrial no navio japonês, uma verdadeira indústria flutuante que pesca, limpa, processa, congela, armazena e exporta. Em vez de lançar 800, são 4.000 os anzóis em seu espinhel. Enquanto os anzóis brasileiros não passam de 100 m de profundidade, os japoneses se infiltram no meio do cardume, entre 200 e 400 m abaixo da linha do mar.
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress |
De maio até o fim deste mês, três navios japoneses terão frequentado o pesqueiro de Rio Grande: o Kinsai Maru 38, o Kinei Maru 108 e o Shoei Maru 7. No começo de agosto, o Kinsai Maru 38 atracou no porto de Natal. Com os porões lotados, levava 170 toneladas de rico pescado, boa parte já embarcada para o Japão em navio. As cinco toneladas de peixes do Gera 8 foram para o mercado de peixes do Ceagesp, em São Paulo.
OBSERVADOR
Além dos 30 homens que cuidam da faina no Kinei Maru 108 (para 9 no Gera 8), há ali um tripulante que representa o Ministério da Pesca, encarregado de fiscalizar a produção, registrando espécie, peso, características principais.
Os peixes, congelados no porão do barco, começam a ser descarregados
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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Para Rodrigo Claudino dos Santos, coordenador-geral de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial Oceânica do Ministério da Pesca, a presença dos observadores de bordo, como são chamados, "constitui-se em conhecimento adquirido pelo Brasil. Vira patrimônio nacional, que poderá ser usado por pescadores brasileiros".
A Folha apurou que os observadores de bordo são pagos pelo armador do barco que devem fiscalizar -- oficialmente, R$ 120 por dia. Extraoficialmente, recebem parte do pescado, principalmente cações e tartarugas marinhas. "Isso gera um incrível conflito de interesses", aponta o professor Castelo. "É inadmissível que o Estado brasileiro deixe a cargo dos fiscalizados o salário dos fiscais."
No dia 15 de julho, o rádio do Gera 8 interceptou uma conversa entre o observador de bordo do Kinei Maru e seu colega do Kinsai Maru.
Observador do Kinei Maru: "Meu irmão, hoje, aqui, o Gera 8, o ilustre Gera 8, deixou de fazer a pescaria dele para vir engrolhar o material dele com o da gente. E ainda trouxe de cãimbra [sic] uma repórter por cima do barco dele, fazendo uma reportagem. A gente está mais famoso."
Kinsai Maru: "Não se preocupe. Em caso de bronca judicial, é o teu relatório que vai estar na mesa do homem da capa preta."
O observador do Kinei Maru respondeu num português dos mais vivos: "Judicial de cu é rola, meu irmão. O ano que vem eu vou vir aqui com o Rocky 2 [barco de Calzavara] por cima do comando e uma trupe de nordestinos com faca no bucho. Não estou nem aí. A gente está pondo peixe para cima, mais de cem peças por lançamento. Por mim, eu quero que esses caras [os japoneses] pesquem até o peixe voar pela janela. Eu não tô nem aí, brother. O oceano não tem dono não, meu compadre".
Atum congelado é descarregado no porto de Natal
Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress
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http://www.mpa.gov.br/index.php/imprensa/noticias/964-nota-de-esclarecimento1
Transcrito de Instituto Eco Faxina:
http://www.institutoecofaxina.org.br/2012/08/flagrante-japoneses-dominam-pesca-de_24.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+institutoecofaxina+%28Instituto+EcoFaxina%29
Conheça, também:
Link: http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/08/matanca-das-baleias-na-dinamarca-ilhas.html
Matança das Baleias na Dinamarca - Ilhas Faroé - Isso tem de acabar!
Querendo, leia mais sobre o CITES 2013
Segredos públicos e “politicamente correto” a favor do extermínio
06 de Março de 2013
Em geral, reuniões de convenções internacionais são algo que se precisa ver para crer. E mesmo assim, o choque de quem assiste às bizantinas e convolutas discussões pela primeira vez não é fácil de superar. Meu parceiro na campanha Divers for Sharks, Paulo Guilherme Pinguim, mal esconde o estupor ao ver que, enquanto lá fora as espécies ameaçadas de fauna e flora seguem sendo destroçadas pelo tráfico internacional, aqui na 16ª. Conferência das Partes da CITES os delegados ora esvoaçam alegres pelos atapetados corredores, ora desperdiçam dias inteiros tratando de normas de procedimento que deveriam ser objeto de corregedoria da ONU, não de discussão.
Com efeito, neste terceiro dia da COP, novamente perdeu-se uma manhã discutindo a covarde e anacrônica norma das Regras de Procedimento que permite não apenas a existência de voto secreto, mas também que o mesmo possa ser adotado sempre que apenas dez países – de um universo de partes contratantes que chega já a 177 – assim o solicitarem.
Votações secretas
Com efeito, neste terceiro dia da COP, novamente perdeu-se uma manhã discutindo a covarde e anacrônica norma das Regras de Procedimento que permite não apenas a existência de voto secreto, mas também que o mesmo possa ser adotado sempre que apenas dez países – de um universo de partes contratantes que chega já a 177 – assim o solicitarem.
Votações secretas
"Puxados por China e Japão, este com sua corte de marionetes bem conhecidos, os votos contrários conseguiram barrar até mesmo uma pequena melhora na transparência das deliberações da CITES"
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A lógica amoral dessas votações secretas favorece principalmente o grande e manjado esquema de compra de votos pelo Japão, iniciado na Comissão Internacional da Baleia e “exportado” para a CITES e outros tratados, através do qual os japoneses pagam benesses e jabás aos representantes de pequenos países pobres para que votem de acordo com os interesses de baleeiros, pescadores, traficantes de marfim e filantropos similares. Com o voto secreto, o representante de governo vendido fica a salvo de qualquer escrutínio, principalmente do seu próprio povo. É a institucionalização da corrupção, e logicamente sempre funciona contra a adoção de novas medidas de conservação.
Este ano, México, Chile e União Européia tentaram mudar essa regra absurda, propondo que ao menos o número de países necessário para se realizar uma votação em segredo fosse aumentado. Puxados por China e Japão, este com sua corte de marionetes bem conhecidos (alguns delegados de governos, inclusive, são transplantados, a mando dos japoneses, da Comissão da Baleia para a CITES, para rezar o credo nipônico), os votos contrários conseguiram barrar até mesmo uma pequena melhora na transparência das deliberações da CITES. Nesse sistema, cada vez se vê mais difícil adotar medidas de controle do comércio internacional de espécies ameaçadas, já que o Japão e a China trabalham, de maneira inequívoca e explícita, pela mineração destas até o último exemplar.
Demagogia emperra avanços
Este ano, México, Chile e União Européia tentaram mudar essa regra absurda, propondo que ao menos o número de países necessário para se realizar uma votação em segredo fosse aumentado. Puxados por China e Japão, este com sua corte de marionetes bem conhecidos (alguns delegados de governos, inclusive, são transplantados, a mando dos japoneses, da Comissão da Baleia para a CITES, para rezar o credo nipônico), os votos contrários conseguiram barrar até mesmo uma pequena melhora na transparência das deliberações da CITES. Nesse sistema, cada vez se vê mais difícil adotar medidas de controle do comércio internacional de espécies ameaçadas, já que o Japão e a China trabalham, de maneira inequívoca e explícita, pela mineração destas até o último exemplar.
Demagogia emperra avanços
"(...) CITES mantém um grupo de trabalho permanente sobre o assunto, em que o uso comercial de consumo de espécies ameaçadas por “comunidades rurais pobres” é promovido e estimulado"
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Enquanto permite a continuação de práticas como o voto secreto, a CITES toca adiante atividades intersessionais que a fazem parecer o proverbial burro empacado entre duas cenouras equidistantes. Por um lado, promove atividades com autoridades alfandegárias e de fiscalização de fronteiras dos países-membros, buscando melhorar o controle sobre as espécies ameaçadas sob sua jurisdição; por outro, deixa-se enredar no trololó demagógico da “erradicação da pobreza” a partir do (ab)uso das espécies silvestres, algo que alcançou o arcabouço dos tratados ambientais internacionais a partir das declarações adotadas em reuniões meramente políticas como a ECO-92, a Rio+20 e similares.
É assim que a CITES mantém um grupo de trabalho permanente sobre o assunto, em que o uso comercial de consumo de espécies ameaçadas por “comunidades rurais pobres” é promovido e estimulado, ao invés de ser erradicado através da substituição por outras atividades econômicas, como por exemplo, o Ecoturismo. Fala-se deste assunto e acendem-se sorrisos nas mais diversas delegaçôes de burocratas, certos de que o linguajar politicamente correto ficará esplêndido em seus relatórios às capitais. Trata-se, mais do que uma bobagem ideológica, de distorção seríssima na boa gestão de espécies que deveriam estar sendo mais protegidas, não mais consumidas.
Esse tipo de demagogia levou, por exemplo, poderosas ONGs como a União Mundial para a Conservação (IUCN) e o WWF a apoiarem, nos anos 90, o “manejo sustentado” de elefantes pela África afora para que o tráfico de marfim “beneficiasse as comunidades”, e o resultado aí está: as populações de elefantes em assustador declínio pelo comércio ilegal – induzido e estimulado pelo comércio legal que foi promovido para “ajudar as comunidades”. Entrementes, a pobreza continua, as espécies declinam, e usos não-predatórios são ignorados por não estarem no escopo da Convenção...
Satisfeitos os requisitos do politicamente correto, vem chegando a hora de se discutirem as propostas de inclusão de novas espécies ameaçadas na CITES para controle do seu comércio internacional. Essa, na verdade, é a alma do tratado e onde os maiores embates substantivos entre a conservação e as máfias do tráfico se dão. Para aprovar qualquer proposta, são necessários dois terços dos votos dos países, algo como 80 na atual reunião.
O Brasil até agora está tendo uma atuação demasiado modesta na defesa das suas propostas, e será preciso mais do que isso para vê-las aprovadas. E não se trata só do – até bem razoável - esforço da delegação brasileira aqui em Bangkok: sem uma atuação forte do Itamaraty, convocando à ação nossos diplomatas nas capitais de países latinos recalcitrantes e africanos, aos quais aliás vivemos doando milhões e não pedimos nunca nada em troca, corremos o risco de voltar para casa sem ver os tubarões-martelo, galhas-branca e raias-manta protegidos ao menos parcialmente da avalanche do tráfico internacional.
É assim que a CITES mantém um grupo de trabalho permanente sobre o assunto, em que o uso comercial de consumo de espécies ameaçadas por “comunidades rurais pobres” é promovido e estimulado, ao invés de ser erradicado através da substituição por outras atividades econômicas, como por exemplo, o Ecoturismo. Fala-se deste assunto e acendem-se sorrisos nas mais diversas delegaçôes de burocratas, certos de que o linguajar politicamente correto ficará esplêndido em seus relatórios às capitais. Trata-se, mais do que uma bobagem ideológica, de distorção seríssima na boa gestão de espécies que deveriam estar sendo mais protegidas, não mais consumidas.
Esse tipo de demagogia levou, por exemplo, poderosas ONGs como a União Mundial para a Conservação (IUCN) e o WWF a apoiarem, nos anos 90, o “manejo sustentado” de elefantes pela África afora para que o tráfico de marfim “beneficiasse as comunidades”, e o resultado aí está: as populações de elefantes em assustador declínio pelo comércio ilegal – induzido e estimulado pelo comércio legal que foi promovido para “ajudar as comunidades”. Entrementes, a pobreza continua, as espécies declinam, e usos não-predatórios são ignorados por não estarem no escopo da Convenção...
Satisfeitos os requisitos do politicamente correto, vem chegando a hora de se discutirem as propostas de inclusão de novas espécies ameaçadas na CITES para controle do seu comércio internacional. Essa, na verdade, é a alma do tratado e onde os maiores embates substantivos entre a conservação e as máfias do tráfico se dão. Para aprovar qualquer proposta, são necessários dois terços dos votos dos países, algo como 80 na atual reunião.
O Brasil até agora está tendo uma atuação demasiado modesta na defesa das suas propostas, e será preciso mais do que isso para vê-las aprovadas. E não se trata só do – até bem razoável - esforço da delegação brasileira aqui em Bangkok: sem uma atuação forte do Itamaraty, convocando à ação nossos diplomatas nas capitais de países latinos recalcitrantes e africanos, aos quais aliás vivemos doando milhões e não pedimos nunca nada em troca, corremos o risco de voltar para casa sem ver os tubarões-martelo, galhas-branca e raias-manta protegidos ao menos parcialmente da avalanche do tráfico internacional.
Do Terra
Excerto do texto publicado na Isto É, em 2000:
Zona marítima
Pesqueiros internacionais atuam ilegalmente, invadem águas brasileiras, não são expulsos e causam um prejuízo anual de US$ 500 milhões ao País
O mar territorial brasileiro – a chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que abrange 188 milhas, adotada pela Convenção do Direito do Mar da ONU, em 1982, na Jamaica – transformou-se em águas de ninguém. Pesqueiros estrangeiros, principalmente japoneses, coreanos, espanhóis e russos estão atuando ilegalmente nessa zona, ocasionando ao País um prejuízo anual de cerca de US$ 500 milhões. A Marinha de Guerra brasileira não dispõe de equipamentos modernos para fiscalizar e coibir a pesca predatória internacional. Na esfera diplomática, o Ministério das Relações Exteriores atua timidamente. Esse é o pensamento do almirante Ernani Fortuna, do Conselho Estratégico da Escola Superior de Guerra e autor de um estudo sobre o assunto: “A soberania do Brasil sobre o mar de 188 milhas acaba sendo uma ficção”, afirmou o militar.
Outra crítica à pesca ilegal e à falta de fiscalização parte do almirante Mário César Flores, ex-ministro da Marinha. Para César Flores “a zona econômica é um lero-lero”. Ele lembra que, em 1982, o Itamaraty admitiu que seriam necessários pelo menos 20 anos para que a região fosse realmente garantida. Flores acredita que o Brasil já perdeu o prazo previsto para conter a pesca ilegal. “No início da década de 80 houve até uma ameaça de extinção do camarão no litoral do Amapá, infestado por pesqueiros japoneses, coreanos e europeus”, afirmou o ex-ministro. Ele lembra ainda a existência de um programa de construção de corvetas, aprovado pelo então ministro Henrique Sabóia, no governo Sarney, que poderia contribuir para dar à Marinha condições de fiscalizar com mais eficiência o litoral e impedir prejuízos ao País.
A Marinha tem ainda um projeto para a construção de um navio-patrulha médio, com capacidade para operar com helicópteros. O problema, entretanto, é a falta de recursos. O almirante Flores diz que os barcos estrangeiros, bem equipados, procuram peixes de qualidade existentes no litoral do Norte e Nordeste, vendidos por preços elevados no mercado internacional.
(...)
Colaboraram: Hélio Contreiras (Rio) e Eduardo Hollanda (Brasília)
“Fiscalização é rotina”
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O diretor de Mar-e-Guerra da Marinha, capitão Luiz Fernando Palmer Fonseca, nega que haja problemas na fiscalização da costa e diz que atividades ilegais vêm sendo reprimidas.
ISTOÉ – A Marinha fiscaliza barcos estrangeiros que estão pescando ilegalmente?
Luiz Fernando – A Marinha realiza, rotineiramente, ações de fiscalização das atividades de pesca dentro da ZEE. Essas ações são executadas pelo Serviço de Patrulha Costeira. Os navios da Marinha contam muitas vezes com o apoio das aeronaves de patrulha da FAB.
ISTOÉ – Que medidas podem ser adotadas contra esses barcos?
Palmer – As atividades de pesca ilegal são reprimidas com a apreensão dos barcos, dos equipamentos e dos produtos de pesca, assim como com a aplicação de multas e das penas previstas na Lei 9.605.
ISTOÉ – Com que tipo de embarcação o Brasil conta para a fiscalização da pesca não autorizada?
Palmer – Para a execução de patrulha costeira, a Marinha conta com seis corvetas, seis rebocadores de alto-mar e 19 navios-patrulha, sediados nos distritos navais. Contribui, ainda, para o Serviço de Patrulha Costeira, a Força Aérea Brasileira, que, com suas aeronaves, cobre, regularmente, as águas jurisdicionais brasileiras, fornecendo aos navios em atividades de patrulha e ao Sistema de Controle do Tráfego Marítimo as informações relativas ao posicionamento de embarcações.
ISTOÉ – Quais as áreas do litoral brasileiro que despertam mais interesse nos barcos estrangeiros?
Palmer – O entorno do arquipélago de São Pedro e São Paulo, nos litorais norte, sudeste e sul e ao longo de todo o litoral brasileiro, onde se constata o interesse por atuns e similares.
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Animais são nossos irmãos e tem Direito à VIDA! |
Links sobre Direito dos Animais à VIDA!
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DIGA NÃO AOS EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS COM ANIMAIS!
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DIGA NÃO ÀS QUEIMADAS!
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