quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Qual a idade para uma criança receber o diagnóstico de TDAH?


Perceber e entender a criança é BEM diferente de classificar e medicar!!




Hoje, ninguém pode afirmar ter entendido os mecanismos conjuntos de hiperatividade, um “modelo biopsicossocial”, mecanismos que são neuroquímicos e ambientais em geral, incluindo o pré-natal. E, mesmo que as classificações auxiliem no diagnóstico, permanece que nunca é fácil. 

Ainda carecemos de conhecimento objetivo, por exemplo, sobre os efeitos da medicação em longo prazo – diz Marie-Christine Mouren, professora de Psiquiatria Infantil do Departamento de psicopatologia infantil no Hospital Robert Debré, Paris, membro do Comitê Científico HyperSupers (Livro  TDAH Crianças que Desafiam - pág 65 a 67)


 "A singularidade do grupo de sintomas que compõem o diagnóstico de TDAH demonstra o quão difícil é determinar quem, realmente, precisa de tratamento e que tipo de tratamento é o mais adequado. Cada caso é um caso. Os responsáveis pela nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais (DSM-5) justificam que “a elevação do número de doenças mentais catalogadas se dá em função de querer obter uma maior especificidade na detecção da doença, atendendo melhor, assim, a cada paciente”.


Críticos, entretanto, argumentam que isso só está a favor da indústria farmacêutica, para lançar no mercado cada vez mais e mais fármacos; visa, também, como no caso do TDAH, estabelecer parcerias com governos para um melhor resultado na educação, conveniando mais consumo; está, também, dizem outros, na tentativa de transformar a humanidade em um todo previsível. Agora, como será, já que nenhum dos diagnosticados com TDAH apresenta um grupo de sintomas semelhantes a qualquer outro! Assim como nenhuma digital de nenhuma mão, de nenhum dedo é igual à outra, assim também todos os diagnósticos até agora emitidos são únicos. São todos diferentes e isso é facilmente entendido, pois todo ser humano é ímpar, com uma história singular, com experiências diversas e modos de percepção diferenciados. Assim, a missão se torna quase impossível, o que é um claro sinal de que medicalização pura e simples não é nem nunca será a solução. E traz novamente a preocupação do tratamento inadequado, dando margens a erros e acarretando a possibilidade de efeitos colaterais altamente danosos, devido à ingestão de dopantes.
(págs 65 a 67)


Qual a idade para uma criança receber o diagnóstico de TDAH?

Por Marise Jalowitzki
15.outubro.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/10/qual-idade-para-uma-crianca-receber-o.html


- Para a maioria dos especialistas da saúde no Brasil, os critérios simplesmente não existem! "Diagnósticos" são emitidos muitas vezes em uma primeira consulta, sem maiores avaliações.

- Outros especialistas determinam que, como a bula da ritalina (e congêneres do metilfenidato) estabelece o uso a partir dos 6 anos, que seja esta a idade para fechar o diagnóstico.

- Embora outros afirmem que, até os 10 anos, mesmo com os sintomas-características, a criança não deva receber o psicotrópico, pois, até ali, ela manifesta apenas os efeitos colaterais, sem nenhum efeito positivo real.

- Há os que proibem terminantemente as pessoas de usar metilfenidato (ou outras anfetaminas) antes que o cérebro esteja completamente formatado, o que acontece entre os 25 e os 30 anos!

- E há, também, os que receitam ritalina e "fecham" no diagnóstico aos 2 anos de idade de uma criança, embora os "testes" afirmam que as características-comportamentos atípicos devam ser observados em mais de 2 ambientes e estejam presentes na maior parte da vida do indivíduo... Qual o tempo de uma criança? que período significativo é esse? e quais os ambientes diferentes que ela frequenta?

- E, finalmente, há aqueles especialistas da saúde, muitas vezes uma enfermeira, que já "passa o diagnóstico" para a mãe no momento do nascimento da criança!!!

Quanta incongruência!

Sim, as características-comportamentos podem ser verificadas bem cedo. O que se vai fazer com isto é que faz toda a diferença!
Características ou "transtornos"??? Vai depender do grau de informação dos pais, da sensibilidade deles e da coragem em enfrentar o "socialmente instituído".


Estamos em um mundão onde tudo pode acontecer! Como ficam as mães que ouviram na maternidade o diagnóstico"! Na hora do bebê nascer (criança chorando muito, "dificultando" o trabalho dos profissionais da saúde - medir, lavar-limpar, etc.), a mãezinha escuta a seguinte frase:
"- Este vai dar trabalho! Tenho pena desta mãe! Mais um TDAH!"

É possível um negócio destes?
Todos, agora, estão aptos a fornecer diagnósticos?
Onde fica a serenidade de uma mamãe que acabou de parir?
E, com base em que este "diagnóstico-assim-pontual" é emitido?

Sim, hoje TUDO é TDAH, desde ficar triste até ficar alegre, desde ficar muito quieto até estar eufórico. Nao se cuidam os alimentos, não se presta atenção a quantos eletrônicos estão ao redor da criança, nem quantas horas dormiu ou quais programas e-ou estímulos está recebendo! Não se avalia o estilo da família, a forma como todos se comportam! Tantas coisas que influenciam e que bem pouco pais atentos se empenham em cuidar!

No caso de um dos bebês, o pequeno havia sido deixado literalmente de lado pela médica (parto pago, Hospital Mãe de Deus) que preferiu atender a uma mãe que chegou aleatoriamente, deixando a primeira à espera "pois ainda não estava na hora"... Quando retornou ao quarto, o bebê já havia descido, orelhinha apontando, não deu mais para orientá-lo para nascer naturalmente. O corpo da mamãe foi vigorosamente sacudido, enquanto outra profissional "empurrava" a criança para cima, até ficar em posição possível para uma cesariana! Este relato foi dado pelo próprio pai!

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Leia sobre A Síndrome do Bebê Sacudido
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Hoje já se publicam os sérios danos neurológicos que uma criança pode ter caso for muito sacudida quando bebê.

Depois, quando o bebê finalmente nasceu, chorava muito, pulava o corpinho quando alguém o tocava, e a mãe teve de ouvir essa!! "Vai ser bem complicado! Vai te deixar de cabelo branco bem logo!"

E o profissional adulto [ir]responsável, pra variar, se isentando!

Assim, qualquer momento é momento de receber um diagnóstico de TDAH para sua criança. Hora de ligar o pisca-alerta.

No caso desta mãe que contatou hoje, perguntando sobre a idade "certa" para receber o diagnostico, deixo o seguinte, que compartilho com quem mais possa estar passando por algo semelhante:

"Considero este um momento bem delicado p todas as mães. Então, vou fazer algumas perguntas, que respondes se quiseres.

1) O que tu (como mãe) viste em tua pequena que chamou a atenção e te levou a procurar um especialista?

2) Esta "diferença" foi realmente notada por ti (mãe) ou foi apontada na escolinha?

Um diagnóstico de TDAH não pode ser emitido sem antes descartar várias outras hipóteses e isto não acontece com o parecer de apenas um especialista. Uma equipe multidisciplinar e, preferencialmente, transdisciplinar (que também leva em conta o contexto - escola, lar, comunidade) é que, após várias observações, pode emitir o diagnóstico de TDAH.

Mesmo com o diagnóstico correto, procedente, começa aí um novo movimento, que é a adoção das estratégias de intervenção junto à criança. Medicação psicotrópica não pode ser a primeira e nem a única medida a ser adotada, embora se saiba de crianças que, aos dois anos, já recebem tarja preta, incluindo a ritalina, embora a proibição conste na própria bula. Por vezes tudo que se faz necessário é uma terapia com a criança e, primordialmente, um ajuste no comportamento da família e, mais adiante, na metodologia escolar.

O primeiro passo é manter a serenidade para que as melhores decisões aconteçam.



 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

Como Lidar com o Déficit de Atenção e a Hiperatividade na Escola e na Família
Contra o uso indiscriminado de metilfenidato - Ritalina, Ritalina LA, Concerta









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