Parque da Juventude, em São Paulo, onde antes ficava o complexo carcerário do Carandiru |
Filme - Documentário com depoimentos, feito um ano antes da implosão dos prédios
Carandiru, Cruzes e o Tempo
Querendo, leia também: Carandiru, não esqueceremos (2019) - https://www.pragmatismopolitico.com.br/2019/10/carandiru-nao-esqueceremos.html
Por Marise Jalowitzki
08.abril.2013
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2013/04/carandiru-cruzes-e-o-tempo.html
Naquela manhã de outubro cheguei ao trabalho e um colega, meio na surdina, mostrou a capa de uma revista. Horror! Corpos retalhados, às dezenas. Primeiro, empilhados, depois, aquela galeria imensa, todos nus e costurados.
- O que é isso? - Eu falei, quase gritando, pelo choque absurdo da cena.
- Foi no Carandiru, uma casa de detenção, em São Paulo.
O comentário durou dias. Eu nunca mais quis ver as cenas dantescas, não olhava nem revista, nem jornal televisivo, nem assisti ao filme. Mas, sabia de tudo, pois as pessoas estavam alarmadas. O nome do governador (que não quero registrar) era mencionado seguidamente, pois, plenamente lúcido, declarava que fez o que deveria ter sido feito.
Naqueles tempos o comentário era de que foram 258 mortos. Depois, ficou oficialmente 111. Os feridos que não voltaram não foram contabilizados.
Não queria estar falando sobre isso, pois é horrível demais, mas, pensar que se passaram 20 anos e os acusados continuam sem nem sequer ser julgados, mexe com todos.
O sistema prisional continua com a superlotação de sempre. Nenhum projeto sério, efetivo, que abranja todos os presidiários, foi feito, desde então, para ocupar os presos. O aludido discurso de "pagar pelo crime e reintegrar o cidadão à sociedade" está cada vez mais distante e desacreditado. A história oficial sempre tende para o lado mais forte, o instituído. Nenhum dos policiais morreu durante o massacre que, dizem, aconteceu "após ataque dos presos à Polícia Militar". O início de tudo foi uma briga entre dois presos, até que a Rota foi chamada. Notícias da época davam conta que mesmo tendo se rendido, os presos foram mortos.
Agora, lendo o relato do perito Osvaldo Negrini, todos os comentários de 1992, lá no meu antigo local de trabalho, ficaram flagrantemente verdadeiros e procedentes. ("Fiquei com sangue até o meio da canela diz perito - A reportagem é da Marina Novaes e do Vagner Magalhães, do Terra)
Quem fez o que foi feito, ainda se orgulhou disso. O ex-governador lamenta o caso, pois a repercussão dele tirou-lhe a chance de se candidatar a presidente da República...
Rede 2 de outubro quer Comissão da Verdade para Carandiru.
O julgamento foi transferido para a semana que vem.
Carandiru - Cruzes com os nomes dos mortos lembram os 20 anos do massacre Foto Renato S. Cerqueira - Futura Press - Estadão |
Eu quero enaltecer, neste momento, a iniciativa dos alunos da Faculdade de Direito, colocando as 111 cruzes brancas com os nomes (oficiais) fincadas em vasos, ocupando as calçadas do Largo São Francisco, em São Paulo.
Atualmente, no local onde ficavam os terríveis prédios do complexo carcerário do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, está o Parque da Juventude. Os fatos tristes devem ser substituídos, sim, por cenários tranquilos, sem, no entanto, deixar de fazer Justiça.
Não vou replicar nenhuma foto do massacre, pois tudo isso turva nossa tela mental e só atrai o lado obscuro do ser humano. Quero lançar Luz e Serenidade ao Júri, ao Juiz e a todos os
O Prisioneiro da Grade de Ferro - Documentário feito pouco tempo antes da implosão dos pavilhões no Carandiru, composto de depoimentos dos próprios detentos. Mais ao final, os depoimentos de ex-diretores da casa de detenção. Enquanto eles enfatizam a necessidade de melhorar a sociedade como um todo, enquanto eles defendem mais ocupação profissionalizante nas prisões, o governador faz um discurso elogiando a criação de mais presídios.
Os detentos são unânimes: "Aqui o tempo passa mais devagar, o relógio é mais lento." Destaques para os raps, para os poetas, para a intervenção da igreja Assembléia de Deus, para todos, enfim, que estão fazendo alguma coisa para tentar alguma melhoria e reparar um erro que é de todos nós. Há, no filme-documentário, vários depoimentos de ex-diretores do Carandiru, todos falam do descaso do poder público e do fim-de-linha para os que ficam lá internados. Também o reconhecimento dos detentos ao humano tratamento do médico Dr. Drauzio Varella, durante sua atuação no complexo penitenciário. "Dr. Drauzio Varella ouve a gente, é um médico de verdade, se importa, não tem medo de tocar no preso. Se tivéssemos 4 Dr. Drauzio aqui, tava resolvido!"
Um tributo especial ao Dr. Drauzio Varella, cuja experiência durante anos ficou registrada no livro Carandiru, que deu origem ao filme de igual nome.
Podem me chamar de piegas, mas eu rezo todos os dias por um mundo melhor, por um Mundo de Paz. E, com meu trabalho simples do dia a dia, procuro auxiliar, com conhecimento, as pessoas que ajudam a criar um Mundo Mais Solidário. Desde a raiz. Desde o ventre materno, quando ninguém ainda sabe o que é Mal ou Bem. Aprendemos depois.
Para um mundo melhor:
- seja mais amoroso
- pratique a compaixão
- exercite a tolerância
- cuide das crianças
- dê exemplos bons.
Querendo, assista O Prisioneiro da Grade de Ferro - http://www.youtube.com/watch?v=dlIv7Pg5Ud0
Em 15.abril.2013
Inicia o julgamento, agora com novo júri - 6 homens e uma mulher.
Neste link, o depoimento da primeira testemunha, um réu primário, preso por assalto, estudante de Administração que deveria ter ficado preso por dois anos e já estava lá no Carandiru há 5.
• • atualizado às 13h40
'Muitos morreram só de olhar', diz sobrevivente do massacre do Carandiru
Em júri, ex-detento contou ter visto corpos "amontoados em uma caçamba" e disse acreditar que morreu "o dobro" de pessoas
Ainda sobre o tema, neste blog:
Dez passos para criar um POVO IDIOTA
Manifestações populares no Brasil - As condições sociais |
COMO CRIAR UM PAÍS IDIOTA
Video feito por Cristovam Grazzina
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