Por Marise Jalowitzki
Contribuições de Cassia Aiko Sato - Toyohashi - Japão
Comentário de Fer Gabriel Zamboni e Carla Cristina - Brasil
01.Abril.2015
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/04/tdah-e-acordos-quadro-de-tarefas-perdas.html
Outro dia estava em frente a um jovem que se sentia deprimido e infeliz. Ele tinha a noção incorporada de que estava aquém das expectativas de seus pais, via seus irmãos obtendo sucesso em muitas tarefas e responsabilidades que ele não conseguia alcançar. Como retrazer a autoconfiança em quem ouviu e sentiu, desde bem pequeno de que aquilo que fazia, produzia, pensava e sentia não era o esperado pelos demais? Não era o "certo"?
- Há pais e mães que gritam, que se enfurecem, que batem, que não acreditam que a criança realmente não consegue! E não dá para tirar de todo a razão desses genitores, pois, por vezes, parece mesmo que o filho está fazendo de propósito!!
Uma mãe diz: "Como vou me convencer de que ele 'não sabe'? Ele sabe sim! Quando faz o tema de casa comigo, diz tudo certinho, vai acompanhando, raciocina e, de repente, se distrai e parece que dá um branco! Não diz mais nada, não diz mais coisa com coisa!"
Outra mãe fala: "Em casa faz todos os temas, fiz uma simulação oral de uma prova inteira e ele respondeu tudo certo! No outro dia, na hora da prova, não acreditei quando a professora me mostrou a folha toda em branco! Por que ele faz isso comigo?"
- Há também pais e mães que desenvolvem uma pena imensa de seu filho "que não consegue" e que só recebe a incompreensão na escola! As crianças, em sala de aula, apresentam crises de ansiedade, são agressivas ou choram (ou as duas coisas). Chegam em casa aos prantos, declaram: "Eu pedi a Papai do Céu que me ajudasse, mas, mesmo assim, não consegui!" As mães, em desalento, relatam que choram junto com seus filhos.
O alerta é para que os pais avaliem quantas vezes este comportamento (de descrédito e-ou pena) acaba se repetindo! Pois, quanto mais tempo a criança vivenciar tais reações e sentimentos, mais vai se convencer de que são verdades! E esta raiva ou esta pena se internalizam, passam a fazer parte da avaliação que a própria criança faz de si! Complicado!
Incentivar o respeito e a solidariedade deve ser uma constante |
Amor e Compreensão
Quando comento que o Amor e a Compreensão são o "casal-que-dá-certo", sei que nem todas as pessoas entendem. Por parecer simplista e até utópico. Mas é o que funciona!
Amor é Acolhimento, é Aceitação das dificuldades, é mostrar, em todos os momentos, que você está ao lado de seus filhos, que confia neles, que acredita neles, que aposta neles e que vai auxiliá-los a vencer as diferentes etapas da Vida!
Compreensão é o Entendimento necessário de que seu filho não é um "sem vergonha" e nem está fazendo isso para te desafiar.
É importante que os pais recebam cada vez mais informações, ajuda mesmo, conhecimentos vários e não sejam apenas responsabilizados (como em tantos casos), seja por "herança genética", seja por "não saber educar"!
Tenho a mais absoluta certeza de que, caso as mamães pudessem sentir mais apoio dos especialistas da saúde, e mais entendimento da situação pelos educadores, estaríamos tod@s bem menos estressad@s! E os amadinhos, sem dúvida, muito mais felizes e saudáveis!
Estabeleça metas possíveis
Adultos precisam de coerência. De nada vai adiantar estabelecer uma tarefa como a acima, se os pais brigam entre si, xingam pessoas no trânsito, discutem (em público ou privado) |
No intuito de dotar os pais de mais ferramentas para lidar com seus pequenos - seja os mais impulsivos, agressivos, hiperativos, opositores, desafiadores, seja para os mais desatentos, lentos, ou distraídos - coloco aqui algumas ideias em forma de perguntas e respostas, partindo de algumas premissas:
- Bater não resolve (só cria ressentimento e mais confusão acerca do que é certo e errado, além do que, com a Lei da Palmada, os pais ainda podem se complicar. Embora eu tenha conhecimento que diretoras de escola, professoras e até pediatras ainda recomendem "nada melhor do que duas chineladas diárias!" - Isto é inadmissível!)
- Gritar não resolve (pois mostra que os pais também já perderam o controle, o que só põe tudo a perder, além do que, ao gritar, geralmente se está com raiva e se acaba dizendo coisas inverídicas ou extremadas! E, mais, como, em algum momento, o ser humano adulto pode perder o controle e gritar também, como fica isso na cabeça da criança? Os pais podem, a professora pode, ele não 'pode-e-não-deve'?)
- Falar muito não resolve (até os adultos apenas conseguem assimilar o que escutam durante até 20 minutos, por mais interessante que seja o tema! Depois, se não tiver imagens e movimento, nada feito! Que dirá as crianças! Use frases curtas e objetivas. Fale e deixe espaços de tempo em silêncio, mesmo que você esteja com raiva.)
Cuidado ao escrever certas tarefas! Esta aí acima, por exemplo. Quem pode determinar o que é "sem motivo" para uma criança? |
- Procure estar sensível aos sentimentos da criança. É temerário colocar como tarefa: "Não gritar", "Não chorar sem motivo" - Quem pode dizer para a criança que seu choro é sem motivo? Como colocar simplesmente como tarefa "Dormir sozinho"? Isto não acontece assim! A criança precisa ser ouvida, as causas investigadas, por vezes chazinhos e massagens com óleo relaxante (camomila é o melhor), vai ajudar para que a situação mude sem traumas. (Neste último exemplo 'deixar chorar' já se sabe que acarreta mais problemas do que ficar com a criança até esta adormecer.)
Ouvir a criança é sempre muito importante.
Ao invés de dizer "Não estrague" (estágio do erro), instigue a criança para o estágio do acerto "Respeite")! |
- Usar "Não!" é pífio (o "Não!" leva o pensamento para o restante da frase, em tom afirmativo. Exemplo: "Não pense em uma maçã vermelha!" - em que você pensou? Numa maçã vermelha!!!)
Também evite termos como "todos os dias", "sempre", "nunca". Como a atividade já vai estar no quadro da semana, já se entende que a ação deve ser diária. |
- Temas muito extensos não funcionam para quase todas as crianças. Textos curtos, fazer em partes, pode dar resultados bem mais vantajosos.
Assim, escolham aquelas sugestões que mais se ajustam à situação, à idade de seu filho e Felicidades!
Fer Gabriel Zamboni Post maravilhoso... preciso encontrar um profissional desse aqui na minha região. A médica do meu filho me dá muitas dicas, mas é a favor da medicação. Por enquanto, estou lutando sozinha sem medicá-lo e sempre seguindo as dicas do grupo e principalmente as suas Marise Jalowitzki que me abriu os olhos quando mais precisei.
Obrigada, também à Cassia Aiko Sato . Adorei! Grande bj
Marise Jalowitzki Hoje ouvi de uma amiga do litoral: "Vai ajudar muitas mães e evitar algumas palmadas!"... uffa!! ai,ai!... que bom! Bjs
Carla Cristina Ótimo post! Mais uma vez você está de parabéns! Esses quadros ajudam demais! Uso com meu filho o quadro de regras desde os seus 3 anos. E a cada ano ou necessidade, algumas regras saem e outras entram.
E ele mostrava pra todo mundo que chegava em casa o quadro das regrinhas e explicava cada uma Rsrsrsrsrs sempre ficou pregada na porta do seu quarto.
Ele tem também um outro quadro para colocar as estrelinhas que ganha pelo bom comportamento na escola e nas tarefas.
Mas gostei demais do quadro calendário semanal e do de atividades pois poderei englobar as coisas que temos mais necessidade de atenção em um quadro só e como ele já está alfabetizado, será mais interessante ler. E posso assegurar que sim, já poupou inúmeras palmadas, stress e remorso.
E este é o quadro de estrelinhas que falei:
Marise Jalowitzki
Carla Cristina, que beleza! Achei tão pertinente a questão de ele mostrar a todos que chegavam na casa! É a isso que me refiro quando comento que uma tarefa, um 'dever', um "tem que..." pode ser transformado em um motivo de satisfação, de importância!
Querendo, leia também:
“É amplamente aceito que doenças como TDAH são geneticamente programadas, assim como a esquizofrenia e tantas outras. A verdade é o oposto. Nada é geneticamente programado.
PREDISPOSIÇÃO genética não é
PREDETERMINAÇÃO genética.”
Dr. Gabor Maté
Físico, autor de Portland Society
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
www.tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br
LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar
Déficit de Atenção e Hiperatividade
LIVRO TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM
Informações, esclarecimentos, denúncias, relatos e dicas práticas de como lidar
Déficit de Atenção e Hiperatividade
Dicas valiosas!!!
ResponderExcluirQue bom que foram úteis, querida Rosane! Este é o objetivo! Munir os pais e educadores de estratégias e ferramentas que podem, efetivamente, auxiliar os pequenos em sua trajetória já,por si só, tão árdua e socialmente exigida!! Bjs e Gratidão!
ExcluirRecomendo muito, minha pequena adora a brincadeira, sempre que vem alguém em casa ela quer mostrar o quadro e as estrelas, até a professora notou a diferença, criamos uma rotina de atitudes positivas que já ficaram automáticas no dia dia dela, acabaram as brigas e o stress, tem que divulgar essa dica para as outras meninas no face, uma coisa simples que promove mudanças incríveis, obrigada!
ResponderExcluirThalia, que beleza de resultado! Parabéns e Bençãos a toda a família!
ExcluirVou levar teu depoimento lá pro Grupo.
Beijos!
Gostei muito!
ResponderExcluirque bom que foi útil! Desejo Felicidades!
ExcluirMuito bom.
ResponderExcluirSim, as crianças exercitam a disciplina sem se sentirem chateadas.
ExcluirAbs
Oi, sera que funciona também com pré adolescente?
ResponderExcluirTem dicas específicas pra eles?
Pré-adolescente já está em fase de exercitar suas vontades. Aí, tem de ter muita conversa, argumentação pra mostrar a necessidade da organização e disciplina, num momento de vida em que eles, tudo que querem, é romper e exercitar limites.
ExcluirA melhor maneira é ambos, mãe-pai e filho pré adolescente, cada um fazer uma relação e, depois, igual em negociação organizacional, ir elencando quais os itens mais importantes, o que geram, no que resultam.
Lembrando sempre que a compensação (o que vou ganhar ao final disto?) está em alta.
O hábito vai se formatando depois.
Abs
Olá muito obrigado pelas dicas meu filho tem 7 anos e levei ele no neuro numa consulta seca passou NOOTRON, Fiquei sem chão pois não conhecia nada de TDAH, passou por um mês, ele ficou mas atento mas concentrado, mas quando terminou o mês do tratamento e não dei mas , tentei, marca outro especialista, conversei com direção da escola tive um grande atrito com a professora, graça a Deus ela acabou entendo se não o pior ia acontecer rsrs,, mas ele voltou com todas a d dificuldade novamente ,então entrei de cabeça no assunto e comecei a estudar um pouco de tudo pra pode compreender tudo isso, mas é complicado pois nem todos acreditam, e acham que nossos filhos são a penas mimados😥
ResponderExcluirLouvo tua lucidez e coerência, Raquel. Psicotrópicos aos 7 anos, só em casos efetivamente graves, severos e por um período não superior a um ou dois anos, dizem os especialistas compromissados com a saúde e o desenvolvimento da criança.
ExcluirTodas as experiências conhecidas apontam para a força e influência benéfica de uma escola voltada a respeitar as tendências das crianças tidas como "diferentes", já que elas focalizam no que gstam. Assim, uma metodologia mais expansiva, mais libertária, costuma dar excelentes resultados.
Criei um blog específico para tratar deste tema, com depoimentos e relatos de várias mães e pais.
Querendo, acessa tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com
Vais encontrar muita informação importante lá.
E vai fundo, amiga!
Valorizar o potencial genuíno de um filho passa, muitas vezes, por sair daquela trilha conhecida!
Felicidades!