Japão - Governo anuncia que água e alimentos estão contaminados por radiação em Fukushima |
Japão - Governo diz que água e alimentos estão contaminados pela radiação -
Sobreviventes pedem 'verdade' sobre acidente nuclear
Por Marise Jalowitzki
19.março.2011
http://t.co/hi5KaHO
Hoje foi um dia de reflexão.Balanço das expectativas e esperanças.
Ao ler o apelo dos sobreviventes do Japão, pedindo que o seu governo fala a "verdade" sobre o desastre nuclear, bateu um desencanto! Governos não falam a verdade! Governos tem a absurda filosofia de ocultar e distorcer os fatos. No passado, quando ainda vendiam a idéia de "pai" ou "mãe" da pátria, como é agora o nosso caso no Brasil, eu pensava que queriam poupar o povo; que não expunham o fato por cuidado, para não espalhar pânico, para não apavorar. Idéia que muitos continuam a disseminar na grande mídia, ainda hoje. Só que não é mais possível acreditar nela.
Governos não falam a verdade ao povo porque não se importam com o que o povo pensa. Governos vivem um jogo de vaidades no grande tabuleiro planetário e suas preocupações estão alicerçadas em lucros, em percentuais, em oscilações da bolsa de valores, em posições de maior ou menor poder frente às potências, em manutenção de status.
Admitir um erro, admitir um fracasso, admitir a extensão real de um acidente, significa ficar refém dos outros governantes, das outras nações. Nada tem a ver com proteção, zelo, cuidado em relação ao seu povo. E isso acontece em todas as nações. É o pensamento vigente. A pressão dos "congêneres" é voraz.
Bilhões humanos sempre estiveram e continuarão a ficar ao sabor dos acontecimentos determinados pelos mandatários.
"Quero apenas que o governo nos diga a verdade", pede Teechi Sagama, um diretor de escola do pequeno porto de Miyako. "Apenas" a verdade, Amigo? Isso é TUDO! Verdade é a chave de uma nova era! Verdade é o Caminho, o portal da evolução! E estamos tão longe disso!
Agora à noite o governo japonês divulga (para o exterior) que foram encontrados níveis de radiação em alimentos e água! O que resta ao povo? O mais provável é que eles nem devem ter recebido estas informações.
Como a radiação nuclear é invisível, não queima de imediato, não mostra o estrago que faz, mais tarde dá para mascarar em "epidemias", doenças novas, que serão "combatidas" com novas vacinas, e assim vai. Ajuda internacional, alardes, pedidos de ajuda humanitária. o povo se mobilizando para doar suas roupas usadas e alguns alimentos.
Ah! Pára a nave que eu quero descer!
A radioatividade "é pior que um tsunami. Um tsunami é visível, mas isso não se vê", afirma Hiromitsu Miyakawa, um comerciante de Kesennuma, uma das cidades mais afetadas pelas devastadoras ondas. "As radiações nos dão muito medo", completa.
Os sobreviventes traumatizados, após o terremoto e o tsunami de 11 de março, estão sem casa e obrigados a começar do zero. Isolados, sem informações do mundo exterior, fica difícil avaliar os riscos e as consequências dos vazamentos radioativos.
Japão - A radioatividade é pior que um tsunami. Um tsunami é visível, mas isso não se vê! |
"O governo mente" - diz Shiori Hosoya, 18 anos, sem acreditar na passiva tranquilidade com a qual os governantes se expressam.
O desespero é do próprio prefeito de Fukushima, que vai à imprensa e declara: "O limite da insegurança e da incerteza já passou! Precisamos que o governo (estatal) nos diga o que está acontecendo!".
Em termos de comunicação e transparência, estamos pior do que no tempo das cavernas, pois, pelo menos, naqueles tempos, os sinais de fumaça eram vistos por todos. Quem entendesse a mensagem estava conectado. Agora, apesar de todos os avanços, basta um governo querer impedir o acesso à internet, fechar as redes de tv e impedir a retransmissão para os celulares e pronto, as pessoas estão mais ilhadas do que nunca! Com a falta de eletricidade nas zonas destruídas, poucos podem usar a tv para se conectar ao resto do mundo e os jornais trazem notícias desencontradas.
Ao admitir, na sexta-feira (18) que o nível de gravidade do acidente em Fukushima é 5, isso significa dizer que ele já é o 3º mais grave do mundo, cronologicamente falando. O primeiro, Three Miles Island (EUA) em 1979, praticamente não divulgado; o segundo, o de Chernobyl, o maior em termos de nível de radiação, com seus desastrosos efeitos até hoje; e o terceiro, o de agora, em Fukushima, nível 5 igual ao dos EUA. E então? Esperar, até quando? Esperar o que?
"Estamos preocupados, e não sabemos se devemos ficar aqui ou ir embora. Gostaria que o governo nos desse respostas, mas não dá", diz o comercianteTaizo Tanisawa, que perdeu sua casa e foi voluntário para distribuir água e comida quente aos refugiados.
Usem sua intuição! É o que de mais valioso existe, nestes momentos. Pois, mesmo que venha uma informação oficial, quem pode acreditar nela?
Aqui no Brasil, quando aconteceu o acidente na usina Nuclear de Angra, no Rio, o prefeito soube da notícia pelos jornais! O prefeito cobrou mais transferência da Eletronuclear! Com a empresa no Japão, aconteceu o mesmo. E, 2002 a Tepco distorceu as informações sobre a segurança das centrais de água fervente, ocasionando a interrupção do funcionamento de 17 reatores, entre eles os de Fukushima. Mesmo que eles informassem hoje, quem os levaria a sério?
Governos mentem e são inúmeros os casos, em diferentes ocasiões.
É uma lição gigantesca de desapego, o que temos a aprender. Deixar casas, móveis, pertences pessoais e afastar-se do local de risco, até receber informações realmente fundamentadas, é atitude sábia. Quantos estarão dispostos a assumi-la?
Os sinais de fumaça dos reatores, continuam emitindo sua comunicação. Quem não vê, nem sabe. Quem vê, não quer acreditar...
Marise Jalowitzki Compromisso Consciente |
Escritora, pós-graduação em RH pela FGV, international speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil
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